Where's My Love escrita por Khaleesi


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Voltei! Confesso que esse foi um pouco mais difícil de escrever, tive um bloqueio no meio do caminho mas enfim saiu.

Boa leitura



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/791545/chapter/3

Foi só no terceiro round que Percy percebeu que talvez Nico tivesse razão.

Estavam há horas cruzando as espadas e enquanto a camiseta de Percy encontrava-se ensopada e seus músculos tremiam, o filho de Hades ainda tinha energia para vencê-lo duas vezes.

"Você está enferrujado, Jackson" zombara o garoto no início da manhã. Percy não acreditou nele. Acontece que um ano sem ao menos sentir o peso de uma espada nas mãos não haviam exatamente ajudado a manter sua condição física. A verdade é que o mais próximo de se exercitar que Percy havia chegado era andar da cozinha até sua cama e vice versa.

Havia passado a última semana treinando e tentando recuperar o fôlego e a energia que tinha antes de se "aposentar" do acampamento, mas ainda assim não havia sido suficiente.

Ele desviou por pouco da lâmina negra e num movimento rápido e imprevisível Nico golpeou Contracorrente. A espada de bronze escorregou das mãos de Percy com a força do golpe e foi parar no gramado aos seus pés. Antes que pudesse sequer reagir, Nico apontou a espada negra há poucos centímetros de sua garganta, deixando-o imóvel.

Ele havia perdido. De novo.

Um sorriso convencido traçou os lábios de Nico.

— Eu devia ter apostado — disse o garoto.

Percy empurrou a lâmina de ferro estígio para longe de sua garganta e recuperou Contracorrente.

— Espere até eu entrar em forma de novo, di Angelo. 

Nico girou a espada na mão e direcionou-se a sombra da árvore onde havia deixado uma garrafa d'água.

Percy tirou a armadura de couro e sentiu-se leve novamente, então puxou a camiseta suada do corpo e apressou-se para sua garrafa, deixando as gotas geladas escorrerem por seu peito nu enquanto bebia do líquido em grandes goles.

— O quê é exatamente essa reunião que o Quíron convocou de última hora? — perguntou após tampar a garrafa. 

Nico ergueu os olhos distraído e ficou paralisado por alguns segundos. Seu rosto estava vermelho como um tomate. Talvez o garoto tivesse feito mais esforço físico do que Percy imaginava, afinal.

— Você tá bem? — perguntou, divertido.

— S-sim, claro que sim — Nico desviou o olhar e abanou a camiseta. — É só… está quente aqui.

— Então… a reunião? — Percy voltou a sua pergunta.

— Talvez ele tenha achado algo, ou esteja pensando em mandar outro grupo de busca… — Nico estranhamente tentava evitar olhar para Percy enquanto falava.

A última semana havia sido mais calma que o dia em que ele havia retornado. Percy tinha descobrido que antes de chegar, duas filhas de afrodite haviam saído em busca de algum objeto perdido de sua mãe e ficaram quase dois meses sem dar notícias. Os campistas então mandaram um grupo de semideuses e sátiros a procura delas, mas o grupo também desapareceu. Quíron não queria arriscar mandar mais alguém para fora, mas a tensão no ar era mais do que evidente. Esperava-se que todos seguissem com suas atividades normalmente enquanto algo muito estranho claramente estava acontecendo.

O que quer que fosse, Percy ja se esquivara da questão por tempo suficiente. Estava na hora de agir.

— Certo, eu preciso de uma ducha. Nos vemos daqui a pouco — ele juntou suas coisas e guardou Contracorrente, agora em forma de caneta, no bolso.

— Não se atrase.

Percy se virou e fingiu parecer ofendido.

— Eu nunca me atraso.

Nico ergueu as sobrancelhas, nada convencido.




Não havia nada mais revigorante que uma ducha gelada no verão, especialmente para um filho de Poseidon.

Sentindo-se muito mais leve e com sua energia restaurada, Percy deixou o chalé 3 e apressou-se pela colina pois, como Nico havia previsto, ele estava atrasado.

Quando alcançou a altura da casa sentiu-se aliviado ao ver que os representantes dos chalés ainda estavam adentrando a varanda.

— Ei, Percy — o garoto ouviu uma voz familiar e virou-se para ver Will Solace se aproximando — Indo pra reunião?

— Se me deixarem participar dessa vez… — brincou Percy.

— Foi mal, cara. Quíron e Nico estavam preocupados com você, não queriam que se metesse em problemas logo no primeiro dia.

Os dois seguiram em direção a casa enquanto falavam.

— Tudo bem, eu não queria me meter em problemas tão cedo também. 

O filho de Apolo riu.

— O quê, não foi por isso que voltou pro acampamento?

— Não exatamente — disse Percy. — Eu não planejava voltar… Mas digamos que o seu namorado é bem insistente.

Uma ruga formou-se entre as sobrancelhas claras de Will.

— Não sabia que eu tinha um namorado.

— Espera, você e Nico não…?

O garoto negou com a cabeça.

Oops.

— Caramba, eu achei que… Vocês estavam… Ah cara, foi mal, eu não sabia.

— Relaxa — Will empurrou seu ombro de leve com um sorriso divertido — você não é o primeiro a pensar isso.

Eles passaram pela quadra de areia onde alguns campistas casualmente jogavam vôlei e algumas dríades assistiam ao longe.

— Vocês passam bastante tempo juntos — comentou Percy.

Will assentiu.

— Eu não sei, nós meio que tivemos algo… Mas não durou muito. Eu não sou exatamente o tipo dele.

— O quê? Espera, então qual é o tipo dele?

Will olhou para baixo e riu.

— Alguém mais frio, se é que você me entende.

Percy pensou por alguns segundos apenas para chegar a conclusão: ele não entendia. Talvez fosse um trocadilho comum entre os filhos do deus do Sol.

— Por que não pergunta pra ele sobre isso? Vocês são amigos, né?

Eram? Percy honestamente não sabia a resposta para aquela pergunta. Estavam há poucos metros da varanda agora.

— Eu espero que sim…

Will franziu o cenho.

— Vocês não se desgrudaram desde que chegou. Ele tem passado mais tempo com você do que comigo.

— Ah cara, sinto muito, eu não queria atrapalhar a amizade de vocês nem nada do tipo…

— Eu não estou com ciúmes — o filho de Apolo riu. — Além disso ele já deve estar cansado de passar tanto tempo na enfermaria. Ele é todo seu. — Will piscou para ele e subiu os degraus da entrada da casa.

Percy parou diante da escada e observou o filho de Apolo entrar, confuso com o rumo que a conversa havia tomado. 

Era verdade que ele e Nico estavam mais próximos do que nunca; treinavam juntos, almoçavam juntos e as vezes passavam as tardes na praia de bobeira, Percy até mesmo havia pego o garoto estudando história moderna em seu chalé um dia e o ajudara com o que sabia. Mas próximos não significava exatamente que eram amigos, certo? Parecia mais complicado que isso.

— Você tem um fetiche por encarar portas, ou o quê? — a voz de Nico fez o coração de Percy pular dois centímetros e ele se virou em posição de defesa. Nunca se acostumaria com a maneira tão silenciosa que o garoto se aproximava, como uma sombra movendo-se em uma superfície.

— Mas que merda, Nico — disse Percy, recuperando-se. O garoto riu, provavelmente havia pego gosto por assustar as pessoas daquela maneira

— Anda, vamos entrar. Devemos ser os únicos faltando.

A maioria dos conselheiros dos chalés estava presente, reunidos ao redor da mesa de ping pong, conversando de maneira agitada. O sr. D passou pela sala com uma coca diet e sua habitual camisa de estampa de leopardo e seguiu para as escadas resmungando algo como "mortais e suas reuniões inúteis" e "eu me recuso" e desapareceu no andar de cima.

Quíron logo adentrou o aposento em sua forma de centauro, os cascos estalando sobre o piso de madeira.

— Chamei vocês aqui porque como sabem, temos uma situação — começou ele e os campistas cessaram a falação. Uma ruga formou-se entre suas sobrancelhas. — Temos que começar a…

Uma agitação no ar interrompeu sua fala. Uma espécie de névoa formou-se acima da mesa de ping-pong, e uma imagem translúcida surgiu na névoa mostrando um sátiro jovem que Percy não conhecia.

— Senhor? Você me disse pra ligar se encontrasse alguma coisa.

Quíron aproximou-se mais da mesa e os semideuses se entreolharam.

— Claro, Willow. Encontrou alguma pista?

—N-não senhor, é ainda pio-Melhor! Quis dizer melhor, senhor. — o homem-bode olhou para trás como se suspeitasse que estava sendo observado. Percy reconheceu o que parecia ser uma sala de aula vazia ao fundo. Ele olhou para Nico e o garoto deu de ombros, tão confuso quanto ele.

— Willow?

— Eu achei uma semideusa nova, senhor — informou o sátiro. — Em uma escola no centro da cidade. Ela não é tão jovem.

— Isso é ótimo — comentou Connor Stoll — Achei que nunca mais veríamos gente nova por aqui.

— S-só tem um probleminha — o lábio de Willow tremeu. — Tem um monstro por aqui. Um dos grandes.

— Já conseguiu identificar quem é? — perguntou Clarisse, levando as mãos a cintura.

— O professor de matemática. Outro dia ele quase conseguiu ficar sozinho com ela, eu tive que tocar o alarme de incêndio!

— Por que é sempre o professor de matemática? — disse um dos conselheiros.

Clarisse bufou.

— Droga. Não podemos nos dar o luxo de esperar ela ser sequestrada também, ou morta.

— Não sabemos se os grupos que mandamos foram mesmo sequestrados — comentou Will.

— Você tem uma teoria melhor, Solace? Talvez seus sentidos de oráculo pudessem nos dizer alguma coisa útil pra variar.

— Não é assim que funciona.

— Já chega. Discutir não vai resolver nada agora — cortou Quíron. — Continue, Willow.

— Preciso tirar ela daqui o mais rápido possível, senhor. Mas não sei se consigo sozinho.

— Devíamos mandar alguém — sugeriu Lou Ellen. A filha de Hécate cruzou os braços. — Pra garantir que ela chegue em segurança.

— Isso é óbvio — disse Clarisse.

— Mas não dá pra garantir que quem quer que saia não vai desaparecer também. — lembrou Will. — Não podemos correr esse risco.

— Eu vou — anunciou Nico, que estava quieto até o momento. Todos ao redor da mesa olharam para ele. — Se a coisa ficar feia eu posso viajar pelas sombras e voltar em segurança.

— De jeito nenhum — protestou Will. — Você ainda está em recuperação, esqueceu?

— Eu já estou mais do que bem, Will. Eu posso fazer isso — afirmou o garoto.

O grupo se entreolhou enquanto Quíron ponderava de braços cruzados e Willow checava constantemente seus arredores.

— É a melhor idéia que ouvimos até agora — admitiu Clarisse. — A única idéia.

Will balançou a cabeça, insatisfeito.

— Então vamos mandar ele sozinho e esperar que derrote o monstro e ainda tenha energia pra trazer a garota através das sombras? 

— Quem disse que ele vai sozinho? — disse Percy de súbito. Nico o olhou, surpreso.

— Percy, não acho que seja a melhor hora... — começou Quíron.

— Por que não? Sem querer ofender mas de todos aqui eu sou o que mais saiu em missões e voltou vivo.

Um silêncio breve tomou o ambiente.

— Você continua um imbecil convencido, Jackson — Clarisse balançou a cabeça com um sorriso irônico.

Finalmente, pensou Percy, Clarisse ainda não o havia insultado desde sua chegada. Ali estava a filha de Ares insuportável que ele conhecia.

— Se vamos votar eu voto a favor dos dois irem ao resgate — disse Miranda Gardiner, do canto da mesa.

— Ah, certo, quem é a favor? — perguntou Will. 

A maioria dos presentes ergueu a mão, incluindo o sátiro. Quíron confirmou com um gesto de cabeça, mesmo não parecendo muito satisfeito com a solução. Will bateu a bolinha de ping-pong na mesa imitando um martelo ao final de uma cessão jurídica. 

— Então está decidido.



Percy não esperava estar de volta a uma escola tão cedo. Se tinha uma coisa com a qual ele não se dava bem, essa coisa eram as escolas. Somente o fato de estar em frente ao prédio lhe trazia lembranças de todas as vezes que ele explodiu lugares semelhantes. Bem, não exatamente ele, mas a culpa tinha que ser de alguém, certo?

— O plano é simples — disse Nico. — Entrar, achar a garota, sair antes que o monstro perceba nossa presença.

— Ele provavelmente já percebeu.

Nico balançou a cabeça.

— E ainda dizem que eu sou pessimista.

— Admite, você está feliz que eu estou aqui pra salvar sua pele se algo der errado.

Nico olhou para ele, entediado.

— Clarisse tem razão. — então ele se afastou na direção do prédio, deixando um Percy confuso para trás.

— O quê?

Os dois adentraram o prédio pelas portas de vidro e Percy se arrependeu no segundo seguinte. Não lembrava o quanto os corredores de uma escola se assemelhavam a um zoológico no último dia letivo.

Os corredores eram uma bagunça de adolescentes atropelando uns aos outros em sua euforia, alguns passavam correndo e esbarravam nos que estavam no meio do caminho conversando em um volume consideravelmente alto e irritante  e outros empilhavam livros nos braços e batiam os armários pela última vez.

Percy olhou para Nico ao seu lado e percebeu que o garoto estava paralisado.

— Ei, Terra para Nico. — ele sacudiu a mão em frente aos olhos do garoto. — Você está ai?

— Eu não… É que essa é a primeira vez desde…

— Westover Hall? — completou Percy, sendo atingido em cheio pelas memórias de quando ele, anos atrás, havia sido enviado para buscar dois semideuses em uma situação muito parecida. Nico era apenas um garotinho naquela época. E muito mais irritante.

O menor engoliu em seco.

— Por que é tudo tão… caótico?

— Bem, é o ensino médio, o que você esperava? — Percy riu, mas percebeu que Nico estava apenas ansioso. Lembrou-se então que a escola que havia frequentado era uma instituição militar. Tudo era mais contido em Westover Hall. — Ei, vai dar tudo certo.

— Eu sei — ele sacudiu a cabeça. — Vamos acabar logo com isso.

Os dois garotos se espremeram pelo corredor e Percy ergueu o pescoço a procura da cabeleira castanha de Willow. Não foi muito difícil encontrar o sátiro em meio aos estudantes, ele só teve que procurar pelo aluno mais velho com "problemas" nas pernas.

— Acho que aquele é o nosso cara — disse Percy ao enxergar um garoto do outro lado do corredor acenando em sua direção. Dirigiram-se então ao sátiro.

— Vocês estão aqui, graças aos deuses — disse o jovem homem bode.

Nico olhou ao redor.

— Precisamos achar a garota. Ela está por perto?

— Está, bem ali — Willow apontou uma jovem em meio a um grupo de adolescentes que pareciam rir de uma piada. Ela era baixinha e tinha cabelos loiros tão claros que pareciam quase prateados e tingidos com múltiplas cores nas pontas, seus olhos eram grandes e escuros e ela se vestia como uma hippie moderna.

— O nome dela é Mia. Ela tem quinze anos.

— Quinze? — repetiu Percy, surpreso. A maioria dos semideuses só sobrevivia em uma escola até a sétima série.

— Eu sei. Nós temos que… — os olhos de Willow voltaram-se para algo atrás do garoto e ele parou de falar, assumindo um semblante assustado. — O professor de matemática!

Os sentidos de Percy entraram em alerta.

— Merda! — ele olhou ao redor para encontrar um esconderijo. 

— Aqui, entrem — o sátiro apontou uma porta ao lado de alguns armários. Percy correu puxando Nico pela mão.

Os dois garotos adentraram o que Percy achou ser um armário de vassouras e produtos de limpeza, mas a escuridão no cômodo o impedia de ter certeza. Foi só quando se apertou entre as prateleiras e fechou a porta que percebeu que tinha razão; aquele lugar era pequeno demais para ser qualquer outra coisa.

Willow ficou do lado de fora, esperando o "professor" passar. Percy rezou para que o sátiro fosse bom em criar distrações caso precisasse.

Pelos breves minutos em que ficaram escondidos, ele tentou não pensar em suas narinas ardendo por conta do cheiro forte dos produtos de limpeza e o fato de que Nico estava tão próximo que ele podia sentir a respiração silenciosa do garoto fazendo cócegas em seu pescoço.

Ele agradeceu mentalmente por estar tão escuro no cubículo pois suas bochechas estavam queimando e ele ao menos sabia o motivo. Então se lembrou que Nico provavelmente podia enxergar cem vezes melhor que ele no escuro.

O menor esbarrou com as costas nas prateleiras atrás dele quando tentou manter uma distância mínima entre os dois apenas para concluir que isso não era possível. A respiração de Percy ficou agitada e descompassada, não como quando sentia aquela aflição nos pulmões… Isso era diferente. Não fosse pelo barulho dos estudantes no corredor e o garoto poderia ouvir a pulsação em seu peito. Ele virou o rosto, já sentindo as bochechas dormentes.

— B-boa tarde, senhor Kane — a voz de Willow soou abafada do outro lado da porta. Alguns segundos depois o sátiro bateu duas vezes e ele soube que era seguro sair.

Ele abriu a porta e então pôde respirar novamente.

— Certo… Essa foi por pouco — disse Nico. Percy ficou aliviado ao ver que não era o único que parecia ter passado blush na cara.

— Você acha que ele nos viu?

Willow sacudiu a cabeça.

— Acho que não, estamos seguros por enquanto. Mas temos que nos apressar.

Eles se voltaram para a garota ainda com seu grupo de amigos. O sátiro acenou para ela.

— Ei, Mia!

A menina franziu o cenho e aproximou-se dos três.

— Fazendo amigos novos, hein? — disse ela com um sorriso simpático.

— Esses são Percy e Nico — Willow os apresentou. 

— Vocês são novos por aqui, ou…?

Percy de repente ficou sem fala. Sabia o quanto era difícil ter sua vida virada do avesso. Naquele momento, Mia era só um garota comum cursando o ensino médio, mas assim que lhe contassem a verdade tudo mudaria.

— É… complicado — disse Nico, buscando o olhar de Percy por ajuda.

— Sei que não nos conhecemos, mas precisamos falar com você — Percy foi direto ao ponto. A garota olhou confusa de Nico para ele

— É importante — enfatizou Willow.

Mia olhou para trás, para os amigos, então deu de ombros.

— Ta bem.

Ela seguiu pelo corredor e gesticulou para que a seguissem, então virou a esquerda e adentrou uma sala de aula vazia. Percy fechou a porta quando todos entraram.

— Então? — Mia cruzou os braços e ergueu uma sobrancelha para Willow.

Percy engoliu em seco. Hora da verdade.

Quando ele começou sua explicação sobre como os deuses gregos e todos os mitos eram reais, Mia comprimiu os lábios como se segurasse uma risada, sua expressão claramente dizia que ela achava Percy louco. Foi só quando ele chegou na parte da dislexia e TDAH, do fato de que ela só conhecia um de seus pais e da coisas estranhas que provavelmente haviam lhe acontecido sua vida toda, que o sorriso de Mia desapareceu.

— Você está dizendo que… que eu sou…

— Você é uma semideusa — concluiu Nico. — A filha de um mortal com um deus.

Ela olhou para Nico como se tivesse visto uma assombração.

— E vocês também?

— Eu sei que parece loucura. Acredite, nós dois já estivemos no seu lugar — Percy tentou confortá-la.

— A questão é que você está em perigo — disse Nico — e só existe um lugar seguro pra gente como nós. Precisamos te levar pra lá.

— Você quer dizer… Têm monstros aqui?

— O sr. Kane — disse Willow. — Ele está na sua cola.

— Ah, cara — Mia levou as duas mãos a cabeça — isso é loucura.

Levaram alguns minutos até convencê-la de que estavam falando a verdade, por mais estranho que tudo parecesse.

— Temos que ir, podemos tentar falar com seu pai quando você estiver em segurança — disse o sátiro.

Mia sacudiu a cabeça

— Mas… agora? Mas é o último dia de aula e… Vai ter uma festa na casa da Harriet hoje a noite.

— Você ta brincando — Nico esfregou a testa. — Depois de tudo que contamos, tudo com que se importa é uma festa?

— Bem, se como você disse, eu nunca mais vou ter a chance de ser uma garota normal de novo, então sim. Eu quero me despedir dos meus amigos e da minha vida normal.

O filho de Hades olhou para Percy com irritação, pedindo silenciosamente para que ele resolvesse o problema. Willow se limitava a balançar a cabeça murmurando algo inaudível.

— É muito arriscado — disse Percy, embora no fundo concordasse com a garota. Ele próprio nunca tivera uma chance de se despedir de sua vida normal.

Mia uniu as mãos e fez uma cara de piedade.

— Qual é, por favor! Eu prometo que vou com vocês sem fazer perguntas se me deixarem ter só mais essa noite.

Percy olhou de Nico para o sátiro e coçou a cabeça, ja se arrependendo do que diria.

— Ta bem. Mas nós vamos com você e vamos ficar de olho o tempo todo — o garoto concordou e Mia deu pulinhos de felicidade. — E vamos embora cedo.

Percy se sentia um adulto responsável falando aquelas coisas. 

— Deuses, você está falando sério mesmo — Nico bufou.

— É uma péssima idéia. Nós vamos morrer — o lábio de Willow tremia assim como sua voz.

— Se animem um pouco — disse Percy. — Nós vamos a uma festa!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Me avisem se encontrarem algum errinho de digitação por favor.
Ate o próximo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Where's My Love" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.