Where's My Love escrita por Khaleesi


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Eu não planejava publicar essa historia, escrevi esse capítulo há um tempo atrás e decidi compartilhar agora que a quarentena me trouxe de volta ao nyah

já peço desculpas se tiver alguma coisa ao longo da fanfic que não bata com os acontecimentos dos livros, faz tempo que eu li e não me lembro de tudo!

boa leitura



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Um ano.

Doze meses. 365 dias. Como podia ainda doer tanto depois de tanto tempo?

Percy esfregou o peito com a palma da mão através da camiseta. Estava com aquele problema nos pulmões há um ano. Não era um problema do tipo que se pode ter um diagnóstico médico e uma receita para resolver. No seu caso, não havia néctar e ambrosia que consertasse aquilo, o que quer que fosse. Era como se os órgãos que foram feitos exclusivamente para respirar se esquecessem de fazê-lo e Percy tinha que lembrá-los constantemente. Sentia dor, embora fingisse que estava tudo bem. Era muito bom nisso.

A foto ainda estava em sua mão. Aquele pedaço de papel tão frágil e precioso; único. Ele sorria na cena, um sorriso verdadeiro, não como os que vinha atuando nos últimos tempos. Ao seu lado estava a mais bela garota do mundo. Um bronzeado leve, cachos loiros despenteados, olhos tempestuosos… E um sorriso de tirar o fôlego. Literalmente. Percy sentia sua “condição” piorar dez vezes sempre que via aquele rosto naquele pedaço de papel.

As três batidas em sua porta lhe trouxeram de volta ao mundo real.

— Percy? — sua mãe perguntou do outro lado antes de girar a maçaneta.

O garoto devolveu rapidamente a foto ao seu repouso na gaveta da mesinha de cabeceira e fechou-a. Ele não precisou olhar para saber que Sally estava parada diante do batente observando-o com olhos tristes. — Percy, olha quem está aqui.

Franziu o cenho involuntariamente antes de se virar e deparar-se com a última pessoa que esperava encontrar. Nico di Angelo mantinha as mãos unidas e ombros curvados enquanto tentava sustentar o olhar de Percy.

Ele cresceu, foi o primeiro pensamento que lhe ocorreu. O segundo foi: por que diabos ele usou a porta?

— Oi Percy — a voz de Nico soou rouca, como se estivesse sem falar há algum tempo.

— Vou deixá-los sozinhos — informou Sally com um sorriso bondoso. — Enquanto isso vou preparar cookies azuis para a viagem.

Ela fechou a porta ao sair.

Viagem?

Nico deu um passo pequeno e parou. Abriu a boca para dizer alguma coisa mas fechou-a novamente. Percy tentava o seu máximo para disfarçar a cara de surpresa. O filho de Hades estava mais alto do que ele se lembrava, sua pele parecia estar finalmente “sarando”  da palidez e recuperando o tom moreno leve. Os cabelos pretos mais rebeldes do que nunca, Percy sentiu o impulso de bagunçá-los com a mão, e o faria se a tensão entre os dois garotos não fosse tão explícita.

— Você usou a porta — foi tudo o que conseguiu dizer. Nico fechou os olhos comicamente como se estivesse acostumado ao comentário.

— É. Eu tenho feito isso ultimamente. Ordens médicas… — Ele separou as mãos e as enfiou nos bolsos da jeans escura.

— Will?

— Se eu chegasse perto de uma sombra de novo ele mesmo me mataria.

— Isso é bom. — Percy balançou a cabeça. — ...Quero dizer, as portas! Sou totalmente a favor das portas. Elas te fazem bem.

O garoto viu as linhas tensas no rosto de Nico relaxarem lentamente até se transformarem em um sorriso de lábios comprimidos.

— É bom te ver, Percy.

O garoto se levantou de sua cama e se pôs de frente para o filho de Hades. Nico olhou ao redor, contemplando o espaço.

— Seu quarto… — disse ele, lembrando-se de algo. Percy compartilhava a mesma memória de quando Nico o visitara pela primeira vez em seu quarto anos atrás. Ele não usara a porta daquela vez… Parecia tão distante agora. — Não mudou nada.

Por um momento Percy desejou poder voltar no tempo, voltar naquela memória. O pensamento fez seu peito doer novamente.

— Você estava no acampamento. — afirmou Percy. Nico não precisou responder. — Como estão as coisas por lá?

— Voltando ao normal. Se é aquele lugar já foi normal um dia — Percy gostou de seu tom. Não era deboche… Era carinho. Parecia que o filho de Hades finalmente encontrara seu lugar. E só lhe levou duas guerras e várias situações de vida ou morte para fazê-lo. — Você não... 

Nico suspirou e baixou a cabeça, tentando encontrar as palavras certas.

— Todos estavam se perguntando quando você voltaria.

— Certo… — Ele riu sem humor. — Foi Quíron que te mandou?

— O quê? Não! — Nico pareceu levemente ofendido com a suposição. — Por que ele me mandaria?

Percy balançou a cabeça, sem vontade de responder.

— Nós sabíamos que você precisava de um tempo — continuou Nico. — Você voltaria quando estivesse pronto… mas... 

— Eu não voltei — concluiu Percy, infeliz.

— Quíron não queria que eu viesse — disse o garoto. 

— Então por que veio? — Percy não tivera a intenção de ser rude, mas já havia lançado as palavras.

Nico pousou os olhos escuros no chão e suas bochechas enrubesceram.

— Porque… Você está sozinho… — a voz do garoto foi ficando cada vez mais baixa. — ...E eu sei como é isso.

Um silêncio desconsertante preencheu o ambiente. É claro que Nico, de todas as pessoas, sabia o que ele estava passando. A única diferença era que o filho de Hades não tivera uma mãe super atenciosa para lhe fazer doces azuis quando estava triste ou até mesmo uma cama confortável para se afundar nos piores dias, nem amigos para lhe fazerem visitas e tentarem anima-lo falando besteiras. Nico não teve nada e ninguém além de si mesmo para lhe ajudar a lidar com a perda. Percy retraiu-se, incomodado.

— Eu posso te ajudar — Nico insistiu.

— Você realmente não precisa…

— Mas eu quero. — a última palavra levou a atenção de Percy aos olhos escuros do outro garoto. — Você nunca desistiu de mim… Nem quando deveria — Percy conseguia ver o tamanho esforço que aquelas palavras cobravam de Nico.

— E daí, você vai virar meu terapeuta ou alguma coisa assim? — disse Percy, tentando aliviar o clima. Nico quase abriu um sorriso.

— Eu não iria tão longe. Mas digamos que eu passei tempo suficiente com Will e os curandeiros de Apolo pra saber como… você sabe… fazer alguém se sentir melhor. Deuses, nunca achei que diria essas coisas.

Percy divertiu-se com o dilema do garoto. Nico corava mais a cada palavra.

— O que eu quero dizer é… Você deveria voltar ao acampamento. Acho que te faria bem rever seus… amigos. — ele falara a última palavra como se ele mesmo não se encaixasse no contexto.

O filho de Poseidon encarou a janela a sua frente. Um belo pôr-do-sol se formava no horizonte pintando o céu poluído de Nova York com tons de rosa e laranja. Percy suspirou.

— Eu não sei Nico…

— Qual é, você sabe que logo vai acontecer a grande reunião dos acampamentos. Todo mundo vai estar lá, Jason, Reyna, Hazel, Frank e Thalia e as Caçadoras… Você não pode perder isso.

Percy estreitou os olhos, pensativo.

— Não me faça implorar. Sério.

— Até que eu ia gostar de ver sua cara de cachorrinho que caiu do caminhão da mudança… — zombou Percy, mas a expressão que obteve de Nico foi bem diferente. O filho de Poseidon sorriu genuinamente, como não fazia em tempos.

x

Alguns minutos depois Percy se encontrava na sala com sua mochila nas costas preparada para o verão no Acampamento Meio-Sangue e um Nico muito satisfeito ao seu lado.

Sally notou os garotos saindo do quarto e apressou-se com uma forma de biscoitos azuis quentinhos.

Argus aguardava os garotos em sua van no andar de baixo. Percy olhou uma última vez para sua mãe se despedindo na varanda do apartamento antes de adentrar o veículo. O garoto não sabia o que esperar do verão no acampamento, não sabia ao menos se queria se sentir melhor… Estava preso naquele limbo há tanto tempo que já não se lembrava como era viver sem aquela dor.

Quando a van partiu, Percy desejou estar deixando para trás não apenas sua casa, mas também aquela sensação que lhe sufocava desde o dia em que a garota que ele amava havia partido para sempre.


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Notas finais do capítulo

não sei ainda quando vou postar o proximo, quero escrever com calma já que essa historia esta sendo um passatempo pra mim e escrever me faz sentir melhor... enfim

até o proximo e bjos no coração



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