Quando as aulas de Slora avançaram para a temática de Astrologia, levou seus alunos à Torre de Astronomia - para que pudessem observar as constelações. Gostava de variar de cenário com seus alunos sempre que possível, para que as aulas não ficassem maçantes. Seus alunos pareciam gostar de sua didática.

Era exigente consigo mesma em seu trabalho. 'Não importa o que farei, farei bem feito.'

Ao entrar com sua turma no observatório, deram de cara com Balthazar Malfoy.

Não compreendeu o motivo dele estar ali. Haviam combinado que a sala seria dela naquele horário...

O professor deu de ombros. "Não tinha mais nada para fazer mesmo. E claro, quero tomar cuidado para que nenhum dos alunos quebre nenhum telescópio meu. E confesso que estou curioso para assistir à aula também."

Slora cruzou os braços. "Não direi nada que você já não saiba."

"Sempre é bom dar uma revisada."

Slora então voltou-se para sua aula. Pelo canto do olho, viu Scorpius cumprimentar Balthazar com um high-five.

Após passar as orientações, os alunos formaram uma fila para usar o telescópio. Os que acabassem de fazer suas anotações, poderiam ir para a câmara de reprodução celeste.

Esta câmara se tratava de um quarto escuro em formato oval - em que se reproduzia nas paredes o céu noturno e as posições das estrelas.

A professora observava os alunos encostada em uma mesa, de braços cruzados.

"Ei," Ouviu uma voz masculina dizer. "Malfoy, não vai me apresentá-la?"

Franzindo o cenho, Slora olhou para trás. Encontrou Balthazar conversando com a pessoa dentro da pintura dependurada na parede dos fundos do observatório.

Balthazar, sorrindo, convidou Slora a se aproximar com a mão. "Slora, este é Nicolau Copérnico, um dos maiores astrônomos da história bruxa. Nicolau, esta é a professora Slora MacQuoid."

 "É um prazer, Nicolau." Ela cumprimentou o quadro. "Não me recordo de você quando estudei aqui."

"Oh, nem me fale! Achavam que tinham me perdido! Fiquei sozinho em um porão escuro por anos! Minhas únicas companhias eram os ratos e as aranhas... Ai, que horror, só de me lembrar já me arrepio todo!" Exclamou Copérnico, temperamental.

Balthazar se virou para Slora. "Os elfos domésticos o encontraram há pouco tempo. Nada mais justo que trazê-lo para cá. O que muitas vezes pode ser divertido - quando ele me permite dar a aula em paz, sem nos oferecer seus adoráveis palpites..."

Nicolau revoltou-se. "A culpa não é minha se explica de forma tão simplória!"

"São crianças! Têm que aprender aos poucos!" Rebateu Malfoy.

Copérnico revirou os olhos, exasperado. "Na minha época, casavam-se pessoas nesta idade! Não se fazem mais crianças como antigamente!"

Slora os deixou discutindo para dar assistência aos seus alunos.

Após a aula acabar, a professora organizou os materiais - para deixar o lugar da forma como o recebeu.

"Não precisa se preocupar com isto, pode deixar que eu arrumo." Insistiu Balthazar. Entretanto, Slora teimou que o faria mesmo assim. Rendendo-se, o professor se limitou a ajudá-la.

Quando terminaram, Slora suspirou. Olhou para a câmara oval - e não resistiu a entrar nela de novo.

Ficou encarando o teto - mais exatamente para a constelação de Pyxis, representada por uma bússola.

Ouviu os passos de Balthazar dentro da câmara, mas ignorou-as. Ele parou do seu lado, e passou a observar a mesma constelação.

"Foi uma aula excelente." Declarou ele, por fim.

"Fico muito agradecida. Planejei com cuidado." Respondeu Slora.

Balthazar continuou. "Você está se saindo uma ótima professora."

A bruxa sorriu. "Me arrisco a dizer que estou gostando de ser uma."

Conseguia sentir o ombro de Balthazar encostando no seu. Mas não queria se mover.

Os dois caíram em um silêncio. Slora queria puxar assunto, mas não sabia como. Normalmente, quem o fazia era Balthazar - mas este parecia entretido demais com o momento para quebrá-lo.

"Como foi a sua vida depois que se formou?" Ousou perguntá-lo. Talvez estivesse sendo intrusiva demais.

O Malfoy cruzou os braços. "Complicada?" Ele confessou. "Pelo menos, quando eu ia para Hogwarts, tinha distração o suficiente para não pensar na minha família... No que eu deveria fazer, qual carreira deveria seguir... Eu não precisava me pressionar tanto para conseguir dinheiro e sair de casa..."

Slora sabia que Balthazar morava com a mãe. Não sabia quase nada dela - o rapaz nunca a mencionava. Talvez, por não ser a melhor mãe do mundo.

Ele continuou: "Mas agora, finalmente as coisas estão melhores. Um emprego bom, conseguindo me manter. Voltar para o lugar que eu gosto. Para o lugar em que mais fui feliz em toda a minha vida. Exceto o meu último ano aqui, credo, esse foi péssimo."

Slora franziu o cenho. "É mesmo? Mas porquê? Porque teve que se despedir daqui?"

"Porquê você já não estava aqui." Balthazar disparou.

Slora conseguiu sentir seu rosto esquentando, e inconscientemente se afastou em um passo.

"Eu... Tenho que ir agora. Muito obrigada por ceder a Torre." Disse ela, desajeitada, dando as costas.

"Não há de quê." Ele respondeu.

Quando ia passar pela porta, Nicolau sussurrou-lhe: "Ei," E deu uma piscadinha. "eu shippo."