I Swear I'll Behave escrita por Coraline GD


Capítulo 25
Strong




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Domingo de manhã, ao acordar, pensei que tinha tudo para ser um dia tranquilo. E até poderia, se não fosse a confusão que eu tinha arrumado. Enfim, ainda faltava muito para às 18h e uma coisa era certa: eu não precisaria me preocupar com roupa.
Minha rotina matinal era a mais normal possível, comer, ver TV, checar as redes sociais, não me preocupar com o almoço, já que meu pai costumava cozinhar aos domingos e fazer alguma coisa com Rachel. Nossas aulas voltariam na segunda. As férias passaram rápido demais, como sempre, mas pelo menos dessa vez fiz algo de útil. Útil e maravilhoso.

Rachel apareceu na minha casa pouco antes da hora do almoço.

— Bom dia, gata! – disse, assim que abri a porta, ainda com roupa de dormir.

— Bom dia, entra aí. O que houve? Sua mãe te expulsou de casa?

— Ha ha, muito engraçado.

— Você nunca aparece aqui antes das duas. Isso são hábitos europeus? – ri da cara dela e me joguei no sofá.

— Bom dia, Rachel. – disse meu pai, que passou por ali carregando um saco de verduras. – O que faz tão cedo aqui?

Olhei pra ela com uma cara de "o que foi que eu te disse?" e ela revirou os olhos.

— Nada de mais seu Mark, só cansei de dormir. – ela se jogou no sofá ao meu lado e meu pai deu de ombros, voltando à cozinha.

— Vai, fala logo o que você quer. Porque quando vem com essa cara logo cedo, não pode ser coisa boa. – conhecer Rachel desde meus oito anos, além de um senso de percepção maior que o dela, me dava certas vantagens. Como sempre saber que ela estava aprontando algo, por exemplo.

— Para Gen, não fiz nada dessa vez!

— Pelo menos você admite! – cutuquei a costela dela, fazendo-a rir.

— Então. Acontece...

— Hum... Eu preciso mesmo ouvir isso?

— Na verdade não, mas como eu sou uma boa amiga, a melhor delas, prefiro não te deixar na mão sem nenhum motivo.

— Como assim me deixar na mão? – levantei do sofá de um pulo e me sentei direito, olhando séria pra ela.

— É que... Acho que não vou poder ir ao jogo com vocês mais tarde.

Acha?

— Não, não posso. Desculpa.

— Como assim não pode Rachel Ashford? Não brinca comigo! – o que eu ia fazer agora?

— Droga Gen. Minha mãe me obrigou a ir naquele troço do meu pai lá no clube. Ela disse: “moça, não é só porque passou uns dias fora de casa que pode mandar no seu próprio nariz”. – não fosse o meu desespero iminente, talvez até teria rido de Rachel imitando a mãe. Era engraçado demais.

— Ah Rachel! O que eu vou fazer agora? – afundei a cabeça na almofada do sofá e pensei seriamente em continuar ali pelas próximas horas.

— Vai ao jogo, ué.

— Simples. Como não pensei nisso antes? – respondi, estreitando os olhos pra cara de pau dela.

— Gennie, agora você que tá fazendo drama. Você mesma me disse que o Niall é um cara muito legal, adorável, bonito e... Enfim, a questão é, que fazer amigos nunca é demais, principalmente quando eles são da 1D.

— Tá bom, já entendi!

Rachel estava certa, pelo menos dessa vez, o que eu precisava era relaxar e parar de sofrer por coisas que não existem. Mais tarde ele ia me encontrar e ia dar tudo certo.

— Você tá certa. Mais tarde eu vou me encontrar com ele, vamos jogar conversa fora, ver o jogo, talvez comer uma pizza e depois eu venho pra casa. Certo?

— Claro. Isso mesmo.

— O que foi? Que sorriso idiota é esse?

— Sorriso nenhum sua louca. Só fiquei feliz por imaginar o Nini todo arrumado... – ela abriu um sorriso largo, que murchou em seguida. – E eu não vou poder ver. Que vida injusta!

— Também acho. Se fosse justa, Harry estaria aqui comigo. – suspirei, caindo de volta no sofá.

— Pelo menos você já tem um boy magya desses caindo aos seus pés! – reclamou Rachel, cruzando os braços.

— E o que aconteceu com o holandês?

— Tá lá, na Holanda oras.

— Sem chances de ele vir te ver?

— Quase nenhuma, mas eu não ligo.

— Sei...

— Me promete uma coisa?

— Ih, lá vem...

— Não seja chata. Só quero que prometa que vai me avisar quando estiver voltando com o Niall. Se não, vou ficar igual um cachorro de rua na sua porta até você voltar!

— Pode deixar! – prometi, rindo dela.

— Quero ver. Agora preciso ir, tenho menos de uma hora pra me arrumar. Saco.

Ela me abraçou e saiu correndo pra casa. Agora eu estava de novo sozinha, com as minhas ansiedades, medos, esperanças e minha preguiça dominical.

— O almoço está pronto, Hannah. – avisou meu pai, da porta da cozinha. – Vá lavar as mãos.

— Já vou! – a relação com meu pai ainda não tinha voltado ao normal, mas pelo menos estava mais amigável. Contanto que ele não visse ou ouvisse falar de garotos, de um certo inglês principalmente.

Com todas as minhas tarefas adiantadas e Harry ocupado, aproveitei o resto da tarde para dormir um pouco e fingir que não tinha nada com que me preocupar. Acordei pouco antes das cinco, com meu celular tocando. Número desconhecido.

— Alô?

— Gennie! Bom te ouvir!

— Hã...

— É o Niall, só queria ver se está tudo bem e saber se posso passar aí um pouco mais cedo?

— Oi Niall! Tá, tá pode, eu acho. Mais cedo quanto? – perguntei, olhando a hora apavorada.

— Daqui uma meia hora, tem problema?

— Não... Claro que não. – só preciso de tempo pra desamarrotar a minha cara, tomar banho, trocar de roupa e criar coragem.

— Ótimo! Até daqui a pouco então!

— Até!

Não sei se eu tinha conseguido expressar na voz a emoção que eu estava realmente sentindo, por que eu estava meio que em pânico e não sabia o motivo. Talvez por não ter dito isso a Harry, como lembrou minha consciência. Ou por Niall ser um cara legal e eu ter medo de decepciona-lo, lembrei à minha consciência.

De qualquer forma eu precisava me aprontar na velocidade da luz. Corri para o banho e comemorei por não ter que escolher uma roupa para usar. Coloquei a camisa  dos Yankees que ele deu, um jeans quase novo e um par de tênis vermelho surrado. Passei um pouco de rímel e um batom rosado para dar uma cor na minha cara pálida, e por fim considerei o serviço concluído. 

Faltavam cinco minutos para a hora marcada quando peguei o celular, chave e documento para sair, quando ouvi o barulho da campainha e lembrei que não sabia se meu pai estava em casa. Fui para o corredor depressa e vi que ele estava dormindo no quarto. Desci as escadas correndo, rabisquei um "Volto às 22h" no quadro de recados perto da porta e a abri. Dando de cara com um par de olhos azuis brilhantes e um sorriso radiante.

— Oi!

— Oi! Precisamos ir. – peguei ele pelo braço e puxei para longe da porta.

— É por aqui! – avisou ele, me puxando em direção ao carro que nos aguardava.

Nessa hora lembrei algo que ele havia falado sobre um jato e fiquei mais tranquila por ver um carro.

— Está animada?

— O quê? – depois que entrei no carro, só conseguia olhar na direção da porta de casa, esperando que meu pai fosse aparecer lá me gritando. – Ah, sim claro.

— Que bom. Como vão as coisas? 

— Bem... Boas... – respondi, só agora reparando nele de verdade. Ele usava uma camisa do time igual a minha, jeans justo e tênis brancos. Estava ainda mais bonito do que eu me lembrava, com um sorriso contagiante e aquele olhar divertido e curioso que só ele tinha.

— E você? Como vão as férias? – perguntei, me concentrando novamente.

— Ah, um pouco de trabalho aqui, outro ali, novos projetos e um pouco de descanso.

— Está com saudade dos palcos?

— Claro! A energia dos fãs é incrível, mas ainda dá pra aguentar mais um pouquinho! -  ele ficava bem sorrindo. Era daquelas pessoas que cativam você, sabe? Quando ela sorri e você sorri junto, e fica parecendo boba porque nem sabe do que estava rindo. Então, tipo ele.

— E a sua amiga?

— Que amiga?

— Você não disse que ia trazer uma amiga e...

— Ah é! – Rachel, aquela maldita! – Ela não pôde vir.

— Que pena, acho que ela ia gostar.

— Tenho certeza que ia... – sussurrei, observando os traços suaves de seu rosto.

— O que disse?

— Ah, ela. Queria muito te conhecer. – por que eu não calo a minha boca logo?

— Quem sabe na próxima? – isso quer dizer que vai ter uma próxima?

— É. 

Um minuto de silêncio e dele me encarando, foram suficientes pra me deixar sem graça de novo.

— Tá tudo bem, Gennie?

— Sim! Tá, eu...

— Chegamos! – disse ele, observando um ponto distante lá fora.

— Já? – graças a Deus.

— Sim, agora vamos voar até lá. – disse ele, segurando minha mão e me ajudando a sair do carro.

— Voar? A gente não pode tipo, continuar indo de carro? – é, notem a covardia da pessoa que não é muito fã de voar. Me julguem.

— Você tem medo de avião, Gen? – perguntou ele, preocupado.

— Não... Digamos que eu apenas não sou muito fã dessa... Sensação. – pelo menos não acordada.

— Ah, puxa. Eu não sabia. 

— Não tem problema, sério. Vamos lá! – eu já tô aqui mesmo, né?

O jato era lindo, por dentro e por fora. E eu fiquei muito tentada a aceitar as guloseimas que a comissária ofereceu. Se não tivesse medo de vomitar tudo em cima dele...

— Então, você gosta de voar? – pergunta idiota número um, Hannah. 

— Hum, acho que sim. Nunca me incomodou.

Não que eu tivesse prestado atenção em alguma coisa do que ele falou, mas acho que tinha a ver com respirar. Porque quando a aeronave decolou, eu só me lembro de ter fechado os olhos e feito exatamente o oposto. Eu meio que prendi a respiração e fiquei super tensa no assento. A sensação só começou a ir embora quando ele já tinha estabilizado o jato e uma voz avisou que já poderíamos nos levantar.

— Hannah? Tá me ouvindo agora?

— Por quê? Eu não estava antes? – falei, sendo óbvia de novo. Pergunta idiota número dois.

— Não sei dizer ao certo. – respondeu ele, com um sorriso calmo.

— Ah... – tentei fazer cara de paisagem e fingir que não sabia do que ele estava falando, quando notei que segurava firme na mão dele. Eu devia tê-la segurado e apertado na hora em que subimos. Tanto que os nós dos meus dedos estavam ainda mais brancos do que já eram e senti a mão latejar um pouco quando soltei. – Ah meu Deus! Desculpa!

— Não tem problema.

— Que vergonha Niall! – vergonha era pouco,  eu queria me jogar daquele avião agora. Tá, não tanto.

— Não seja boba. Até que você foi corajosa.

— Até parece! 

— Eu tô dizendo! Você não gritou nem nada! – olhei para ele com uma careta engraçada.

— Ah, valeu. Tô bem melhor agora!

— E a propósito, você pode segurar minha mão sempre que precisar.

Oh. Oi? Que tipo de comentário é esse? Meu pai... Por isso que a Rachel deveria ter vindo. Queria chorar agora.

— A propósito, essa é só uma amostra dos micos que eu posso pagar. Vai se preparando! – ser bem humorada era a única forma de sair de saias-justas como essa. Tomara que eu consiga.

— Então, vai ser uma noite interessante.

Sem dúvida, Niall. Sem dúvida.

O resto da viagem até New York seguiu mais tranquila depois que eu ativei o meu modo piadista. O que eu não conseguia era relaxar. Pensando em cada uma das minhas palavras antes de dizer qualquer coisa, que pudesse ser mal interpretada. Não conseguia aproveitar o momento de jeito nenhum.

O estádio já estava cheio e nós seguimos por uma entrada lateral ao chegar, sempre acompanhados por uma meia dúzia de seguranças, até onde eu contei. Passamos por uma área com restaurantes, TVs e algumas pessoas que pareciam bastante ricas e chegamos aos nossos lugares na área vip. O lugar tinha uma vista incrível de frente para o campo e poltronas altas como as de cinema.

— Enfim, chegamos. Quer beber ou comer alguma coisa? – ofereceu ele.

— Eu, não sei ainda. – respondi, absorvendo a magnitude de tudo aquilo. Tá certo que eu nem ligava para o jogo, mas ver as coisas daquele ponto de vista não deixava de ser novo e empolgante.

— Ok. Vou pegar um refrigerante enquanto você decide.

— Ah, espera. O que tem pra comer? – de repente meu estômago resolveu dar sinal de vida.

— Hum, muita coisa. – olhei para ele um segundo sem entender, depois percebi: dã, estamos na área vip, deve ter até escargot aqui!

— Hã... Pizza? – perguntei, indecisa.

— De quê?

— Pepperoni?

— Já volto.

Alguns minutos e três fatias de pizza depois, já conseguia sentir meu nervosismo se dissipar um pouco mais.

— Vocês não sabem a sorte que tem por não ter só aquele cachorro-quente sem molho que vendem lá fora pra comer! – falei, me referindo a ele e ao pessoal da área vip.

— Nisso eu preciso concordar com você! Olha, já vai começar.

Olhei animada para o campo e acompanhei com atenção a entrada dos jogadores, o hino e todos aqueles rituais pré-jogo desconhecidos por mim até agora. Eu não entendia quase nada ali, mas achava legal ver a reação do público e ouvir as explicações de Niall. Ah, e claro, xingar os jogadores quando faziam alguma merda no campo.

Quando o juiz anunciou o intervalo do jogo, eu estava de pé gritando qualquer coisa para um jogador chamado Chase. O juiz apitou e eu me virei, para dar de cara com Niall a menos de trinta centímetros de mim.

— O que está achando até agora? – perguntou ele, ao meu ouvido.

— Demais! – respondi, não conseguindo me virar a tempo de evitar seu olhar. Ele me encarou com expectativa e ajeitou uma mecha do meu cabelo. Eu entrei em pânico e não consegui pensar em nada que não envolvesse movimentos bruscos e perigosos. Então eu disse: - Vamos sair daqui?

— O que? Pra onde?

— Dar uma volta, ver o mundo real de novo. – brinquei, fazendo ele finalmente desviar o olhar.

— Tudo bem. O que tem em mente?

— Só, vamos. – dei de ombros e ele estendeu a mão pra mim.

— Ok.

Pelo menos eu tinha escapado. Minha intenção era distrair ele e me safar de situações embaraçosas. Eu estava ficando craque nisso. A questão era, que ainda tínhamos um segundo tempo.


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