Nunca tive uma paixão arrebatadora digna de cinema.

Posso dizer que já me apaixonei algumas vezes na vida e que foram paixões intensas, mas não posso dizer que já tive um grande amor correspondido. 

Sim, já namorei na minha adolescência, mas para resumir, não era correspondido pela minha parte. Aceitara o pedido de namoro apenas porque queria me sentir aceita, desejada, normal. Que garota de 15 anos não sonharia em namorar com um cara legal e não aceitaria um pedido de namoro com direito a um belíssimo buquê de rosas?

Apaixonar-se somente por amigos vem com um preço. E ser covarde vem com um maior. O preço de todos os seus sentimentos nascerem e morrerem sem nunca verem a luz do dia. 

Meu primeiro amor foi o primo de minha melhor amiga de infância, ele era mais velho e minha amiga mais nova que eu. Acho que percebi estar apaixonada quando tinha 9 anos e sentir que a saudade dele era diferente da de minha melhor amiga. Eu sentia falta dela, mas não era como se eu corasse com o menor toque.

Porém era isso o que acontecia quando ele me tocava e mesmo sabendo que morreria de embaraço toda vez que a gente se despedisse, valia a pena porque conseguia ter nem que por um segundo a atenção ilimitada dele, já que ele foi crescendo e mesmo que tivessemos somente dois anos de diferença, nossas idades ficavam cada vez mais importantes quando se aproxima da puberdade.

E a primeira vez que me apaixonei por uma garota? Adivinhem...

Foi essa minha melhor amiga. 

Sempre fomos muito táteis e trocamos carinho com frequência. Não lembro sobre o que conversávamos, mas lembro com grande clareza que estávamos deitadas na minha cama de solteiro muito próximas sob as cobertas, pois estava muito frio.  E lembro que em dado momento ela se aproximou e de brincadeira fechou os olhos e fez um bico, como se fosse me beijar. Isso durou dois segundos e ela se afastou um pouco rindo como se nada tivesse acontecido, mas lembro de por um segundo pensar em me aproximar e tocar meus lábios nos dela que pareciam tão macios.

Esse momento passou, assim como essa paixão. Eu tinha 13 ou 14 anos, não me lembro bem, só sei que não era uma época agradável da minha vida e até o terceiro ano do ensino médio eu fiz de tudo para me convencer que eu só imaginei gostar de alguém do mesmo sexo pois não estava bem, porque queria ocupar minha mente sendo algo diferente do meu eu de verdade.

Entretanto se me perguntarem "qual foi a primeira vez que você se apaixonou de verdade?" eu não responderia em voz alta, mas em meus pensamentos gritaria "Foi com a Fabi no final do ensino médio!"