Eu acordei nervosa. O estômago não obedecia meus comandos e já havia colocado tudo pra fora mais cedo. Agora estava tentando comer alguma coisa, mas não descia. Saber que Reade estava no quarto ao lado me deixava apreensiva. Eu queria poder conversar com ele, contar tudo o que estava acontecendo comigo e tudo o que eu estava sentindo, mas não podia fazer isso sem inundá-lo de informações que poderiam deixá-lo ainda mais ansioso por não se lembrar de nada.

— Consegui! – Patterson falou em voz alta. Eu estava parada ao lado dela e de Rich esperando por algo.

— Conseguiu o que, Patterson? – Falei apreensiva.

— Acho que tenho o antídoto! – Meu coração quase saltou do peito. – Só preciso que me tragam essas coisas aqui. – Patterson retirou uma folha da impressora com algumas coisas escritas e entregou para Keaton.

— Então... poderei ser curado? – Kurt havia acabado de voltar do quarto com Reade que abriu um sorriso diante da possibilidade.

— Olha, é um risco. Não existe garantia de cem por cento. – Patterson explicou. – Isso nunca foi administrado antes e...

— Eu não me importo. – Reade falou. – Não vejo a hora de me lembrar de tudo. – Ele me olhou por um instante e eu senti que era o meu Reade que estava ali. Eu quis correr pra ele e abraçá-lo, mas me contive. Não poderia pressioná-lo dessa forma.

Já estava tudo pronto e Reade estava deitado na cama e Patterson finalizava os preparativos para administrar o antídoto. O restante do pessoal estava na sala e eu estava de pé ao lado dele e nada me faria sair dali. Eu não conseguia esconder o meu medo por tudo isso.

— Vocês tem certeza? – Eu falei. – Estou com medo de dar algo errado.

— Eu quero isso, Tasha. – Ele falou me estudando. – Vem aqui. – Eu cheguei perto e ele segurou minha mão. – Eu quero me lembrar da gente. – O olhar dele era profundo e eu deixei as lágrimas caírem dos meus olhos.

— Eu sei. Eu também quero. É só que... Eu não posso te perder de novo. – Apertei firme a mão dele.

— Você não vai. – Ele afirmou como se tivesse certeza de que daria tudo certo. – Agora vamos logo com isso, Patterson.

Os procedimentos foram feitos e foi administrado um tranquilizante para que ele dormisse antes da aplicação do antídoto.

Fazia horas desde que o antídoto fora administrado e nada de Reade acordar. Eu são saí do lado dele. Rich me trouxe algumas coisas para comer, pois eu me negava a sair dali. Eu queria vê-lo acordar. Mas ao mesmo tempo eu estava com muito medo de que algo tivesse dado errado. Já era noite e eu estava cochilando na cadeira ao lado da cama quando o senti se mexendo. Fiquei o observando em silêncio.

— Ei! – Falei assim que o vi abrir os olhos. – Está tudo bem. Se acalme. – Ele estava se debatendo na cama. – Patterson!

— O que foi? – Ela chegou correndo com Rich ao seu encalço. – Reade! – Ela falou assim que o viu se debater.

— Ele acordou e está se debatendo e não consegui acalmá-lo. – Falei.

— Calma, deve ser efeito colateral dos remédios. Vamos esperar ele se acalmar. – Rich falou.

 Reade lutou por mais alguns minutos e eu tentava acalmá-lo com minhas palavras. Quando ele estava mais calmo e se debatendo menos ele falou.

— O que houve, pessoal? – A voz dele saiu rouca e falhada.

— Está tudo bem, Reade. – Patterson se aproximou dele. – Vamos lhe contar tudo o que aconteceu com você. Só se acalme, tá bom?.

Ele assentiu e começamos a contar tudo desde a explosão na cabana. Ele afirmou se lembrar de algumas coisas que aconteceram depois que ele foi levado pela equipe de resgate, mas foram poucas coisas. Quando terminamos de contar tudo ele foi desamarrado e deixado a sós comigo no quarto.

— Tash. – Ele pronunciou meu nome com carinho. – Como você está?

— Bem. Eu estou bem. – Afirmei entre lágrimas. – Quer dizer, eu... passei um pedaço muito difícil pensando que você havia morrido, e... no início eu não soube o que fazer. Você era tudo o que eu tinha e, de repente não tinha mais.

— Vem cá. – Ele se assento na cama e me chamou. – Eu estou aqui, tá bom? – Eu apenas confirmei com a cabeça e me assentei ao lado dele. – Vai ficar tudo bem.

Reade segurou minha mão e acariciou meu rosto. Ele me beijou docemente e eu percebi o quanto sentia falta dele ao meu lado. Meu Reade, meu amor, o pai do meu filho.

— Tá bom. – Eu sorri e o abracei. – Tenho que te contar uma coisa.

— O que é? – Ele perguntou sorrindo. – Não me diga que vai embora em uma missão novamente.

— Não. – Neguei com a cabeça. – Não é nada disso. Na verdade não penso em sair do seu lado nunca mais. – Afirmei com veemência.

— O que é então?

— Aqui. – Peguei a mão direita dele e levei até minha barriga. – Coloca a mão aqui. – Minha calça estava desabotoada, pois estava me apertando um pouco. – Depois daquele dia na cabana... Eu não me dei conta logo de cara. Tudo estava tão confuso e minha mente não estava pensando direito e eu acabei demorando um pouco para perceber. – Me calei e respirei fundo antes de falar. – Eu estou grávida, Reade.

— Grávida? – Eu percebi uma certa confusão em seus olhos, o que seria natural, pois ele não se dava conta ao certo nem mesmo de quanto tempo havia se passado desde a explosão. – Tasha, isso é muito bom!

— Sim, Reade! – Falei chorando. – Nós vamos ter um bebê!

Ele me abraçou e eu soube que não foi errado não termos sido prudentes. Isso seria um acontecimento muito grande em nossas vidas e seríamos pais. E eu não estava mais sozinha.

— Eu te amo, Tasha! Você não imagina o quanto estou feliz com essa notícia!

— Eu também te amo, Reade. Você não imagina como estou feliz em ter você aqui comigo, pois a simples ideia de fazer isso sem você me assustava muito.

— Eu imagino. E olha pra mim. – Ele segurou meu rosto. – Eu nunca vou deixar você de novo. Vocês. – Ele disse tocando minha barriga.

Nos abraçamos novamente e fomos pra junto dos outros que nos esperavam com o jantar pronto. Nessa noite comemos, bebemos e celebramos a volta de Reade. E deixamos pra amanhã todos os problemas que nos esperavam lá fora.