I got you escrita por blindrepata


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Vamos ver aqui como serão os próximos acontecimentos a partir do interrogatório do team



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A viagem foi cansativa. Algemados e com seguranças por todos os lados. Eu estava exausta, não consegui pregar o olho. Não consegui comer nada no voo, apenas tomei um pouco de água, mesmo com o olhar de Patterson insistindo para que eu comesse. Não dava, não descia. Percebo como meus amigos também estão cansados. A viagem do aeroporto até a sede do FBI ocorreu sem problemas. Não sabíamos o que nos esperava.

Eu estava muito ansiosa e com medo, mas também com muita raiva. Temia pelos meus amigos, por mim e por meu filho. Temia por toda a nação, por todas as pessoas que desesperadamente precisavam de justiça, que foi o que sempre fizemos, e agora tudo o que vemos é uma mercenária escalando o comando do país e jogando fora tudo aquilo pelo que lutamos a vida toda, não só por nosso país, mas pelo mundo.

Sinto um aperto no peito ao entrarmos no elevador em direção ao andar onde fica o SIOC que foi onde trabalhei por tantos anos. Essa lembrança me remete a momentos longínquos e me lembro de Reade, de quando nos conhecemos, das vezes que passamos por aquela porta juntos, das vezes que discutimos e também das muitas vezes que rimos. Sinto um vazio no meu peito e no meu ser, parece que os motivos que eu tinha para lutar se foram junto com ele, mas eu não poderia me deixar abater, eu estava carregando uma criança dentro de mim. Essa criança merecia um país justo para nascer, crescer e ser feliz e era isso que eu precisava garantir a ele. Me seguro e passamos todos pela porta do SIOC. Vemos várias pessoas nos olhando. Não sei até que ponto acreditam que estamos errados, mas eram essas mesmas pessoas com quem sempre trabalhamos e confiamos e também confiavam em nós. Muitos devem sentir algum tipo de medo por tudo o que foi imposto a eles, medo de tomar partido ao nosso favor e acontecer o pior com eles ou com seus entes queridos. Eu sei até que ponto Madeline seria capaz de usar isso contra qualquer pessoa. Ela não tinha coração nem mesmo quando se tratava de sua própria família.

Somos colocados cada um em uma sala. Passo mais de três horas algemada sem ser interrogada. Até que Madeline entra pela porta.
— Então, Natasha. Estamos esperando que um de vocês confesse. – A mulher me olha com frieza e eu lhe dirijo um olhar de ódio. – Quer ser a primeira a começar? Você pode se beneficiar com isso. Sabe que eu sempre gostei de você. Talvez eu tenha algo que você gostaria.

Fico em silêncio e desvio meu olhar. Eu não tenho nada para falar e sei que meus companheiros também não confessarão nada, pois somos inocentes, fomos enganados. Ela passa um tempo me olhando a espera de que eu fale algo até que um agente a chama e ela se levanta.

— Um de seus amigos vai falar. – Ela me dirige aquele sorriso diabólico que eu sempre odiei.

Quem irá falar? Será que ela ofereceu algo a eles? Minha cabeça gira e eu me lembro de Patterson e Rich dizendo que Reade está vivo. Eu não quis saber o que eles encontraram, mas agora estou curiosa sobre o que Madeline poderia estar arquitetando para nos enganar.

Permaneço cerca de meia hora sozinha na sala quando ouço um barulho e as luzes se apagam e o estranho é que a energia do gerador não parece ser acionada. Sinto alguém retirando minhas algemas e sou arrastada dali às pressas. Eu não entendo bem o que está acontecendo, mas fico em silêncio e me deixo ser levada.

As salas e corredores estão escuras e descemos pelas escadas sem conseguir enxergar um palmo diante do nariz. Eu ouço barulho de vozes e passos por toda parte. A descida pelas escadas parece não acabar mais e passamos pela saída dos fundos onde há uma SUV preta esperando. Sou empurrada para dentro dela e me algemam aos meus companheiros que estão todos ali.

— O que houve? – Eu pergunto olhando para eles.

— Pelo jeito saberemos logo. – Kurt fala.

Vejo que todos eles estão bem e agradeço mentalmente. Os vidros do carro estão escuros e não vemos nada da área externa. Após uns quarenta minutos de viagem o carro para e a porta é aberta. Vejo o mesmo rapaz que me retirou da sala de interrogatório.

— Podem descer pessoal. – O rapaz era alto e moreno e vestia colete a prova de balas. Eu não me lembro de já tê-lo visto antes.

— Onde estamos? – Patterson fala pela primeira vez desde que entramos no carro.

— Entrem que tem algumas pessoas esperando vocês.

 

Estamos ainda algemados uns aos outros e caminhamos dessa forma até o interior da casa. Era uma casa grande e antiga em um bairro afastado. Entramos e observo que a mobília é bem rústica e não parece morar ninguém ali há algum tempo. Somos levados até um quarto no final de um grande corredor. Entramos e ele fecha a porta.

O rapaz afasta um móvel no canto do quarto e nos mostra uma entrada que ele levanta e nos orienta a entrar. Olhamos uns pros outros e percebemos que não temos escolha. Descemos e nos deparamos com ninguém menos que Keaton e Boston. O local possuía iluminação escassa, um sofá, algumas cadeiras, duas mesas e alguns computadores.

— Estão entregues. – O rapaz fala entregando algumas chaves para Keaton.

— Obrigado. E tomem cuidado. – Keaton fala.

O rapaz assente e vai embora. Keaton pega as chaves e nos solta.

— O que é isso, Keaton? – Eu pergunto.

— Bom te ver também, Tasha. – Ele fala ironicamente e sorri. – Vocês se acomodem que vamos contar tudo.

Ele começa a contar tudo o que aconteceu desde que fugimos na Islândia. Allie o procurou e ele localizou Rich no Black site e Boston os ajudou com as pistas das tatuagens. Eles planejaram as pistas para que nós encontrássemos os explosivos e também o ZIP que Ivy e Madeline pretendiam usar. Eles só não contavam que seríamos pegos.

— Agora que estão todos aqui precisamos encontrar uma forma de interceptar a carga de ZIP que deve chegar aos EUA nos próximos dias. – Boston fala.

— E, também precisamos derrubar Madeline. – Jane diz com raiva. – Tudo o que tínhamos não valerá mais.

— Afreen estava cuidando de algumas coisas do lado de dentro do FBI, porém há dias não consigo contatá-la, pois não queremos coloca-la em risco. – Keaton explica.

— Nós temos alguns computadores e uma rede irrastreável aqui, mas precisamos ter cuidado com os sites onde entramos. – Boston explica para Patterson e Rich que se aproximam dos computadores.

— E tem outra coisa que precisamos checar. – Patterson fala e olha pra mim. – Precisamos saber se Reade está vivo.

Eu olho com reprovação e Patterson explica para eles sobre as conversas interceptadas e os argumentos fazem até sentido. Eu me sento em uma cadeira e penso que essa possibilidade pode ser verdade e meu coração acelera. Isso não é possível, eu tenho medo de acreditar e sofrer mais caso não seja verdade.

— Patterson, você realmente acredita nisso? – Eu pergunto com tristeza.

— Sim, e você também deveria começar a acreditar. – Ela me olha com firmeza. – Vocês têm algo para comer? Tasha já está há muito tempo sem se alimentar e isso não vai fazer bem pro... – Ela para quando percebe o que está fazendo.

— Eu estou bem. – Afirmo com seriedade.

— Tasha, você sabe que precisa mesmo. – Kurt me olha sério.

— Temos uma pequena cozinha aqui e alguns suprimentos. – Keaton afirma desconfiado. – Vocês todos devem estar com fome.

Vou com Jane até a cozinha e preparamos alguns sanduíches para todos enquanto Patterson, Rich e Boston se encarregam das pesquisas no computador. Só quando como meu sanduíche percebo o quanto realmente estou com fome. Sinto meu corpo cansado por tudo o que está acontecendo e sei que ainda vamos demorar um pouco para resolver tudo.

— Achei! – Ouço Patterson falar alto. – Aqui. – Ela aponta para a tela à sua frente. – Pelas câmeras da rua próxima ao prédio do FBI vemos Reade vestindo um terno e saindo do prédio e entrando em um carro.

— Estranho. – Eu falo observando a tela. – Ele está vivendo normalmente? Como?

— Não sei, mas precisamos descobrir. – Kurt fala aflito.

— Temos que encontrar uma forma de tirá-lo de lá. – Rich fala.

 

Planejamos juntos uma forma de intercepta-lo e trazê-lo sem sermos pegos. Deixamos para o meio da noite. Com certeza deveria haver seguranças o vigiando o tempo todo e precisamos nos cuidar para não levantar suspeitas.

Eu estou muito nervosa e ansiosa e Patterson tenta me acalmar. – Tasha, você tem que ficar calma para não prejudicar o bebê. – Ela segura a minha mão e me leva até a cadeira me fazendo sentar. Boston e Keaton estão me olhando e eu apenas confirmo com a cabeça.

Fica planejado que Kurt, Jane e o Max, agente de Keaton irão. Apesar de muito insistir não me deixam ir. Não sei se conseguirei esperar tranquilamente até o trazerem.

O porão possui dois dormitórios com alguns beliches e colchonetes extras e também um banheiro. Max nos trouxe algumas roupas e eu decido tomar um banho o que é revigorante, pois estava precisando muito disso.

Volto para a sala e o pessoal já se foi. Fico junto de Patterson para auxiliá-la no que for preciso para que tragam Reade com segurança.

— Vai ficar tudo bem, Tasha. – Ela tenta me tranquilizar.

— Vai sim. – Eu lhe dirijo um sorriso. – Obrigada por tudo.

— Imagina. Amigos são pra essas coisas.

— Ah, mas nós não temos qualquer amizade. – Falo olhando pra ela. – Somos melhores amigas.

 

O pessoal chegou na casa de Reade e estão o trazendo pra cá. A ansiedade aumenta a cada minuto. Eles entram pela porta e Kurt está segurando Reade algemado. Dou um passo na direção dele e Jane se coloca a meu lado me impedindo.

— O que é isso? – Eu pergunto sem entender.

— Ele foi zipado. – Kurt responde?

— Como? – Coloco minha mão na boca e começo a chorar. – Meu Deus! Madeline me paga!

— Madeline? – Reade fala e percebo seu olhar perdido. – Vocês me ziparam. – Sinto um tom de acusação.

— Nós nunca faríamos isso! – Respondo com raiva.

Saio dali e vou para o quarto. Choro sozinha. Isso não é possível! Ele não parece se lembrar de nada do que aconteceu conosco. Eu sei que devo me sentir grata por ele estar vivo, mas queria que ele se lembrasse de tudo. Ouço passos atrás de mim.

— Tasha. – É Keaton.

— Sim. Me desculpe.

— Não. Você tem toda razão de ficar assim. – Ele me tranquiliza. – Nós vamos fazer o possível para corrigir isso, tá? Assim que ele souber de tudo o que aconteceu ele vai entender.

— Tá bom. – Concordo com ele. Keaton sai e eu seco minhas lágrimas e volto para a sala.

Eles estão conversando com Reade. Contamos tudo o que aconteceu desde a fuga na Islândia, mas sentimos que ele precisava saber um pouco mais. Então detalhamos tudo desde que Jane foi encontrada naquela mala na Times Square. Ele faz várias perguntas, mas parece entender tudo o que contamos. Ele entende que foi zipado e enganado por Madeline e seus capangas. Aparentemente ele foi retirado do SIOC durante nosso interrogatório para não se encontrar conosco.

— Tasha, você quer conversar com ele? – Jane me pergunta sem que os outros ouçam.

— Melhor não. Acho que já foi muita informação pra ele digerir de uma só vez.

— Vocês não vão tirar minhas algemas? – Ele pergunta.

— Não. – Kurt responde. – Ainda não. Precisamos ter certeza que você não vai fugir.

— Kurt. É o Reade... – Suplico.

— Tasha. Melhor não fazermos isso por enquanto.

Kurt o leva para um dos quartos e lhe algema a uma das camas.

— Tasha, eu fiz vários estudos sobre a cura do envenenamento por ZIP, mas não estão concluídos. – Patterson me fala quando ficamos a sós na sala. Acho que sei um jeito de curá-lo, mas tenho medo das sequelas que isso pode deixar, pois ele será uma cobaia. Precisaremos do consentimento dele para fazer isso.

— Ah, mas se acontecer algo grave com ele nós não vamos nos perdoar. – Lamento.

— Sim, mas vou resgatar os testes que já fiz e ver o que consigo melhorar. – Ela para e me olha. – Fica tranquila. Vai dar tudo certo.

Deixo ela sozinha e percebo que todos se retiraram e foram para o quarto. Me deito no sofá e tento descansar um pouco, o que é impossível sabendo que Reade está ali perto. Percebo que Patterson está distraída e vou até o quarto onde ele está. É um quarto pequeno com apenas duas camas, uma mesinha e duas cadeiras. Reade está sentado na cama.

— Também não conseguiu dormir? – Ele pergunta ao me ver.

— Não. – Respondo. – É muita coisa acontecendo ao mesmo tempo e minha mente não para. – Posso sentar?

— Claro. – Ele responde e eu pego uma das cadeiras e coloco perto da cama.

— Me desculpa por termos que te algemar.

— Eu sei que foi preciso. Para o caso de eu querer fugir. – Ele sorri e meu coração se parte. Eu senti tanta saudade do sorriso dele. – Nós éramos amigos, parceiros de trabalho. Eu me lembro de muita coisa. Apenas os últimos anos estão apagados pra mim.

— Sim, eu sei. Não estou te cobrando nada. É só que... – Eu paro, não sei se devo contar muita coisa a ele para não confundi-lo ainda mais.

— Pode falar. – Ele me incentiva.

— Nós éramos mais que amigos. – Falo e baixo o olhar, pois não quero ver a reação dele.

— Nossa. – Sinto que ele não esperava ouvir isso. – Eu... me desculpa não me lembrar.

— Não, não é sua culpa. Eu não devia ter te falado isso. – Sinto uma lágrima escorreu no meu rosto. – Me levanto e saio do quarto deixando ele lá com seus pensamentos.

Não consigo parar de pensar na cura em que Patterson está trabalhando. Eu já o perdi uma vez e não quero perder de novo, não sei se serei capaz de criar nosso filho sozinha. E se ele nunca se lembrar? Eu nunca o terei de volta.


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Notas finais do capítulo

Desculpem-me pelos erros e pelas pontas soltas. Não deixem de me falar o que estão achando.
Volto em breve ;)



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