XXIX 

.

{capricornus malfoy and sunflower weasley}

.

.

Era uma quarta-feira ensolarada de verão quando uma menina ruiva, usando tênis vermelhos e óculos cor-de-rosa em formato de estrelas, caminhou por um jardim de girassóis. Caminhou determinada e sem medos. Convicta do que merecia. Convicta do que queria. Convicta de quem queria. O garoto estava sentado na grama, em meio às flores que plantara para iluminaram o novo lar que sua família vinha construindo nos últimos anos. Tinha gel em excesso nos cabelos loiros, mas os pés descalços e sujos de terra. Vestia um coração partido.

— Sabe, eu sempre gostei de girassóis. — a garota disse, se sentando ao lado do rapaz.

— Sempre achei que eles combinavam mais com você do que rosas. — ele respondeu, tentando controlar a voz e se obrigando a ignorar o aperto em seu peito. O receio que o corroía.  

— Talvez em uma vida diferente você se chame Capricornus Malfoy e eu me chame Sunflower Weasley. E tudo seja um pouco mais simples e faça um pouco mais de sentido.

Ele riu.

— Todo o bullying que Capricornus Malfoy e Sunflower Weasley sofrerem realmente fará mais sentido.

Ela riu.

— Você acha que Capricornus Malfoy e Sunflower Weasley seriam amigos? — a menina indagou curiosa.

— Acho que Capricornus Malfoy teria que ser um idiota para não querer ser amigo de Sunflower Weasley. Especialmente se ela o impedir de se afogar, no dia em que se conhecerem.

— Você acha que Capricornus Malfoy também cairia no lago?

 — Acho que qualquer versão minha seria um pequeno desastre. Não poderia ser eu, se fosse diferente.

A garota sorriu. Aquele sorriso que brilhava mais forte que o sol.

— Bom, eu acho que qualquer versão minha te salvaria. Sem nem hesitar.

O garoto sorriu. Daquele jeito tímido, enquanto suas bochechas se pintavam de rubro.

— Será que, nesta vida complicada e imperfeita, Rose Weasley poderia perdoar Scorpius Malfoy e voltar a ser amiga dele?

— Não. — Rose disse, fazendo o rapaz a olhar assustado. Os olhos cinzentos se arregalando em pânico — Porque não há nada a ser perdoado, Scorpius. Você não fez nada errado. Pelo contrário. E eu não posso voltar a ser sua amiga, pelo menos, não apenas amiga, porque eu quero ser algo mais.

O coração do garoto saltou em seu peito.

— Rosie, você não precisa fazer isso, se não quiser. Está tudo bem.

— Eu sei que não preciso, Scorp. Sejamos honestos, não sou muito do tipo que diz ou faz coisas que não quer.

Scorpius soltou uma risada, porque era verdade.

— Você tem certeza disso?

— Depois de pensar sobre isso por cinco dias? Absoluta. Quero ser sua namorada, Scorpius Malfoy.

— Rosie...

— Não, cala a boca! Você fez sua declaração romântica fofa e que me manteve acordada por várias noites. Agora é a minha vez. — ela disse enérgica.

— Okay...

— Eu quero que você seja meu namorado, Scorpius Malfoy, porque você é de capricórnio com ascendente em câncer. Porque você é a pessoa mais dramática e estabanada que eu conheço. Porque a coisa mais colorida do seu guarda-roupa é sua gravata da Sonserina. Porque você gosta de Herbologia e sabe nomes de espécies que eu desconheço completamente. E porque você planta girassóis no verão. Porque você sempre me escuta, não importa o quão longo ou estranho seja o monólogo. Porque você me levou para Torre de Astronomia no nosso primeiro beijo. Porque você é obcecado pelo seu cabelo e lê uma quantidade absurda de livros de romance. Mas, acima de tudo, porque você é a melhor pessoa que eu conheço. A mais gentil, a mais sensível, a mais correta e que a mais se esforça para ser boa e fazer as escolhas certas. E eu acho que você nem percebe que bom é algo que você já é. Você é uma boa pessoa. Você é bom. E você é bom para mim. Na verdade, é perfeito para mim. E eu acho que eu amo você. Acho que sempre amei. Me desculpe por não ter percebido antes. Estava um pouco ocupada travando guerras comigo mesma.

— Acho que eu entendo um pouco sobre travar guerras consigo mesmo... — Scorpius disse, se esforçando muito para não chorar e estragar tudo aquilo com seu ascendente em câncer.

— Acho que nós dois deveríamos parar com isso.

— Acho que você está certa.

— E acho que você deveria me beijar agora.

— Acho que eu posso fazer isso.

E assim, numa quarta-feira de verão que de outra forma teria sido como outra qualquer, em um jardim de girassóis amarelos, na complicada e imperfeita realidade que conhecemos, Scorpius Malfoy beijou Rose Weasley. E foi glorioso.