Seus Olhos escrita por NessCN


Capítulo 27
Capítulo XXVI


Notas iniciais do capítulo

Olá, espero que gostem do capítulo de hoje.



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Fevereiro de 2089

Matheus não entendia como ela estava ali, como havia chegado até o tempo dele. Mas Alicia estava feliz por finalmente encontrá-lo e pode mostrar a ele o que ela carregava. Sorriu consigo.

— O que você está fazendo aqui, Alicia? E como chegou aqui? - Matheus a questionou.

— Eu precisava tê vê, muito. - Ela respondeu. - Você não vai acreditar…

— Como chegou aqui? - Ele cortou ela.

— Uma senhora me ajudou. Eu fui atrás do Henrique, mas ele não quis me ajudar ai essa senhora chegou e saltou no tempo comigo. - Ela deu de ombros.

— E quem era?

— Eu não, não consegui ver o rosto dela muito bem, usava uma espécie de capa.

— Que estranho. Um senhor apareceu assim pra mim também. Ele me ajudou a fugir da cadeia e mandou eu vim para cá. - Matheus começou a juntar as peças.

— Cadeia? Você foi preso? - Alicia arregalou os olhos.

— Claro, eu roubei uma coisa muito importante. Mas deixe isso para lá. - Ele encarou os olhos verdes dela. - O que você faz aqui?

— Eu tenho algo para te contar. - Ela sorriu de orelha a orelha.

Matheus analisou a expressão dela. O que seria tão importante que faria ela ir atrás dele no tempo dele?

Alicia o encarou com o coração a mil, feliz por finalmente pode dividir aquilo com ele. 

— Eu to grávida. - Ela disse sorridente.

Matheus arregalou os olhos e quase caiu para trás.

— Isso é impossível, Alicia. - Ele esbravejou.

Alicia se encolheu com a resposta dele. Mas respirou fundo e soltou o ar antes de poder responder. Não queria ser sarcástica com ele ou grossa. Era um momento importante e ela havia ido muito longe para contar isso a ele.

— Não, não é. - Ela respondeu calma.

— Claro que é. Não tem como isso ter acontecido. - Matheus começou a gritar.

Ele ficou andando de um lado para o outro do cômodo, deixando Alicia sem paciência. Essa não era a reação que ela esperava dele.

— Não é impossível quando transamos sem camisinha e eu não faço uso de nenhum método contraceptivo. Acontece em quase todos os casos. - Ela revirou os olhos.

— E como você garante que ele é meu? - Ele estava desesperado, sem medir suas palavras.

— Oi? - Ela arregalou os olhos ou ouvir aquilo. - Você acha mesmo que eu viria de tão longe se não tivesse a certeza que o bebê que carrego é seu? Por favor, Matheus. 

— Essa criança não pode vir ao mundo. - Ele parou de andar pelo cômodo.

Quando ela ouviu aquelas palavras teve a certeza que seu coração parou por alguns milésimos, mas sabia que não podia ser verdade. Só que ela encarou os olhos dele e via que ele falava a verdade.

— Você enlouqueceu. Essa criança vai nascer.

— Alicia, entenda. Imagina o caos que isso pode causar no tempo. Não era nem para gente ter ficado, imagina uma criança de pais de tempos diferente. É impossível. - Ele foi se aproximando dela.

Mas a cada passo que ele dava, Alicia dava uma para trás. Ela estava com medo.

— Eu não me importo. - Sua voz estava embargada. - Eu vou ter essa criança.

— Não vai! - Ele gritou.

Alicia parou de andar para trás e firmou os pés no chão.

— Você não vai encostar no meu filho. - Ela gritou.

Matheus a encarou, surpreso pela atitude dela.

— Você pode não querê-lo, então não terá nunca que vê-lo. Mas eu não vou tirar essa criança, porque você acha que o mundo pode se acabar. - Lágrimas começaram a cair.

Aquilo não era o que ela esperava.

— Eu sinto muito, Alicia. - Ele segurou o rosto dela.

— Você não irá matar nosso filho. - Ela recuou do toque dele.

— Você precisa entender.

— A única coisa que entendo, é que essa criança não tem nada a ver com isso. - Ela tocou a barriga dela. - E espero que algum dia você entenda.

— Alicia.

— Foi um erro ter vindo aqui. Vou dar um jeito de voltar e criar o meu filho no meu tempo. Quando ele perguntar do pai, eu digo que foi alguém qualquer que eu transei e nunca quis saber dele. - Ela respirou fundo e jogou as palavras nele.

Alicia se aproximou da porta.

Matheus recebeu aquelas palavras como facadas em seu coração. Ela tinha razão, mas ele sabia o certo a se fazer.

— Onde você vai?

— Embora. - Ela abriu a porta e saiu a fechando atrás de si.

Não esperou que Matheus fosse atrás dela, apenas correu pelo corredor até chegar a escada e sair do prédio. Aquilo não era o que ela esperava, ela queria que ele apoiasse ela. Queria que ele ficasse feliz tanto quanto ela com a novidade. Ela entendia todas complicações, mas era uma criança. O filho dele. Deles.

Ela parou de correr e se encostou numa parede deslizando por ela. As lágrimas viam compulsivamente e a cada soluço era difícil recuperar o fôlego. Ela queria voltar no dia em que achou aquele maldito objeto no chão, se nunca tivesse pegado ele, estaria uma hora dessas preocupada em entrar para uma faculdade boa. No meio dessa confusão toda, ela nem lembrava de ter visto suas notas do vestibular. Riu consigo ao se lembrar de uma coisa tão banal  naquele momento.

Respirou fundo e soltou o ar. Se levantou. Precisava agora procurar uma forma de volta para seu tempo, para sua casa.

— Alicia. - Uma voz masculina a chamou.

Ela olhou para frente e viu Henrique vindo em sua direção.

— O que faz aqui? - Ele questionou.

— Você pode me ajudar a ir para casa? - Ela perguntou esperando que a resposta fosse sim.

— Você não deveria está com meu pai? - Ele parecia confuso.

— Eu deveria está em casa. Você pode me ajudar ou não, Henrique? - Ela começou a ficar sem paciência.

— Vem comigo. - Henrique saiu andando na frente dela.

Ela ficou em dúvida se deveria ou não segui-lo, mas naquele momento ele era a melhor oportunidade dela sair dali. Seguiram por umas ruas escuras e foram parar em um beco escuro. Alicia já conseguia reconhecer aquele beco.

— Ah não, Henrique. Eu já vi o Matheus. - Ela começou a dar meia volta.

— Ele está lá? Que bom. Mas venha, eu só preciso vê-lo e depois te levarei para casa. - Henrique puxou a mão dela.

— Okay. - Ela revirou os olhos.

Quando Henrique arrastou a porta de metal para o lado, Alicia viu uma lanterna em seu rosto que ofuscou sua visão. Ela não sabia dizer quem estava do outro lado, mas ouvia homens resmungando.

— O que está acontecendo? - Henrique perguntou confuso.

— Ela é nossa. - O homem agarrou Alicia pelo braço com força.

Ela tentou se livrar se debatendo, mas não teve efeito.

— Ela está comigo. - Henrique argumentou.

— Seu pai disse para nós levarmos ela, agora! E você vem com a gente também, Henrique. - O homem olhou sério para Henrique.

— Vai ficar tudo bem. - Henrique falou para Alicia.

Mas ela não acreditava muito em suas palavras.

— Você suba lá em cima, cheque todos os apartamentos. - O homem ordenou a outro.

Alicia tremeu apreensiva por Matheus. Não queria que nada de grave acontecesse com ele.

— Vamos! - O homem a arrastou pelo caminho.

Mesmo ela implorando para soltá-la e esmurrando o homem, ele não fez nada, não se mexeu nem para reclamar. Henrique ia atrás deles muito calmo. E Alicia começava a se perguntar se tinha confiado na pessoa certa.

Até que chegaram a uma casa enorme, que Alicia podia muito bem dizer que era uma mansão ou palácio. Era enorme sua estrutura por fora e havia portões enorme na entrada vigiado por dois guardas com fuzis na mãos. Onde Henrique morava? E para onde eu estou sendo levada?

O homem continuou arrastando ela para o interior da casa. Passou por corredores e salas enormes, até chegar a um local pequeno, comparado com o resto. Havia uma janela enorme com cortinas e uma mesa de escritório próximo. Atrás da mesa havia uma homem virado de costas.

— Senhor. - O homem que havia trazido Alicia a jogou no chão com tudo.

E antes que a jovem pudesse se levantar, ele se aproximou dela, garantido que ela não fizesse nada. Henrique entrou calmo na sala e ficou em um canto em silêncio. Alicia, agora, tinha certeza que havia confiado na pessoa errada. 

— Pode se levantar. - O homem na mesa disse.

Alicia se levantou ficando de pé e o homem se virou para ela. No momento que ela viu o homem e o encarou nos olhos, soube quem ele era. Engoliu em seco e apertou os braços em volta do corpo. Aquilo não era possível.


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam do que Alicia disse a Matheus? E o que será impossível? Me contem as teorias de vocês, vou ficar muito feliz em sabe-las.
Até o próximo ♥



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