Seus Olhos escrita por NessCN


Capítulo 26
Capítulo XXV


Notas iniciais do capítulo

Olá, como vocês estão? Desculpa por não postar ontem, não deu tempo. Mas estamos aqui com um capítulo lindo, eu gosto dele. Espero que vocês também.



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Fevereiro de 2089

Matheus olhou para o teto escuro sujo de mofo. Pensou que poderiam ao menos lhe dar instalações mais adequadas. Mas riu consigo, o que esperar da prisão deles, se quando ele estava treinando na Academia o quarto era quase como aquilo. Ele tinha quase certeza que pegaram alguma prisão do passado e fizeram de Academia dos guardiões do tempo. Riu mais ainda ao se lembrar do seu tempo de estudante da academia, de quando dividia o quarto com Henrique e estudavam juntos e quando se formou e ficou ao lado daqueles colegas. 

— Hoje esses jovens, homens e mulheres dedicaram sua vida e seus estudos para proteger o tempo. - Disse um homem de terno e voz grossa próximo ao microfone. 

Os jovens que estavam ao seu lado enfileirados sorriam apreensivos. Não imaginavam que chegariam ali, viram muitos colegas se perderam e irem embora pelo caminho, mas ali estavam eles. 

— Conseguimos. - Cochichou Henrique no ouvido de Matheus. 

Matheus apenas sorriu para ele, nem ele acreditava que chegaria ali. 

— Hoje parabenizamos esses jovens que serão os primeiros Guardiões do tempo. - Retornou a falar o homem de terno. 

E o auditório se encheu de palmas e assovios. Todos estavam felizes por aquele passo que a nação dava. 

Matheus sorriu para si ao pensar que ele mudaria o futuro. Disso ele tinha certeza. 

Sorriu com a lembrança da formatura, mas se lembrou do dia em que tudo mudou e ele conseguiu enxergar mais além nos ensinamentos da Academia. 

— Você não sente que é perda de tempo? - Perguntou ao amigo Henrique.

— O que?

— Está aqui estudando para guardar algo que ninguém nem mexe. - Matheus brincou com a caneta em seus dedos.

— Estamos aqui como uma forma de prevenção. - Justificou Henrique.

— Mas não tem graça. Seria melhor correr por aí saltando no tempo atrás de alguém.

— Isso é impossível, Mat. - Henrique riu do amigo e voltou atenção para seus estudos.

— Então eu adquirir todas essas cicatrizes em treinamentos atoa? - Matheus fingiu uma cara de chocado.

— O treinamento precisa ser real. Vamos voltar a estudar? - O amigo jogou uma bolinha de papel em Matheus.

Mas Matheus não conseguiu mais se concentrar em seus estudos. Ficou pensativo sobre aquele pensamento que percorreu sua cabeça por alguns segundos, mas que agora parecia ser interessante demais para deixar para lá.

— Você irá correr atrás das pessoas, Henrique.

Henrique o olhou confuso.

— Eu não irei atrás de ninguém. Sou filho do chefe, esqueceu? - Ele deu de ombros.

Matheus riu dele e voltou a se concentrar em seu pensamento.

Matheus sorriu ao se lembrar da cena. Quando imaginou aquilo e logo depois arquitetou jamais pensou que ia parar em uma prisão, deitado em cima de uma cama de pedra e olhando para um teto de mofo. Mas ele foi se apaixonar e Alicia havia lhe dado um senso de responsabilidade que ele nunca teve muito. Sorriu mais ainda ao se lembrar dela, da dona daqueles olhos verdes que ele sonhara tantas vezes ali naquele lugar. Suspirou pesado agarrando o colar que um dia foi dela, imaginando como ela estaria agora. Estaria ainda com o Pedro? Pensou, mas logo seus pensamentos foram interrompidos por um homem. 

Um senhor de capa preta encapuzado chegou perto da cela de Matheus.

Matheus estranhou o homem ali. As únicas pessoas que chegavam ali eram os guardas. Um barulho de chave foi ouvido e a porta da cela de Matheus foi aberta. Ele ficou imóvel, esperando que alguém entrasse para pegá-lo, mas ninguém fez isso.

— Vamos, meu jovem. - Disse o senhor do outro lado.

Matheus saiu e ficou encarando o senhor. Não conseguia ver o rosto dele muito bem, então não sabia dizer quem era.

— Quem é o senhor? - Ele perguntou.

— Isso não importa agora. Preciso que você se concentre no que vou dizer. - O homem falava calmo.

Matheus o ouviu apreensivo.

— Isso é para você. - Ele entregou uma pistola para Matheus. - Os guardas desse corredor estão em outro lugar e você precisa ir para o seu apartamento que considera seguro.

Matheus o olhou confuso.

— Não tem como explicar as coisas agora. Estou dando a oportunidade de você fugir. Aproveite. - O homem deu um sorriso torto. - Quando chegar ao seu local seguro, espere que alguém bata na porta e abra.

— Mas… - E antes que Matheus pudesse dizer mais alguma coisa o homem sumiu no corredor escuro.

Matheus guardou a arma em sua cintura e foi andando pelo corredor. Como o senhor havia dito, não havia nenhum guarda ali, mas havia um próximo que Matheus conseguiu despistar quando ele deu as costas e ele alcançou a porta. Mas ele não viu o outro guarda do outro lado e antes que ele pudesse pegá-lo, ele sacou a arma e atirou. Agora era hora de correr, os outros guardas estariam em alerta. Ele correu pelos corredores, atirando em que se metesse em seu caminho e chegou ao portão de saída que era monitorado por dois guardas segurando um fuzil. Ele não sabia como podia sair dali.

E viu uma senhora chegando próximo aos homens. Ela começou a conversar com eles, os deixando distraídos. O guarda que ficava a esquerda saiu de seu posto e se aproximou da senhora para ouvir o que ela dizia. E a senhora começou a andar em volta dos homens, até que conseguiu com que eles ficassem de costas para o portão e de frente para ela. Seja lá quem for, Matheus agradeceu a forças maiores pela ajuda enviada. Conseguiu passar pelo portão e saiu correndo pela rua fugindo de todas as câmeras.

Andou pelas ruas até achar o beco escuro e entrou. Para ele foi fácil achar a porta de metal, conhecia aquele beco muito bem. Subiu as escadas e encontrou o apartamento 155 destrancados. Não sabia se matava Henrique por ser irresponsável ou se o agradecia por ter salvado sua vida mais uma vez. O apartamento se encontrava da mesma forma de antes, assim como ele havia deixado. Ele se sentou na cama e esperou. 

Imaginando mil coisas que poderiam acontecer agora, pensou que a qualquer momento alguém poderia arrombar a porta e mata-lo, já não tinha mais esperanças na humanidade. Não sabia dizer o porque aquele senhor o havia ajudado e começava a se questionar se havia feito certo em obedecer as ordens dele. Ele se levantou da cama e começou a andar de um lado para outro do quarto pequeno, temendo que tivesse feito algo muito errado e que pudesse morrer. Sabia que aquela não era a política da Academia, lhe dariam um julgamento justo. Mas as coisas que ele havia feito não tinha precedentes, era possível que quisessem acabar com sua vida de um modo bem sádico. 

Uma batida alta foi ouvida na porta de metal. Ele parou e ficou encarando aquela porta com o coração acelerado. Será que era a hora da morte? Pensou, mas riu consigo ao imaginar que se fossem os guardas da Academia eles não seriam tão educado em bater na porta. Respirou fundo e andou até a porta ainda prendendo a respiração e pegou na maçaneta ainda em duvida se girava ou não. Antes que pudesse girar se lembrou do olho mágico e olhou por ele. 

Seu coração quase saiu pela boca e ele tinha a certeza de que ia cair duro ali mesmo. Não acreditava em quem ele via do outro lado. 

Era impossível.

Mas lá estava ela do outro lado com o rosto apreensivo e olhando de um lado para outro temendo que qualquer coisa acontecesse. Antes que Matheus pudesse se arrepender, ele girou a maçaneta e abriu a porta. 

Assim que abriu a porta Alicia pulou em seu pescoço e o abraçou com força. Ele entrelaçou os braços em volta dela e sentiu o perfume frutal, aquele perfume que ele sentiu tanta falta e sonhou tantas vezes naquela prisão. 

 


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Notas finais do capítulo

E ai, o que acharam? O que acham que vai ter nesse reencontro?
Até o próximo ♥



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