Solidão escrita por Sonnenreigen


Capítulo 1
Sozinho eu me recordo


Notas iniciais do capítulo

Olá!

Trazendo uma história de mais um desafio, dessa vez é o desafio musical do grupo Academia das Saintias Demolida, no qual eu tirei a @Super-nova e o kit que ela montou foi “Personagem: Sorento. Palavra: Sozinho. Músicas: Biquíni Cavadão ?“ Tédio ou Avantasia ?“ Alone I remember”.

Escolhi a música do Avantasia porque eu gosto da banda. Fiquei impactada com o personagem porque eu achava que não escrevia virginianos bem e tive a constatação que é isso ai.

Boa leitura!



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Era noite. Tudo estava escuro e uma figura solitária estava deitada numa cama de solteiro bastante confortável. O jovem parecia bem à vontade recebendo em seu corpo uma brisa suave que soprava do oceano e adentrava pela janela aberta do quarto, fazendo com que as cortinas brancas bailassem em sincronia com o vento.

Por mais que tudo parecesse propício à tranquilidade, Sorento tentava respirar fundo e desvencilhar-se de sua angústia com os dias vindouros, nos quais ele assumiria o cargo de assessor pessoal de Julian Solo ao mesmo tempo que tentava espantar de sua mente os pensamentos recorrentes que o assolavam e o castigavam sem nenhuma piedade desde o fim a batalha contra os cavaleiros de Atena.

Percebendo que não conseguiria fugir daquele tormento mental e não podendo mais passar uma noite insone se castigando com sua mente, ele decidiu acalentar-se com sua música. Não com aquela melodia que causou danos em seus inimigos, mas com outra igualmente triste e mórbida.

Pelo o avanço das horas, Sorento sabia que não poderia tocar sua flauta ali no quarto, por isso decidiu caminhar até a praia que ele não demorou a chegar, visto que a mansão de Julian, onde estava morando, se localizava a poucos metros dali.

A praia estava completamente vazia naquele horário sendo perceptível apenas o barulho de algumas ondas que batiam contra um rochedo rompendo o silêncio quase espectral do lugar. Ainda que fosse um apreciador do silêncio e da quietude, Sorento começava a se incomodar como toda a calmaria daquela noite contrastava com seu estado de espírito.

Respirou fundo, retirou os chinelos que usava e caminhou até onde o mar e a areia branca da praia se encontravam. Assim que teve seus pés tocados pela a água quente e acolhedora do oceano, Sorento relembrou o momento em que tornou-se marina de Poseidon e deixou que lágrimas silenciosas caíssem de seus olhos.

Por anos, quis que sua vida tivesse sentido e que ele pudesse converter toda a sua existência em servidão à humanidade, por isso, aceitou o cargo com muita alegria e certeza de que finalmente poderia fazer coisas boas e úteis com a sua escama. Havia apreciado todo o treinamento, mesmo que tivera sido longo e cansativo, mas uma das partes mais aprazíveis do treinamento fora o convívio com outros jovens que tinha ideais tão nobres quanto os seus.

Ao lembrar-se dos ex companheiros marinas, Sorento permitiu que lágrimas continuassem caindo de seus olhos. Permaneceu de olhos fechados, relembrando os momentos com os amigos e sentindo o contraste de temperatura da areia e da água e o cheiro fresco da brisa marítima. Ainda que soubesse que havia sido uma vítima das manipulações de Kanon de Dragão Marinho, ele não conseguia se perdoar e nem reconhecer em que ponto ele deixou-se levar pela sua vaidade, sua necessidade de servir, de ter um propósito maior à sua existência, ignorando os seus valores de proteger a humanidade.

Havia sim, se oposto a Kanon em muitas de suas propostas, não entendendo por vezes quais os motivos de limpar a humanidade através de tsunamis, porém nada pôde dizer quando ouviu a voz grave do Imperador dos Mares ordenando-o para fazer o serviço conforme aconselhado pelo Dragão Marinho.

Quantas vidas havia minado pela sua covardia de se opor àquela ideia absurda? Quantas vidas foram pagas para que ele desse vazão à sua necessidade de ser o mais fiel seguidor de Poseidon?

Ele não sabia o número exato, mas estava ciente que pelo menos cinco vidas foram minadas graças ao seu silêncio: Isaak de Kraken, Kasa de Lymnades, Krishna de Chrysaor, Bian de Cavalo Marinho e Io de Scylla.

Sorento secou as lágrimas que vertiam de seus olhos e encarou a imensidão do oceano, percebendo a luz fraca da lua refletida sobre o mar que movia-se em direção da costa, mas sem alcançá-la.

E era assim que ele se sentia acerca da sua honra de servir. Mesmo com as diversas coisas positivas que poderia alcançar na sua vida desde o fim da guerra e a chance de reparar os males que os generais fizeram à Terra, mesmo havendo percebido que Poseidon não concordava com a guerra e que ele estava errado, Sorento sabia tal como a luz que incidia nas ondas e não chegava na costa, ele jamais chegaria próximo à honra novamente.

Não importava no quanto ele trabalhasse para reconstruir a Terra que ele havia destruído. E seu medo, receio e ansiedade para fazer um ótimo trabalho de reconstrução dos estragos causados pelos generais, não adiantava em nada, já que mesmo que fosse bem sucedido jamais recuperaria sua honra perdida, jamais esqueceria que 5 de seus amigos jaziam ao mar por ações equivocadas que ele ajudou a realizar.

O jovem encarou por longos minutos o oceano e esperou que a brisa secasse suas lágrimas para então ajoelhar-se à beira-mar, pegar a sua flauta e tocar uma melodia para honrar seus companheiros de guerra, que lutaram erroneamente e perderam suas vidas graças ao seu silêncio e às manipulações do dragão marinho.

A lua, a brisa, as estrelas e o mar eram apenas espectadores da melodia do rapaz, que sozinho naquela praia silenciosa havia transformado culpa e tristeza em belos acordes. Se aquela homenagem aos outros generais marinas haviam acalentado o coração de Sorento, acalmado sua angústia ante o futuro, jamais saberemos.

Mas a imagem de um solitário homem que vai todas as noites tocar uma melodia em frente ao mar está eternizada em uma das belas praias de Atenas.

FIM


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Notas finais do capítulo

Avantasia ?“ Alone I remember: https://www.youtube.com/watch?v=tqBfKGYs_fQ

Imagem: Garrapata Beach de Casey Horner



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