Kara sobrevoou por metade do país, praticamente cega de raiva.

O caminho era conhecido por ela devido as inúmeras visitas que fizera até a fazenda dos Kent. Ela não demorou a enxergar a mansão dos Luthor e entrar no local, quebrando vidros e paredes.

Lex estava sentado em uma poltrona, de frente para a lareira, com os olhos.

—Srta. Danvers? - ele disse, sem abrir os olhos. - Eu estava me perguntando quanto tempo você demoraria para aparecer.

Kara o encarava, tentando ao máximo impedir os raios de saírem de seus olhos e abrirem um buraco no meio da cabeça do homem. Ela respirou fundo e manteve o olhar frio direcionado ao homem.

—Por que? – foi a única pergunta que ela conseguiu fazer.

—Vamos lá, Danvers. – Ele sorriu, finalmente abrindo os olhos e direcionando o olhar a ela. – Nós dois sabemos a resposta para essa pergunta: seu primo era uma aberração inconstante e um perigo para todos.

—Eu não entendo por que você nunca me viu como uma ameaça. – Kara sentia o ódio aumentar dentro de si. – Pelo menos não da mesma forma que via ele.

—Seu primo sempre foi menos manipulável que você. A ameaça que você exercia sobre mim não chegava aos pés da que ele exercia. – Lex cruzou as mãos no colo e sorriu tranquilamente. – Mas não acredite por um minuto que você está segura por isso. Não vou descansar enquanto não me livrar de cada um de vocês.

Kara disparou raios pelos olhos, acertando ao lado da cabeça de Lex e criando um buraco no encosto da poltrona.

—Nem pense em se aproximar, miss Danvers. –Lex abriu sua mão esquerda, onde continha um pedaço de kryptonita verde.

Supergirl pode sentir o ardor percorrer por todo seu corpo, como se milhares de agulhas estivessem sendo enfiadas em sua pele. Lex levantou e se aproximou vagarosamente da mulher, observando-a enquanto a pele tomava o tom esverdeado causado pelo envenenamento.

—Eu poderia apostar que você veio até aqui impulsivamente. – ele soltou a pedra perto de Kara, que estava enfraquecida demais para se mover. – Nunca permitiriam que você se aproximasse de mim, principalmente sozinha.

A dor que Kara sentia era a única coisa que a impedia de matar Lex naquele momento. Ele olhou bem para a mulher, obviamente se divertindo com o sofrimento dela e foi pego de surpresa, ao ser empurrado para o chão.

Alex segurava ele no chão, algemando-o. Ela, de alguma forma, chutou o cristal verde para longe da irmã, que respirou fundo algumas vezes antes de se levantar.

—Kara? – Alex se assustou ao ver a loira olhar para Lex com os olhos vermelhos.

Ela levantou-se, erguendo o homem consigo e colocando-o atrás de si. Supergirl não parecia no controle de si naquele momento e a ruiva se preocupava com as futuras consequências caso Kara resolvesse agir. Em um momento de descuido, Lex a empurrou para longe e riu alto, antes de sentir o punho de Supergirl atingir seu rosto.

—Você pode fazer melhor, Danvers. – Lex disse, sentindo sangue escorrer pelo seu lábio.

A loira então começou a acertar o homem diversas vezes, controlando sua força para que ele sentisse o máximo de dor possível sem causar morte cerebral. Ela sentiu o pouco de razão que a mantinha sã sumindo aos poucos e sua força foi aumentando gradativamente, deixando-o praticamente desacordado. Alex gritava ao fundo, implorando para a irmã parar antes de se arrepender, porém nada conseguia impedir a mulher. A ruiva estava cada vez mais preocupada com o que acontecia a sua frente e nem percebeu o portal se abrindo atrás de si.

—PARE COM ISSO! – disse uma voz atrás de Alex. – VOCÊ VAI MATAR ELE!!

A diretora olhou para trás, observando Lena sair do portal e encarar a cena horrorizada.  

—POR FAVOR, PARE! – Lena tentou se aproximar de ambos, sendo impedida por Alex. – KARA! PARA!

A mulher então largou Lex no chão, se afastando dele. Ela levou sua mão direita próxima ao peito, com suas juntas roxas e inchadas. Seus olhos estavam fechados e ela respirava profundamente, tentando se acalmar. Kal estava morto e a culpa era toda do homem à sua frente, porém Kara sabia que não conseguiria sobreviver sabendo que fora capaz de tirar uma vida e aquilo só serviria para comprovar tudo o que Lex havia dito sobre a ameaça dos super.

Alex se aproximou lentamente do homem, analisando todos os passos cuidadosamente e checou a pulsação. Ela sentiu um fraco pulso, comprovando que ele ainda estava vivo, porem que precisaria de cuidados médicos. Duas de suas agentes entraram no recinto e observaram tudo o que acontecia, parando os olhares na loira que aninhava o punho inchado e dolorido.

—Lena, leve Supergirl para fora daqui. - ambas conversaram brevemente por olhares e a morena saiu, puxando a loira consigo. - Agente Garcia, Agente Damasceno, por favor, se encarreguem de levar o Sr. Luthor para o DEO e colocá-lo na ala hospitalar.

—Sim, senhora. - Ambas saíram, voltando alguns minutos depois com a maca.

Elas olhavam assustadas para a diretora, que observava o homem, como se ele pudesse pular a qualquer momento. Ambas conversavam entre si por olhares, tentando fazer algum sentido no que aparentava ter acontecido ali. Enquanto carregavam a maca, seguidas pela diretora, não puderam deixar de se perguntar o que haveria acontecido entre Supergirl, que apesar de lutar todos os dias, nunca perdia aquela ponta de alegria dentro de si, e o homem inconsciente na maca.

Enquanto isso, Lena puxou Kara para fora do escritório e olhou para a mulher, antes de seguirem o caminho. Ela observou a cor arroxeada das juntas de Kara e seu cérebro rapidamente fez a ligação com o cristal verde que estava no chão do escritório.

Ela respirou fundo, voltando a caminhar pela casa até a porta que dava para os fundos da residência. Ambas passaram pela porta, encontrando um jardim que, em algum momento fora bem cuidado, mas agora não passava de folhas e galhos secos. A morena pode perceber a mão de Kara se curando enquanto a loira flexionava os dedos, testando-os.

—Está melhor? – Lena perguntou.

—Estou sim. – Supergirl respondeu. – Obrigada por me interromper lá dentro.

—Apesar de tudo, você não merece conviver com a culpa de ter matado Lex. – a morena sorriu irônica. – Isso só daria a vitória a ele e eu me recuso a deixar meu irmão vencer.

—Lena...

—Nem tente, Supergirl. – ela deu as costas a loira – Nós não somos amigas e eu não estou aqui para te oferecer nenhum tipo de conforto. Passar bem.

Enquanto observava a mulher se afastar, Kara pode sentir as primeiras lagrimas escorrendo por seu rosto. Ela sabia que a situação só não havia sido pior pela kryptonita que estava próxima e por Lena, que havia interrompido sua situação quase hipnótica. A raiva ainda corria por suas veias, mas agora era algo controlável.