Casa dos Jogos escrita por Metal_Will


Capítulo 57
Capítulo 57 - Reencontros




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Capítulo 57 - Reencontros

Enquanto ainda permanecia sem reação diante da saída de Max, Pitre nos lembrou de nosso destino. Eva e eu, os finalistas, iríamos nos enfrentar em breve.

— Bem - ele disse, com as mãos para trás, e em seu tom irônico de sempre - Parece que só restaram vocês dois...seu último jogo será amanhã. Que vença o melhor!

Ele jogou uma bomba de fumaça e desapareceu. Nunca vou descobrir como ele faz isso. Mas isso não importa. O que realmente importa é a minha situação, só que...mesmo prometendo a Max que não desistiria, como vou enfrentar a Eva? Depois do Max, ela foi a melhor jogadora da casa! Como vou vencer?

— Alan, querido...imagino como está se sentindo - disse Eva, colocando a mão em meu ombro direito - Você...tem certeza mesmo de que quer continuar?

— O quê? - me virei, ainda lacrimejando pelos últimos acontecimentos.

— Seja realista...todos já sabemos como isso vai acabar. Não importa o jogo que eles escolham, as chances de você me vencer são mínimas. Por que não desiste logo e poupa essa vergonha? - ela disse sorrindo.

— Desistir... - eu repito, olhando para baixo.

— Estou falando pelo seu bem. Você não precisa passar por isso.

Sequei as lágrimas, suspirei e respondi.

— Diga, Eva...por que você esta jogando?

— Hã? Que pergunta...é claro que estou jogando para conseguir os dez milhões. Foi por isso que me inscrevi nesse programa.

— Entendo...mas...por que você quer o prêmio?

— É um prêmio em dinheiro, não? Nesse mundo, você só é reconhecido se tiver isso.

— Só isso?

— Todos querem ser milionários, não?

— Bem, eu tenho outros motivos...nunca entrei nesse jogo por mim mesmo, mas para ajudar uma pessoa que precisa muito - tentei olhá-la. A garota apenas me olhava com um olhar sério - Eu posso até perder, mas...não vou perder sem fazer o máximo que posso a favor dessa pessoa. Por isso, peço que não me peça mais para desistir, por favor.

— Se é o que você quer...vou respeitar sua vontade - ela respondeu, se virando e indo para o quarto - Mas não pense que vou desistir também. Lutarei para valer. Não vá esperando que eu pegue leve.

— Jamais te pediria isso - respondi com uma voz séria - Venha com tudo o que tem...eu também vou lutar com todas as minhas forças!

— Falou bonito - ela continuava andando, sem olhar para trás - Vamos ver se manterá essa firmeza amanhã. Durma com os anjos.

Ela subiu e me deixou ali, no saguão, enquanto eu olhava para o céu chuvoso pela claraboia do teto. "Senhor, o que eu faço?", pensei, "Mesmo com Max me dizendo para não desistir e mantendo firme essa vontade de continuar, não posso dizer que esteja confiante. Nunca senti tanto medo na minha vida....nunca". Estava prestes a chorar de novo, mas logo limpei minhas lágrimas e tentei me animar. "Chorar não vai adiantar nada...já chorei muito nessa vida...e já passei por muitos problemas também...apesar de não estar com muita fé, ainda posso continuar. Milagres podem acontecer, como o fato de ter sido chamado para essa casa. Eu, um eterno perdedor, ser sorteado no meio de milhões de pessoas...isso em si já é um milagre. Não acredito que eu tenha sido sorteado por acaso e nem que tenha reencontrado Max por acaso. Se isso aconteceu, é porque deve ter uma força maior por trás disso. Se eu cheguei tão longe, não posso desistir agora. Nunca. Vou enfrentar esse jogo por todos. Por meu pai, pelo Max, pela Natália, pelo Erivaldo e, por último, por mim mesmo!"

Respirei fundo e subi para o meu quarto. Uma noite era o que me separava de meu destino.

Enquanto pensava nessas coisas, Max era conduzido por Amadeus, um dos criados da casa, pelo corredor que levava à saída da Casa dos Jogos. Embora Max não falasse muito, Amadeus parecia bem comunicativo.

— Foi mesmo uma pena...se não fosse essa virose, você teria vencido com toda a certeza - disse o mascarado, enquanto caminhava na frente dele. Max tossia ainda sob efeito da virose.

 - Minha saúde nunca foi das mais fortes, mas...esperava aguentar até o fim do Truelo. Infelizmente, terei que ir para casa mesmo...

— Tem certeza disso?

— As regras são essas, não?

— Achei que estivesse interessado em assistir o encerramento da Casa.

— Mas...eu não fui eliminado?

— Sim. Mas a final será apresentada em um ambiente especial, mais exatamente...naquela construção à direita - Amadeus apontou para uma pequena casinha, do lado extremo direito do enorme jardim da casa. Ela tinha uma arquitetura barroca, parecia antiga, mas muito bem preservada.

— Está dizendo que...

— Você poderá assistir a final da Casa dos Jogos ali...é uma de nossas casas especiais. Do lado direito, transmitiremos a final para todos os eliminados da casa. Enviamos um convite especial para todos e recebemos confirmação de todos eles.

— Quer dizer que...todos os participantes se reunirão aqui na final?

— Sim. Avisamos isso a cada um que era eliminado, embora os finalistas não saibam disso. Como pode ver, aquela será a sala de transmissão dos convidados eliminados...do outro lado, bem, será a sala de transmissão de nosso convidado especial.

— Convidado especial? - perguntou Max - Como assim?

— Bem...digamos que será uma pessoa importante...eu diria, bem importante.

"Talvez...seja a pessoa responsável por tudo isso...ao ser chamado para essa casa, algo que nunca saiu da minha cabeça foi o verdadeiro motivo de todo esse evento. Talvez essa pessoa tenha as respostas."

— Entendo. Isso significa que eu tenho a escolha de ficar aqui?

— Sim. Aquela pequena construção tem alguns quartos no fundo. Você pode se recuperar ali. Recomendo que tome seus remédios direitinho - Amadeus tirou um pacote comprimidos do bolso e entrega a Max. Ele pega o pacote e deu um sorriso cínico.

— Acho que não preciso falar qual é a minha resposta, preciso?

— Claro que não - respondeu Amadeus, provavelmente sorrindo tão cinicamente quanto por baixo da máscara. O dia passou, a noite passou e o tão esperado dia seguinte chega. Nas primeiras horas do dia, a sala de convidados especiais para eliminados abre com uma voz que realmente marca presença!

— Chegueeeei!!! - gritou Aline, praticamente abrindo a porta com todo aquele jeito..err...Aline de ser dela - E aí, gente? Há quanto tempo!!!

Mas, pelo que parecia, o salão estava todo vazio, embora devidamente arrumado, limpo e com mesas cheias de pratos e comidas caros. Aline estava bem arrumadinha, salto e vestido vermelho, como se estivesse numa festa. Ela fica meio sem-graça (se bem que ela só consegue ficar sem-graça por alguns segundos) em não ver ninguém, mas logo ela percebe um movimento vindo de trás de uma coluna. Era a Yumi, não?

— Ah! Você é a Yumi, né? Ai, que bom! Não tô sozinha aqui! - Aline respirou aliviada. Yumi apenas acena com a cabeça. Em contraste a Aline, a japinha só vestia jeans, tênis e camiseta.

— Veio bem arrumada, né? - reparou Yumi.

— É lógico! Vai saber se eu a minha equipe não ganhou o prêmio? Essa Casa dos Jogos é horrível mesmo! A gente é eliminado da casa, e eles sequer liberam o site para saber o que está acontecendo lá dentro! Eu, heim? Tá certo que não é um reality show, mas bem que podiam deixar a gente ver os jogos, né? Afinal, estivemos lá dentro! Ai, mas espero que o Sr. Alípio tenha chegado nas finais!

— Sinto te desapontar, mas sua aliança perdeu - disse o próprio, chegando.

— O QUÊ?! Tá brincando?

— Infelizmente não - Sr. Alípio era o terceiro a chegar, vestindo terno e gravata - É uma pena, mas fracassamos totalmente.

— Ai, que chato - lamentou Aline - E eu me empiriquitei toda pra nada! Tsc!

— Mesmo assim, achei bom vir. É possível que deem algum prêmio de consolação - acrescentou Alípio, enquanto arruma os óculos.

— E foi por isso que eu vim! - respondeu uma voz furiosa. Era um cara sem o mínimo de etiqueta e todo revoltado. Vocês devem se lembrar dele como Edmilson, o primeiro eliminado da casa.

— AH, você é... - Aline fazia expressão de quem tentava lembrar de algo.

— Quem é ele mesmo? - perguntou Yumi

— Ora, seus! Eu ainda não engoli o que fizeram comigo logo no primeiro jogo! Só passei uma noite naquela mansão e já tive que voltar para a vida de pobre no dia seguinte. Acho bom ter algum prêmio de consolação para todo mundo ou eu vou quebrar tudo aqui!

— Ah, cala essa boca! - disse outra voz conhecida, que também não estava muito arrumado (se bem que para ele, uma camiseta com a cara de um alienígena na frente era uma roupa interessante). Era Giovani, o mais cheinho (lembram dele?).

— O que? Repete isso, seu gordo e...

— A gente pode não estar na casa, mas duvido que os criados aqui vão tolerar alguma violência. Fica na miúda aí - disse o gordinho.

— Tsc. Tá com muita moral pra quem também tá juntos com os eliminados - respondeu Edmilson - Aposto que foi o segundo a cair fora.

— Não, o segundo foi...

— Fui eu - chegou Hector, timidamente, vestindo uma roupa social - Na verdade, foi azar...

— Pode ser...você foi justo com a pessoa errada - comentou Aline, mas fecha a boca ao ver Yumi do seu lado - Bem, foi com aquela pessoa, sabe?

— Eu sei. É uma pena - disse o tímido rapaz - Fui enganado tão fácil.

— Heh. Não se preocupe. Muita gente foi enganada depois que você saiu - disse Yumi, indo pegar outro salgadinho.

— Hã?

— Engano é o que não faltou nessa casa - comentou uma outra voz conhecida, pertencente à Valéria, a super empresária, com um vestido preto longo e saltos. Ela costuma andar bem-vestida, mas naquele dia tinha se superado.

— Uau! Dona Valéria e...- Giovani ia elogiá-la, mas aí que se tocou do óbvio - Ei, espera aí...eu, Aline, Dona Valéria, Sr. Alípio...ei, se todo mundo da nossa aliança está aqui, então...NÓS PERDEMOS?

— Agora que percebeu, imbecil? - disse Alípio - Sim. Todos nós estamos dependendo de algum prêmio de consolação, que os criados da casa não querem nos contar se vai ter ou não nem sob tortura.

— Fomos orientados a manter sigilo sobre qualquer assunto relacionado à premiação - disse uma das mascaradas - Após a final, vocês terão um discurso geral.

— Discurso? De quem? - perguntou Giovani.

— Também não somos autorizados a falar nada sobre isso.

— Tsc! Esquece...esses caras são uns desgraçados - criticou Edmilson.

— Heh! Você está sempre reclamando... - agora quem chega é Perla, com um vestido verde que combinava bem com os olhos dela - Se eu fosse você desistia. Tá na cara que alguém tão desagradável como você não vai receber nada!

— O quê? Ora, sua vaga...

— Mantenham a postura, por favor - criticou um dos criados.

Edmilson fica quieto e Perla foi até Yumi saber das novidades. Depois disso, foi a vez de Natália chegar. Ela sorri para todos, mas apenas se isolou num cantinho. Aline vai conversar com ela.

— Ah! Nat! Então você também caiu fora?

— Bem...não pude fazer muita coisa e...

— Oi, gente! - disse Taís, a garota mais bonita de todas (só para relembrar), com um vestido azul e um cabelo tão perfeito que faria qualquer modelo internacional parecer uma baranga - Nossa...já chegou bastante gente!

— Ah, a Taís! - disse Aline.

— E aí, povo? - ela disse, mandando beijinhos. Logo, ela vê suas colegas de casa e partiu para o abraço - Perloca! Yu! Que saudades!

— Ai, me solta! - reclamou Perla - Vai amassar meu vestido desse jeito...

— Tô tão feliz em ver vocês!

Nisso, Erivaldo é o próximo a chegar. Ele cumprimentou discretamente a todos e chegou até Natália.

— Oi, Nat! - disse ele.

— Erivaldo! - ela o abraçou em resposta - Nossa, que bom te ver aqui!

— Queria ter notícias de vocês, mas nem para os eliminados esses caras liberam o site. E aí? O que rolou?

— Então...quem ficou para as finais foi o Alan, a Eva e o Max. Mas aposto que eles ganharam da Eva e vão se dar bem na final.

— Será? Espero - ele disse. Nisso, ele vê Taís dando uma olhada pelo local e se lembra de algo do passado. Algo que Max e eu não tínhamos aprovado muito...

— Só um minutinho, linda. Preciso falar uma coisa com a Taís.

— Com a Taís? O que é?

— Tem uma coisa que ela tinha me perguntado antes de eu sair da casa sobre a minha loja que eu só fui ver depois...eu já volto.

— Tá - estranhou Natália. O rapaz vai correndo atrás da loira.

— Oi, Taís - ele se aproximou - E aí?

— Ah, oi - ela balbuciou, meio sem graça.

— Então...ainda tá combinado, né?

— O quê? Desculpa, do que você tá falando?

— Ué? A gente não tinha combinado de se juntar com o prêmio, não importa qual das alianças vencesse? Então...com todo mundo da aliança do seu Alípio aqui, ou vai ser a minha ou vai ser a sua.

— Hã? - a loirinha faz uma cara de estranhamento, quando finalmente se lembra da armação que a Eva bolou. Mas, como aquilo já não fazia sentido, ela se vê obrigada a dar um fora - Ah, ah, aquilo...olha...você vai me odiar, mas...aquilo era mentira.

— O que? - Erivaldo sentiu uma pontada.

— É. É que a Eva mandou eu falar aquilo para você servir de traidor do grupo do Max, mas...desculpa, não era verdade. Você parece ser um cara legal, mas eu já estou comprometida com o meu noivo.

— Noivo?

— É...ele me pediu em casamento logo depois que eu saí da casa. Não é um fofo?

"Então...era tudo um truque. Como pude ser tão idiota? Será que..", Erivaldo começou a juntar dois mais dois e perceber a verdadeira razão da sua saída, "O Max deve ter percebido isso e me tirado da aliança de propósito. Ainda bem que ele foi esperto. Então agora...agora só me resta torcer pelo Max."

Erivaldo voltou para perto de Natália. Ela sorri, mas o rapaz mantinha a expressão séria.

— Nat

— Sim?

— Vamos torcer muito para os caras! Eles tem que vencer!

— Com certeza!

— Isso se eles já não venceram, não é?

— É verdade, mas se foi isso...cadê a Eva? Ela deve ter sido a última eliminada, né?

É a mesma coisa que Perla e Taís estavam pensando.

— E a Evinha, Yumi? - perguntou a loira - Ela ficou nas finais?

— Sim - respondeu Yumi - Mas Demian e Alan também foram, então é possível que ela tenha saído...a menos que ela tenha conseguido eliminar o Alan.

Quem dera que eu tivesse sido o eliminado. Assim que Yumi acabou de falar, alguns passos são ouvidos das escadas do fundo do saguão e todos olham, admirados, para a figura que surgiu ali. Como era possível? Como ele pode ter sido eliminado?

— O-O que? - se admirou Alípio - Não é possível!

— O que houve? - foi o que Max diz, dali mesmo, na frente da escada, diante do olhar de todos - Por que tanto espanto? Eu fui o último eliminado da Casa dos Jogos.

Ninguém falou nada, mas Max continuou.

— Eu fui fraco e mereci sair daquele lugar, mas apenas o melhor jogador da casa irá permanecer até o fim - ele continuava, enquanto todos o olhavam com uma atenção e um silêncio absurdos - E eu digo...que o melhor jogador será Alan da Silva!

Ele deposita toda a sua confiança em mim. Será que eu posso fazer jus a isso? Logo, logo, seria a hora da verdade. Logo, logo...


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