Casa dos Jogos escrita por Metal_Will


Capítulo 31
Capítulo 31 - Análise


Notas iniciais do capítulo

Fala, gente! Antes de mais nada, gostaria de parabenizar todas as pessoas que conseguiram chegar nesse capítulo! Sim, porque eu tenho a teoria de que a maioria das pessoas que começa a ler desiste depois de ler o capítulo 5 e toda aquela historia de chapéus. A todos que conseguiram chegar aqui (e puderam ver que seu cérebro não explodiu acompanhando os capítulos...ao contrário do meu que quase explode para conseguir elaborar o desenrolar dos jogos) muito obrigado e, por favor, segure as pontas até o fim..ainda tem muita coisa pela frente

Nesse capítulo, vamos descansar um pouco e conhecer um pouquinho mais dos bastidores da casa...e veremos que a casa é misteriosa até para quem está ali trabalhando nela.



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Capítulo 31 - Análise 

Comi bem naquele jantar. Apesar de toda a pressão, o conforto naquela mansão era inegável. Ao subir para meu quarto (sempre dormia cedo), vi Max observando atento um dos muitos quadros espalhados pelas paredes da casa. Parei próximo a ele, em silêncio, mas é claro que ele já havia percebido minha presença bem antes, embora não tenha desviado os olhos do quadro.

— Bonito, não é? - ele me perguntou. Observei a tela diante de mim. Não entendia muito de arte, mas era bonito.

— Sim - concordei. 

— É uma representação da capela sistina pintada por Michelangelo - ele explicou - Já reparou que essa casa é cheia de quadros religiosos? 

Fiz que sim com a cabeça. Era verdade. Aquela casa tinha arquitetura e decoração em um estilo próprio. Se de um lado tinha várias representações de anjos e santos, quase lembrando uma igreja católica, por outro ainda tinha um lado bastante tecnológico. Bastava olhar para nossos contadores.

— É verdade...imagino o motivo disso.

— Também me pergunto...mas acho que isso tenha a ver com a condição humana.

— Como assim?

— A casa é cercada por temas religiosos e espirituais, que nos fazem lembrar de anjos e seres divinos. O ser humano sempre colocou o desconhecido nas mãos do místico, do espiritual. Quando se fala em Deus, anjos e santos, logo associamos a uma ideia de bondade, pureza e santidade, não é?

— É. É o que se espera, não?

— Mas não acha estranho? Estamos aqui nessa casa, disputando um prêmio em dinheiro. Algo totalmente mundano e corrupto. Mentimos, usamos uns aos outros para chegar ao prêmio final. Os nossos anfitriões são todos mascarados que sequer revelam seu rosto. Tudo é extremamente misterioso e suspeito, não acha? E tudo isso cria um contraste com a decoração tão religiosa da casa. É muito irônico.

Concordava com cada palavra dele. Se tinha algo que aquele jogo não tinha, era santidade. Até agora, apenas os mentirosos e metidos a espertos haviam vencido. Era mesmo um contraste muito grande.

— Diga, Max...você já tem alguma ideia do que esse jogo realmente é? - perguntei.

— Não - ele respondeu, ainda mirando o quadro - Mas caminhamos cada vez mais perto de descobrir.

— Espero que possamos chegar lá.

— Temos que chegar lá - ele respondeu - Pelo seu pai.

Bem lembrado. Como meu pai estaria? A cada noite que passava naquela casa, orava e lembrava dele. Ele poderia ter passado algum nervoso por não receber notícias minhas? Ele sabia que ficaria longe por um bom tempo, mas por quanto tempo? Ele poderia estar preocupado...gostaria de ter contato com ele, apesar de ter alertado que não poderia falar com a minha família durante o jogo. Mas tudo naquela organização era tão suspeito que tinha medo de meu pai ter se preocupado muito e...não, não, não poderia pensar naquilo, mas não pude segurar uma pequena lágrima que escorria pelo meu rosto.

— Está preocupado com o seu pai, não é?

— Bem, eu...gostaria muito de poder falar com ele...mas...

— Não se preocupe - agora ele voltou o olhar para mim - Tenho certeza de que ele está bem. Se você prometeu a ele que voltaria, ele com certeza está confiando em você!

Aquelas palavras me confortaram. Confiar em mim? Justo em mim que só estou naquele jogo debaixo das asas do meu amigo? Mas...era estranho que Max olhasse para mim com tanta confiança. Talvez ainda se lembrasse daquela ocasião onde salvei a vida dele, mas, depois de tudo que estava fazendo por mim, aquela situação já foi quitada há muito tempo. Max suspirou e volta a fitar o quadro.

 – Sabe, Alan - ele começou a falar em tom sério - Como eu disse, não estou nesse jogo apenas pelo dinheiro, como a maioria aqui dentro, que sequer pensa no que está acontecendo bem ao redor deles. Quero mesmo descobrir a verdade por trás dessa casa misteriosa e não apenas por curiosidade...

— Como assim? 

— Seja lá quem for que está por trás disso...está usando dinheiro e poder para manipular as pessoas. Todos aqui dentro não passam de marionetes. Por mais que tenha sido divulgado como um evento para a maioria da população, não sai da minha cabeça a suspeita de que haja uma conspiração muito maior por trás de tudo.

— Você suspeita do que possa ser?

— Ainda não. Isso é o mais surpreendente. Por mais que eu pense, não consigo achar um motivo no qual uma empresa lucraria com um jogo desses.

— É verdade. Não só o prêmio é gigantesco como tudo aqui dentro é caro e extravagante.

— Se fosse um reality-show, a emissora responsável lucraria com audiência e propaganda, mas...esse evento sequer é divulgado para o público em geral. Não há taxa de inscrição e todas as despesas estão sanadas pela produção. Tudo que precisamos fazer é jogar. Só isso. Qual a vantagem?

— Não faço a menor ideia.

— Nem eu...mas, olhando para essa casa, pelo menos podemos garantir que dinheiro para pagar o prêmio eles tem.

— Espero que sim.

— Além disso..o contrato de inscrição na casa era claro quanto a produção arcar com qualquer problema legal. Além de tudo, a lei está do nosso lado. Em todos os sentidos, essa casa não é lucrativa para o organizador. Qual o motivo de tudo?

— Será que teremos a resposta no final de tudo?

— Não sei. Mas estaria disposto a trocar minha parte do prêmio em dinheiro por essas respostas.

Realmente, Max estava focado em descobrir a verdade. No meu caso, se pudesse sair dali apenas com o dinheiro para salvar o meu pai, já estaria feliz.

— Bem, vamos dormir. Os jogos continuam...e o cerco se fecha cada vez mais para a gente - disse Max, sempre com as mãos no bolso e se dirigindo a seu quarto. Olho para o quadro mais uma vez. Capela sistina...a criação, história e fim do homem, tudo regido por um único Deus. Um Deus que eu acreditava ser a suprema Verdade e Justiça. Verdade...como aquilo podia compactuar em um jogo onde se precisava mentir e enganar para vencer? A reflexão de Max me incomodou por mais alguns instantes, mas não havia nada que eu podia fazer. Fui para meu quarto e olhei mais um pouco para o teto como de costume. Cinco pessoas já haviam saído da casa...no próximo jogo, mais uma sairia. Seria eu? Se uma próxima pessoa tiver que sair do nosso grupo que seja eu. Tenho confiança absoluta em Max. Tenho certeza de que ele conseguiria vencer a casa mesmo que estivesse sozinho. E eu queria tanto ver meu pai. Mas não poderia simplesmente me render e abandonar Max e Natália no jogo. Bem ou mal, ter mais pessoas colaborando num grupo ajudava nas disputas. Mesmo alguém como eu, que não fizesse muita coisa. Grupos...se não fosse o trabalho em equipe, estava perdido...

 Pensei no meu grupo aquela hora. Max era o líder e sempre conseguia dar um jeito na situação, mesmo quando não tinha mais saída. Erivaldo foi o primeiro a nos deixar, embora, segundo Max, quase tenha nos traído. Depois dele vinha Natália. Natália...de todas as belas garotas naquela casa, ela era a que mais me chamava a atenção. Não só por ser do meu grupo, mas a aura meiga dela era confortante. É uma pena ela ser tão fechada quanto eu...mesmo quando estávamos conversando fora das estratégias, ela se mantinha calada e reservada. Gostaria de saber mais sobre ela, mas só sabia que tinha entrado no jogo por causa da irmã e que fazia cursinho. Era tão novinha. Espero que ela consiga realizar os sonhos...nunca pensei tanto assim numa garota, talvez por elas nunca terem me dado muita atenção e eu sempre estar cheio de problemas, mas ela. Apaixonado? Talvez...mas que chances eu teria? Era melhor esquecer essas coisas e descansar, amanhã..mais um jogo se aproximava. O que eles poderiam estar planejando?

Não muito longe dali, numa sala oculta, acessível a uma passagem secreta na mesma sala em que encontramos os criados no Jogo das Dez Virgens, ocorria uma reunião com todos os mascarados da sala. Parece que eles tinham uma área própria. O sistema da casa era estranho...havia catorze mordomos mascarados (sete homens e sete mulheres), mas serviços domésticos e alimentação eram providenciados por outros criados subalternos. Aqueles catorze pareciam totalmente ligados ao jogo. Talvez já tenha comentado que todos tinham codinomes, não é? Por serem muito parecidos, não valia muito a pena citar o codinome de cada um, mas, para fins de informação...os homens se chamavam: Kiby, Mark, Mongomery, Sisifus, Dedalus, Remulus e Amadeus. As mulheres eram Carmine, Helene, Sadine, Tabatha, Katina, Shiva e Clair. Todos codinomes.Todos os homems tinham cabelo curto e negros. Das mulheres Carmine e Katina eram loiras, Tabatha era ruiva e todas as outras morenas Mesmo naquela área eles não tinham permissão de tirar suas máscaras.

— Boa noite - disse Remulus, o criado recém-chegado. Os outros apenas respondem.

— Parece que nossos hóspedes estão cada vez melhores, não é? - ele continuava, comentando com Mark, o criado mais próximo.

— De fato. A disputa está cada vez mais interessante. Nunca pensei que eles descobrissem tão rápido que formar equipes é a melhor forma de sobreviver aqui dentro - respondeu Mark.

— Era de se esperar - Shiva continuou a conversa - Considerando os gênios que temos entre os jogadores...isso aconteceria logo

— Hehe - Dedalus ria - Eva e Max Demian...duas figuras muito interessantes

— Verdade - comentou Sadine - O sorteio dos participantes dessa casa foi totalmente aleatório. Foi um presente do destino que duas mentes tão brilhantes se enfrentassem aqui dentro.

— Sim - continuou Sisifus - Existem três grupos...mas apenas dois são a verdadeira disputa aqui dentro. O grupo do Sr. Alípio não passa de peões.

— Embora eles estejam suportando bem - comentou Mark.

— Esse grupo é importante para os outros dois. Tanto Max quanto Eva precisam deles para atingirem um ao outro diretamente - Carmine discutia - Ainda mais agora...que caíram em uma situação desesperadora.

— Sim - continuava Clair - O grupo deles terminou sem nenhum crédito. Estão com os dias contados se não fizerem alguma coisa.

— E essa é uma oportunidade para os outros dois grupos usarem e abusarem deles à vontade. Hehe - riu Mongomery - Pessoalmente, acho Eva a mais interessante

— Sério? - perguntou Sisifus - Eu também...talvez pelo jeito dela pensar

— Eva é uma grande admiradora de Thomas Hobbes - Shiva colocou - Para ela, amizade e relacionamentos são apenas formas de assegurar interesses em comum, assim como as pessoas só aceitam ser governadas ou só aceitam entrar em uma sociedade por um interesse comum: a segurança.

— É um método interessante de pensar, embora um pouco frio, não? - colocou Kiby - Eva procurou se juntar a pessoas aparentemente fortes na casa, não é?

— Sério? - perguntou Mongomery - Aquela Taís não me parecia tão esperta assim

— Heh! - continuava Kiby - Ao que parece, Taís foi apenas um tapa-buraco no grupo delas. Por isso mesmo foi a primeira eliminada. Isso foi discutido por Eva, Perla e Yumi antes de chamá-la para o grupo. Caso elas tivessem que perder alguém de cara, que jogassem fora a menos útil. Ela seria mais útil no começo, já que sua aparência física ajudaria a enganar o público masculino

— Verdade - Helene entrou na conversa - Aquele esquema com o Erivaldo foi um exemplo disso.

— Taís só fez isso por Eva dizer que era uma forma de desestabilizar o grupo de Max. Com a sedução dela, Erivaldo poderia dar informações do grupo dele - continuava Kiby - Mas Max Demian percebeu isso bem antes.

— É verdade. Se Eva é genial, Max Demian é muito mais - comentou Mark.

— Sim. Por isso prefiro Max Demian. Ele consegue ser forte, mesmo tendo apenas membros fracos em seu grupo - continuava Kiby - Vejo isso pelo participante que oriento, Alan, ele é um rapaz extremamente inseguro e assustado. No entanto, Max dá apoio a ele. O mesmo com Natália, uma garota muito tímida, mas também é forte ao lado de Max Demian.

— É uma atitude bem interessante dele...apoiar os fracos - comentou Helene - Mas por quanto tempo ele poderá segurar os pontos fracos do grupo por conta desses dois?

— Talvez ele consiga levar isso o jogo todo. Acho que Demian é forte, por sua determinação em proteger os fracos...talvez por ele também ter sido fraco um dia - comentou Amadeus - Eu fui o responsável por buscar Max e, algum tempo depois, cheguei a investigar o passado dele. Ele parecia ser membro de uma família rica, mas abandonou tudo por não aguentar a pressão do pai. Ele não suporta o autoritarismo por já ter sofrido com isso no passado...e tenta ser um líder bom, passando segurança a seus aliados ao invés de medo. Claro que isso só é possível pela confiança e inteligência natas nele.

— Então Max Demian pode estar fazendo isso para fugir da imagem autoritária de seu próprio pai? - perguntou Carmine.

— Quem sabe? Também não podemos esquecer que Max Demian deve um favor a Alan da Silva... - respondeu Amadeus, se virando para Kiby

— Sim. Alan salvou Max de um atropelamento anos atrás - Kiby confirmou.

— Acho Max Demian uma pessoa perigosa - colocou Katina - Seus objetivos estão mais centrados em investigar os bastidores da Casa dos Jogos do que em ganhar o prêmio em si.

— Isso é o mais interessante - comentou Amadeus - Mesmo porque...nem mesmo nós compreendemos muito bem o porque daquele homem ter financiado todo esse projeto

— Cuidado com o que diz - advertiu Katina - Não temos sequer a permissão de mostrar nossos rostos ou nomes uns para os outros...se esticarmos mais esse assunto, pode ser perigoso para nós.

— Talvez ele pertença à máfia, não é? - Amadeus questionou - Mas...quem somos nós para julgar? Também não conheço nenhum de vocês...apenas sei que trabalham para filiais da mesma empresa.

— Melhor mudarmos de assunto - sugeriu Shiva - O único que tem contato direto com aquele homem é Pitre...que também não temos a menor ideia de quem seja, além de ser o mais excêntrico de nós.

— É verdade - disse Kiby - Pitre...deve estar em sua reunião direta com ele agora mesmo.

De fato, em uma outra sala oculta da casa, Pitre tinha uma teleconferência com aquela estranha figura imponente, que acariciava lentamente seu gato.

— Então, senhor...creio estar tudo pronto para o jogo de amanhã. Deseja algo mais? - disse o palhaço (que usava a mesma roupa e máscara, mesmo nessa reunião), de forma respeitosa e polida.

— É o suficiente, Pitre - disse o chefe - Mal posso esperar para assistir a próxima batalha. Hehe.

— Sendo assim...encerro a conexão por hoje. Até breve, senhor! - Pitre desligou a conexão, fazendo antes uma reverência.

"Hehehe!", pensava o misterioso chefe, "Então...você realmente quer saber a verdade sobre tudo, não é, Max Demian? Por que estou fazendo tudo isso? Talvez eu te conte...se você conseguir chegar ao fim. Bwahahuahuahha!"


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Notas finais do capítulo

EXTRA - Criados e Jogadores

Na Casa dos Jogos, cada um dos criados mascarados foi responsável por buscar e orientar um dos participantes. Agora que já demos os nomes...vejamos quem acompanhou quem

Homens

Alan -> Kiby
Hector -> Remulus
Erivaldo -> Mongomery
Edmilson -> Mark
Alípio -> Sisifus
Giovani -> Dedalus
Demian -> Amadeus

Mulheres

Aline -> Carmine
Perla -> Sadine
Valéria -> Tabatha
Yumi -> Katina
Taís -> Clair
Natália -> Helene
Eva -> Shiva

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Notas do autor

Se o próximo capítulo demorar para sair, é porque ainda estou pensando no próximo jogo...mas até o meio da semana sai.

Convite: comecei uma nova história "This Is My Gang!". Todos os (dois?) leitores daqui estão convidadíssimos para acompanhar (aproveita que só tem dois capítulos)

http://fanfiction.nyah.com.br/historia/95454/This_Is_My_Gang



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