Casa dos Jogos escrita por Metal_Will


Capítulo 1
Capítulo 01 - Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira história em primeira pessoa...vamos ver o que vai sair...



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Capítulo 01 - Prólogo

            - Não acredito!

            - Putz! Mas de novo!

Estas foram as palavras dos dois colegas que estavam ali, presenciando mais uma derrota humilhante naquele jogo de luta em fliperama no centro da cidade. Por que entrei nessa? Eu já devia saber que jogar com eles seria tolice. Perda de tempo. O resultado já era certo. Eu perderia. E perdi. Perdi as quatro vezes que joguei, duas para cada um deles.

            - Caramba, Alan! Eu nem soltei poder...só na porrada e voadora, e devagar ainda. Mesmo assim você não ganhou nenhuma! 

            - É o Alan, Bola. Não lembro de ele ter ganhado um único jogo com a gente.

            - Putz! Que é isso, velho? Ninguém é tão ruim assim!

Ouvia tudo isso calado. O que poderia dizer? Eles tinham razão. Toda a razão. Ops, perdoem minha falta de modos. Meu nome é Alan da Silva Marques. O episódio que acabo de relatar a vocês ocorreu há cerca de sete anos atrás. Ainda continuo o mesmo...pode parecer estranho, mas é a mais pura realidade: eu nunca venci um único jogo em toda a minha vida!

             Absurdo? Talvez sua reação não seja muito diferente de meus dois colegas acima, afinal como alguém pode ser tão ruim assim? Infelizmente, os fatos comprovam tudo. Não me lembro de ter vencido sequer uma partida de par ou ímpar. Talvez eu seja azarado. Talvez eu simplesmente não saiba jogar. Não sei. Nunca fui bom em jogo nenhum. Parando para pensar agora, nunca fui bom em coisa nenhuma. Sempre era o último a ser escolhido na Educação Física, minhas notas na escola eram baixas e nunca tive uma namorada. Minha aparência? Apesar dos meus vinte anos, o espelho me mostra um rosto cansado, cabelo bem curto, pois prefiro deixá-lo praticamente raspado, altura por volta de 1,70 e 1,80 metros, um nariz não muito atraente e um andar um pouco curvado. Isso tudo poderia se resumir em: feio. Esse sou eu.

Agora que você já me conhece, pode se sentar e ouvir com calma a história que contarei. Todos nós, um dia ou outro, acabamos nos envolvendo em alguma coisa maluca. O que tenho a contar é a maior maluquice que aconteceu na minha vida! Foi realmente surreal...nunca esquecerei daqueles dias. É uma longa história, mas espero que me ouça até o fim. Eu realmente preciso desabafar tudo que passei...

Bem, de todas as vezes que perdi para os colegas no fliperama, essa que contei a vocês foi a mais marcante. Não pela derrota em si: essa foi a mesma como todas as outras. A questão estava no que ocorreu depois que meus amigos foram embora, contentes e comemorando com refrigerante as vitórias fáceis e recordes quebrados. Como não tinha muito dinheiro para refrigerante nenhum (gastar dinheiro com uma coisa dessas era um luxo para minha família...aliás, apenas aceitei jogar com eles por terem se oferecido em pagar minhas fichas) apenas me despedi deles e fui para casa. Não disse isso ainda? Bem, vá lá. Era de uma família relativamente pobre. Quando digo família, refiro-me apenas a meu pai e eu.

Minha mãe morreu em um acidente quando ainda era um bebê e apenas o meu pobre pai que me criou. Era um bom homem, honesto e trabalhador. Sua renda era baixa. Contava cada trocado para pagar os mantimentos, despesas da casa e material escolar. Estudei num colégio público com péssimas condições de infra-estrutura e ensino. Professores amargurados, alunos arruaceiros. Minhas notas não eram boas, mas ao menos nunca repeti de ano. Naquele dia, pelo que me lembro, era um aluno da sétima série, lá pelos meus treze anos. Um aluno estadual comum, passando o tempo livre da greve de professores com alguns colegas vizinhos. Estes tinham um pouco mais de condições do que eu, mas também não eram socialmente tão diferentes. Parando para pensar, era uma vida difícil, mas seguia com ela do melhor jeito que podia. Meu pai incentivava meus estudos e eu até que tinha vontade de estudar. Mas de que adianta ter vontade se a escola não oferecia a base? Imaginava que meu futuro não seria grande coisa...

Na época, eu não pensava muito nisso. Apenas fazia minha parte, estudava, tentava aprender com toda a dificuldade e tentava me divertir uma ou outra vez. Talvez essa parte da diversão fosse minha maior frustração. Nunca é demais repetir: eu nunca venci nenhum jogo. Seja ele qual for. Perdedor era o adjetivo que me definia melhor. Poderia até mudar meu nome para perdedor. Não, não estou exagerando. Mas naquele dia aconteceu algo diferente. Ou, talvez, peculiar.

 Estava eu, voltando para casa chutando uma latinha, totalmente indiferente a mais uma derrota sofrida. No início, meus colegas até achavam divertido ganharem tão fácil de mim, mas depois perdeu a graça e perceberam que jogar contra mim seria pura perda de tempo. Pagavam minhas fichas apenas pela amizade, mas balançavam a cabeça negativamente assim que me viam se dirigindo à máquina de fliperama. Eu sabia que iria perder e também jogava só pela amizade. Aquilo já nem me importava mais. E, enquanto voltava, algo me chamou a atenção para o cenário aparentemente tranquilo à minha volta. Vi um garoto, mais ou menos da minha idade, caminhando enquanto lia um livro. O problema é que ele estava atravessando a rua e lendo. E o problema maior era o carro ainda mais distraído que estava vindo na direção dele.

Não sei o que deu em mim. Nunca fui atlético e sempre fui um zero à esquerda em qualquer esporte, mas eu corri. Corri e puxei o moleque o mais rápido que pude. Quase rolei pela calçada junto com ele, mas o máximo que ocorreu foi ouvir o barulho da buzina do automóvel.

— Você está bem? - perguntei ao distraído garoto. Era um garoto aparentemente de classe média ou quem sabe alta, tinha uma roupa da moda e um cabelo liso e comprido.

 - S-Sim. Você salvou a minha vida! - ele disse, ainda meio atordoado pelo que acabou de acontecer.

    - Não foi nada - falei, meio sem-graça.

 - É claro que foi. Eu...estava tão distraído lendo esse livro que nem reparei no carro. Se você não estivesse por perto, eu teria sido atropelado.

   - Não poderia deixar isso acontecer, né? Bem...eu já vou indo. Tome cuidado - falei, já me preparando para ir embora.

    - Espere. Qual é o seu nome?

    - Alan.

    - Alan... - ele repetiu - Meu nome é Max...Max Demian

Era um nome bem incomum, embora tivesse a impressão de que meu professor de português já citou um nome parecido alguma vez. Não sei. Ele se apresentou e agradeceu mais uma vez.

— Já disse que não foi nada - falei em tom encabulado.

 - Seja como for...estou em débito com você pelo resto da vida. Se eu não puder te pagar, com certeza a vida vai.

  - Q-Quem sabe. Até - foi tudo o que eu disse.

Saí da presença dele rapidamente. Era um rapaz muito estranho à primeira vista. Um olhar parado, parecia distante. Mas quando conversou comigo olhava firmemente em meus olhos. Penetrava a tal ponto de me deixar incomodado. E aquele papo de "se não puder pagá-lo, a vida paga"? Que moleque naquela idade dizia coisas assim? Devia ser doido o coitado! Sei lá. Encontramos com gente doida o tempo todo, mas aquele doido era especial. Digamos que aquele encontro foi fundamental para tudo que viria a seguir. Vocês vão entender...

Repito que isso havia ocorrido há cerca de sete anos. Depois dessa época, havia passado de estudante do Ensino Fundamental para...estudante da vida. Terminando o colégio, tudo que consegui foi um emprego de motoboy. Com muito custo tirei minha carteira de habilitação para moto. Um amigo de meu pai se ofereceu, de muita boa vontade, para me ensinar a andar naquele veículo. Tive que treinar muito, mas, em compensação, consegui tirar minha carteira com o pouco dinheiro que ganhava de assistente geral em um restaurante. Agora simplesmente faço entregas para empresas. Desnecessário dizer que a moto que utilizo é da firma que me contratou. Nunca tive dinheiro para comprar minha própria moto, aliás, dinheiro era algo raro na minha vida.

Meu pai? Essa é a parte mais difícil...ele continuou trabalhando firme, mas, nos últimos anos, descobrimos que ele possuía uma doença rara no coração. Amigos e parentes (esses últimos se resumiam a uma tia não muito mais rica que nós e a filha dela, também com um emprego humilde) o ajudaram com remédios e doações, mas seria necessário mesmo uma operação.

 - O problema é que essa operação é muito cara - comentava minha tia - Mal podemos pagar os remédios, como vamos pagar a cirurgia?

 - Estou ganhando um pouco mais como motoboy - respondia - E economizo toda a grana que sobra das despesas para a operação dele.

  - Eu sei, mas mesmo assim...eu tenho medo pelo que possa acontecer ao seu pai, Alan. 

   - Por favor, tia. Nem pense nisso.

 - Mas os próprios médicos já falaram que se não operar, a doença só tende a piorar. Ele pode...Deus nos livre, mas...pode.

— Nem fala mais nada, tia. A gente vai dar um jeito!

— Que jeito? O meu plano de saúde vagabundo não cobre essa cirurgia. E o seu salário e o salário da minha filha ainda é tão baixo...Só nos resta rezar.

— Sim, tem que ter fé. Meu pai não vai trepidar por causa de uma coisa dessas! Ele sempre lutou, a vida inteira, não vai ser agora que vai vacilar!

 - Ainda bem que ele tem você, Alan. Você é um menino de ouro!

 Eu dizia isso, mas, sempre que chegava e via meu pai em repouso, naquela cama, também me sentia desesperançado. Era triste.

— Já chegou, filho? - ele dizia, com voz fraca.

— Já, pai. Recebi meu pagamento. Comprei algumas coisas no mercado e paguei as contas do mês.

— Que bom. Sabe que me sinto muito mal por não poder ajudar em casa.

— Relaxe, pai. Estou indo bem meu emprego, não vão me mandar embora tão cedo. E o senhor precisa ficar em repouso, não pode se esforçar. Lembre-se do que o médico disse.

 - Eu sei, eu sei. Esse meu coração é fraco - disse ele, em tom de brincadeira.

— Imagina. O senhor é a pessoa mais forte que eu conheço.

— Mas você está pilotando com cuidado aquela coisa lá, né? O que eu ouço na televisão de acidente de moto...

— Relaxa, pai, relaxa. Eu sei me cuidar.

— Eu sei. Você cresceu muito, Alan. É o melhor filho do mundo.

— Que nada! O senhor que é o melhor pai do mundo!

Eu o abraçava e conversava com ele mais algum tempo. Ele realmente não podia fazer muito esforço, embora pudesse ir ao banheiro normalmente, cozinhar e até limpar a casa. Mas para a doença dele não piorar era necessário manter o máximo de repouso possível. E eu continuava trabalhando o máximo que podia para manter tudo sob controle, mas só Deus sabe o medo que estava dentro de mim. Meu pai e minha tia confiavam em mim. Em mim? O que eu podia fazer? Meu salário não podia pagar a cirurgia que meu pai precisava! E no que mais eu poderia trabalhar? Eu até pegava um ou outro bico temporário, mas ainda era pouco. Nos momentos de solidão, eu rezava...e chorava. E o tempo estava passando cada vez mais rápido...

Até que, um certo dia, um de meus colegas de trabalho e melhores amigos me chegou com uma história maluca.

— Fala, Alan! E aí?

— Opa, tranquilo Marcos? - respondi - Ah, cara. O de sempre, né?

— Aquela barra com o seu pai, né?

— É. A situação tá cada vez mais tensa. Ele tinha que operar logo, mas a grana da cirurgia...é muito alta.

— Já que você falou nisso, descobri uma coisa que pode te ajudar.

— Ajudar? O que é? Seja o que for, já tá valendo!

— É isso aqui.

— O que é isso? - peguei o papel que ele me mostrou. Parecia a propaganda de algum site. Tinha um fundo preto e um letreiro brilhante e colorido. Havia figuras de dados e cartas de baralho, e algumas máscaras, parecidas com as daquelas peças gregas, de tragédia e comédia, algo, no mínimo, estranho. O nome era "Casa dos Jogos".

— "Casa dos Jogos"? Que diabo é isso?

—  Eu também não sei direito - respondeu ele - Mas é um tipo de promoção que lançaram na internet. Parece que é um tipo de experiência que uma empresa de publicidade está fazendo por aí. Mas o importante é o prêmio: dez milhões de reais. Não é pouca coisa, né?

Quando ele disse dez milhões eu não pude segurar meu olhar esbugalhado. Isso era grana. Muita grana. Bem mais do que o suficiente para pagar a operação do meu pai. Era grana o suficiente para mudar de vida para sempre! Mas, não demorou muito para a dona realidade dar seu golpe de misericórdia em mim.

— D-Dez milhões? Assim, sem mais nem menos? Não, velho...você tá louco! Isso deve ser algum golpe, enganação. Nem ferrando que isso é verdade..

 - Será? Eu entrei no site dos caras e parece bem profissa mesmo - disse Marcos - E essa empresa trabalha com a publicidade de muitas marcas famosas. Eles não são pouca coisa, não. Só achei esquisito eles colocarem essa campanha só na internet e não falarem nada na TV ou nos jornais, mas deve ser coisa de marketing, né? Vai saber, esses caras são doidos.

— Sei não. É bom demais pra ser verdade.

— Ah, cara...mas não custa nada tentar. Mesmo porque eu já te inscrevi!

— Você o quê?

— É. Eu sabia que você tava precisando de grana. Eu tinha boa parte dos seus dados, entrei no site e te inscrevi no sorteio. Imagina aí se você é sorteado? Vai concorrer aos dez milhões, heim?

— Você faz isso sem me consultar? Como assim?

— Cara, calma! Foi só uma inscrição! Tem uns milhões de pessoas concorrendo. O que custa tentar?

— Mas..

 - Já falei que parece que é uma empresa de responsa. Os caras vão pagar mesmo. Acredita, vai?

 - Ah, cara. Até parece que eu vou ganhar uma coisa dessas...

— Não vai saber se não tentar. Você já tá inscrito, é só aguardar o resultado. Você acha que alguém ganha na loteria sem comprar o bilhete?

— Sei não...mas o que é exatamente essa Casa dos Jogos, aí?

— Os caras fizeram o maior segredo sobre isso, mas parece que é tipo desses programas com vários jogos diferentes. Quem ganhar tudo até o fim, vence. Deve ser um tipo de reality-show.

Agora que minhas esperanças tinham ido para o saco mesmo. Para falar a verdade, assim que li a palavra "Jogos" no panfleto eu já desanimei, mas não quis entrar em muito detalhe. Meu bem intencionado amigo não sabia que eu era o pior jogador do mundo. Não havia nada nesse mundo que eu tivesse ganho, como iria participar de um jogo desses? E valendo uma grana daquelas? Só em sonho mesmo...

Agradeci a boa intenção de Marcos e segui com o dia. Saindo do trabalho, senti a curiosidade de ver o que era essa tal Casa dos Jogos. Passei em uma lan-house, paguei o preço de quinze minutos e acessei o tal site. De fato era uma página bem profissional, com uma animação atraente. Não dava para se esperar menos de uma empresa de publicidade famosa. Analisando as propagandas, não tive muitas pistas sobre os jogos que eles fariam. Apenas diziam coisas como: "Esperamos o maior jogador de todos os tempos", "Apenas quem souber jogar chegará ao final", "Você pode ser o único de catorze participantes a ganhar dez milhões de reais!".

Ao que parecia era mesmo uma campanha voltada exclusivamente para a Internet. Nunca ouvi nada disso em nenhum momento da televisão. Mesmo assim, o site fornecia os dados de pessoas inscritas. Eram muitas, milhões, milhões mesmo, do país todo. Dessa multidão, apenas catorze seriam selecionadas para participar do jogo. Ao ler as regras do concurso, não vi muitas dificuldades. Exigiam coisas como maioridade, permissão para uso de imagem, condição física razoável e que falasse português. Padrão bastante comum para a maioria das pessoas. Vendo o número de inscrições desanimei ainda mais. Tudo bem. Como eu disse, nunca venci sequer uma partida de par-ou-ímpar, como venceria um concurso desses. "Casa dos Jogos"? Que piada!

Mas é aí, caro leitor, que vemos o quanto a vida é uma caixinha de surpresas. Talvez eu tivesse gasto todo o meu azar durante a vida para ter esse único momento de sorte. Sorte mesmo. E bota sorte nisso. Duas semanas após saber que fui inscrito sem saber no concurso da Casa dos Jogos, chego em casa, cumprimento meu pai e recebo uma notícia que me surpreendeu bastante.

— Ah, sim, filho. Chegou uma carta para você - disse meu pai.

— Para mim? Que raro...todas as contas estão no seu nome.

— Não sei. Parece ser de alguém chique. Tem um envelope todo bem trabalhado.

— O que será? 

Meu pai me mostrou a tal carta e abri, curioso. Quase dei um grito quando vi de onde ela vinha.

— O que houve, filho?

— N-Não acredito nisso...

— O que foi?

— O senhor lembra que eu comentei sobre o Marcos ter me inscrito num concurso estranho aí da Internet?

— Lembro, lembro sim.

— Eu...eu fui selecionado.

— Sério? - disse meu pai, sorrindo - Que bom, filho..eu..ai.

— Pai? O que houve?

— Nada...nada não...só preciso deitar um pouco

"Ele não pode se emocionar muito...não devia ter aberto essa carta na frente dele", pensei. Mas meu pai logo se acalmou.

— Isso é muito bom, filho. Mas o que é exatamente esse concurso?

— Eu não sei. Parece que as pessoas precisam participar de vários jogos até chegar ao final.

 - Jogos, é? Mas você nunca foi muito bom nessas coisas.

— Eu sei, mas...acabei sorteado.

— Isso é fantástico, filho! Você vai participar?

Era tudo muito surreal para mim. Precisava de algum tempo para digerir aquela notícia. Aquele cartão diante de mim, com um trabalho realmente profissional, dizia em claras letras:

"Senhor Alan da Silva Marques. Nossas congratulações!

O senhor foi selecionado entre 28.560.789 pessoas para ser um dos catorze participantes do concurso da Casa dos Jogos, concorrendo a um prêmio de dez milhões de reais. Nossa equipe irá buscá-lo no dia 08 de julho de 2010, às 13 horas da tarde, no endereço fornecido em sua inscrição. 

Obrigado por participar!"

Havia mais alguma coisa escrita, mas as palavras acima eram o que importava! Eu havia entrado no concurso! Era um dos catorze participantes da tal Casa dos Jogos! Como isso é possível? Difícil de explicar...será que minha sorte estava começando a mudar? Nisso, meu celular toca.

— Alan? Já tô sabendo, heim?

— Marcos? Você já sabe?

— Já saiu o resultado do concurso na net. Parabéns, cara! Não falei que é tentando que se consegue?

Antes da ligação do Marcos eu estava achando que era um tipo de golpe onde todos os inscritos tivessem sido sorteados, mas se apenas algumas pessoas apareceram oficialmente no site, então deve ter sido um sorteio legítimo mesmo.

— Velho, valeu, valeu mesmo! Se você não tivesse me inscrito, eu...

— Relaxa. Eu também não podia imaginar que você seria sorteado. Mas a gente tem que tentar, né? Vê se não vai esquecer dos pobres quando ganhar aquela grana, heim?

É verdade. Agora vinha a parte difícil. Eu teria que participar do tal concurso, ou seja, jogar. A dona realidade sempre puxava meu tapete quando eu menos esperava. Como eu, alguém que, repito, nunca foi capaz de vencer um único jogo sequer, venceria uma competição de jogos? Seja lá quais jogos fossem? 

— Boa sorte, cara. Vô tá torcendo por você?

— Valeu.

Ao desligar meu celular, meu pai torna a perguntar.

 - Então, filho, você vai participar?

Olhei para ele, com aquele semblante esperançoso e orgulhoso. Se eu vencesse poderia pagar a cirurgia dele e...e...sair daquela vida de dificuldades para sempre! As chances de eu vencer pareciam ser mínimas, mas quais eram as chances de eu ter sido sorteado? Uma em mais de vinte e oito milhões! E se minha sorte estivesse começando a mudar? Como eu disse, sempre tem um momento em nossa vida que acontece alguma coisa maluca! E se você não pegar a oportunidade agora, nunca mais poderá tê-la de novo. Bem, naquele momento a resposta só podia ser uma. Talvez fosse a primeira vez na vida que eu estivesse decidido de alguma coisa. Agarrando firmemente na carta, respondi:

— Vou, pai! Eu vou participar da Casa dos Jogos!


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