Training days escrita por Nati Miles


Capítulo 8
Novas amizades


Notas iniciais do capítulo

Uraraka + bakusquad = meu coração gritando de alegria, HAUSHAUWHAUSHA



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Uraraka acordou antes do alarme no sábado. Havia dormido surpreendentemente bem essa noite e acordou disposta. Fez sua higiene matinal e escolheu uma roupa que fosse bacana para sair pra correr. Desceu pelas escadas, como forma de já começar a se aquecer.

Ao chegar no térreo, se dirigiu à cozinha vazia e fez um chá. Sentou-se em uma das mesas e apreciou os minutos de silêncio que pôde usufruir até ouvir o apito do elevador. Já até sabia que era Bakugou, afinal eles iriam correr juntos dentro de pouco tempo. Conseguia até mesmo imaginá-lo saindo do elevador com a cara fechada e as mãos nos bolsos. E percebeu que acertou tudo quando ele entrou na cozinha, mas errou quando pensou que ele estaria sozinho.

— E aí, Uraraka! — O ruivo que vinha ao lado do loiro a cumprimentou, batendo seu punho fechado contra o dela.

— Bom dia, Kirishima! O que faz acordado tão cedo?

— Me irritando — o loiro resmungou da pia, enquanto fazia seu chá.

— Não posso negar. — Ele riu maroto, indo até a geladeira procurar o que comer. — Mas o motivo principal é que eu vou começar a nossa pesquisa. Lembrei que você iria correr com o Bakubro agora de manhã e vim falar com você. Tava pensando da gente juntar nossas pesquisas quando você voltar.

— Por mim, tudo bem!

— Beleza! Me avisa quando chegar, que eu desço pra gente fazer. — O ruivo pegou um pedaço do bolo que Sato havia feito para todos no dia anterior e sentou-se na frente da garota. — Você tem meu número?

— Ah... Não, acho que não. — A garota pegou o celular do bolso, conferindo.

—- Peraí. — Ele pegou o celular da mão dela e digitou seu número, o salvando como RedRiot em seguida. — Prontinho. Agora sua vez. — Ele esticou seu celular para ela.

Bakugou estava encostado na pia, apenas assistindo àquela cena e sentindo vontade de explodir a xícara. Que porra era aquela logo pela manhã? Não era possível que esses dois acordavam com todo esse bom humor logo cedo. E esses sorrisos? As bochechas não doíam de tanto sorrir? Ele esperava do fundo do seu coração que doesse. E muito.

— Tá, tá, que seja. — O loiro interrompeu seja lá o que eles estavam falando e rindo. — Vamos logo, Uraraka.

Os dois novos amigos se entreolharam e Kirishima deu de ombros, sem entender também. A morena estava um pouco assustada pelo uso do sobrenome, mas ficava feliz de saber que estava errada em achar que ele considerava “Cara Redonda” seu nome.

— Até mais tarde, Kirishima! — A morena se despediu, colocando sua caneca na pia e correndo para alcançar o loiro que já estava no pátio.

Uraraka não soube em que momento aconteceu, mas estava acostumada a correr tudo aquilo. A corrida matinal ocorria sem grandes problemas e ela ficava cada vez mais confiante.

— Ei, Bakugou-kun! — ela chamou enquanto se sentava no chão para descansar. — Quer apostar outra corrida?

— Pra você tropeçar na porra dos seus dois pés esquerdos e cair em mim? — respondeu mal-humorado, sentando-se também.

— Não — ela disse simples. — Pra ser divertido!

— Eu tô com cara de quem quer diversão?

— Mas Bakugou-kun é a definição de diversão! — Ela riu alto da careta que ele fez.

Essa garota estava cada dia mais louca, na visão de Bakugou. Ela não ligava para as ameaças que ele fazia e estava pegando a mania sarcástica dele, o que estava sendo bem irritante. E essa revirada de olhos? Era coisa dele também! Que porra era essa?

— Não me olha com essa cara. — Ela fingiu estar brigando. — Afinal, eu não sou de todo mal!

— Mas que inferno! — ele rosnou.

— Ah, me deixa ser feliz! O que me lembra que você meio que contou algo sobre você, vou contar sobre mim! Deixa eu ver... — Colocou a mão no queixo pensativa.

— Puta que me pariu, ein! — ele resmungou. — Vai ficar nessa merda de contar coisas um pro outro até quando?

— Até sabermos tudo! — Ela riu mais uma vez da careta que ele fez. — Eu tô brincando, besta. Eu só achei que seria legal, já que eu não sou de todo mal.

— Vai se foder! — ele gritou, ficando realmente irritado.

Bakugou levantou-se rápido, sendo seguido pela garota que estava rindo alto. Bochechuda maldita, quem ela pensava que era pra ficar falando assim com ele? Só seus amigos podiam falar assim e sobreviver! E ainda rir descaradamente da cara dele? Sua raiva aumentava a cada passo que eles davam, afinal a garota não calava a boca um minuto sequer. Só queria chegar na Heights Alliance logo e ir pro seu quarto ficar na paz.

— Ah, eu já sei! — ela disse quando chegaram no prédio e passaram na cozinha beber água. O garoto arqueou uma sobrancelha em sua direção, sem entender do que ela falava. — Já sei um fato sobre minha pessoa para lhe contar!

— Não podemos fingir que já contou e deixar por isso mesmo? — Ele revirou os olhos, entediado.

— Não! — Ela sorriu, e Bakugou a xingou mentalmente. — Minha comida preferida é mochi!

— Foda-se.

— E eu sei que a sua é basicamente qualquer uma que envolva muita pimenta. — Sua expressão mudou para uma que parecia uma criança que acabou de fazer uma grande descoberta. — Oh, isso me faz pensar que conta como um fato sobre você que eu sei. Preciso pensar em outro meu.

— Puta que te pariu, Bochechuda! — ele xingou irritado. — Só cala a boca! Ninguém quer saber!

— Ah, eu quero! — Kirishima estava entrando na cozinha bem na hora e resolveu se intrometer, só pra deixar o amigo irritado. — Saber o quê?

— Foda-se vocês! — o loiro gritou antes de sair da cozinha batendo os pés.

Os dois que ficaram riram alto. Bakugou era muito instável e facilmente irritável, e ambos se divertiam com isso, mesmo que Uraraka às vezes o fizesse sem essa intenção.

— Preparada pro trabalho, dupla?

— Sim! Vou só tomar banho e pegar minhas coisas. Prometo ser rápida! — Ela correu pro elevador, gritando a última parte. — Volto em dez minutos!

Uraraka voltou pontualmente de banho tomado, roupa fresca e material nas mãos. Sentou-se no chão da sala com Kirishima, usando a mesinha de centro como apoio. Em pouco tempo havia material espalhado pelo chão e o trabalho ia se desenvolvendo. Os dois se davam bem e formavam uma ótima dupla de trabalhos.

— Ah, acho que seria legal colocar isso, Kirishima. — A morena pegou um dos trechos que ele havia destacado na pesquisa. — Pode fazer parte da introdução.

— Beleza! — O ruivo se apressou em digitar no notebook.

— Deixa eu ver. — Uraraka se inclinou um pouco para poder enxergar a tela direito, ficando ombro a ombro com o garoto. — Sim, sim. Ótimo! Agora deixa eu ver...

Os dois foram interrompidos por um barulho que vinha ali da sala mesmo, mais precisamente da barriga de Uraraka. A morena abaixou os braços que seguravam um livro e se virou para o amigo, sorrindo sem graça.

— Acho que estou com fome.

— Eu tenho certeza. — Ele riu alto. — Vamos comer, então. Acho que já fizemos boa parte do trabalho. Não precisamos fazer tudo hoje, certo?

— Certo!

Nenhum dos dois era um mestre na cozinha, mas conseguiram se virar suficientemente bem. Uraraka sabia não deixar a comida queimar e Kirishima sabia cortar o que ela mandava e jogar na panela, o que resultou em um curry satisfatório. Serviram-se com vontade e deixaram o que sobrou na geladeira, para quem quisesse pegar depois.

— Eu nem tive tempo de reparar que estava com tanta fome. — Ela riu. — E daqui a pouco tem mais emoções.

— Treinos com Bakubro sempre são emocionantes, não? — Ela apenas acenou com a cabeça, pois estava com a boca cheia. — Eu sei, costumava treinar com ele de vez em quando. Minha resistência é bem propícia para ele treinar explosões. E bem... As explosões dele são ótimas pra treinar minha resistência.

Uraraka assentiu com a cabeça e estava levando mais uma porção de comida à boca, quando uma lâmpada se acendeu em sua cabeça. Abaixou a mão e encarou Kirishima por alguns instantes. Desde que Bakugou lhe ensinou a lutar direito ela vem pensando em uma coisa que gostaria de testar. Não tiveram nenhuma atividade que lhe proporcionasse essa chance e não queria fazer em Bakugou, afinal poderia acabar o machucando de verdade — isso se conseguisse a chance de realmente o tocar e o fazer flutuar.

— Que foi? Tá sujo? — Kirishima passou a mão na boca.

— Não! Desculpe, estava encarando... Kirishima, você é acostumado a treinar com Bakugou?

— Bom, a gente treinava mais antes... Mas de vez em quando a gente ainda consegue. Por quê?

— Você poderia ir treinar com a gente hoje à noite? Tem uma coisa que eu gostaria muito de testar.

— Por mim, tudo bem. — Ele sorriu com os dentes pontiagudos.

Uraraka agradeceu e ficou imensamente feliz internamente. Finalmente seria sua hora de mostrar que estava melhorando aos poucos.

 

xxx

 

— Mas que porra...? — Bakugou perguntou assim que viu Kirishima chegar no ginásio.

— Eu pedi para o Kirishima vir me ajudar em uma coisa hoje. — O loiro fez uma careta de quem estava pronto para gritar mil e um palavrões e ofensas, mas Uraraka foi mais rápida. — E não, eu não poderia contar com você. E eu não estou te subestimando, eu estou com receio. Bom, você vai entender já.

Kirishima riu das caretas que o amigo fazia. Sabia que ele devia estar se corroendo por dentro, achando que a morena estava tirando uma com a cara dele. Primeiro o chama pra ajudar e depois diz que não poderia contar com ele pra seja lá o que ela queria? Que se foda também.

— E aí, Kirishima, vai ficar só olhando ou vamos lutar? — O loiro se posicionou, sendo seguido pelo ruivo.

— Só se for agora.

Uraraka observava os dois lutando. Era engraçado como um sabia o que o outro faria e conseguiam desviar de praticamente todos os golpes. Bakugou era bem forte, mas Kirishima conseguia aguentar o tranco sem grandes problemas. Acabaram quando o ruivo saiu quase voando com uma explosão. Ele levantou rindo e voltou à posição inicial.

— Minha vez! — a morena se pronunciou sorridente.

Uraraka se posicionou frente a frente com Kirishima, pronta para lutar.

— Quando você quiser, Uraraka!

A morena assentiu e correu na direção dele. Tocou em si mesma, ganhando velocidade e agilidade. Tentou uma série de socos, conforme havia aprendido com Bakugou, mas todos foram desviados por Kirishima. Ele estava acostumado com Bakugou, sabia da maioria dos golpes do loiro.

Mas não estava acostumado com Uraraka.

O ruivo estava distraído desviando de uma cotovelada e a garota se aproveitou. Rapidamente abaixou o braço direito que tentava dar o golpe e esticou o braço esquerdo, tocando na mão de Kirishima. Uraraka o fez flutuar, o segurando acima de sua cabeça. E com uma força que ninguém sabia que ela tinha, ela o jogou na direção do chão e o liberou da gravidade zero em seguida. O resultado foi um buraco no chão e um Kirishima atordoado, sem saber o que tinha acontecido.

Bakugou estava um pouco afastado assistindo com a boca aberta. Sabia que a garota prestava atenção em tudo que ele falava e explicava, mas não imaginou que ela acabaria pensando em um golpe desses.

— E aí, o que acharam? — a morena perguntou, indo para perto do loiro.

— Dá pro gasto. — Ele virou a cara, não querendo admitir o quanto havia achado incrível.

— Eu achei o máximo! — O ruivo se aproximou dos dois, passando um braço pelos ombros de cada um. — Sério, devia tentar na próxima prova prática, Uraraka!

— Obrigada! — Ela sorriu sem graça com a aproximação repentina.

Mas o ruivo nem percebeu. Treinaram por mais um tempo e, ao voltarem para os dormitórios, lá foi Kirishima se jogar em cima dos amigos de novo, fazendo a morena corar de novo. Uraraka estava muito feliz com o treino do dia e os elogios. Bakugou havia a elogiado, ao seu jeito. Ela sabia que no fundo ele havia achado seu golpe legal.

— E aí, manos! — Sero cumprimentou assim que eles chegaram.

Bakugou e Kirishima foram em direção ao amigo, que ainda estava acompanhado de Kaminari. Uraraka acabou acompanhando, pois foi quase arrastada. Os quatro conversavam alegremente, até mesmo o loiro explosivo parecia mais tranquilo quando estava conversando assim com os amigos. 

Kaminari fez alguma provocação que fez o outro loiro fechar a cara de novo e a garota não pode conter a risada. Estava fazendo amizade com pessoas que nunca havia pensado antes que se aproximaria tanto.


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