Training days escrita por Nati Miles


Capítulo 23
Resolução




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A sexta-feira finalmente chega e a situação ainda era a mesma: Bakugou correndo de Uraraka, que agora sabia que gostava dele. A morena achava que talvez ele voltasse a falar normalmente com ela, já que agora ela ficava lançando olhares nada discretos na direção dele durante as aulas. Ela até tentou fazer dupla com ele na aula prática daquele dia! Mas claro, ele já estava grudado no Kirishima quando o procurou e ela acabou fazendo com Kaminari, que estava choramingando que ela não almoçava mais com eles — o que a fez se sentir acalmando uma criança depois que a mãe deixa na creche por algumas horas.

Fazia apenas dois dias que Uraraka havia percebido que gostava do loiro, mas depois de pensar, a morena chegou à conclusão de que não poderia e nem deveria fazer igual fez com o Deku e esperar a chance passar. Ela tinha que ir atrás do Bakugou e falar com ele — até mesmo o esverdeado a havia garantido que deveria fazer isso. Então, reunindo toda a coragem que ela tinha e mais um pouco, a controladora da gravidade correu de volta para o seu quarto assim que o sinal do final da última aula da sexta-feira tocou. Ela mal teve tempo de se despedir dos amigos, mas eles estavam a par do que ela iria fazer, então nem se importaram com ela sair correndo em disparada na frente deles.

Assim que chegou em seu quarto, Uraraka se trocou o mais rápido que podia, colocando sua roupa de treino, e saiu do prédio, indo em direção ao ginásio. Abriu a porta do local com cuidado, averiguando que Bakugou ainda não estava ali, o que era ótimo. A morena se enfiou no corredor ao lado da porta, para que o loiro não a visse quando chegasse, e ficou quietinha o esperando. Alguns minutos depois, ouviu a porta e passos entrarem no ginásio, vendo que era quem ela mais queria.

— Bakugou-kun! — ela o chamou, saindo do esconderijo e ficando na frente da porta, assim ele não fugiria.

O garoto se assustou e virou-se levantando as mãos, pronto pra explodir quem havia tido a coragem de fazer isso com ele. Seu susto foi tão grande que nem havia percebido que aquela voz brava — que ainda soava angelical e fofa — era daquela que ele fugia.

— Puta que pariu, Cara Redonda! Vai tomar no seu cu! — Ele abaixou os braços ao lado do corpo, com uma expressão emburrada. Por mais que estivesse morrendo de vergonha de ter a garota o encarando tão fixamente com os braços cruzados, pois o fazia se lembrar de tudo que havia acontecido no festival, tinha que admitir para si mesmo que estava sentindo a falta dela durante essa semana.

— Você tá me evitando, só assim pra conseguir conversar! — ela respondeu fazendo bico.

— Não temos o que conversar. — Ele tentou manter a voz firme e esperava ter conseguido. A última coisa que precisava era se desmoronar na frente dela.

— Ah, não? E o que aconteceu no festival? — Ela arqueou a sobrancelha, ainda o encarando fixamente.

— Não sei do quê exatamente está falando. — O garoto virou de costas e começou a mexer em sua mochila, tirando sua garrafinha de água e fingindo procurar mais coisas ali dentro.

— Bakugou-kun, eu só quero conversar...

— Não tem o que conversar. — Ele parou de mexer na mochila, mas não quis olhá-la. — Me deixa sozinho.

— Não vou!

— Vai sim!

— Não vou! — Ela literalmente bateu o pé. — Eu quero... Eu sinto falta de você, da gente treinar juntos e conversar.

— Que merda você tá falando agora, Bochechuda? — Ele virou a cabeça com força na direção dela, sentindo o rosto inteiro pegar fogo com a afirmação. Ela tinha noção de como aquilo poderia ser interpretado errado?

— Tô falando que eu vim aqui com um propósito e não saio enquanto não o cumprir. E como você não está facilitando, vou deixar mais interessante: vamos lutar. Se eu ganhar, a gente conversa. Se você ganhar, eu vou embora e não te encho mais.

Bakugou semicerrou os olhos, desconfiado da proposta dela. Que tanto essa doida queria conversar? Ele sabia que era sobre o festival, mas não entendia o motivo para querer tanto falar sobre isso. Tá, ele sabia que ela ouviu a conversa, mas... não dava só pra fingir que não ouviu nada e ir ficar com o nerd, como sempre quis? Argh, só pensar nisso o fazia se sentir mal.

Uraraka estendeu uma mão na direção dele, em um pedido silencioso de firmar a aposta. Apesar de ter hesitado por alguns segundos, o loiro deu alguns passos e apertou a mão dela de volta.

— Feito. — Ele sorriu debochado. — Porque eu sei que vou ganhar.

— Não contaria muito com isso. — Ela deu um aperto forte na mão dele antes de soltar.

Estava claro que ela estava confiante e queria muito ganhar, o que era um incentivo a mais para o loiro não deixar, se esforçar e não abaixar a guarda. Não que ele não quisesse mais a ver nunca mais, ele só achava a situação complicada — o que ele nem tinha ideia de que não era mais tão complicada assim.

— Individualidades liberadas — ela anunciou, enquanto os dois se posicionavam no meio do ginásio.

— Preparada, Cara Redonda? 

— Sempre. — Ela sorriu confiante.

E como se tivesse sido ensaiado, os dois se atacaram ao mesmo tempo.

Bakugou sabia que se quisesse ganhar, tinha que ir com tudo de uma vez, então já começou atirando explosões na direção da morena. A garota, por sua vez, ativou sua individualidade em si mesma enquanto dava impulso pra frente e para cima, “voando” por sobre as explosões e se preparando para aterrissar com o pé direto em cima do amigo. O loiro desviou para o lado, e já emendou a manobra com um chute nas costelas da sua oponente, que caiu pro lado e se levantou rapidamente com uma cambalhota.

Uraraka sorriu na direção dele, que sentiu todos os pelos do corpo se arrepiarem com a profundidade daquele olhar. Ela ficava ainda mais linda quando estava focada daquele jeito, com vontade de ganhar e com o espírito de competitividade igualado ao dele. Ele quase se deixou levar pela admiração por ela, mas conseguiu cruzar os braços na frente do corpo e se defender de um chute bem a tempo, a pegando pelo tornozelo. A morena sorriu ainda mais e ele percebeu que havia feito idiotice, mas que talvez seria tarde para consertar. Em segundos, Ochako aproveitou o apoio e deu impulso com a outra perna, dando um rodopio e acertando um chute no loiro, que cambaleou, mas manteve-se de pé.

A controladora da gravidade estava pronta para investir em mais um golpe, também se preparando para o caso dele soltar explosões, mas foi pega desprevenida quando sentiu as costas baterem no chão: ele havia dado uma rasteira. Uraraka fez um bico bravo e ele se aproximou, pensando que já poderia cantar vitória, mas também foi surpreendido. Katsuki sentiu o chão bater contra suas costas e, em questão de segundos, sentiu um peso sobre a região da clavícula, seu braço ser imobilizado para o lado e sua cabeça ser massacrada por pernas torneadas. Mas que...? A cara redonda estava mesmo lhe dando uma chave de perna? Pensando bem, era uma ótima maneira de morrer... Bakugou sentiu o rosto esquentar com o pensamento.

— Acho que isso me torna a vencedora. — Ela o olhou presunçosa, seu sorriso ainda mais largo do que antes, se é que era possível. — Parece que alguém vai ter que me aturar por aqui.

O garoto estalou a língua e desviou o olhar pro lado, dando de cara com a perna dela que ainda estava o prendendo. Talvez ele tenha a treinado bem até demais... Não, ela sempre teve esse potencial, só precisava de um pouco de encorajamento. Não que ele fosse a melhor escolha para encorajar alguém, mas ao menos ele sabia reconhecer um bom oponente quando via um, e ela sempre foi uma ótima oponente.

— Vai me soltar ainda hoje? — ele perguntou sem nem a olhar, claramente irritado por ter perdido.

— Oh, desculpe. — Ela corou e o soltou, sentando na frente dele com as pernas cruzadas.

Katsuki se ergueu, imitando a garota. Ele cruzou os braços na frente do corpo e ficou esperando seja lá o que ela queria falar. Sua cabeça lhe dizia que ela ia o dar um fora, sem ele nem ao menos se declarar... Ao menos não diretamente, já que ela ouviu o que não devia. Seria possível seu coração já estar se preparando para o que iria acontecer? Porque ele jurava que cada batida estava doendo.

A morena o observou em silêncio por alguns segundos. Precisava se lembrar do motivo que estava ali, para não acabar se arrependendo depois por não ter falado nada.

— Então, eu queria... Bom, a gente... Você sabe o festival... Aí eu estava pensando... — Ela coçou a nuca e soltou uma risadinha nervosa. — Será que... podemos falar do festival?

— Achei que já estava decidido que era isso que você queria falar quando ganhasse essa merda de luta.

— Ah, sim, sim... Então... é verdade o que a Toga disse? — ela perguntou o mais diretamente que pôde, antes que se afundasse em vergonha e desistisse.

Ela observou cuidadosamente enquanto o rosto do loiro se tingia de um leve tom vermelho e seus olhos se arregalavam um pouco. A morena sentia o próprio rosto esquentar também, enquanto seu coração acelerava.

— O que te interessa? — Ele franziu o cenho, numa falha tentativa de disfarçar que estava desconcertado.

— Eu... fiquei curiosa, porque... Bem... Eu gosto de você!

A morena disparou as palavras e o encarou com aqueles olhos castanhos que tanto o cativavam. Ela sentia que seu coração estava batendo em seus ouvidos, de tão nervosa que estava. O silêncio reinou por um minuto inteiro, enquanto ela sentia as mãos suarem e o chão se abrir debaixo de seu corpo. E ela esperava que realmente se abrisse e a engolisse... Onde já se viu sair falando essas coisas assim do nada? Ela nem preparou o terreno antes!

Bakugou piscou diversas vezes seguidas, como se tentasse compreender o que ela disse. Seus ouvidos estavam lhe enganando? Mas se fosse outra coisa e ele entendeu errado, por que ela estava com toda essa vergonha? Ela disse que gostava dele? Mas e o nerd? Ela não gosta mais dele? O que estava acontecendo? Eram tantas perguntas ao mesmo tempo que achava que se cérebro daria pane em pouco tempo.

— Eu não... entendi. — A voz dele saiu baixa, denunciando a confusão que ele estava.

— Entendeu sim. — Ela inflou as bochechas que estavam ainda mais rosadas.

— Mas o nerd-

— Eu não gosto do Deku — ela o cortou. O olhar afiado que Bakugou lhe lançou a fez vacilar um pouco. A morena desviou o olhar e começou a brincar com a mecha mais comprida de seu cabelo, a enrolando no dedo, numa tentativa de se acalmar. — Bom, não mais desse jeito... Eu fui falar com ele porque... Você sabe, eu achava que gostava dele. Mas aí eu percebi que não, porque conforme eu tentava me declarar, eu só conseguia ver... você... — Ochako voltou a olhar pro garoto, que a encarava de um jeito que ela não sabia se ele estava pronto para explodir ela, ele ou os dois juntos. — E é por isso que eu queria saber se o que a Toga disse era verdade.

— E se for? — Ele a olhou intensamente.

— Eu vou ter que tomar providências. — Ela balançou a cabeça e sorriu travessa.

Uraraka se jogou pra frente, pegando o garoto de surpresa. Por sorte, ele tinha bons reflexos e conseguiu descruzar os braços, a segurando pelos ombros e os mantendo sentados. Ele mal teve tempo de processar o que ela estava fazendo e a morena colou seus lábios aos dele de forma desastrada, batendo os dentes na afobação. Mas ele nem se importou, estava mais preocupado em estar sonhando de novo e acordar sozinho em seu quarto. Porém, os arrepios que sentia dentro de seu corpo denunciavam que aquilo era real — e ele não podia deixar a oportunidade passar.

O garoto explosivo aprofundou o beijo, ao mesmo tempo em que deslizou as mãos que estavam no ombro para o pescoço da garota, a segurando com a maior delicadeza que conseguia e a puxando para mais perto. A corrente elétrica que sentia passar por seu corpo era bem melhor do que Kirishima havia dito que sentia, logo após beijar a Ashido pela primeira vez. Seu coração batia tão rápido, que achava que poderia estar morrendo, mas ao menos morreria feliz. Ochako sentia borboletas no estômago e as mãos que seguravam os ombros do rapaz suavam mais que o normal — e esperava que ele não estivesse sentindo o quanto elas estavam suando.

A contragosto, Uraraka quebrou o beijo e se afastou um pouco. O sorriso radiante que ela lançava ao garoto era mais uma prova de que não era um sonho, pois nunca que seus sonhos conseguiriam fazer jus ao sorriso dela. É, estar apaixonado o deixava bobo.

— Você ainda não me disse se a Toga estava certa. — Ela deu uma risadinha.

— Sério? — Ele lhe lançou um olhar de tédio.

— Bom, é que eu disse que gosto de você, mas você não disse nada. — Ela deu de ombros, como quem não quer nada. — Além de que isso conta como um fato sobre mim, então agora você tem que falar um sobre você!

— Fica quieta! — Ele revirou os olhos sorrindo e a puxou para mais perto de novo. — Eu gosto de você pra caralho, Uraraka. — E então ele selou seus lábios novamente.

Nenhum dos dois conseguia disfarçar quando voltaram para os dormitórios. Apesar de ser comum ver a morena distribuindo sorrisos gentis por aí, não era tão comum ver Bakugou de tão bom humor. E mesmo depois de Kaminari fazer piadinhas sobre o novo casal, o loiro explosivo continuou pleno, como se nada fosse capaz de acabar com seu momento de paz e alegria.

Tirando o Deku, o grupo de Uraraka ficou um pouco impressionado com o relacionamento da amiga, mas nenhum deles questionou. Eles haviam aprendido que ela sabia se cuidar muito bem, obrigada.

E, a partir desse dia, todos os treinos se tornaram melhores, principalmente porque os dois sempre se recompensavam com beijos amorosos — que eles admitiriam que, às vezes, acabavam os distraindo. Mas quem iria reclamar?

 


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Notas finais do capítulo

ITI, que tudo deu certo no final :') HIAUSEHUIASEHAS

Obrigada a todos que acompanharam a fic, mesmo os que ficaram aí de fantasminhas. Meu amor pra vocês ♡

Estou me sentindo feliz por ter conseguido terminar essa fic. Quando estava escrevendo e postando em outra plataforma, ela chegou a completar aniversário de um ano até. Não sei como o povo não desistiu de mim, com as sumidas que eu dava :')

E bom, o ciclo se fechou. Quem sabe mais um se abre em breve? hihi. Até porque tenho muita coisa pra repostar por aqui ainda, HASIUEHSAIUEHSA.

Vejo vocês por aí! ♡♡♡



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