Training days escrita por Nati Miles


Capítulo 21
O fim do festival




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Uraraka ainda estava abraçada com força na pelúcia de estrela que havia ganhado. A morena não sabia explicar, só sentia uma forte palpitação no peito e um apreço muito grande pelo presente, como se ele fosse único no mundo. Ela não sabia explicar o que estava acontecendo, só sabia que estava feliz, mesmo tendo se desviado de seu objetivo inicial, que era ficar com Deku e se declarar pra ele. O casal tinha acabado de sair de mais uma barraca de jogo, na qual dessa vez foi a garota quem conseguiu um bonequinho do All Might para o loiro — que bem tentou disfarçar, mas o sorriso de satisfação acabou saindo.

Os dois andavam tranquilamente um ao lado do outro. Katsuki pensava em como poderia abordar a menina... Quem sabe se declarar? Ou talvez devesse ir devagar e tentar conquistá-la aos poucos? Argh, ele não sabia se conseguiria guardar isso por muito mais tempo, mas também não queria contar tão rápido. Era uma mistura de emoções que ele, com certeza, não sabia lidar. Olhou discretamente para a garota, a vendo agarrada à estrela e com o rosto corado. Sentiu seu rosto esquentar e desviou o olhar dela, tentando focar em para onde poderiam ir. Mas aí novamente ele sentiu a necessidade de olhar pra ela, e lá ia ele de novo... Sua mente estava confusa, mas de uma coisa ele tinha certeza: aquela tarde estava muito melhor do que ele poderia imaginar.

Pelo menos até eles ouvirem o barulho de alguma coisa explodindo, gritos e pessoas correndo.

Os dois se entreolharam e começaram a correr em direção ao ocorrido, tentando passar pelas pessoas que fugiam. Os civis corriam na direção oposta, com todos tentando ir pro mesmo lado, o que dificultava a passagem dos dois e os fez acabar se afastando, fazendo a preocupação se apossar do loiro. Por mais que Uraraka soubesse se defender, eles não sabiam quem estava ali e nem seus objetivos, e isso o deixava tenso.

A controladora da gravidade, quando se deu conta, havia se afastado demais de Bakugou. Juntando toda coragem que ainda tinha e apertando mais firme sua estrela, ela foi tentando chegar ao local onde parecia ter começado tudo. Enfim conseguiu desviar para um caminho no meio das árvores, onde poderia continuar andando sem ninguém para atrapalhar, mas foi impedida no meio do caminho.

— Ochako-chan! — A garota loira que apareceu à sua frente começou a falar com uma voz animada. — Quanto tempo! Eu estava com tanta saudade da minha amiga!

— Toga… — Uraraka fechou o semblante, atenta ao menor dos movimentos da outra. — Quer dizer que são vocês que estão aqui. Espero que esteja com saudade de levar um nocaute também.

— Ah! — ela soltou um gritinho, começando a dar pulinhos. — Que bom que também sentiu minha falta, amiga! Nós vamos nos divertir demais juntas!

Ochako jogou a estrela no chão ao seu lado e colocou-se em posição de defesa, enquanto a outra garota se aproximava devagar, retirando uma de suas facas do bolso. Quando achava estar próxima o suficiente, Toga avançou sobre a morena, tentando começar uma série de golpes, mas todos eram desviados com destreza, até que Uraraka se cansou de apenas desviar e interceptou o último golpe, jogando a loira de cara no chão e a fazendo soltar a faca — que a morena chutou pra longe. A controladora da gravidade sorriu orgulhosa, segurando as mãos dela para trás e apoiando o pé nas costas. Não cometeria o mesmo erro de sentar em cima da garota e acabar sendo ferida novamente.

Porém, para a surpresa de Ochako, assim que seu pé fez peso nas costas da garota imobilizada, ela começou a se dissolver. A morena se afastou alguns passos, enquanto o corpo terminava de sumir na sua frente. Estalando a língua irritada, lembrou-se de que um dos vilões da Liga tinha a habilidade de criar clones. Indo em direção à sua amada pelúcia, ficou pensando que a única maneira de saber se era um clone ou real, seria nocauteando todos que visse pela frente.

Aproveitando que a distração foi suficiente, a loira que estava à espreita na moita se aproximou por trás, pegando a heroína desprevenida e permitindo que a real Toga colocasse uma faca no pescoço dela.

— Ora, ora, Ochako-chan. — A voz macabra em sua orelha fez a morena se arrepiar. — Enfim as amigas estão juntas novamente! Me diga, onde está All Might e o Izuku-kun?

— Nem se eu soubesse eu te diria.

— Muito bem... E que tal se nós nos divertirmos sem eles?

— Dificilmente — a morena respondeu com raiva. Tinha que pensar rápido em como se livrar daquilo.

— Ochako! — Elas foram interrompidas por uma voz conhecida, seguida de duas pessoas que apareceram à frente delas.

— Ah, amigas novas! — A loira soou animada, rindo alto. — Nós vamos poder nos divertir tanto!

Tinha que ser agora. A controladora da gravidade não poderia desperdiçar essa pequena chance da loira ter se distraído com Momo e Tooru. Sabia que era arriscado e poderia se machucar, mas algo pior poderia acontecer se nem ao menos tentasse. Juntando coragem e força, ela rapidamente pendeu um pouco a cabeça pra frente, voltando pra trás com tudo e acertando o rosto de Toga. A heroína conseguiu se soltar, porém, como havia previsto, a faca acabou lhe fazendo um pequeno corte no pescoço quando ela se jogou pro chão e a loira levou a mão ao rosto.

— Acho que agora isso nos torna melhores amigas, Ochako-chan! — Toga sorriu, tirando a mão do rosto.

Porém, ao olhar pra frente, a vilã percebeu que Momo e Tooru já estavam com barras de metal nas mãos, que a primeira havia produzido. Com um estalar de língua frustrado, ela pensou que talvez fosse melhor sair dali enquanto estava em uma certa vantagem: tinha um pouco de sangue para usar. Em saltos rápidos e ágeis, a loira fugiu dali como se fosse um gato.

— Ochako-chan! — A garota invisível correu em direção à amiga, que ainda estava de joelhos no chão, com a mão no pescoço. — Deixa a gente ver como está.

— Não parece profundo. — Momo observou. — Tooru, deite a Ochako. Eu vou fazer algumas gazes para estancar o sangramento.

A morena sentiu mãos invisíveis a ajudarem a se deitar, enquanto Momo produzia o que precisava. O ferimento ardia e, apesar de não ser tão fundo, ainda era um pouco perigoso, porém era melhor do que ficar parada esperando pelo que poderia acontecer... Um arrepio percorreu sua espinha só de imaginar qual seria o cenário se suas amigas não tivessem chegado bem a tempo. Retirou a mão do próprio pescoço, dando uma observada no sangue. Ao menos não parecia estar sangrando tanto quando estava imaginando.

 

xxx

 

Toga estava frustrada por ter perdido um dos seus alvos, mas recuperou sua animação assim que viu o outro. Andando sozinho pelo meio das árvores do parque estava Katsuki. A loira sabia que ele era um oponente difícil, mas ela tinha uma vantagem sobre ele. Sorrindo diabolicamente, ingeriu o sangue recém-coletado, logo tomando a forma da controladora da gravidade. A falsa Uraraka deu uma ajeitada nos cabelos e na roupa e saiu correndo, fingindo surpresa ao encontrar o garoto.

— Uraraka! — ele gritou ao vê-la. — Puta que pariu, onde você tava? — Sua voz estava impregnada de preocupação, o que só alimentava a teoria e o plano da loira.

— Ah, eu estava... pra lá. — Ela apontou pra um lado qualquer. — Acho que me perdi.

— Porra! Você não conseguiu encontrar ninguém, pra não ficar sozinha?

— É que eu quis te procurar.

— Sei... — Ele a olhou desconfiado. Como assim ela quis sair procurando por ele?

— Eu... precisava te encontrar — ela voltou a falar, se aproximando e mordendo o lábio inferior.

— Certo... — Alguma coisa não parecia certa, mas o loiro só ignorou. Talvez fosse o excesso de preocupação pelo bem-estar da morena. — Vamos continuar indo pra lá.

— Espera, vamos ficar aqui um pouco! — Ela balançou apenas uma das mãos, mantendo a outra escondida nas costas. O estado de alerta interno do loiro havia começado a apitar ainda mais alto.

— Pra quê?

— Para ficarmos juntos, oras! — Ela colocou a mão na cintura e respondeu como se fosse óbvio. — Eu sei que você gosta de mim!

— Quê? — Ele arregalou os olhos.

— E eu vim falar que eu gosto se você também. — Ela começou a se aproximar mais, sorrateira. Na mão escondida, levava uma faca que o loiro nem desconfiava existir. — Eu precisava te falar do meu amor por você!

Bakugou não negaria que aquilo era tudo o que ele sempre quis ouvir, mas estava estranho demais. Por mais que parecesse um sonho, talvez até fosse real e, no fundo, era o que ele desejava. O garoto sentiu o rosto esquentar e mordeu o lábio inferior, tentando esconder a própria vergonha. Não sabia explicar e não conseguia compreender, mas Uraraka estava o deixando com seu estado de alerta no máximo, mas ao mesmo tempo o deixava sem reação por estar se declarando assim.

— Eu amo você, Katsuki-kun! — Ela sorriu, mas não era um sorriso doce.

A falsa Uraraka pulou na direção dele com a faca em mãos, pronta para o cortar e tirar proveito de todo o sangue possível. Bakugou soltou explosões na direção da garota, atingindo o chão e a fazendo recuar com uma acrobacia perfeita. Bem que ele estava desconfiando da Uraraka ser imprudente ao ponto de sair por aí para procurá-lo, ainda mais pra dizer que gosta dele, bem agora que estavam sob ataque da Liga. Daí então ela o chamou de Katsuki? Eles têm se aproximado ultimamente, mas não achava que eles estavam tão íntimos. E, pra completar, esse sorriso. Poderia ser parecido com o da controladora da gravidade, mas jamais seria tão gentil e doce igual o dela.

— Eu vou perguntar uma vez só: cadê a Uraraka?

— Como? — Ela se fez de desentendida. — Eu estou bem aqui na sua frente!

O loiro estalou a língua de raiva, soltando uma explosão na direção da pessoa à sua frente. A falsa Uraraka desviou com mais um salto para trás, fechando a cara ao pousar no chão de volta. Ela bufou alto, claramente irritada e, quando voltou a falar, não se incomodou mais em se fingir de boazinha:

— Argh, que irritante! — ela resmungou. — Por que você não pode ser gentil como o Izuku-kun?

— Porque eu não sou a porra de um nerd maldito. — Estalos começaram a sair de suas mãos. — Eu vou explodir você inteira, sua maldita!

— E é por isso que a Ochako-chan ama o Izuku-kun, não você.

Katsuki não podia demonstrar, mas aquela pequena afirmação havia o pego de surpresa. Uraraka preferia o Deku do que ele. Isso era meio óbvio, ainda mais considerando que era do nerd idiota que ela sempre gostou e que foi por causa dele que ela foi pedir para treinar. Era por ele que ela sorria e com ele que ela sonhava. Katsuki era apenas um amigo. Mas o que havia o incomodado ainda mais, era o fato da pessoa à sua frente saber de tudo isso.

— Tsk, quem se importa com essa merda?

— Ah, eu sei que você se importa. Eu tenho observado vocês por um bom tempo, Katsuki-kun. Por isso eu sei que você ama a Ochako-chan, mas ela não te ama, porque ela prefere o Izuku-kun.

— Vai se foder, sua doida — ele rosnou.

— Oh! Eu conheço essa expressão... Coração partido, hun? — ela provocou. — Dói, não é? Você odeia como todos preferem o Izuku-kun. Você odeia como a Ochako-chan não percebe seus sentimentos, porque ela está ocupada demais amando outra pessoa.

— Você não sabe de nada — ele gritou. Tudo que mais queria era explodir logo aquela garota irritante, mas parecia que alguma coisa o impedia.

— Será? — Ela deu uma risadinha. — Bom, eu sei que o motivo de você não ter soltado a explosão diretamente em mim é o mesmo pelo qual você ainda não jogou outra: você não quer machucar esse precioso corpo. — Ela abriu os abraços e gargalhou.

O loiro sentiu a raiva crescer ainda mais dentro de si. Desde sempre, tudo o que ele mais temeu era ter seus sentimentos expostos e se tornar vulnerável, e agora era tudo o que estava acontecendo. Aquela garota doida sabia mais do que ele imaginava, sabia jogar com suas informações. Sim, porque, no fundo, o motivo dele ainda não ter a explodido em mil pedacinhos era por ainda estar com a forma da Uraraka. Por mais que ele soubesse que não era a garota verdadeira ali, algo dentro de si parecia o impedir de fazer qualquer mal àquele corpo.

— Não se preocupe... — ela começou, sussurrando a última parte. — O original talvez sobreviva.

Um calafrio percorreu o corpo de Bakugou. Talvez sobreviva... Ela havia... feito o que ele pensava? Ele esperava, do fundo do coração, que fosse apenas um blefe. As explosões começaram a sair de suas mãos, enquanto a raiva crescia dentro de si. Teria que ignorar o fato daquele corpo ser igual o da garota que gostava e o atacar. Ele nunca teve problemas com isso, por que justo agora começaria?

— Sua maldita! — Ele foi em direção à falsa Uraraka, deixando a raiva lhe dominar.

Toga jogou uma outra faca que estava escondida em um dos seus bolsos na direção do loiro, que a explodiu com uma força desnecessária. Estava cego de raiva e pretendia explodir aquela pessoa à sua frente, mesmo que isso significasse machucar uma cópia do corpo da Uraraka.

— Morre! — ele gritou.

Entretanto, quando faltava poucos passos para alcançá-la, ela caiu no chão desacordada. Parando e observando sem entender, o loiro logo viu que a verdadeira Uraraka estava parada atrás, acompanhada da rabo de cavalo e da menina invisível. Aparentemente, a morena havia dado um dos seus golpes marciais, fazendo a outra cair.

— Você tá bem? — ela perguntou.

Bakugou sentiu o chão se abrir e o engolir, de tanta vergonha. Dentro de si havia crescido um nervosismo enorme. Se a verdadeira Uraraka estava por ali, será que ela ouviu a conversa? E as outras duas também?! Mas mais importante: quanto da conversa elas escutaram? Sua cabeça já começou a criar mil e um cenários, em todos a morena dizia que ouviu tudo e que não gostava dele. Ou que preferia o nerd.

— Bakugou? — ela repetiu a pergunta, dando um passo na direção dele.

Foi então que o garoto a olhou melhor e percebeu que ela estava com um curativo no pescoço, e ele estava um pouco sujo de sangue ainda. Era isso que a doida tava falando? Uraraka havia realmente sido ferida?

— Eu que te pergunto! Que merda é essa?

— Ah, eu... Tá tudo bem. — Ela sorriu, colocando a mão no pescoço. — Toga conseguiu me prender e eu me machuquei quando escapei... Me responde você, agora.

— Lógico que eu tô! Por que não estaria, Cara Redonda?

— Não sei, só achei melhor checar. — Ela mordeu o lábio e desviou o olhar. Merda, ela com certeza havia escutado tudo.

— Nós precisamos fazer alguma coisa com ela — Tooru disse, parecendo estar apontando para o corpo desacordado.

— Não se preocupem, farei algemas bem resistentes. Me dêem um minuto. Tooru, veja se ela tem mais algum objeto cortante.

Bakugou e Uraraka apenas observavam enquanto as outras duas algemavam Toga. Os dois estavam absortos demais em seus próprios pensamentos para conseguir ajudar em alguma coisa naquele momento. Mal sabiam que estavam pensando na mesma coisa, com as palavras da loira ecoando na cabeça dos dois: “Você odeia como a Ochako-chan não percebe seus sentimentos, porque ela está ocupada demais amando outra pessoa.”

— E o que faremos com ela agora? — Uraraka perguntou, tentando encher sua cabeça com outra coisa.

— Temos que levá-la para a polícia — a garota invisível comentou. — Ouvimos sirenes antes de te encontrar.

— Também temos que continuar indo pra lá. — A morena apontou pro lado onde havia ocorrido a primeira explosão. — Vocês conseguem levá-la?

— Quê? Não! Ochako-chan, é perigoso!

— Nossos amigos ainda podem estar pra lá, Tooru-chan. Nós temos que ir ajudá-los. E se eles estiverem sozinhos, como eu estava?

— Os heróis já devem ter chegado também — Momo se manifestou.

— Tsk, foda-se. Eu tô indo pra lá — Bakugou disse e se virou, pronto pra começar a andar.

— Não!

— Desculpe, Tooru-chan… — Uraraka começou a andar pra trás, indo na direção do loiro. — Contamos com vocês! — E ela saiu em disparada para onde ele havia ido.

Uraraka conseguiu o alcançar e os dois correram lado a lado até chegarem no local da explosão, se escondendo atrás de um arbusto enquanto observavam qual era a situação. À frente dos dois estava All Might, sendo protegido por Deku, que encarava vários Shigarakis. Aparentemente, todos estavam bem espalhados pelo parque, pois não conseguiam ver mais ninguém por ali.

— Clones do Twice — o loiro cochichou e começou a observar ao redor. — Ele não deve estar longe.

— Se acabarmos com ele, os clones acabam, certo?

— Eu acho que sim.

— Então eu vou flutuar pra ter uma visão melhor lá de cima.

— Eles vão te ver flutuando e vão saber a nossa localização. Temos que explodir todos de uma vez.

Deku estava destruindo vários clones, mas parecia que eles nunca acabavam. Isso deu uma ideia ao loiro, que tratou de logo explicar à garota. Ela ficou um pouco na dúvida se daria certo e se era seguro, mas se Bakugou achava que sim, ela o faria.

A morena pegou no tornozelo do loiro com os cinco dedos, o fazendo levitar. Ainda o segurando, ela rodou com ele, pegando impulso e o jogando na direção dos clones. Quando ele estava quase lá, a morena liberou a gravidade zero e Bakugou começou a soltar explosões, aterrissando em cima de alguns clones e os destruindo com o impacto.

— Kacchan!

— Acaba logo com essas merdas!

Os dois garotos, por um momento, tiveram que deixar as pequenas diferenças de lado e começaram a desfazer todos os clones que viam pela frente, tudo em nome de deixar All Might à salvo, já que o antigo herói já não conseguia mais usar sua forma poderosa do One For All.

Uraraka estava observando, pensando para onde poderia ir, quando viu a sombra do Twice escondido atrás de uma árvore, pra trás de onde estavam os clones. Sorrindo confiante, ela começou a correr, pegando o impulso necessário. Quando estava próxima aos clones, a morena ativou a gravidade zero em si mesma, saltando por cima de onde estavam Bakugou e Deku. A hora que percebeu que a distância era suficiente, a morena liberou a gravidade, caindo com uma voadora onde antes estava o vilão, que acabou conseguindo desviar. Porém, todos sabem que a morena não desiste fácil, começando ali um embate contra o homem.

— Há, não passou nem perto! Quase me acertou! — ele gritou ao desviar de mais um golpe dela.

Mas Ochako estava preparada para tudo e já havia ativado sua individualidade em suas roupas, na tentativa de aumentar sua agilidade. Quando Twice desviou de mais um soco, ela rapidamente conseguiu lhe dar um chute na costela, o fazendo cambalear para trás. Com isso, ela pode desferir mais uma série de golpes que havia aprendido com Bakugou, nocauteando seu oponente. Assim, os clones finalmente cessaram, já que o vilão não podia mais ficar os fazendo seguidamente.

Bakugou, Deku, e até mesmo All Might, ficaram impressionados com a agilidade e movimentos de Uraraka. O loiro explosivo tentou disfarçar, mas sua expressão era de puro orgulho por sua aprendiz ter se saído tão bem. E o garoto de cabelos verdes a olhava com uma admiração que ele nunca havia percebido antes, constatando o que sempre foi bem óbvio: Uraraka era uma excelente heroína e sabia lutar muito bem.

— O que fazemos com ele agora? — ela perguntou, se aproximando deles. — Se a Momo estivesse aqui, até poderia fazer mais algemas...

— Posso explodir ele, caso acorde — Bakugou sugeriu, fazendo a morena o olhar com o cenho franzido.

— Ou podemos apenas o carregar até achar alguém?

Uraraka ativou sua individualidade no vilão, enquanto Deku o segurava pelo pulso, como se fosse uma grande bexiga. O quarteto deu uma rápida vasculhada pelo local e, constatando que não haviam outras pessoas próximas, começaram a andar em direção à entrada no parque. Se a polícia já estava ali, eles logo se encontrariam com ela ou quem sabe até mesmo com algum herói profissional. E foi o que aconteceu.

— Aizawa-sensei! — a morena gritou e acenou para o professor, que chegava junto com um grupo de policiais.

— Eu acho que nem preciso comentar sobre seu disfarce ridículo. — Aizawa, que havia acabado de se aproximar, falava com o ex-Símbolo da Paz.

Os vilões que estavam por ali conseguiram ser detidos, apesar de aparentemente alguns terem fugido. Isso fez com que todos redobrassem a atenção às viaturas, por receio de sofrerem um ataque para libertar os colegas. Enfim, tudo estava se encaminhando para o fim daquele conturbado festival, que acabou terminando antes da hora e ficando sem seus fogos de encerramento. Todos os alunos precisaram se retirar do local, indo em direção à entrada do parque, onde ainda dariam alguns depoimentos e depois seriam liberados para voltarem ao Heights Alliance, agora acompanhados pelo Aizawa. Todos estavam felizes por terem conseguido ajudar, pensando naquilo como uma amostra grátis de como era ser herói profissional. Ou quase todos.

Uraraka estava estranhamente quieta num canto, perto de uma viatura. Ela já havia dado seu depoimento e, talvez por isso, estava nervosa por relembrar tudo que havia acontecido. A morena não queria ser enxerida nem nada, óbvio que não, mas não pôde evitar ouvir a conversa que a vilã teve com o amigo. Ela só estava ali com Momo e Tooru esperando a hora certa de chegar por trás de Toga e lhe desferir um golpe para a deixar desacordada, mas o conteúdo da conversa começou a lhe interessar e distrair — também tinha certeza que as amigas estavam tão chocadas quanto ela.

— Ochako-chan! — a garota invisível a chamou, se aproximando. — Toma, eu peguei pra você. — Ela estendeu a pelúcia de estrela que carregava.

— Como você...?

— É a sua cara. E a gente viu você arrastando o Bakugou-kun por aí com isso na mão. — Ela piscou marota, sorrindo.

Uraraka sentiu o rosto ferver, mas tentou disfarçar sorrindo de volta e agradecendo. Tooru logo se retirou, sendo chamada para depor também, deixando a morena sozinha.

E agora, lá estava ela, tentando fingir que não ouviu nada, para o bem dela e de Bakugou. Olhou para o lado, o vendo não muito distante dali, conversando com o grupo de amigos enquanto Kaminari fazia drama e o agarrava. O garoto empurrou o outro, se desfazendo do agarrão e o xingando. Sua atenção desviou para onde a morena estava e os dois sentiram o rosto esquentar e desviaram o olhar. Ochako suspirou alto e encarou sua pelúcia novamente, mordendo o lábio. Sabia que o loiro era bem orgulhoso e tudo aquilo que ela ouviu com certeza havia ferido um pouco do seu orgulho. E era por isso que ela estava fazendo a desentendida, claro.

Apertando a pelúcia com força e enfiando o rosto nela, a morena obrigou-se a se convencer que era por isso.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado do capítulo! ♡♡

Nossa Deusa Ochako parece estar abrindo os olhinhos, hun? hihi

Eu tenho essa ideia da Toga de Ochako desde o começo. Aliás, foi dela que veio toda a fic. Porém, antes a ideia era a Ochako ser sequestrada e o Katsuki ir salvá-la e rolar esse diálogo aí. Mas aí eu parei e percebi que minha Ochako tava sofrendo demais já, tava na hora dela salvar o príncipe! HASIUEHASIUEHASE.

Inclusive, a cena da conversa entre Toga e Bakugou foi baseada em umas comics. A artista é @noaaa723, no twitter.

Comic original: https://twitter.com/noaaa723/status/971327415027777536

Traduções pro inglês:
1. https://br.pinterest.com/pin/303852306107397755/
2. https://br.pinterest.com/pin/79657487143988189/
3. https://br.pinterest.com/pin/303852306107397768/
4. https://br.pinterest.com/pin/79657487143988198/

Não tenho certeza se a ordem dos dois últimos está correta, mas é, HASIUEHSAIUEHSA.



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