Training days escrita por Nati Miles


Capítulo 14
Atividade




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A semana passou rápido e Bakugou havia se recuperado muito bem. Uraraka e Kirishima estavam prontos para impedi-lo de ir à aula na terça-feira, mas não foi necessário. Ele já havia voltado ao seu normal e os três acabaram indo juntos, com a morena e o ruivo conversando e o loiro fingindo que não estava interessado na conversa.

Quando a sexta finalmente chegou, Uraraka estava combinando com os amigos de saírem no sábado, afinal não conseguiram se ver durante a semana. Nas aulas não conseguia conversar com ninguém, no almoço o bakusquad a arrastava com eles e na saída ela nem os via direito, só chegava no dormitório e já saía treinar com Bakugou — e não seria diferente naquele dia. Por sorte, eles ainda se conversavam por mensagens no grupo e estavam combinando de sair juntos no dia seguinte.

E dessa vez nada atrapalharia Uraraka de sair com o Deku! E os outros, claro.

A morena rapidamente confirmou sua presença na saída em grupo, o que deixou os amigos contentes. Eles também sentiam falta de passar um tempo com a amiga. E então, quando o almoço acabou e eles voltaram para a sala, sua chance de passar um sábado entre amigos foi por água abaixo: uma atividade de história para ser entregue na segunda, feita com duplas sorteadas.

E, obviamente, sua dupla tinha que ser a mesma pessoa com a qual treina todos os dias.

Pois agora lá estava ela, perdendo sua tarde de sábado com seu grupo de amigos fazendo esse trabalho estúpido com o garoto explosivo. Pelo menos Bakugou era absurdamente bom em tudo e ela se dava até bem na matéria, mas nem isso os fez salvar o sábado.

Os dois estavam no quarto de Uraraka, pois o térreo estava tomado pelos colegas que estavam tentando fazer a atividade e pelos que estavam procrastinando enquanto assistiam TV e conversavam. Resumindo: bagunça demais pra espaço de menos. Bakugou não queria ir pra ala feminina e correr o risco de levar uma advertência ou até mesmo detenção, mas também não queria ficar no seu quarto e ter o Kirishima querendo ajuda ou copiar a atividade — afinal a dupla do ruivo era a amiga Mina, que também não era conhecida por ser boa em história ou gostar de fazer atividades teóricas.

Pensando em tudo isso, Uraraka nem precisou oferecer duas vezes para Bakugou aceitar realizarem a atividade em seu quarto. Eles só não contavam que demoraria tanto, mas nenhum dos dois queria perder um pedaço do domingo também, então só tentavam focar pra terminar ainda naquele dia.

A morena precisou descer e pegar um lanchinho às escondidas para os dois, pois já estava passando da hora de jantar. Em breve começaria o toque de recolher também, mas era uma questão de honra acabar logo com aquilo. E até que não estava sendo tão horrível assim passar o dia com o loiro explosivo... Ele se mostrava mais calmo, em alguns momentos. Uraraka jurava ter visto ele segurar um sorriso quando ela fez um comentário engraçado sobre as aulas.

— Certo, agora falta pouco. — Ela se espreguiçou, esticando as pernas na cama. Os dois já estavam doloridos por estarem no chão e tinham mudado de lugar há pouco tempo.

— Para de reclamar e foca logo nessa merda! — ele respondeu alto, fazendo a garota dar um sobressalto.

— Fala baixo! Eu acho que a Mina já está de volta e ela pode te ouvir! — Ochako sussurrou, fazendo sinal de silêncio.

— Que seja.

— Você acha que eles já terminaram ou vão continuar amanhã?

— Tsk, não que eu me importe, mas o Kirishima com certeza está enrolando pra passar mais tempo com a alien doida.

— Você acha? — A garota se empolgou e acabou falando mais alto, tendo como resposta o garoto fazendo sinal de silêncio para ela com um sorriso sarcástico. — Mina ficaria super feliz com isso!

— Só os dois são burros para não perceberem o óbvio. Os dois e o nerd idiota, claro. — Ele a encarou com um olhar bem sugestivo.

— Q-que?

— Não adianta bancar a desentendida que eu tô ligado do motivo de você querer tanto ajuda pra treinar e ficar forte. O que eu acho uma perda de tempo sem igual. Todo mundo já se ligou, menos ele.

— E-eu não... sei do que está falando. — Ela tentou desconversar, mas Bakugou arqueou a sobrancelha mostrando que não adiantava tentar mentir. — Tão na cara, não é?

— Pra caralho.

— E o que eu faço? Nem assim ele parece prestar atenção em mim! — Ela bufou frustrada.

— E eu tenho cara de conselheiro amoroso? — Bakugou se exaltou, e ela fez sinal de silêncio de novo.

— Não, eu sei que não. Mas... você é um garoto... — A expressão do loiro já era resposta suficiente: era óbvio que ele não sabia dessas coisas e mesmo que soubesse não falaria com ela sobre isso. — Ah, qual é! Custava nada... — Ela fez biquinho, tentando o convencer.

— Cacete, vai falar com o meio a meio e o presida!

— Acredite, eu já tentei. — Ela revirou os olhos e bufou, se lembrando de como havia falhado na conversa. — Todoroki-kun é fechadão, eu nem sei dizer quando ele está feliz ou triste, a expressão dele nunca muda. E o Iida é todo sério e certinho, ele surtou quando percebeu que era uma conversa sobre relacionamentos amorosos, porque tava achando que eu ia infringir as regras ou sei lá mais o que. O que é irônico, porque estou quebrando as regras agora e nem é com quem eu queria.

— Então fala com o Deku!

— Ah, claro, como não pensei nisso! ‘Oi, Deku, sei que somos melhores amigos mas tô apaixonada por você. O quê? Claro, claro, entendo que você tá focado em ser herói e não dá pra pensar nisso agora. Não, não se preocupe, tá tudo bem. Só vou pro meu quarto chorar a tarde toda, com licença.’

— Você ter pego meu sarcasmo é insuportável — Ele revirou os olhos e ela riu. — Mas tudo que eu vejo é você sendo medrosa pra caralho.

— Eu sei... Mas eu não quero acabar estragando a nossa amizade. Talvez seja melhor ficar na minha e continuar esperando que ele me note.

— Foda-se. — Ele deu de ombros e logo sorriu zombeteiro. — Mas ei, eu descobri um fato sobre você e agora você tem direito a saber um sobre mim! — Ele fingiu empolgação.

— Nossa, engraçadão você. — Ela revirou os olhos e riu.

A conversa descontraída foi interrompida por batidas na porta. Uraraka fez sinal de silêncio de novo e Bakugou quis bater nela, porque era óbvio que eles deveriam ficar em silêncio. Seja lá quem fosse, não poderia nem sonhar que ele estava ali até tão tarde. E tudo piorou quando ouviram a pessoa chamar do outro lado e reconheceram a voz.

— Ochako-chan?

— É a Mina! — a morena sussurrou, chacoalhando as mãos em desespero.

— Eu percebi, caralho! — ele sussurrou de volta.

— Você ainda está acordada? Queria conversar! — A alienígena bateu na porta novamente. — Se você não abrir, eu vou entrar!

Bakugou se desesperou e começou a olhar ao seu redor pensando pra qual lado poderia correr e se esconder. Não queria nem pensar o tumulto que viraria se a doida fofoqueira o visse ali. Ela pensaria tudo errado!

Uraraka não estava muito diferente. Os olhos da morena se arregalaram ainda mais. O que pensariam se vissem Bakugou aqui? Ela acabaria perdendo qualquer resquício de chance com o Deku! E foi então que seu cérebro teve uma ideia doida e eu corpo reagiu antes mesmo que pudesse pensar direito nas consequências de seus atos.

Ela se jogou pra cima do Bakugou, tampando a boca dele com a mão e puxando o cobertor pra cima dos dois. O loiro nem conseguiu reagir, só arregalou os olhos e a encarou sem entender nada.

— Não fala nada — ela sussurrou e ele revirou os olhos com a constatação óbvia.

E então ouviram a porta do quarto abrir.

Bakugou se assustou que a alienígena realmente abriu a porta, mesmo com a Uraraka sem responder. Ela devia imaginar que ela não respondeu porque estava dormindo, sei lá. Mas teria que brigar com a morena depois também. Por que caralhos não tinha trancado aquela merda?

Agora lá estava ele, com a amiga grudada em si. Ela havia destampando sua boca, mas agora o abraçava forte e respirava na sua bochecha. Suas pernas estavam praticamente entrelaçadas, pois seus corpos estavam bem unidos para que Mina não desconfiasse que havia duas pessoas ali embaixo.

O rosto de Bakugou fervia e tinha certeza de que estava vermelho, mas se convenceria de que era por conta do calor embaixo do cobertor. Seu coração estava acelerado, mas com certeza era pelo susto que Uraraka havia dado nele. Cara Redonda maldita, o pagaria por isso depois.

— Ei, Ochako! — a alienígena chamou mais uma vez. Aparentemente ela ainda estava na porta, pois nenhum dos dois ouviu barulho de passos.

Uraraka apertou ainda mais o abraço, como se sua vida dependesse disso e como se pudesse os fazer ficar mais discretos. Os dois continuaram unidos e em silêncio, pedindo aos deuses que ela saísse dali logo. Ouviram-na bufar alto e resmungar alguma coisa, e então a porta foi fechada.

Ochako olhou nos olhos de Bakugou pela primeira vez, só então parecendo se dar conta do que estava fazendo e do quão perto estava dele. Será que já estava quente assim antes? Ela culparia o cobertor também.

A morena disfarçou a vergonha com um sorriso sem graça e colocou um pedacinho do rosto pra fora, observando o quarto. Ok, a barra estava limpa. Ela sentou-se rapidamente, os descobrindo. Bakugou sentou-se em seguida, claramente desconcertado.

— Qual a porra do seu problema, Cara Redonda?

— Desculpa, eu não pensei!

— E, caralho, não sabe trancar uma porta não?

— Para de reclamar, deu tudo certo. Graças à mim, a Mina não te viu!

— Era suposto eu te agradecer por essa merda? — ele se indignou.

— Eu... Sei lá. Achei que seria melhor pra você se ninguém te visse, não é mesmo? — Ela coçou a nuca, claramente envergonhada.

Ok, isso ele teria que concordar. Mas não em voz alta. Bakugou desviou o olhar para a atividade que estava amassada, afinal Uraraka nem pensou e só se jogou em cima dele. Sem nem lhe pedir permissão ou avisar! Não que ele quisesse que ela pedisse permissão ou avisasse quando fosse se jogar em cima dele... Quer dizer, ele não queria ela se jogando em cima dele! Isso que ele quis pensar.

— Vamos... só terminar logo essa merda. — Ele tentou fingir que estava tudo certo, quando seu corpo ainda estava quente. O cobertor dela era realmente bom.

— Certo… Falta só mais essas duas questões. Deixa eu ver...

Os dois continuaram a atividade tentando ignorar o que havia acabado de acontecer e todas as reações que lhe foram causadas. Bakugou tentava ler o livro para responder a questão, mas quando se dava conta estava observando a morena pelo canto do olho, se xingava mentalmente e voltava a tentar ler.

Uraraka não estava tão diferente. Falava para si todos os palavrões que havia aprendido com Bakugou. Por que caralhos havia feito aquilo? Ok, os salvou de serem vistos pela amiga, mas poderia ter simplesmente o enfiado debaixo da cama. Agora estava se martirizando por ter deixado o clima no quarto esquisito. Se bem que não deveria estar esquisito, afinal eles eram apenas amigos. Mas Bakugou a olhava estranho e ela tinha certeza que ele a explodiria em mil pedacinhos, se pudesse.

E nesse clima, os dois finalmente conseguiram finalizar a atividade, fazendo com que um sentimento de alívio os tomasse.

— Finalmente! — Ela espreguiçou e sorriu.

Ele apenas assentiu com a cabeça e recolheu suas coisas. Estava exausto mentalmente.

— Como você vai voltar pro seu quarto, Bakugou-kun?

— Andando, ué — ele respondeu como se fosse óbvio.

— E se alguém te ver?

— Ninguém vai me ver.

— Certo... Então, boa noite! — Ela sorriu, tentando ser simpática. — Me avise que chegou com sucesso no seu quarto!

— Boa noite — ele respondeu de uma maneira menos simpática, mas respondeu.

Bakugou abriu a porta devagar para não fazer barulho e observou o corredor: a barra estava limpa. Saiu rápido, andando sem fazer barulho e foi em direção às escadas. Não poderia arriscar o elevador e sabia que todos eram preguiçosos demais para descer ou subir andando. Chegou com sucesso ao térreo e dali sim pôde pegar o elevador da ala masculina. Entrou no seu quarto rapidamente e o alívio tomou conta de si.

Pegou o celular e mandou mensagem para Uraraka, só para que não precisasse ficar ouvindo ela reclamando no dia seguinte que ele não tinha a avisado. Foi respondido no mesmo minuto com um "que bom" e um rostinho feliz. Jogou o celular em qualquer canto e foi se aprontar para dormir.

Do outro lado do prédio, Uraraka já havia se trocado e esperava ansiosa pela mensagem de Bakugou. Assim que recebeu já respondeu aliviada. Se ajeitou na cama e fechou os olhos para dormir, mas o sono parecia que iria demorar um pouco. Se sentia estranha. E, de alguma forma, feliz… Mas se convenceria de que era porque havia acabado a atividade e poderia ver se os amigos estavam disponíveis para sair no dia seguinte.

Sim, era só por isso.


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Notas finais do capítulo

Eu amei escrever esse capítulo, porque tava querendo encaixar essa cena faz tempo, mas achei que ficaria muito repentino se fosse antes. Aí consegui encaixar e ai… Me deu até alívio quando escrevi!

A ideia dos dois se esconderem debaixo da coberta foi tirada na maior cara de pau de Ikemen Sengoku, da rota do Masamune. Quando eu tava jogando e vi, achei muito Kacchako! E tava com essa ideia anotada faz meses! HAIUESHAIUAHA.



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