Elas escrita por Karina A de Souza


Capítulo 6
Capítulo 6


Notas iniciais do capítulo

Chegamos ao último capítulo. Obrigada à quem acompanhou até aqui ♥



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Houve um bombardeio naquela noite. Todas ficamos acordadas, sentadas em silêncio na cozinha, ouvindo as explosões não tão distantes. O abrigo estava fundo o suficiente no subsolo para nos proteger caso a área onde estávamos fosse atingida, mas havia pessoas vulneráveis lá em cima.

As bombas pararam de cair no dia seguinte, no dia 1.840 da Guerra de Stichford.

O Mestre fez uma transmissão ao vivo que foi uma mistura de gritaria, ameaças e imagens da destruição. Ele estava irado por que um grupo de mulheres tinha ido lá e libertado seus futuros soldados, escravos e mortos.

—Ele vai fazer de novo. -Avisei. -E pior. Já o vi matar por menos.

—Então acho que chegou a hora de agirmos. -Missy declarou.

—Não podemos. -Lucy disse. -Stefflon não está recuperada...

—Missy tem razão. -Interrompi. -Temos que agir ou aquele maníaco vai destruir Stichford inteira até nos encontrar. Fazemos algo agora ou... Não fazemos.

—Somos só cinco. Ele tem um exército. Nós não... Não...

—Eu sei, fica pior cada vez mais, quando o momento se aproxima. Mas só nós podemos fazer alguma coisa. Não tem ninguém nesse país que... Está pronto para lutar. As pessoas estão com medo. Todos os que se ergueram contra o Mestre estão mortos. Antes, havia só eu. Agora somos cinco.

—Achei que antes de realmente fazermos isso, esse número aumentaria.

—Não vai aumentar, Lucy. Somos só nós.

—Vamos falar sobre o plano. -A Doutora disse. -E depois nos preparar. Amanhã de manhã... Amanhã de manhã nós atacaremos o castelo. Todas de acordo?-Assenti, tendo o gesto repetido por Martha e Missy, e finalmente por uma Lucy relutante e um pouco assustada. -Ótimo. Bem... Eu tenho pensado muito em como vamos fazer isso e...

***

—Steff, você está acordada?-Me virei de lado na cama, ajeitando o travesseiro. O sussurro tinha vindo da cama de baixo.

—Sim, Lucy. Estou.

—É amanhã mesmo, não é? Nós vamos fazer isso... Vamos destronar o Mestre.

—Vamos, sim. Mas você não...

—Eu quero ir junto.

—O que?

—Eu quero ir com vocês. Me dê qualquer tarefa, mas me deixe ir.

—É perigoso. Vai ter tiros, e... Correria, alguém pode se machucar...

—Eu preciso ir, Stefflon. Não vou ficar aqui escondida enquanto vocês fazem tudo. Vim ajudar a acabar com o Mestre e é o que vou fazer. Por favor, me deixe ir.

—Acho que você vai de qualquer jeito. Tudo bem... Mas vai ficar perto de mim o tempo todo e fazer o que eu disser.

—Certo.

—E não vai se arriscar.

—Não vou.

—E não vai levar uma arma.

—Stefflon...

—É assim ou fica na base. -Passou alguns segundos em silêncio.

—Sem armas.

—Perfeito. Agora é melhor a gente descansar. Faltam cinco horas para o amanhecer... Então as coisas vão ficar agitadas... E nossas vidas podem mudar para sempre. -Suspirei. -Boa noite, Lucy.
—Boa noite, Steff.

***

Dia 1.841 da Guerra de Stichford.

A manhã seguinte seguiu fria e silenciosa. O café da manhã foi rápido e sem gosto. Era como imaginamos que dias de funerais devem ser. Um belo e animado dia seria um desperdício.

Um dos meus antigos colegas era Vincenzo Fontana, um italiano imigrante que morava há sete anos em Stichford quando a guerra começou. Em dias assim, dias em que ele pegava uma arma e saía para a batalha que precisava enfrentar, era possível ouvir Bella Ciao por toda a base.

“Cantamos isso para espantar os fascistas", ele disse uma vez. “Cantamos e então chutamos os traseiros deles. Não sei vocês, mas quero cantar isso na cara do Mestre e jogá-lo pra fora do meu país".

Vincenzo tinha morrido, assim como todos os outros, mas sua vida não seria esquecida por mim, nem sua péssima cantoria e suas piadas horríveis. Ele tinha sido um irmão e lutou pela liberdade de Stichford. Esquece-lo, assim como à todos os outros, era uma falta de respeito sem igual.

Una mattina mi son' svegliato...—Murmurei, colocando o coldre.

Todos vocês, companheiros... Saibam que não me esquecerei.

O Mestre podia achar que estava ganhando... Mas eu não ia me permitir cair antes de vê-lo tombar primeiro.

O bella ciao, bella ciao, bella ciao, ciao, ciao...

Foi ainda cantando a música que terminei de me arrumar. Em menos de uma hora íamos partir para o que podia ser uma vitória... Ou nossas mortes.

—Eu acho que estou pronta. -Lucy disse, parada na porta. Vestia jeans e camiseta. Sorri.

—Falta alguma coisa aí. Vem cá. -Fechou a porta e se aproximou. Peguei um dos coletes. -Hoje vai ser perigoso e decisivo. Pense a pior coisa que pode acontecer e saiba que ela pode acontecer... Ou ficar bem pior do que imaginar.

—Está tentando me assustar?

—Não. -Passei o colete por cima a cabeça dela e comecei a fechar nas laterais. -Estou dizendo como vai ser. Eu sei que quando levei aquele tiro você se assustou... Alguém pode ser baleado hoje. Eu, você, qualquer uma das outras...

—Eu sei. Mal dormi pensando nisso. Não vou entrar em pânico.

—Ótimo. -Me afastei um pouco. -Não queria te dizer isso, mas se surtar enquanto estivermos lá isso pode prejudicar todas nós.

—Não vai acontecer. Eu juro.

—Certo. -Entreguei um comunicador pra ela. -É só apertar quando quiser falar. Estaremos todas conectadas e... Acho que é isso. Estamos prontas.

Encontramos as outras na sala central, pareciam prontas também. Paramos um momento, em uma roda, tensas e talvez um pouco esperançosas.

—Por Stichford e pela liberdade. -A Doutora disse, estendendo a mão. Colocamos as nossas em cima da dela.

O momento tinha chegado.

***

O grupo se separou ao entrar no Castelo Vermelho, os objetivos bem claros. Segui com Lucy atrás de mim, usando minha memória para chegar à sala do trono.

As balas na minha arma não matariam, mas derrubariam, e eu não podia garantir que não ia doer. No fundo, pouco importava. O único que merecia morrer de verdade era o Mestre. Era bom ele não cruzar meu caminho primeiro.

Cada soldado que aparecia era rapidamente atingido e ia para o chão. Fiz meu caminho com cuidado, passando instruções para Lucy.

Não havia nenhum alarme tocando, então imaginei que ainda não tinham notado nosso grupo. Até que notaram.

—Abaixa! Abaixa!-Gritei, empurrando Lucy de volta para trás. Balas voaram, atingindo a parede onde estava encostada.

—Acho que são dois...

—Eu também, continue aí e veja se não tem ninguém se esgueirando pelo outro lado.

—Não devíamos pedir reforço?

—Não. Ainda não.

Os tiros pararam, eu tinha só alguns segundos antes dos soldados recarregarem e voltarem a atirar.

Me joguei para o outro corredor, pegando os dois de surpresa e disparando. Um caiu de primeira, o outro foi salvo pelo colete. Ele ergueu a arma, já carregada, mas consegui atirar primeiro.

—Vem, vem, vem!-Gritei. Lucy correu e passou por mim. -Estamos quase lá. -Voltamos a andar.

—O que acontece se o Mestre estiver na sala do trono?

—Nós o rendemos. -Era essa a instrução da Doutora. Se dependesse de mim eu atirava nele até ter certeza de que tinha o matado.

Atingi mais três soldados que estavam de bobeira e continuei. Pronto. Estávamos no nosso objetivo. A questão era se íamos render alguém ou não.

—Preciso que abra pra mim. -Avisei, me posicionando na frente da porta.

—O que?

—Se ele estiver onde acho que está... Posso atingi-lo de primeira. Só um tiro e acabou.

—Mas...

—Ele só vai levar um choque. -Assentiu. -Empurre as portas e se afaste o mais rápido possível. Recue e fique abaixada. Se tiver soldados aí dentro vai haver um tiroteio. Se eu cair, você corre, se esconde e avisa as outras. Entendeu?

—Entendi.

—Vai.

Lucy respirou fundo e empurrou as portas com força. Elas abriram revelando uma sala vazia. Entrei com cuidado, vendo os cantos.

—Não tem ninguém. -Meu fone chiou e logo uma voz agitada veio dele.

—Steff?-Martha chamou.

—Pode falar.

—Precisamos de uma ajudinha aqui fora, as coisas estão feias.

—Estou indo. -Virei para Lucy, tirando a pistola do meu coldre. -Vou ajudar as outras. Você fica aqui e pega isso.

—Você disse...

—Eu sei. Mas precisa ter algo pra se defender se precisar. -Coloquei a arma na mão dela. -São balas de verdade, não de choque. Só aponta pro seu alvo e segura sempre com as duas mãos. Eu volto o mais rápido possível. -Assentiu.

—Toma cuidado.

—Você também. -Comecei a me afastar. -Me avisa pelo fone se precisar de algo!

—Pode deixar!

***

Martha e Missy estavam do outro lado do castelo, lidando com uma pequena massa de soldados que parecia se recusar a cair. Me juntei a elas usando algumas muretas como proteção e fazendo parte do caos.

—Eles parecem se multiplicar. -Missy reclamou, apontando a chave de fenda sônica na direção de seus alvos.

—Por que estão concentrados aqui? Não faz sentido...

—Não precisa fazer, só atira neles.

—Tenho algo melhor. Um presentinho de Vincenzo Fontana. -Larguei a arma e puxei uma granada que estava num dos bolsos do colete.

—A Doutora não quer feridos. -Martha disse, agarrando meu pulso.

—Não tem pólvora, é uma granada de choque. -Me soltou.

—Então acaba com eles.

—Essa é por você, italiano.

Puxei o pino e lancei a granada. Os soldados se contorceram e caíram, inconscientes, deixando poucos companheiros intactos para trás.

—Agora sim!-Missy exclamou. -Faltam vocês, meninos!

Meu fone chiou e a voz de Lucy me pegou de surpresa, mas nem tanto.

—Preciso de ajuda!-Gritou, então tudo ficou quieto.

—Lucy?-Chamei. -Lucy? Merda. Eu já volto!-Peguei a arma e comecei a correr.

Eu sabia. Sabia que deixá-la sozinha era perigoso, mas levá-la para o meio de um tiroteio não era uma ideia melhor.

Cheguei na sala do trono um pouco sem fôlego e pronta para atirar nos soldados que tinham rendido Lucy, mas o que estava acontecendo era um cenário que eu não tinha imaginado.

Com as mãos pra cima, Lucy tinha uma arma apontada para sua cabeça... Pelo Mestre.

—Ah, a agente da resistência! Estava me perguntando onde você estava.

—Bem aqui, feliz agora?

—Solta a arma.

—Depois de você. -Ele riu

—Não é uma negociação. -Assenti.

—Okay. -Deixei a arma no chão e a chutei para longe de mim. -Melhor?

—Sim. Agora...

—Não, eu primeiro. É muito fácil, né? Apontar uma arma pra alguém que não pode se defender. Eu sei que esse é seu tipo de violência. Prefere machucar quem não tem chance. Por que dessa vez não pega alguém que pode se defender?-Tirei o colete e o joguei no chão.

—O que está dizendo?-Ergui os punhos.

—Cai dentro.

—O que?-Riu de novo.

—Sabe de onde eu sou? Sabe quem me criou? Não sou uma riquinha da parte boa da cidade. Aprendi a bater enquanto ainda estava na escola. Então cai dentro. Encontrou alguém pra te bater de volta, valentão.

—Você só pode estar brincando.

—Não estou. Se está com medo é só falar. Vocês valentões preferem os fracos e arregam na frente de alguém que peita vocês. Cai dentro ou pula fora, covarde.

—Do que me chamou?-Empurrou Lucy para o lado.

—Covarde. Larga a arma e vem de mãos vazias. O que? Sabe que vai perder, não é?

—Pra você?

—Cai dentro, velhote. -Ele largou a arma. Eu sabia... Aperte o ponto certo e todos caem na mais estúpida armadilha.

Dei alguns passos para trás, fazendo-o ir para longe da arma, o que o atrasaria caso ele tentasse pegá-la de volta para atirar em mim.

E soa o gongo, lutadores preparados... Vai!

Talvez eu tenha exagerado um pouco no meu currículo como lutadora e estava me sentindo cansada. Costumava brigar na saída da escola, e não contra homens alienígenas adultos. Mas tinha conseguido tirar a arma das mãos do Mestre, o que valia à pena...

O punho dele acertou meu rosto, empurrando minha cabeça para trás e fazendo sangue escorrer do meu nariz. Me afastei.

—Okay... Essa foi boa. -Brinquei. Porra, aquilo doeu. -Mas ainda estou de pé, vai ter que fazer melhor que isso.

—Aceito uma rendição. -Ri.

—Não. Eu nunca me rendo.

—Vai mudar de ideia... Ou morrer antes.

Pronto. Outro soco. Dessa vez eu cambaleei, mas me impulsionei para frente, mirando meu joelho no estômago de Mestre. Estávamos mais ou menos quietes.

—Mandei bem, fala a verdade. -Cuspi sangue no chão. -Eu ainda sou boa.

—Coloca muita fé em si mesma. -Dei de ombros.

—Eu não entrei na Resistência sem fé.

—E olha aonde isso te trouxe. -Pulei para trás quando ele atacou. -Direto para sua morte.

—Se quer mesmo me matar, vai ter que se esforçar mais...

Eu não devia ter dito isso, por que segundos depois estava no chão. Tentei me levantar rápido, mas o Mestre agarrou meu pescoço.

—O que dizia?

—Solta ela!-Lucy gritou. Olhamos na direção dela. Garota esperta. Tinha pegado a arma e parecia pronta para atirar. O Mestre me empurrou e ajeitou a postura.

—Nós já passamos por isso antes, querida. Por que não solta a arma e...

—Mãos para cima e não se aproxime! Eu atirei antes, por que não atiraria agora?

—Ela tem um ponto. -Provoquei.

—Cala a boca!-Gritou. -Lucy, não vamos repetir o mesmo erro, certo?

—Não foi um erro. -Retrucou.

—Você sabe que eu não vou morrer. Se não quiser se juntar às suas amigas numa forca, é melhor abaixar a arma.

—Não se aproxime. É meu último aviso.

—Lucy...

E ela atirou.

Não acertou nada importante como cabeça ou coração, mas o fez parar, sangue escorrendo do ombro, e com certeza tinha doído.

Fiquei de pé.

—Não é que ela atirou mesmo?-Zombei, pegando um par de algemas no colete. -Devia ter escutado.

—Você...

—Tenho você na mira e mais balas. -Lucy avisou.

—Ouviu bem, não é?-Perguntei, prendendo os pulsos dele para trás das costas. -Ah. Mais uma coisinha... -Fechei o punho e acertei o rosto dele com força, fazendo-o cair.

—Batendo em alguém que não pode se defender. -Disse. -Achei que isso era coisa de valentão.

—Você fez coisa muito pior, filho da puta. Agora cala a boca. -Apertei o comunicador. -Pegamos o Mestre. Está ferido, rendido e patético aqui no chão. Estamos na sala do trono. -Desliguei.

—Você está bem?-Lucy perguntou. Me aproximei dela.

—Estou ótima. Nós conseguimos, Lucy. Salvamos Stichford.

***

A queda do Mestre foi a anunciada pelos quatro cantos de Stichford. Em menos de uma hora as ruas estavam lotadas, as pessoas estavam saindo e comemorando, os soldados restantes entregavam suas armas. Os prisioneiros que a Doutora encontrou nas masmorras foram libertados e saíram mais que apressados para longe do castelo.

Meus pais não estavam entre eles.

Lá no fundo eu sabia que não estavam vivos. Sabia que jamais os veria de novo. Minha mãe nunca quis que eu fosse da resistência, mas quis acreditar que ela estaria orgulhosa.

—O que vai fazer agora?-Martha perguntou, enquanto nos despedíamos perto da TARDIS. A Doutora se prontificou em levar todas para casa e colocar o Mestre preso em algum canto.

—Bem... Stichford vai levar um tempo até voltar ao normal. Vou fazer o possível pra ajudar. Talvez consiga um monumento legal pros resistentes.

—É uma boa ideia. Sugiro derrubar os do Mestre.

—Isso já está sendo arranjado. -Uma das estátuas foi pro chão, as pessoas gritaram, felizes.

—Boa sorte com a nova era. E caso se meterem com outro ditador, não hesite em me chamar.

—Com toda certeza. -Me abraçou e se afastou.

—Vou tirar férias num lugar exótico, só me chame se for muito necessário. -Missy avisou. -Mas pode me procurar se sentir saudade.

—Ah, não vai aconteceu. -Riu.

—É bom não apostar.

 

—Não vou. -A Doutora se aproximou.

—Qualquer coisa, você tem meu número. Se ele voltar... O que eu espero que não aconteça e acho que não vai... Sabe o que fazer. -Assenti. Ela olhou em volta, então coçou a cabeça. -Ah, lembrei que eu preciso fazer uma coisinha na TARDIS... -Puxou Martha Missy pelos braços. -Vocês podem me ajudar já que se despediram da Steff. Lucy, te esperamos lá dentro.

—Que diabos já foi isso?-Perguntei, vendo as três sumirem dentro da caixa azul.

—Eu não faço ideia. -Lucy respondeu. -Bem... Parece que é isso. Foi... Legal, estar aqui e... Tudo mais. Obrigada pelas coisas que disse e... Por acreditar em mim. -Sorri.

—Não precisa agradecer. E aí... De volta pra corte inglesa então?

—É... A princesa deve estar surtando sem mim. Você... Pode ir me visitar, se... Quiser, é claro. Fica só há alguns séculos de distância. -Rimos.

—Com certeza eu vou. -Por alguns segundos ela parecia indecisa, estendendo a mão como se fosse me cumprimentar e recolhendo o braço, e no fim acabou me abraçando.

—Vou sentir sua falta.

—Vou sentir a sua também. E do seu ótimo café. -Riu, se afastando.

—Até mais, Stefflon Rogers.

—Até mais, Lucy Cole. -Ela sorriu e de virou, entrando na TARDIS.

Suspirei e comecei a me afastar. Ia sentir falta do grupo todo, e de como éramos estranhamente unidas, mesmo com algumas briguinhas e desafetos.

E tinha Lucy. Eu não esperava me tornar tão próxima dela. Quando ouvi sobre a ex mulher do Mestre que surtou e atirou nele, pensei em uma aliada, e apenas isso. Mas... Porra, eu ia sentir falta dela. Há muito tempo eu não era tão próxima de uma pessoa. E agora ela ia embora. Acho que essa era minha vida, ver todos que eu amo partir...

Opa, eu disse isso mesmo? Eu estava apaixonada por Lucy Cole? É... Parece que sim, não vou ficar negando, isso nunca serve pra alguma coisa.

O que me restava agora era ajudar meu país voltar ao normal e... Me apaixonar por alguém do meu tempo.

—Espera! Espera!-Franzi a testa e me virei, tendo um dèjá-vú, mas dessa vez não estava na corte inglesa e Lucy não usava um vestido de época.

—O que você tá... A TARDIS acabou de...

—Eu sei, eu sei. -Parou na minha frente. -Mas eu não quero ir, não quero voltar pra rotina de uma criada e não ter escolhas. Quero ficar aqui... Com você.

—Lucy, não é seguro, se o Mestre voltar...

—Eu não ligo. Já vencemos ele antes. Você me ensinou tanta coisa e me ajudou a acreditar em mim mesma... Ninguém nunca fez isso por mim antes. Quero ficar, ajudar Stichford a voltar a ser o que era, e...

—E...?-Hesitou.

—Eu gosto de você, Steff. Não disse nada por que não sei se... -Ri. -O que? Devia ter ficado de boca fechada.

—Lucy Cole, eu estava agora mesmo pensando o quão idiota fui por me apaixonar por alguém que sequer é do meu tempo.

—Você...?

—Achei que tinha reparado que meu lance não é homens.

—Não.

—Lucy, eu sou super lésbica.

—É... Eu não... Sério, não notei. -Ri de novo, a risada tomando conta de mim e contagiando Lucy.

—Então... Você vai ficar?-Perguntei, conseguindo parar de rir finalmente.

—Eu posso?

—Com certeza pode. -Sorri. -Eu posso te beijar?

—O que?

—Quando escreverem nos livros de história sobre como um grupo de cinco mulheres derrotaram o Mestre, quero que fique claro que havia uma super lésbica apaixonada no meio delas.

—Entendi. -Assentiu.

—E aí?

—Vou pensar no seu caso e...

—Ah, qual é...

E no segundo seguinte ela me puxou pela frente da blusa e me beijou, enquanto à nossa volta o mundo voltava ao normal e canções sobre liberdade eram entoadas.

E assim eu soube... Tudo ficaria bem.

...Tuttle le genti che passeranno

Mi diranno: Che bel fior...

Dia 1 da Libertação de Stichford


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Notas finais do capítulo

E FIM! Bella Ciao voltou a aparecer, nossa canção tema da fanfic.
É isso, acho que não tenho muito o que dizer.
Final feliz, shipp unido, Mestre tomou no...
Enfim, acho que é isso, acabamos por aqui.
Até mais, meu povo! ♥



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