Rhaegar e Lyanna: Paixão de Inverno escrita por HellSnt


Capítulo 3
O cavaleiro da Árvore que Ri




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Rownland Reed

281 d.C

Apesar da oferta dos irmãos Stark ontem a noite a respeito de um confronto com meus agressores, temia que só fizesse de mim mesmo um tolo e envergonhasse o nome de minha pequena Casa. Nossos povos sentam-se em barcos mais frequentemente do que em cavalos. Nossas mãos são feitas para remos, não para lanças. Honestamente não acreditava que seria um guerreiro decente em um combate.

A gentileza e cortesia dos Starks era maior do que eu poderia esperar. Além do banquete, das roupas emprestadas e de ser defendido por Lyanna, Eddard ofereceu a mim um lugar em sua barraca ontem a noite. É provavelmente bobo de minha parte, mas me sentei na margem do rio e fiz uma oração aos Deuses Antigos. Primeiro, agradeci pela hospitalidade e maneiras de meu soberano Rickard Stark, pedindo benção dos deuses a sua família e descendência. Então, pedi por vingança. Que os deuses punissem os escudeiros que não fui capaz de ferir com minhas próprias mãos.

O motivo pelo qual estou me lembrando disso é devido ao fato dos três terem duelado hoje. Todos os malditos escudeiros ganharam de seus oponentes, cavando seus lugares em meio aos campeões. Já é final da tarde e a cada duelo me sinto mais injustiçado. Além disso, agora está perto do final das lutas e o primeiro dos babacas que me espancou vai lutar com um cavaleiro misterioso que apareceu nas listas.

Não tem bem um nome. É só um cavaleiro de baixa patente provavelmente, pois é baixo e tem uma armadura mal ajustada com remendos de peças diferentes. Pobre garoto, mal tem dinheiro para comprar uma armadura. Seu escudo é um tanto curioso, pintado com a árvore coração dos Deuses Antigos. Um represeiro branco com um rosto vermelho sorrindo.

Tenho que admitir, entretanto, que o pequeno pobre tem força em seus braços. Ao mergulhar sua lança diante do Rei, também alçou lugar entre os campeões, ganhando todas as justas anteriores. Agora, todavia, se atreveu a desafiar três dos campeões. Seria coincidência ou um enviado dos deuses? É difícil dizer, mas o fato é que o guerreiro misterioso desafiou aqueles três escudeiros que me bateram ontem à tarde.

Mais estranho ainda é saber que ele derrotou a todos os três. Estou chocado até agora e feliz, bem... alegre talvez. Felicidade não é uma palavra muito comum em Westeros. Seu cavalo marrom ainda relincha na arena e o povo aplaude o Cavaleiro. Acho que ninguém está muito interessado em sua identidade, desde que se mantenha a festividade.

Lyanna Stark

Ao ver os jovens escudeiros caídos no chão tentando recuperar suas armaduras, decido que é hora de fazer uma exigência após minha vitória.

— Ensinem aos seus escudeiros honra. Esse será o resgate suficiente – digo olhando diretamente aos cavaleiros a quem os jovens servem. Tenho o cuidado de manter meu elmo abaixado para que ninguém consiga ver meu rosto. Além disso, o metal faz minha voz soar abafada e retumbante. Em tom alto e grave.

Antes que ocorra certa aglomeração ao meu redor, entretanto, ou antes que volte a falar e exponha minha verdadeira voz, me vejo galopar para longe. A verdade é que nunca entendi o motivo pelo qual os homens podiam usar espadas e arcos enquanto as mulheres eram confinadas em suas casas para aprender como costurar e cantar. Achava aborrecido todos os meus deveres como castelã e lady, mas amava galopar. Sempre que tinha tempo, fugia da supervisão de meu pai ou de minha ama de leite e ia diretamente até os estábulos. Então, em cima de um cavalo e correndo para longe, eu finalmente me sentia livre. Finalmente sentia que era eu ali porque era o que eu gostava de fazer. Era como eu me sentia bem.

Ao chegar nos estábulos, me apresso para me desfazer da armadura e colocar o vestido que escondi debaixo de um monte de feno. Em breve deveria voltar ao castelo e me arrumar com um belo vestido para participar das festividades. Meu pai não aceitaria bem o que acabei de fazer. Por anos, ele sequer me deixava segurar uma espada e só me deixou andar a cavalo após muita insistência. A maior parte da minha prática com uma lâmina se deve ao meu irmão Brandon, que costumava praticar comigo as escondidas.

— Viu um cavaleiro passar por aqui? – questiona uma voz masculina tão logo ajeito meu vestido. Minha mente se prepara para uma resposta malcriada, porém ao erguer meu olhar... Estou apenas surpresa demais para dizer algo elaborado ou inteligente. Rhaegar Targaryen está ali.

— Hm... não acho que tenha visto algum – digo sentindo minha garganta subitamente seca, mas tentando mentir ainda assim

— Sério? – questiona e eu noto que sua voz tem um certo tom rouco e baixo. Não é como se estivesse tentando forçar a voz, ela é apenas atraente como ele. O homem de cabelos brancos e escorridos até a altura dos ombros desvia os olhos roxos para um ponto no chão – Então o cavaleiro deixou sua armadura em seu cuidado? – questiona e ao desviar meu olhar até onde ele encara, vejo o escudo pintado apoiado perto de uma estrutura de madeira que faz a divisória do estábulo.

Corro apressada para escondê-lo junto ao resto dos itens quando subitamente percebo a burrada que fiz. Meu olhar volta ao princípe que apenas me encara e eu penso numa boa desculpa para dar, mas logo a verdade parece mais simples de explicar

— Olhe...podemos apenas fingir que isso nunca aconteceu? Que não veio aqui e que não escondi a armadura?

— Acho difícil esquecer, milady – afirma em tom calmo, mas noto a sombra de um sorriso em seu rosto. Seu tom é agradável e ele continua com os braços firmes na direção das costas. Ele é educado e há algo em sua postura ou em seu rosto que me dizem que ele é confiável. Alguém que seria fácil fazer amizade.

— Posso saber a razão pela qual veio até aqui falar com o cavaleiro? – questiono em tom leve, mas logo me questiono se disse algo errado pois seu rosto assume certo ar de seriedade

— Vim aqui para alertar tal cavaleiro

— A respeito?

— Meu pai acredita que é um traidor

— E ele tem alguma suspeita da identidade deste cavaleiro?

— Tem pensado que quem empunha a espada é sir Jaime Lannister

— Pelo que sei, os cavaleiros partem para a Fortaleza Vermelha após se juntarem a Guarda Real

— E assim ocorre – declara breve – Como todos provavelmente perceberam, o rei não está... – começa e logo desvia o olhar para algum ponto na parede com um franzir da testa – Apenas tenha cuidado – completa antes de voltar as íris de cor incomum para mim – Espero que pela manhã, o Cavalheiro da Árvore que Ri tenha desaparecido

— Será feito segundo sua vontade, Vossa Graça – digo com um cumprimento e decido que é melhor me afastar dali. Meu rosto estava um pouco quente porque passei tempo demais o encarando. Eu estava atenta demais a ele, a seu corpo e a sua voz. Em meus pensamentos pensava no contraste de seu cabelo branco com as roupas escuras que ele usava. Não devia ter ideias erradas. Ele é fodidamente casado e mais velho.   

— Não vá por ai! – ordena me fazendo parar

— Por que não?

— Meus guardas estão esperando do lado de fora – explica e eu me sinto estúpida pela segunda vez no mesmo dia

— Não tem outra saída

— Então espere até eu ter ido embora e saia depois disso – explica em tom pausado como se eu fosse criança e isso me irrita. Começo a achar que a imagem inicial era mentira, uma ilusão criada por minha mente que mascara a faceta arrogante de um princípe.

O rei ficou furioso. Na sua loucura, suspeitava haver um traidor entre os seus homens.

Talvez o recém-feito cavaleiro sir Jaime Lannister, a quem ele já tinha enviado de volta para a Fortaleza Vermelha.

Naquela noite, o Rei pediu para lorde Robert Baratheon se inscrevesse nas listas e desmascarasse o cavaleiro misterioso, declarando que não era seu amigo.

Na manhã seguinte, quando os arautos sopravam suas trombetas, e o rei sentou-se, o Cavaleiro da Árvore que Ri tinha desaparecido.

Tudo que encontraram foi seu escudo pintado, abandonado em uma árvore.


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