Lyanna Stark

Conforme o prometido, Rhaegar havia voltado a Porto Real no último dia do torneio (logo ao amanhecer). Assim, ao entardecer daquele último dia, tudo que havia recebido dele havia sido uma mensagem em que deixava claro onde e quando deveriam se casar. Parecia um sonho impossível, exceto que agora era tão real que Lyanna temia estar sonhando.

Em meio as planícies silenciosas, tenho apenas o príncipe ao meu lado. Sua mão está envolvendo a minha e eu o encaro por um momento, logo sorrindo. Estamos em frente ao Alto Septão e apenas alguns cavaleiros do príncipe presenciam este momento. O septão amarra um nó após passar uma fita em torno de nossas mãos unidas.

— Declaro que Lyanna da Casa Stark e Rhaegar da Casa Targaryen são um só coração, uma carne, uma alma. Maldito quem se interpuser entre eles! Sob o olhar dos Sete, tenho a honra de unir estas duas almas, tornando-as uma pela eternidade – diz o velho senhor ao desfazer o nó – Olhem um para o outro e digam as palavras

— Pai, Ferreiro, Guerreiro, Mãe, Donzela, Velha, Estranho – dizemos juntos

— Eu sou dele e ele é meu, deste dia até o fim dos meus dias – afirmo e acabo sorrindo novamente, sentindo meus olhos lacrimejando. Nunca estive tão feliz em minha vida.

— Com este beijo, prometo meu amor – afirma ele e após tocar meu rosto com ternura, se aproxima de mim e junta seus lábios aos meus num carinho pequeno. Em seguida, beija minha testa e eu escuto alguns aplausos escassos dos cavaleiros ali presentes.

Terminada a cerimônia, os recém-casados se apressaram a voltar para a Torre da Alegria. A trajetória era um pouco longa aos olhos de Lyanna, que se via impaciente para a chegada da noite. Aquela espera e até mesmo a cavalgada (que sempre lhe fora o passatempo favorito) agora lhe pareciam tediosos e dolorosamente arrastados.

Meses depois

Catelyn Tully

Na idade de 16 anos, Brandon Stark de Winterfell pediu e ganhou minha mão em casamento. Dias antes do meu casamento, entretanto, o príncipe Rhaegar sequestrou a irmão de Brandon, Lyanna da Casa Stark. Eu o amava na intensidade de meu primeiro amor. O fogo da paixão. Um homem que inicialmente considerava selvagem e temperamental, tornou-se especial aos meus olhos.

Agora, após a casa Arryn declarar rebelião ao governo Targaryen, estou casada com o irmão de Brandon, Eddard. Tal evento ocorreu devido ao fato de meu primeiro noivo, meu Stark, ter cavalgado até Porto Real para exigir justiça. O rei Louco queimou Rickard Stark vivo e estrangulou seu filho. Lembro de pensar comigo: “Quando um cão adoece, nós o sacrificamos. Por que o mesmo não acontece com um rei?”

Haviam rumores de que o rei nutrira uma profunda admiração pelo fogo desde que seu filho Jaeherys foi morto por uma de suas amantes e ele incendiou a casa da família da mulher. De qualquer forma, rei Aerys II havia considerado ter promovido justiça a seu próprio modo deturbado. Suas ações refeletiram diretamente em meu estado físico e mental. Ao receber o corvo com as notícias da morte de meu noivo, tranquei a mim mesma em meu quarto e não comi por dias.

Meu pai, sempre consciente de seu dever e mantendo as palavras de nossa família vivas em minha mente, lembrou-me do lema dos Tully: Família, dever, honra. Toda criança Tully aprende essas palavras, mas eu já era mulher quando enfim fui capaz de entende-las. Meu pai repetiu essas palavras para mim mais de uma vez e conversou comigo a seu próprio modo. E assim, me casei com um homem que eu não conhecia.

Eddard da Casa Stark era bastante distinto de seu irmão. Talvez por suas perdas recentes, pela tensão da rebelião ou por sua própria natureza, mal o vi dizer mais do que 10 palavras. Era apenas alguém que ninguém falava mal, mas que ninguém falava. Tudo que sabia era seu parentesco com meu falecido noivo. Nossa união consolidaria uma aliança do Norte, do Vale, das Terras da Tempestade e das Terras Fluviais em revolta contra o Rei Louco. Minha irmã Lisa se casou naquele dia também. Seu noivo era um homem anos mais velho da Casa Arryn. Nós cumprimos com nosso dever.

Após a cerimônia que ocorreu rapidamente, houve uma noite em que os noivos foram poupados para se juntarem as camas de suas esposas. Ao nascer do dia seguinte quando acordei, todavia, Eddard já havia partido para o campo de batalha. Agora, continuo a assistir a guerra pelas janelas, os sussurros e rumores. É uma espera angustiante, pois não sei se meu filho chegaria a crescer ou se todos nós seriamos julgados por traição frente a coroa. Espero ao menos ter a chance de criar um filho junto com seu pai. Afinal, todos nós sabemos o preço da derrota e há muitos motivos para se preocupar.