Destino e Maldição escrita por Auto Proclamada Rainha do Sul


Capítulo 6
Capítulo 4




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/791006/chapter/6

Glimmer entregou a xícara quente para Catra e se sentou de frente para a gata. As duas pareciam desorientadas e um pouco desconfortaveis em se encontrarem daquela forma, vagando por corredores no meio da madrugada.

— Então… — começou a rainha, brincando com os dedos na asa da caneca enquanto pensava em como começar aquela conversa — Essa “sombra” está realmente te assombrando?

Ela era a única que realmente acreditava no retorno de Sombria, mas nunca tiveram tempo de falar especificamente sobre isso.

— Sim — respondeu encarando o líquido claro no fundo do copo. Havia aprendido a gostar de muitas coisas no resto de Etérnia, a maioria delas nem demandava um grande sacrifício para isso, mas aquela bebida quente não era uma dessas coisas — Mas ela desaparece quando a Adora está por perto — sacudiu a cabeça depois de engolir um gole do líquido — Eu não sei, talvez seja algo que me queira fora do castelo.

— Porque a Sombria iria querer você fora do castelo? — perguntou Glimmer, nunca entendera a dinâmica delas, mas parecia ser uma disputa por Adora e não por território — Ou talvez ela apenas queira lhe manter longe de Adora?

A gata pareceu pensar por isso um instante, encarando os olhos dispares que eram refletidos pela bebida no fundo do copo. Era possível, não era? Até agora ela só havia sonhado com coisas que a levariam a se afastar em outras épocas, a se sentir um peso.

“Aquela que chamam de She-ra irá andar em sua sombra, ela é o seu destino e a sua maldição”

As palavras ecoaram em sua mente como se acabassem de ser ditas, como se a sombra estivesse palpável em suas costas e por um segundo ela sentiu a escuridão ao seu redor, a sugando para o precipício. Então suas orelhas sacudiram, como se captassem o menor barulho. Ainda estava em Lua Clara, ainda estava em frente a rainha, sua amiga.

— É possível, mas e você? O que faz acordada tão tarde vagando?

— Eu… — ela fez uma pausa, engolindo em seco enquanto pensava em como dizer aquilo — Achei ter visto a minha mãe e ela me levou até você — ela disse com um sorriso, esticando a mão por sobre a mesa para alcançar a da amiga — Isso é bom, não é? Quer dizer que ela quer te manter aqui?

Catra se esforçou para sorrir em resposta. Queria acreditar nisso, mas uma nova ideia começava a surgir em sua cabeça.

A rainha Angela havia morrido por sua causa, pelo seu egoísmo, não tinha nenhum motivo para quere-la ali junto da sua filha, da sua família. Talvez não fosse sombria no fim das contas, mas alguém muito melhor e isso só tornava mais clara a mensagem.

Ela tinha de ir embora.

~~ D&D ~~

“Você achou mesmo que ela ficaria?” a voz cavernosa falava em sua mente enquanto a escuridão parecia engolir a pessoa que ela amava, abandonando-a mais uma vez.

“Ela é a escuridão para a sua luz” falou mais uma vez, o corpo dela caindo contra o chão em um baque surto, mas não sentia qualquer dor quando isso aconteceu “O ódio para o seu amor”.

— Não! — murmurou para si mesma, tentando se colocar de volta sobre os seus pés para correr e alcança-la — Nós nos amamos — falou, praticamente rastejando, os pés sem força enquanto as mãos se apoiavam no chão — Eu a amo.

E então os olhos dispares eram a única coisa que brilhavam na escuridão, desaparecendo lentamente, se apagando.

“Porque lutar? Você sabe que não adianta” a voz ecoava no fundo do sua mente “Nunca adiantou, não é mesmo?”

— Catra! — ela acordou gritando, o suor escorrendo por seu rosto enquanto os olhos se adaptavam a parca luminosidade do quarto escuro. Esperou que os braços de sua gata a envolvessem e acalmassem, mas isso não aconteceu.

Olhou todos os lados, procurando por ela na cama, mas não estava em qualquer lugar que pudesse ser vista.

— Catra? — ela chamou, agora mais em dúvida enquanto a voz da escuridão parecia ribombar como um trovão em sua mente.

Ela levantou, as mãos na cabeça dolorida enquanto tropeçava de sono até a parte oculta do quarto, buscando encontrar sua namorada fujona, mas isso não aconteceu, ela não estava em lugar nenhum e nem as coisas dela.

— Catra… — ela suspirou, deixando o corpo cair no chão mais uma vez. A estranha estava certa no fim das contas.

~~ D&D ~~

As catacumbas do templo eram escuras e úmidas, o que tornava a respiração uma tarefa extenuante, mesmo assim seguiam a pequena luz rosácea que parecia liderar o caminho com convicção, passando por colunas e entrando em becos estreitos sem se preocupar, porém volta e meia se aproximava dos visitantes, como se para confirmar que a seguiam.

E então parou em frente a uma câmara escura, um cômodo rebaixado e tão grande quanto a sala do trono de Lua Clara.

A luz das pequenas orbes mágicas, que os irmãos carregavam em suas mãos, recaiu sobre o espaço escuro, dando nitidez às formas antes escondidas. Eram pequenos nichos circulares que ocupavam todo o espaço de uma parede, preenchidos por papeis.

— Você sabia disso? — ele perguntou, sem se virar para a irmã enquanto descia para o centro do lugar.

Com a aproximação, pequenas criaturinhas luminosas pareceram se desprender das paredes e voar em turbilhão pela sala, antes de sairem para achar outro lugar escuro onde ninguém as incomodasse.

No canto de mais distante da sala, Micah percebeu ao dirigir a luz para lá, havia um palanque grande, com uma mesa que ocupava quase toda a sua extensão e um grupo de 5 cadeiras ocupava o espaço vazio atrás dela, alinhadas como se ainda houvesse alguém sentado ali.

O rei tremeu ao seu aproximar, a poeira riscada pelas trilhas deixadas pelas patas de insetos e isso era todo o registro de vida ali em baixo em muito tempo.

— São registros — falou …. Estava parada junto as nichos circulares, um rolo de papel em uma das mãos enquanto a outra pairava sobre ele de forma segura.

— E o que eles dizem? — perguntou se aproximando.

— Coisas que podem ser interessantes. — respondeu a irmã, dando espaço para que ele visse o que havia no papel a sua frente — Parece que sua esposa não era a legitima rainha de Lua Clara.

 

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo


Voltei, mas não voltei voltado, posso desaparecer a qualquer momento.

Acontece que meu gatinho faleceu logo depois que postei aquela explicação, ele tava com PIF que é uma doença causada por uma variação de covid e estamos de olho nos outros quatro para ter certeza que não vai ter mais nenhum problema.

Mas vou tentar deixar todo mundo avisado por aqui.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Destino e Maldição" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.