Vítimas Das Decisões escrita por Leonardo Souza


Capítulo 6
Caindo a Ficha


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem.



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22/02/2021

Segunda-feira

8:00

Roberto

 

Acordei com o susto de quase ter caído do sofá. Marcelo estava dormindo no outro sofá. Fui até o quarto verificar se Mateus ainda estava lá, estava. Precisava me arrumar para o estágio, porém não queria acordar nenhum dos dois. Procurei um pedaço de papel achei bloco de notas no quarto de Marcelo. escrevi um bilhete.

"Precisei ir. Mais tarde passo aqui."

Fui até a sala colocar o bilhete na mesa, mas parei no meio do corredor, por algum motivo senti que mais alguém estava na casa. Me observando. Continuei andando, não sabia o que fazer, acordar Marcelo? E se não fosse nada? Marcelo já estava certo de que outro assassino matou Alecsandra. O que Mariana havia me falado voltou na minha mente, fui até a cozinha e parei perto da gaveta em que Marcelo guardava facas. Fechei os olhos e respirei fundo. Abri a gaveta com o mínimo de barulho e peguei a primeira faca que achei, era uma faca de cortar pão. Teria que servir. Voltei para a sala, e fui para o corredor. A sensação havia sumido, talvez fosse minha imaginação. Por segurança fechei a porta do banheiro e a do quarto de Marcelo e o quarto que Mateus estava dormindo. Saí da casa com passos apressados, entrei no carro e tranquei as portas. Coloquei as mãos no volante e só então percebi que estava tremendo e que a faca ainda estava na minha mão.

08:00

Jean

Havia acabado de me formar na academia, fiquei mais animado quando descobri que poderia trabalhar com o famoso Detetive Kauan, porém ficar fazendo trabalho de guarda costas não era o que esperava. Como havia acabado de me mudar para a cidade ainda estava dormindo nos dormitórios do quartel, o prédio não era grande, três andares com dez quartos cada e um banheiro no final de cada corredor. Jonas e Gabriel também estavam dormindo ali, nos aproximamos por ficar de guarda dos sobreviventes. Agora com o boato de que outro assassino estava atacando não podia ignorar o pensamento de como ajudar a prendê-lo iria ajudar na minha carreira.

— Ei! — Jonas gritou enquanto eu estava saindo do prédio. Ele estava na calçada, fumando.

— Ei. — Fui até ele.

— Já vai para o trabalho?

— Não, entro mais tarde, vou procurar uma casa para alugar.

Ele ficou em silêncio por alguns segundos me encarando.

— Boa sorte com isso. — Respondeu.

— Obrigado. Vou indo.

Por sorte havia uma imobiliária perto do quartel. Três ruas para ser mais exato. Meu celular começou a tocar. Número desconhecido.

— Alô?

Nenhuma resposta.

— Oi?

Então uma respiração pesada começou do outro lado da linha.

— Quem está falando? — Perguntei.

— Não… — Uma voz estranha começou a falar. — Vai sobreviver.

— Quem está falando!

A pessoa desligou. Coloquei a mão na minha arma que estava na cintura por instinto.

09:00

Victor

Lucas chegou cedo no local das gravações e estava até agora discutindo com os roteiristas. Estava sentado na frente do trailer. Conseguia escutar algumas coisas dependendo da altura dos gritos de Lucas ou dos roteiristas. Depois de algum tempo, Lucas saiu do trailer.

— Vamos embora? — Ele estava irritado.

— Vamos?

— Está surdo? — Lucas não parou de andar.

— Onde você vai?

— Marcelo.

— Por quê? Ninguém quer você lá.

— Victor, eu sei que você não entende, mas outro assassino está atrás da gente então precisamos ficar juntos.

— O Detetive não confirmou nada, como você sabe disso?

— Eu apenas sei! — Lucas percebeu que estava irritado comigo, mas com motivos errados e respirou fundo.

— Olha. — Ele voltou a falar. — Durante esses cinco anos muitas pessoas fizeram pegadinhas com a gente, mas dessa vez é diferente. Alecsandra está morta. Marcelo sabe que começou outra vez, até o Mateus que não consegue ficar sobreo por cinco minutos sabe que outra pessoa está observando nossos movimentos.

Não sabia o que responder, claro que Lucas havia comentado sobre a experiencia do assassino comigo, mas nunca senti tanta sinceridade e até um pouco de medo vindo das palavras dele.

— Tudo bem. — Respondi. — O que precisamos fazer?

— Depois de ler todos os roteiros das falsas continuações, a primeira coisa é descobrir quais são as regras dessa vez.

— Eu posso ajudar com isso.

12:00

Giovana

Aquele era meu último dia no ateliê, a família de Alecsandra decidiu fechar a loja, então só estava fazendo as últimas encomendas, Luiza estava comigo na loja. O lugar parecia triste sem as roupas nos manequins e sem a presença de Alecsandra.

— O que vamos fazer agora? —Luiza perguntou.

Eu não havia pensado nisso, eu não havia pensado em mais nada desde a fazenda. Toda vez que fechava os olhos eu voltava lá, dormir era quase impossível, quando conseguia era só uma hora e acordava gritando por causa dos pesadelos.

— Eu não sei. Acho que vou ficar em casa por um tempo e você?

— Preciso arrumar outro emprego. Será que ter trabalhado aqui vai ser uma vantagem ou desvantagem se colocar no meu currículo.

— Não brinca com isso.

— Desculpa, é que você parece estar em outro lugar.

— Você também estaria se estivesse lá.

— Eu não perguntei como foi, mas se quiser falar sobre.

— Estou bem, mas obrigado por se oferecer.

O telefone do ateliê tocou. Luiza foi atender.

12:03

Luiza

— Alô. — Falei quando atendi o telefone.

Nenhuma resposta.

— Alô? Quem está falando?

Silencio.

— Vou desligar, tenha uma boa tarde.

— Como ela está? — Uma voz estranha perguntou.

— Ela quem?

— Sua amiga, depois de tudo o que aconteceu. Deve estar morrendo de medo.

— Quem está falando?

— Vocês não deveriam ficar sozinhas na loja, qualquer um pode entrar escondido antes de abrir.

Soltei o telefone, segurei o braço de Giovana e saímos, só parei quando chegamos ao outro lado da rua.

— O que aconteceu? — Giovana perguntou.

— Liga para a polícia, alguém ligou falando que estava na loja.

— O que?

— Só liga.

Fiquei encarando a vitrine da loja e vi uma figura indo para os fundos da loja. Torci para ser minha mente pregando truques por causa do medo.

15:00

Mariana

Marquei com Roberto em uma lanchonete, as outras opções de locais pareciam muito serias, marcamos as duas e meia, mas acabei ficando presa em um projeto da ONG, Marcelo ficou em casa com Mateus.

— Desculpa o atraso, — falei enquanto me sentava na cadeira. — Coisas da ONG.

— Eu entendo. Acabei pedindo um suco, laranja, você gosta?

— Sim. — Roberto fez um sinal para o garçom trazer outro copo.

Nenhum dos dois sabia como começar aquela conversa, principalmente tratando daquele tema. Por enquanto era apenas uma dúvida na minha cabeça e no momento que falasse em voz alta se tornaria real e não sabia se queria aquilo.

— Eu falei com os meninos. — Roberto finalmente começou a falar. — Todos receberam uma ligação da mãe como você suspeitava.

— As meninas também confirmaram. — Respondi.

— E agora.  O que isso quer dizer?

— Eu não sei.

— Você sabe. Nós dois sabemos. Alguém está nos observando.

Roberto estava certo, aquilo era a última coisa que queria, não sabia o que fazer, com quem falar e nem como falar para os outros sobre aquilo.

— E agora? — Perguntei.

— Vamos falar com o Detetive. — Roberto respondeu como se fosse a única opção, nenhum de nós queria falar com Marcelo sobre isso.

— E depois? Como vamos falar com os outros?

— Isso não vai ser problema. — Roberto me mostrou a tela do seu celular. Uma mensagem havia acabado de chegar.

“Oi, é o Lucas, preciso que você chame todos que estavam naquela festinha para a casa do Marcelo. Oito da noite.”

16:00

Igor

Recebi a mensagem de roberto, não sabia o contexto da suposta reunião, liguei para Marcelo e ele também não sabia. No grupo de mensagem com os meninos, Luan falou que me daria uma carona até Marcelo, nós dois iriamos ficar na faculdade a tarde inteira. Estava a caminho da biblioteca e nos últimos dias já percebia olhares estranhos na minha direção, o motivo era eu ser amigo de Marcelo, as pessoas já nos olhavam diferente, mas agora com a morte de Alecsandra e todo o drama do velório. Os olhares haviam aumentado. Entrei na biblioteca e fui me sentar em um computador. Abri o navegador e antes mesmo de pesquisar uma mensagem apareceu na tela.

“oi”

Todos os computadores estavam ligados a uma rede de mensagens da própria universidade.

“oi” respondi.

“Como resolveu o problema com o trabalho que sumiu?”

A mensagem era da pessoa que excluiu meu trabalho.

“foi você?!”

“hahaha!” a pessoa respondeu.

“porque você fez isso?”

“eu estou te vendo agora”

Olhei em volta, não havia muitos lugares na biblioteca para alguém ficar observando e a pessoa precisaria estar em um dos outros computadores.

“está mentindo” respondi.

“tem certeza?”

“tenho”

—Ei! — Luan falou e tocou meu ombro.

— Puta merda! — Saltei com o susto. — Quando você chegou aqui?

— Acabei de entrar, por que está tão assustado?

— Desculpa, tem algum idiota mandando mensagem aqui no computador.

— Que mensagens?

— Essas. — Saí da frente do computador, mas as mensagens haviam sumido. — O que?

— Está tudo bem? — Luan perguntou.

— Eu juro que elas estavam aqui há dois segundos.

— Tudo bem, eu acredito em você.

—Eu não brincaria com isso.

— Já falei que acredito, temos que ir agora. Vou passar em casa para tomar um banho.

— Vamos, só preciso guardar meus cadernos.

Não havia levado a sério as mensagens, mas elas terem sumido me deixou com uma sensação ruim.

17:00

Marcelo

Mateus só saiu do quarto para ir ao banheiro e quando voltou para o quarto fechou a porta, perguntei se ele queria almoçar, mas não chegou nem a responder. Fiquei o dia todo na sala, era o único lugar da casa que conseguia ver a porta do quarto sem ficar obvio que estava observando se ele iria tentar sair. Estava com fome, fui até a cozinha colocar um pouco de água para fazer café, decidi tentar outra vez e fui até a porta do quarto.

— Mateus. — Falei, — estou fazendo um pouco de café, se quiser vai precisar vir buscar.

Nenhuma resposta. Pensei em desistir, porém não devia lidar com as coisas assim, principalmente com outro assassino a solta.

— Olha, não sei qual o seu plano, mas você que foi até o funeral, ninguém te obrigou a fazer nada, então pare de se comportar como uma criança e sai desse quarto.

A porta abriu tão rápido que até dei um passo para trás com o susto.

— Vai se foder! —Mateus falou enquanto apontava o dedo na minha direção.

— Pelo menos você está falando alguma coisa, o que é um avanço. — Respondi.

— Vai se foder! — Ele repetiu.

— Já entendi sua mensagem, quer falar outra coisa?

— Não fale como se eu tivesse uma escolha. — Ele falou, mais baixo dessa vez.

— O que? — Perguntei.

— Escolha nisso tudo! — Mateus gritou. — Nunca quis fazer parte disso!

— E você acha que eu escolhi? — Também gritei minha resposta.

— Ninguém escolheu, mas vocês parecem estarem lidando muito bem com a situação, agora que tudo acabou! O show no velório da Alecsandra, parabéns.

—Vai se foder! — Dessa vez eu que respondi. — Você sabe que aquilo não foi um show.

— Eu sei? Você fala para você mesmo, Marcelo que é o herói que cuida das coisas, mas só se importa com você mesmo. Quando as câmeras vão embora você acaba seu show.

— Ah, então é sobre eu ter abandonado você? Foi você que se afastou de mim, de nós, não culpe suas decisões ruim em mim!

Mateus não respondeu, só vez uma expressão de irritado que conhecia muito bem, e então o primeiro soco veio, consegui desviar, mas ele se jogou em mim e bati as costas na parede, não forte o suficiente para perder o ar, tentei dar uma joelhada nele, não foi em cheio então ele não me soltou, aproveitando que estava sem apoio, Mateus usou a oportunidade para me jogar no chão, não soltei ele e agora estávamos os dois no chão, começamos uma espécie de luta livre no chão por alguns segundos, Mateus fazendo de tudo para me impedir de sair debaixo dele, então a briga acabou quando ele se sentou no chão e eu continuei deitado, os dois em silêncio. Eu sabia que aquela briga era a maneira de dele lidar com o que aconteceu entre a gente, principalmente nos últimos três anos.

— Desculpa. — Ele falou.

— Eu que devia pedir desculpa. — Respondi. — Devia ter tentado conversar mais com você.

— Não devia ter ignorado tantas mensagens suas. — Ele parou e respirou fundo. — De vocês, na verdade.

— Os outros também tentaram contado? — Me sentei.

— Lucas com assunto sobre adaptações, o Detetive mandava uma por mês para garantir que estava vivo e Alecsandra... — Mateus, não terminou, se levantou e foi para o quarto, voltou alguns segundos depois com o celular na mão, era uma mensagem de Alecsandra.

“Que tal passar a semana na fazenda comigo? O ar puro vai te fazer bem.”

— Isso foi na semana que ela... Se eu não tivesse ignorado a mensagem, se eu tivesse falado sim, ela ainda estaria viva.

— Ou vocês dois estariam mortos. — Me levantei.

— Você sabe que isso é mentira.

— Não dá para saber o que teria acontecido, se culpar não vai adiantar nada. Nós dois sabemos que isso não leva a lugar.

Mateus não falou nada por um tempo e não sabia o que falar muita coisa havia acontecido nos últimos cinco minutos.

— Posso te pedir um favor? — Ele quebrou o silêncio.

— Claro.

— Podemos ir ao cemitério? Preciso me despedir dela.

— Vamos, mas pode ser amanhã, o pessoal vai vir aqui em casa e tenho a impressão de que vai acabar tarde.

— As mesmas pessoas que me viram bêbado?

— Sim.

— Merda, acho que vou precisar daquele café.

Nós dois rimos, não pude evitar de perceber que aquela era a primeira vez que compartilhávamos um momento feliz em cinco anos.

18:07

Mariana

Quando cheguei na casa de Marcelo, os meninos já estavam lá. Busquei Nathalia na casa dela, Luiza e Giovana chegaram junto comigo. O clima era bem diferente da última reunião que havia acontecido na casa de Marcelo, além de Mateus estar sentado no canto da sala sem conversar com ninguém, o que não ajudava.

— Oi. —Marcelo falou quando me viu.

— Oi. — Respondi. — Como está?

— Bem, considerando tudo. Como estão as coisas na ONG?

— Conseguimos nos virar sem você. — Acabei rindo da piada.

— Isso quer dizer que já posso me aposentar — Ele também estava rindo.

— Não acho que é assim que esse tipo de coisa funciona.

Marcelo conseguia ser uma pessoa bem divertida em conversas um a um, mas quando envolviam um grupo maior, ele se fechava, claro que o humor morria quando o assunto era qualquer coisa relacionada ao que aconteceu cinco anos atrás, no começo eu me assustava em como ele mudava tão rápido com a menor citação sobre. Eu também não gostaria de falar sobre isso se fosse ele, o que deixava mais difícil tocar no assunto das ligações.

Antes que pudesse continuar a conversa, a porta se abriu, era Lucas com alguém que não conhecia e atrás dele estava Detetive Kauan. Todos ficaram surpresos, se o Detetive estava aqui só podia significar que o assunto era sério

18:11

Marcelo

Não sabia que Detetive Kauan iria participar disso, olhei rapidamente para Mateus e ele não teve nenhuma reação. Lucas estava com uma expressão de orgulho por ter conseguido fazer o Detetive participar. Para deixar a situação mais dramática, os três policiais estavam com ele. Depois de olhar em volta, Lucas escolheu um lugar em que todos conseguiriam enxergá-lo e parou ali.

— Por que chamou todo mundo aqui? — Para minha surpresa, foi Mateus que perguntou.

— Oi para você também. — Em resposta, Mateus mostrou o dedo para Lucas.

— Como vocês sabem. — Lucas voltou a falar. — Outra pessoa está por aí com uma máscara e vai, — Lucas fez um gesto de cortar a garganta. — A gente.

— Nós sabemos? — Luan perguntou.

— Quando digo nós, estou falando de nós. —Lucas apontou para mim, Mateus e o Detetive.

— Lucas. — O Detetive entrou na conversa. — Como falei na entrevista, não sabemos se outra pessoa está fazendo isso.

— Sério, Kauan? — Eu entendo que você precisa manter a população calma, mas nós sabemos que esse é diferente.

— Você quer que eu abra uma investigação baseado no seu sentimento sobre o assunto? Onde estão suas provas, aceito até uma ligação estranha.

— Bom... eu não tenho isso, mas-

— Mas nada. — Detetive interrompeu Lucas. — Se for só isso, eu tenho coisas mais importantes para fazer. — Detetive Kauan foi em direção a porta.

— Eu quero falar uma coisa. —Mais uma vez para minha surpresa, era Mariana que havia falado.

— Têm certeza — Roberto perguntou para ela.

— Tenho. — Ela respirou fundo. — Nós sempre soubemos da possibilidade de outro assassino aparecer, primeiro Alecsandra no aniversário o que era estranho, no velório, Nathalia me falou sobre a ligação que recebeu da mãe de Alecsandra convidando para o funeral e com a ajuda de Roberto eu descobri que todos aqui receberam a ligação.

— O que você quer dizer com isso Mariana? — Perguntei. A pior parte era pensar que pessoas estavam buscando pistas sobre um novo assassino e não me contaram nada.

— O que eu estou tentando dizer é que eu, e Roberto achamos que outro assassino está a solta e ele selecionou as pessoas convencendo-as a irem ao velório de Alecsandra.

Ninguém falou nada por alguns segundos.

— Merda. Agora faz sentido. —Wesley falou.

— O que foi? —Luan perguntou.

— Uma ligação estranha que recebi.

— Você recebeu uma ligação? — Perguntei.

— Eu também. — Roberto entrou na conversa.

— Mais alguém? — Lucas perguntou.

— Alguém ligou na loja hoje e nos ameaçou. — Luiza falou.

— Não sei se isso entra na categoria, mas alguém estava mandando mensagens estranhas para mim na faculdade. — Igor respondeu.

Mateus levantou a mão. — Alguém me perseguiu alguns dias atrás, a pessoa estava disposta a me matar, vocês sabem como é a sensação e foi a primeira vez que tive certeza de que a pessoa iria até o fim se me alcançasse em cinco anos.

— Isso é prova o suficiente ou vai esperar os corpos começarem a aparecer igual da primeira vez? — Lucas perguntou para o Detetive.

Detetive encarou Lucas por um tempo e depois olhou para todos que estavam na sala.

— Quem recebeu qualquer tipo de ligação estranha vá até a delegacia amanhã. E leve seu celular.

— É só isso o que vai fazer?

— Eu sei que você está vendo essa situação como mais uma oportunidade de ganhar dinheiro, Lucas, mas pessoas vão morrer. Outra vez.

— Nós vamos fingir que só eu me beneficiei com o que aconteceu com a gente?

— Já chega. — Falei. — Aparentemente muita coisa aconteceu muita coisa e ninguém se importou em falar comigo.

— Você já estava ocupado. — Lucas respondeu.

— O que quer dizer com isso? — Mateus perguntou.

— Eu acho que você sabe.

— Já falei que já chega! Todo mundo precisa ir embora agora.

18:30

Jean

Todos foram embora depois da pequena discussão entre eles, pelo o que percebi as coisas sempre ficavam dramáticas perto deles, estava na viatura com Jonas.

— Você tinha alguma coisa para adicionar na conversa? — Jonas perguntou.

— O que? — Perguntei confuso.

— Eu vi seu rosto quando eles começaram a falar das ligações, alguma coisa aconteceu com você?

— Não. — Menti.

Não gostava da ideia de Jonas conseguir perceber isso, quase cheguei a comentar, mas sabia que não iria ajudar em controlar o pânico e estava planejando tomar conta da situação sozinho.

19:00

Victor

Estávamos em um quarto de hotel, Lucas havia planejado ficar na casa de Marcelo, mas esqueceu que Mateus estava lá e as coisas entre eles não estavam boas.

— E agora? — Perguntei. Estava deitado na cama do quarto de Lucas, sempre ficávamos em quartos separados.

— O plano continua o mesmo. — Ele respondeu do banheiro.

— Seu plano é derrotar um psicopata, não é um bom plano.

— Nunca falei que era.

— Tudo bem. — Me sentei. — Pergunta séria, como você tem certeza de que... outro assassino está a solta e não me responda com “É um sentimento.”

— São os detalhes. — Lucas saiu do banheiro. — Como ele colocou agulhas e outras coisas a mais no corpo de Alecsandra, como ele fez as ligações falsas. Só um psicopata faz tudo isso. Alguém empenhado o suficiente para matar qualquer um.

— Se você sabe disso, então o Detetive está mentindo para todo mundo?

— Depende, acho que ele acredita que é um fato isolado.

— E por que você não?

— Depois de tantos filmes e roteiros na internet, quem está fazendo isso provavelmente está se inspirando em alguma adaptação. — Lucas se sentou na poltrona no canto do quarto.

— Isso não responde minha pergunta. — Falei.

— Da primeira vez, o assassino apareceu e no outro dia já começou os ataques, ninguém teve tempo de pensar, de se programar, apenas tiveram que se adaptar e por isso tantas pessoas morreram.

— E agora?

— Agora ele sabe que sabemos como revidar, então ele está fazendo o jogo psicológico primeiro e quando estivermos cansados o suficiente após debater se ele existe ou não. Ele começa a matança.

Lucas tinha razão, e aquilo me assustava.

19:40

Luan

Fomos para uma lanchonete, não conseguíamos ir para casa depois de tudo o que aconteceu e que foi falado, escolhemos uma mesa na parte mais afastada, eu, Roberto, Igor, Wesley, Isa e Rodrigo.

— Desculpa por não ter contado para vocês sobre o que conversei com Mariana. — Roberto falou.

— Todo mundo aqui escondeu alguma coisa. — Wesley respondeu.

— Agora falando sério. — Igor entrou na conversa. — Vocês acham que somos as... novas vítimas?

Ninguém respondeu, confirmar aquilo era assustador o suficiente em pensamentos, falar em voz alta era mil vezes pior.

— Nós sempre estivemos cientes que era uma possibilidade. — Isa, finalmente respondeu.

— É que... — Igor começou a falar. — Isso aqui é vida real, nunca achei de verdade que Marcelo teria que passar por isso outra vez.

— Todos tomamos a decisão de ser amigo dele, agora temos que ajudá-lo. — Respondi.

— Ou morrer tentando. — Rodrigo adicionou.

19:45

Luiza

Eu, Mariana e Natalia fomos para a casa de Giovana, estávamos sentadas na sala de estar, Giovana estava preparando alguma coisa para comer. Estávamos conversando sobre assuntos aleatórios, mas ninguém queria falar sobre o que realmente importava então tomei a iniciativa.

— Vocês sabem o que isso significa? — Falei.

— O que? — Mariana perguntou.

— Se outro assassino estiver a solta.

A mudança na linguagem corporal das duas era clara.

— Podemos falar sobre outra coisa? — Natalia perguntou.

— Não. — Respondi firme. — Ignorar isso só vai nos levar a uma coisa: a nossa morte.

— E o que vamos fazer? — Giovana perguntou chegando na sala com uma bandeja na mão. Ela já viu em primeira mão o que o assassino iria fazer com a gente, e por instinto humano ela não queria aquilo acontecendo com ela.

— Temos que ser espertas, digo, mais espertas. — Respondi. — Qualquer ligação suspeita nós contamos uma para as outras, nunca saímos sozinhas, é assim que vamos sobreviver.

— Não vamos ser o personagem que vai sozinho no porão. — Mariana falou.

— Exato. Vamos sobreviver.

20:00

Alan

 Estava tocando a campainha de Mateus há meia hora, bati palmas e até chamei por ele, pensei que poderia estar dormindo bêbado em algum lugar e depois de um tempo comecei a considerar que estava morto lá dentro, quando estava prestes a pular o muro, uma vizinha apareceu no portão.

— Ele não está a aí.

— Você sabe onde ele foi? — Perguntei.

— Escutei ele falando que iria para a casa de um amigo, Mario? Não...

— Marcelo? — Sugeri,

— Isso, Marcelo.

Achei aquilo estranho, mas agora sabia onde precisava ir.

20:20

Kauan

 Estava sentado na minha sala, outro assassino era o pior cenário, da primeira vez nós sobrevivemos por pura sorte, antes da minha promoção, houve debates se deveria ser afastado, porém, Carlos me defendeu até o fim. Ele não estava mais aqui e não tinha ninguém para me apoiar.

— Senhor? — Jean bateu na porta.

— Pode entrar. — Respondi.

— Nosso turno já acabou faz uma hora.

— Vocês podem ir embora.

— Os dois já foram, estava esperando o senhor.

— O que quer? Transferência?

— Acho que é tarde demais para isso.

Eu sabia o que ele queria dizer, merda.

— Feche a porta, pode se sentar. Quando ele te ligou.

— Hoje de manhã. — Ele se sentou na cadeira.

— Fez bem em não contar nada na casa de Marcelo.

— Não queria causar mais pânico, o que vamos fazer agora?

— Agora só podemos esperar o primeiro ataque, ou melhor, o segundo.


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