Almas Perdidas 2 escrita por ShadowAlexandre


Capítulo 1
Início da Operação




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“O fogo sempre foi e, aparentemente, será sempre, o mais terrível dos elementos.”
— Harry Houdini


Prólogo

Rio de Janeiro, 1 de Janeiro de 2023.

A Cidade Maravilhosa estava em festa com a virada do ano. As praias cheias de turistas e a contagem regressiva havia terminado alguns segundos atrás. Os céus estavam iluminados por fogos de artifício.

Era a chegada de um novo ciclo. Mas não demorou muito para que algumas pessoas notassem, em meio à favela, uma estranha luz vermelha que aos poucos foi tomando maior dimensão. Em poucos instantes, notaram que era um incêndio.

O foco das chamas se espalhou em alta velocidade. O Corpo de Bombeiros foi acionado, e em alguns minutos, já estava atravessando a cidade, até que chegaram na entrada da comunidade. As casas, com estruturas simples faziam com que fosse mais fácil para o fogo se espalhar.

Os bombeiros Marcos Torres, de trinta e sete anos e sua ajudante Sandra Leal de vinte e dois estavam entre os combatentes que foram chamados para o resgate. A missão era: Salvar o máximo de almas possível...

 

1-1: A Chegada

Três caminhões do corpo de bombeiros da cidade do Rio de Janeiro pararam em frente à entrada da favela, uma rua estreita que subia o morro.

— Epa! Não dá para ir adiante, é muito estreito! Vocês terão que descer!

Marcos pulou do caminhão. Ele usava seu tradicional uniforme vermelho, e carregava uma mangueira de incêndio, conectada em um tanque que levava em suas costas.

— Venha, Sandra!

— Só um segundo... Droga, qual desses machados é o meu, agora...?

— Pegue qualquer um, não temos tempo!

— Não, eu não posso ir na missão sem o Bunyan!

Bunyan era o nome que Sandra havia dado para seu machado de estimação. Marcos suspirou.

— Que parceira é essa...

Sandra finalmente desceu do caminhão, segurando seu fiel machado, e uma maleta de primeiros-socorros. Atrás dela, na direção do caminhão, havia um homem, já de certa idade.

— Capitão Isaac, entraremos em contato se encontrarmos a origem do incêndio. - Disse Marcos.

— Perfeito... Marcos, Sandra... Façam um bom trabalho! - Respondeu ele.

Os dois agradeceram e se despediram. O céu estava vermelho, e era possível ver uma luz amarela no horizonte. Aquilo era um verdadeiro cenário apocalíptico.

— Que forma de começar o ano-novo... - Comentou Sandra, enquanto olhava a paisagem.

— Acho que as tragédias não escolhem dia e hora. Vamos, temos pessoas para resgatar.

— Entendido!

Os dois seguiram o caminho...

 

1-2: Subindo o Morro

Marcos e Sandra subiam pela rua estreita. As casas ao redor eram bem simples, algumas eram de madeira, o que provavelmente alimentava ainda mais o fogo.

— Isso não é bom. - Disse Marcos - Os incêndios se espalham bem mais rápido em favelas.

— A condição das casas não é boa. Muita madeira. - Comentou Sandra.

Os dois pararam no fim da rua. Havia casas de ambos os lados.

— Pra que lado? - Perguntou Sandra.

Antes que Marcos pudesse responder, os dois ouviram uma explosão.

— Cuidado!! - Gritou Marcos.

Marcos puxou Sandra. Na frente dos dois, uma bola de fogo caiu, atingindo a janela de uma das casas. Os dois ouviram gritos.

— Meu Deus! - Gritou Sandra.

Os dois correram até a porta da casa e a abriram. Dentro havia uma mulher caída no chão. Marcos se ajoelhou em frente à ela.

— A senhora está bem?!

— Eu... Eu machuquei meu pé tentando correr...

— Não se preocupe! - Disse Sandra - Você está segura agora!

— Tem mais alguém na casa? - Perguntou Marcos.

— Não, eu estou sozinha... Mas meu marido deve estar por aí, por favor tentem ajudá-lo!

— Qual o nome dele? - Perguntou Sandra.

— Mateus. Mateus Gonçalves.

— Entendido! Sandra, me ajude a levá-la pra fora!

— Certo!

Os dois apoiaram a mulher em seus ombros e lentamente caminharam pra fora da casa.

— Caramba... - Comentou Marcos olhando para trás.

Assim que os dois saíram, a casa desmoronou.

— Está segura agora. Qual o seu nome, senhora? - Perguntou Sandra.

— Maria... Maria Gonçalves.

— Certo, Maria. Acha que pode andar?

Ela colocou o pé no chão, devagar.

— Acho que sim... Ainda dói, mas eu consigo.

Marcos apontou para a entrada da favela.

— Descendo essa rua, você vai encontrar um caminhão do corpo de bombeiros. Eles estão aqui para ajudar os moradores. Pode falar com o motorista, ele vai te deixar entrar.

— Obrigada... Vocês vão ficar bem?

Sandra riu.

— É nosso trabalho. Esse fogo não pode nos vencer!

A mulher concordou. Em seguida, se despediu dos dois e desceu a rua.

— Marcos, olha!

A casa que havia desabado revelava outra rua além dos destroços.

— Parece que um novo caminho se abriu... - Comentou Marcos.

Os dois passaram pelos destroços da casa. Tijolo e madeira se misturavam em seus pés. Não havia muitos eletrodomésticos ou mobília na casa, exceto os restos de uma geladeira e um fogão. Além de uma cama consumida pelo fogo.

 

1-3: Caminho para o Centro.

Marcos e Sandra saíram dos destroços da casa anterior e pisaram na nova rua, onde era possível ouvir um alarme de carro disparado.

— De onde está vindo isso...? - Perguntou Sandra.

— Dali!

Marcos apontou para um carro em chamas perto de uma casa. Havia um homem, talvez o dono dele, ao lado. Ele parecia confuso.

— Senhor, saia daí! Deixa que eu dou conta disso! - Gritou Marcos.

Marcos ligou uma chave no tanque que estava em suas costas. Ele correu até o carro e segurou a mangueira com força. Um jato d'água foi disparado em direção ao fogo. Em alguns segundos, o incêndio estava controlado.

Sandra aplaudiu enquanto sorria.

— Meu carro... - Comentou o homem.

Marcos se virou para ele.

— Agradeça pela sua vida estar segura. As coisas materiais você recupera com o tempo.

O homem baixou a cabeça.

— Acho que você tem razão... Estou feliz por estar vivo...

— Qual o seu nome? - Perguntou Sandra.

— Diego.

— Ah...

Sandra havia perguntado para ter certeza que não era o Mateus. Ela ficou aliviada, pois seria ruim o casal perder a casa e o carro ao mesmo tempo.

Marcos explicou para ele que os caminhões estavam esperando na saída da favela. Diego agradeceu a ajuda e correu para o resgate.

— Marcos, o que foi aquela bola de fogo que caiu na casa da Maria?

— Eu acho que era um botijão de gás que explodiu... - Respondeu Marcos.

— Que perigo... - Comentou ela.

Enquanto corriam pela rua, os dois ouviram um grito.

— Ei!! Vocês!!

— Hã...?

Marcos olhou para uma das casas. Um homem estava desesperado tentando abrir uma porta.

— Me ajudem! Meu pai está lá dentro!! Acho que não está me ouvindo! Ele tem problemas de audição!

Sandra segurou o machado.

— Isso é um trabalho para o Bunyan!

— Você tinha mesmo que dar um nome pro seu machado...

— Ei, fica mais legal assim!

Sandra se aproximou da porta de madeira, e com três golpes conseguiu derrubá-la. Ao terminar, ela girou o machado em suas mãos.

— Fácil!

— É, mas mais importante, temos que salvar o pai desse homem.

Marcos entrou. Algumas telhas da casa caíram em sua frente. Ele desviou e foi até o canto de uma sala onde havia um senhor sentado em uma cadeira de rodas. Ele parecia estar dormindo.

Sem acordá-lo, Marcos pegou a cadeira de rodas e foi empurrando até a saída.

— Pai!! Você está bem! - Disse o homem.

Até que ele acordou.

— Hã... Mateus? O que está acontecendo, filho?

Mateus. Seria aquele o homem que estavam procurando?

— Espere um pouco... O senhor é o Mateus Gonçalves? - Perguntou Sandra.

— Sim, eu mesmo! Eu saí de casa para ver os fogos de ano-novo, mas o incêndio começou, e eu fiquei preocupado com meu pai e minha esposa...

Marcos cruzou os braços.

— Sua esposa está bem, ela já foi resgatada. Sua casa desabou, porém.

Mateus suspirou.

— Graças a Deus foi só a casa...

— Você pode encontrá-la na saída da favela. - Disse Sandra.

— Obrigado!

Mateus se despediu e foi levando seu pai pelas ruas.

— Não, isso não está certo... Eu vou acompanhá-los, Marcos. - Disse Sandra.

— Certo!

Sandra se ofereceu para empurrar a cadeira de rodas e foi guiando Mateus até a saída.

— Ela pode ser meio maluca, mas faz um excelente trabalho... - Comentou Marcos.

 

1-4: Misteriosa Aparição

Naquele instante, uma pequena explosão ecoou por perto. A porta de uma das casas caiu.

— Minha nossa! - Comentou Marcos.

Ele se aproximou da casa. Ao olhar dentro, notou que havia alguém em pé, no meio da sala.

— Ei, você! É perigoso ficar aí! Venha, me siga.

Aos poucos ele entendeu o que era. Uma jovem garota de cabelos longos. Ela aparentava ter algo em torno de quatorze anos. Ela encarava Marcos.

— Ãh... Menina, você está me ouvindo...?

Marcos tentou chegar perto, mas as janelas de vidro se quebraram, e ele se assustou. Quando isso aconteceu, a garota correu por uma porta nos fundos da sala e desapareceu.

— Ei!! Pare, você não pode ir por aí!! - Gritou Marcos.

Marcos correu para tentar alcançá-la, mas além da porta tudo que ele viu foi fogo.

— Ela... Ela sumiu...

Do lado de fora, Sandra gritou.

— Marcos?! Cadê você?

Marcos se virou e saiu da casa.

— Sandra... Aconteceu uma coisa estranha agora...

— Como assim?

— Tinha uma garota numa dessas casas, mas quando eu cheguei perto dela... Ela fugiu.

Sandra estranhou e cruzou os braços.

— Uma garota? Como ela era?

— Deixa eu ver... Pele branca, cabelos escuros... Estava usando um vestido preto...

Sandra riu.

— Era uma fantasma daqueles filmes japoneses que você assiste?

— Cale a boca! Foi real! Ela fugiu de mim!

Sandra pensou.

— Hum... Vamos por onde ela foi, talvez esteja com medo.

— Pode ser... Ela foi por aquele caminho.

Marcos apontou para a porta de saída da sala, que levava para um beco. Havia muito fogo no caminho, então Marcos pegou sua mangueira.

— Vamos, Sandra...

— Ok.

Os dois seguiram em frente...


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