Qualquer um menos você escrita por Cherry


Capítulo 9
9 - Aquela vizinha fofoqueira


Notas iniciais do capítulo

Olá, tudo bem? :3

Vim com mais um episódio para vocês, dessa vez já estamos chegando ao momento do jogo do Daniel. Espero que gostem do capítulo de agora, que trata um pouco mais de relação pai e filha.

Desejo uma boa leitura.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/790890/chapter/9

Capítulo nove
       Aquela vizinha fofoqueira

“Eu estava na minha
Antes de você chegar
Agora estou pensando que talvez
você devesse dar o fora
Blá, blá, blá
Eu estou tipo: Na-na-ni-na-não,
não-não-não”
(No – Meghan Trainor)

 

“Você não presta! Que custava se encontrar com ele?” — Elisa.

Ainda estava voltando do hospital e não consegui esperar que chegasse em casa para enviar a mensagem. E quando finalmente paramos o carro na garagem eu já quis logo descer e ir para meu quarto continuar as ideias do meu trabalho, mas havia alguém vindo em nossa direção e pelo jeito a conversa seria longa.

— Olá, vizinhos. — Não, é aquela que estava me olhando estar com aquele ser. — Seu namorado é um gatão, Elisa. — Essa fofoqueira me paga.

— Como assim? — Esse foi o meu pai depois de ficar uns segundos parado com o queixo aberto. É tão esquisito assim que estivesse com alguém?

A minha vontade era de me jogar dali mesmo que custasse outra ida ao médico, detestava toda essa situação de ter de explicar o porquê de haver levado algum cara para dentro sem nem falar com ele. Ainda mais aquele demônio.

— Sua filha levou um garoto para a sua casa hoje. — Foi dizer assim? Ela deve ter algum problema pessoal comigo.

Ele olhava de mim para ela como se tivesse falado que o apocalipse estava sim acontecendo e os zumbis já estão na nossa cidade. Nunca tinha visto desse jeito antes e não dava para saber se estava encrencada ou ia me dar os parabéns.

— Isso é verdade? — Isso com certeza foi para mim.

O tempo rodava tão lento assim antes? Não estou acostumada a ter que falar de algo assim como ter aprontado e o desobedecido. Essa sensação era péssima.

— Sim, foi o Daniel. — Completei e parecia igual a mãe da Alison quando falei sobre, para depois mudar para uma pior que a anterior. Parece que se tocou do que fez.

— Foi ele que fez isso no seu joelho? — Indiretamente sim.

— Não, foi no futsal. —  Deixei os detalhes das três de lado.

— Dona Ana, foi um mal entendido. Desejo boa noite. — Foi à sua maneira de a expulsar sem perder a educação, porém ela não parecia feliz com isso. — Elisa, não ache que escapou, vai me contar o que aconteceu e é agora. — Pelo menos me tirou daquele veículo e me levou até o sofá da sala antes de dizer algo assim, se não talvez teria desmaiado lá mesmo.

— Ele quer que eu coloque seu nome no meu projeto. — Comentei.

— E precisa ir na sua casa para isso? — Não mesmo.

Peguei uma almofada para tentar me acalmar e vi que tinha sentado em algum assento que pudesse me enxergar dali. Essa era a sua tática para me intimidar, foi assim que ele soube o motivo de eu ter queimado meus livros de romance.

— Pai, estamos falando de um idiota, fez isso foi para me incomodar. — Ainda achava algo assim mesmo que tivesse falado que era pelo jogo.

“Daria tudo para ver sua cara.” — Alison.

Ela é amiga ou hater? Essa maldade não se faz com ninguém.

— Pare de ficar no celular! — Gritou e tive de o encarar para ver que dois papeis estavam em sua mão, eram os ingressos? — Você vai ao futebol nesse final de semana? —  Sabia muito bem o porquê tinha parado de ir.

— Sou obrigada, o Daniel que me entregou. — Saiu quase como um sussurro.

— Você está me escondendo alguma coisa. — E foi aí que seus olhos pairaram em uma outra coisa, a edição de “um cara nada perfeito”. — É seu? — Acho que se vier alguma nova surpresa capaz de enfartar por reagir tão horrorizado.

— A Alison que me deu, é para meu trabalho. — Direta e reta para não abrir meu bico e falar mais do que devia.

— Esse que ele quer participar? — Na mosca.

— Isso. — Tentei me levantar e consegui, foi como se o remédio tivesse dando certo. — Vamos jantar? — Convidei quando já estava na cozinha pegando toda a comida do almoço que tivesse para esquentar no micro-ondas.

Podemos nos sentar a mesa e comer cada pedaço sem uma palavra sequer ser dita, o dava um certo alivio por não ter mais perguntas que envolvam eu e aquele metido a popular. Nem sequer brigou quando mexi no celular por um tempo.

— Por acaso está dando em cima de você? Te forçou a ficar com ele? — Foi essa a conclusão que chegou? Era tão absurdo que não aguentei fazer cara de nojo.

— Não. — Disse o mais rápido possível depois de ouvir a pergunta.

— Então por que vai a essa partida? — Era estranho até para mim e não sabia como explicar.

— Fique feliz pela sua garotinha, finalmente vai a um jogo. — Comentei ao me lembrar do quanto insistia para que fosse e ficava triste com todas as recusas.

— Não dá para entender. — Tinha parado de lavar os pratos e se virou para mim de um jeito confuso. — Tentei todos esses anos e até ofereci de comprar um box de Stephen King em troca, mas nem assim. Como esse Daniel que você detesta conseguiu te convencer? — Pensando desse jeito não tem logica mesmo.

— Disse que era uma mentirosa e na verdade amava futebol, agi sem pensar e prometi que iria se convidasse minha amiga também. Só isso, não tem romance ou algo perto disso nessa história. — Era impossível nós dois juntos e acho que não restava mais dúvidas.

— E esse livro, já leu? — Apontou para aquele que antes era meu favorito.

— Não. — Valia a pena dizer que vomitei de nervoso por causa dele? Acho que era melhor esconder isso mesmo. — Mais alguma pergunta, Sr. Preocupado?

— Vem que te levo para o quarto. — Disse que tinha era de tomar banho e foi até a porta do banheiro comigo no colo.

A sensação de estar em seus braços era nostálgica, acolhedora e me acalmava, bem diferente de quando estava sendo carregada por aquele cara. O nervosismo não conseguia sentir, nem ouvir sua respiração me incomodava, as mãos dele estavam quentes, mas não pareciam fazer tudo arder onde tocava. Isso era paz.

“Por que não me responde?” — Alison.

Tem 10 chamadas perdidas dela? Tirei do modo silencioso na hora e as ligações que não atendi daquele ser e dos seus amigos chegavam a 50, se juntar todas, e isso me fez rir por um momento. Logo passou com uma mensagem da minha amiga reclamando por ter visualizado e não retornado.

“Que dramática! Só tirei o toque.” — Elisa.

Consegui me lavar com um pouco de dificuldade e ir para a minha cama, era a melhor coisa estar enroladas na coberta e longe de toda a confusão que teve na tarde de hoje.

“Como foi no hospital?” — Alison.

Respondi a ela que não havia quebrado nada, mas que amanhã não iria para a escola. Por ter dado apenas um dia de atestado fiquei contente que seja sexta-feira, até perguntei se teria mais tempo e poderia dar essa desculpa para não ir lá domingo, mas disse que não era para tanto.

O meu quarto estava cheio de roupas para todo o canto, pinceis, pó, rímel, batom e tudo que há para a minha amiga fazer uma maquiagem. Ela ficava em dúvida se ia com a camiseta do time e uma calça ou de vestido mesmo, mas ainda bem que preferiu o primeiro. Ninguém merece ter de vê-la perguntando se a calcinha aparecia quase toda hora.

— Que droga que aquele médico não me proibiu de sair até a segunda-feira. — Comentei com a minha acompanhante. — Deveria ter dito que não ia ir.

— Primeira vez que fico feliz que seja certinha. — Antes de falar isso sem nem se importar, ainda riu por um bom tempo da desgraça. — Estava com saudades de ir contigo para lá. — Lembrou de tempos que queria mais esquecer.

— Eu não. — Sussurrei porque na verdade estava com medo de pisar na plateia de novo e qual seria a reação quando visse toda aquela multidão. Já ela, não sei como, apenas ficava passando sombra com a maior calma do mundo.

— Deixa eu passar um batom em você? — Perguntou com um de cor vermelha nas mãos. Justo a mais chamativa?

— Para quê? Vamos suar mesmo. — Respondi o óbvio.

— Se você pular e torcer igual antigamente sim, mas se ficar sentada nada vai te acontecer. — Ela tinha total razão. — Quem imagina que quase fez parte das cheerleaders, não é?

Por que eu gostava tanto de futebol a esse ponto? Uma vez até chegaram a me convidar para fazer parte das animadoras, um grupinho voluntário que se reuniu para tentar imitar as norte-americanas, mas neguei sem pensar duas vezes. A Alison quis me matar quando soube disso, só que me ver junto daquele grupo era estranho demais para mim.

— Então faz uma make completa. — O que me fez mudar de ideia foi uma coisa: não me comportar igual antes por causa da maquiagem. — Por acaso o Rímel é a prova da água? — Perguntei com uma certa esperança.

— Não, por quê? — Sua cara de que estava falando em outra língua era o que mais queria.

— Então passa bastante. — E ela fez sem questionar.

Quando me olhei no espelho parecia outra pessoa e isso não era legal. Me sentia desconfortável indo para lá desse jeito, era como se quisesse me aparecer para um certo alguém. Do jeito que era capaz de mal entenderem, principalmente se a Alicia estiver lá.

— Acho que na segunda não irei a aula. — Na sua testa tinha aquele ponto de interrogação enorme. — Vão machucar meu joelho de novo.

— Dessa vez está comigo, se elas tentaram quem vai ter que faltar na segunda não vai ser você. — E pior que nem tinha exagerado, podia até ser um doce as vezes, mas também adora comprar briga.

— Obrigada. — Até sorri, coisa que não fazia há um bom tempo.

— Sabia que não ia aguentar continuar a ficar brava comigo. — E recebi aquele abraço apertado, um dos únicos que não me deixava com vontade de fazer outra pessoa voar longe. Detestava contato físico.

— Ainda não esqueci o que me fez aguentar a tarde toda. — Esse nome era o suficiente para desmanchar toda a alegria que havia em mim.

— Vai dizer que foi tão ruim assim ficar com aquele gato e gostoso do seu lado? Nem sabe mesmo aproveitar as coisas boas da vida. — Respondeu enquanto se fingia de apaixonada.

Sentamos a mesa e comemos um pouco de pão com ovo que meu pai tinha feito para nós enquanto não parávamos de conversar. Toda a vez que o olhava estava fazendo uma expressão esquisita, como se tivesse comido algo estragado.

— Então por que disse que estava fora de casa e não foi receber os ingressos no meu lugar? — Essa mentirosa.

— É, Alison, por que não se encontrou com esse cara? — Se comportando como um ciumento agora? Que deu? Jamais o vi agir desse jeito.

— Quer saber a verdade? Não estou contra que façam o trabalho juntos. — Já tinha a resposta de que essa aí é uma hater minha.

— Mas eu nunca vou aceitar! — Até se levantou dali e foi mexer na torradeira, nessa hora já não sabia mais para que lado olhava nessa discussão.

— Ninguém quer fazer esse projeto junto com ela, por que não dizer “sim” para ele? Um cara tão escroto assim é perfeito para a sua pesquisa. — Também acho isso, mas meu ódio era muito maior.

— Prefiro ver minha filha fora da faculdade do que com o Daniel. — Apesar de sequer ter visto o rosto desse garoto, tudo que sabia dele e o quanto chorei fazia ser super protetor comigo. Teve a mesma reação que eu. — Por mim nem ia ao jogo. — De tão irritado que estava capaz de queimar a mão ao pegar a fatia que estava no eletrodoméstico antes mesmo de subir.

— Não me faça ficar sem ver caras bonitões, Senhor Carlos. — Até fazia bico.

— Mas a Elisa fez uma promessa, não foi? Então vão, antes que proíba mesmo assim. — Era um dos valores que tinha me ensinado, mas sabia que a expressão da minha amiga tinha o feito recuar também. Ninguém resistia.

— Obrigada, pai. — Fui bem irônica sim.

E assim lá estávamos nós chegando naquele estádio enorme, várias pessoas ali ao redor esperando para poder entrar e só de rever tudo isso fazia a minha barriga se revirar, era um nervosismo parecido a ler aquele livro de romance. Podia sentir a vontade de vomitar vindo, só que passou a força pela presença de três meninas ao nosso lado.   


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O que acharam?

Apenas para dizer que a imagem não é minha. Se tiver algum erro de português podem me falar.

Quero agradecer demais desde já a todos que deram a chance de ler esse capítulo, caso queiram comentar sintam-se a vontade, irei amar saber o que querem para os próximos e sua opinião (pode ser qualquer coisa).



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Qualquer um menos você" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.