No dia seguinte, tudo o que aconteceu parecia ter sido apenas um sonho gostoso...mas Julia foi acordada por um Jonas eufórico.

— Amor! Pode me agradecer de joelhos!

— Bom dia para você também...agora, onde é o incêndio?

— Eu consegui!!! Sou o melhor amigo do universo!

— Devo chamar um médico, um guia espiritual ou algo similar? Um psiquiatra pensando melhor... 

— Você pode apenas agradecer?

— Do que diabos você está falando?

— Do telefone...

— Pare! Você entra no meu quarto a essa hora, gritando e pulando como uma gazela, falando um monte de coisas sem nexo algum e espera que eu entenda? Ainda estou dormindo cacete! Que telefone?

— O telefone da sua gatinha, a menina que você estava devorando!

Nesse momento a cabeça de Julia dá um giro de 360° e com certeza se estivesse de pé teria caído. Como assim ele conseguiu o telefone de Luana?

— Você não fez isso...

— Calma, seu nome não foi mencionado e agora basta você ligar e...

— E o quê? Por Deus Jonas, a menina é hetero...eu vou ligar e dizer o que exatamente?

— Oras, vai dizer que ficou louca por ela e quer fazer sexo selvagem e... – Jonas foi interrompido pelo travesseiro arremessado por Julia.

— Cala essa boca idiota! – disse Julia entre risos.

— Vai dizer que não é isso que você quer? Ou...não, espera...amor a primeira vista? Isso é coisa de adolescente mulher!

— Não seja idiota, eu não vou ligar e tenho mais o que fazer, preciso ir trabalhar, afinal foi por isso que voltei né?

Nesse momento o telefone de Jonas toca. Ele se afasta e Julia fica pensando se teria coragem de ligar, mas o que diria? Foi tirada de seus pensamentos por um Jonas ofegante.

— Você não vai acreditar!

— O que foi dessa vez? – o mal humor presente na sua voz.

— Ela quer você!

— O que??? Ela? Que ela? Agora você enlouqueceu de vez...

— A ninfeta! Ela quer você!

— Vamos com calma, ok? Respira... agora, pausadamente, me explique o que está acontecendo.

— Ok, a Luana...

— O que tem a Luana? – Julia perguntou tensa.

— Sabe aquele amigo, que tem um amigo e...

— Tá, tá, sei e?

— Ela ligou para ele e pediu seu telefone seu telefone, disse que queria se desculpar pelo irmão e tal...

— Certo, agora me diz, o que tem demais nisso?

— É obvio! Ela se interessou por você, quer seu corpo!

— Você bateu com a cabeça? Onde se desculpar significa querer meu corpo?

— Ficou burra depois de tanto tempo? Isso é uma desculpa esfarrapada para se aproximar de você!

— Chega! – Julia gritou. – Você agora passou dos limites! Fora daqui! – ela estava descontrolada. Praticamente expulsou Jonas de seu quarto. O que estava acontecendo? Como era possível que estivesse assim, completamente balançada? Resolveu tomar um banho para arrumar os pensamentos.

Após o banho foi para a cozinha e encontrou Jonas tomando uma xicara de café. Ela se aproximou e abraçou o amigo.

— Desculpe ter gritado com você...

— Eu deveria ter ido embora...estou sendo muito mal tratado nessa casa! – Disse tentando parecer ofendido.

— Amigo, estão acontecendo muitas coisas ao mesmo tempo...estou confusa.

— Tudo bem, acho que forcei demais né? Desculpe...

— Jonas, o que está acontecendo comigo? Como pode essa menina estar me deixando assim?

— Ah minha amiga...parece que seu coração está desobedecendo você novamente, querendo o que não deve...

— Isso não é justo! Não basta tudo que já passei?

**Flashback on

— Dianna, querida? Vamos nos atrasar para o teatro. – Julia tinha ido ao escritório buscar sua esposa. – Amor?

Como não houve resposta, resolveu entrar na sala da mulher. Quando abriu a porta, não acreditou no que viu.

— Dianna! Oh meu Deus!

*Flashback off 

Julia estava abraçada a Jonas, chorando. Seu passado a assombrava, não estava pronta para se relacionar novamente, não depois de tudo o que aconteceu. Ainda se culpava e não acreditava que poderia ser feliz. Tinha muito medo, foram 2 anos tentando se recuperar.

— Calma querida...vai ficar tudo bem...

— Não posso me apaixonar Jonas! E... aff, que grande bobagem. – disse secando a lagrimas – e ela é totalmente hetero né? E jovem e...

— Ei...calma, fique tranquila, sem pressa ok? Deixe as coisas acontecerem.

— Está bem. Eu preciso me arrumar e ir para o jornal, você vem?

— Não amor, tenho milhões de coisas para fazer, mas podemos almoçar?

— Claro! Me avise quando estiver livre.

Despediram-se e Julia foi se arrumar. Milagrosamente o trânsito estava tranquilo. Chegando ao prédio, o segurança não permitiu sua entrada pois não tinha o adesivo de funcionário. Ele pediu um documento de identificação e ligou para o RH. Voltou pedindo mil desculpas e liberando imediatamente o acesso. Pacientemente esperou o elevador. Ao chegar no 15° andar uma jovem já esperava por ela.

— Sra. Julia, bom dia. Sou Mariana.

— Bom dia Mariana.

— Serei sua secretaria se não houver problemas.

— Ótimo, quero todas as informações necessárias para a primeira reunião.

— Todos os relatórios foram enviados ao seu e-mail e as demais informações já estão em sua mesa.

— Perfeito, vamos entrar, quero ver como está o lugar, faz muito tempo que não vejo esse escritório...

Ao entrar no ambiente, houve um misto de surpresa e interrogação entre os funcionários. Alguns cochichos e logo todos já sabiam que a linda loira era a herdeira do império de comunicação Willians e estava ali para assumir a presidência, depois de anos fora, cuidando dos negócios na Europa.

A sala de Julia estava perfeitamente decorada de acordo com suas instruções, desde os quadros, passando pela paleta de cores até a máquina de expresso, para manter seu vício em café.

Trabalhou bastante durante a manhã, lendo todos os relatórios possíveis. Ouviu uma batida na porta e estranhou, pois, pediu para não ser interrompida. Era Jonas.

— Hey mocinha! Almoço?

— Ei bonito! Pensei que iria me avisar quando estivesse pronto?

— Estou faminto mulher, vamos!

— Ok, vamos esfomeado. – Ao sair da sala acenou para a secretária e disse que voltaria em 1h mais ou menos.

— Sim senhora.

— Pare de me chamar de senhora Mariana, me sinto uma velha assim. Apenas Julia ok?

— Sim sen... Julia.

— Ótimo, agora vamos homem, parece que não come a dias.

— Engraçadinha...realmente o trabalho faz muito bem para você.

Saíram sorridentes rumo ao restaurante. Julia fez questão de comida brasileira. Enquanto esperavam seus pedidos, Jonas resolveu tocar no assunto Luana, mas antes que abrisse a boca, o celular de Julia tocou.

— Hum, não conheço esse número... Alô?

— Er...Julia?

— Julia Willians, quem fala?

— Oi, é a Luana, eu estivesse na sua festa, não sei se lembra...

— Luana! Claro! Como poderia esquecer! – revirou os olhos se dando conta que estava empolgada demais.

— Desculpe se atrapalho. Eu...é – Luana gaguejava, visivelmente nervosa.

— Não, imagina, estamos almoçando...Jonas, para! – ele estava fazendo caras e bocas se divertindo com a empolgação de Julia. – A ligação ficou muda.

— Alô, Luana?