Além da Amizade - NaruSaku escrita por Akaito


Capítulo 2
Encontre alguém como eu


Notas iniciais do capítulo

Muito bem, graças ao comentário que recebi no primeiro capítulo, decidi continuar com a história. Espero que ela os agrade ^^



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Embora as palavras de Sakura soassem como o sermão de uma amiga atenciosa, havia algo nelas que fizeram a Haruno desviar o olhar enquanto às dirigia a seu companheiro de equipe. Soavam como quem tentava escondera a decepção da própria fala. Naruto reconheceu isso. Todavia, antes mesmo que pudesse formular alguma explicação para seus pensamentos sentiu a mão ferida fraquejar e escapar de seu controle, desabando sobre o balcão em que se servia. Na queda, a lateral da palma atingiu a borda da tigela de rāmen e o caldo fervente da sopa jorrou sobre sua ferida.

— UGHH!

Naruto urrou de dor ao passo em que atraía os olhos estarrecidos de seus amigos e demais participantes da cena.

— Oh meu deus Naruto, você está bem!?

Sakura tentou acudi-lo e logo mais chegaram Teuchi e Ayame para entender o motivo do alvoroço. Em Ino e Sai a expressão estática de surpresa ilustrava o clima de tensão momentâneo que se instaurou com o acidente.

— N-não se preocupem, está tudo bem...  – Naruto tentou esconder a dor para aliviar os semblantes assustados do restaurante, mas um de seus olhos fechados denunciavam o esforço.

— Não, não está. – Replica Sakura.

Ela deposita sobre o balcão a quantidade de ryōs necessária para cobrir os pedidos seus e de Naruto, e então apanha-o pelo pulso da mão direita à fim de arrastá-lo para fora do local.

—  Vamos tratar isso antes que piore. Sai, Ino, obrigado pela noite. Teuchi-san, por favor, fique com o troco.

Os três referidos abanam a cabeça em sinal de concordância.

— Até mais, Naruto, Sakura! – Acena Ino vendo os dois se distanciar.

— Nossa, será que ele vai ficar bem? – Ayame intercede. Há preocupação em seu olhar enquanto ela fita a silhueta de Naruto se tornar cada vez menor.

— Não se preocupe, ele está em boas mãos. – Aconselha Ino, com um sorriso confiante no rosto. – A verdade é que não há ninguém melhor com quem ele possa estar agora. Ela é a Sakura, afinal.  

— É... Você tem razão...

Embora as intenções de Ino refletissem as habilidades medicinais de sua amiga, Ayame interpretava a mensagem de sua própria maneira. “Queria que ele estivesse comigo”, pensava.

[...]

A noite já ia à fundo e os dois companheiros do time 7 ainda cruzavam a avenida do chá que procedia o Ichiraku. Sakura avaliou as melhores rotas. O hospital estava pelo menos há quatro quarteirões dali, enquanto que sua casa podia ser alcançada rapidamente dobrando a próxima quadra. Embora a enfermaria possuísse todos os recursos necessários para atender seu companheiro de equipe, Sakura se lembrou que possuía um kit de primeiros socorros em seu lar que poderiam dar conta do recado. Enquanto isso, Naruto grunhia de dor.

— Sakura-chan, onde estamos indo?

— Até minha casa.

— Oh...! – Naruto parece gostar da ideia.

— Não me entenda errado, idiota. – Uma veia salta na testa de Sakura. – Não iria ter que aguentar você agindo como um bebê chorão até chegar no hospital. Só iria me envergonhar.

— Ite, ite... Vai com calma, por favor, Sakura-chaan!

Naruto proclama assim que nota sua companheira apertar o passo. Sakura o ignora, e continua seu trajeto dobrando a rua que residia sua casa. “Além disso, é muito estranho que a ferida dele ainda não tenha se fechado. Mesmo depois do meu Shōsen Jutsu (Técnica da Palma Curativa) e a influência de Kurama, ele ainda não se recuperou... Será que as células de Hashirama naquele Zetsu sofreram algum tipo de mutação que estão interferindo no processo de cicatrização?”

Finalmente os dois chegam às portas do apartamento dos Haruno. Naquele momento Naruto percebe que nunca havia sequer subido aquelas escadas antes. A expectativa vergonhosa de reencontrar os pais de Sakura enquanto naquele estado o fizeram esquecer por um tempo da dor que o invadia pela mão ferida. Contudo, para o seu alívio, o sr. Kizashi e a sra. Mebuki não estavam em casa hoje.

— Ótimo, eles devem ter saído para caminhar. – Concluí Sakura, igualmente aliviada, só que por outro motivo. – Temos que ser rápidos, antes que eles cheguem em casa e percebam que estou com outra pessoa aqui à essa hora.  

Os dois adentram o recinto e Sakura insiste para que Naruto não retire as sandálias no genkan (piso inferior onde se deixam os calçados). Ela já havia tomado todas as providências necessárias, não deixaria provas para más interpretações caso fosse pega de surpresa e Naruto tivesse que escapar. Somente ela sabia o quanto eles encheriam sua paciência com isso, seria péssimo se depois de uma missão extenuante ainda tivesse que lidar com a imaturidade de seu pai e os sermões de sua mãe.

— Espere aí, eu já volto. – Ela puxa uma cadeira na sala de jantar para Naruto se sentar, e então vai até seu quarto em busca dos medicamentos.

— H-hm! Está bem.

Naruto concorda, mas sua atenção está vagando pelas quatro paredes da residência de Sakura. Era um apartamento pequeno, afinal, não muito diferente do seu, com exceção de que ali todas as coisas estavam limpas e nos seus devidos lugares. Uma realidade muito distante do seu canto caótico que cheirava à rāmen instantâneo e beirava o cenário de uma zona de guerra.

— Então essa é a casa da Sakura-chan... – Diz ele, admirado.

A casa de Sakura era aconchegante, exalava uma fragrância doce de pétalas de cerejeira e transmitia a paz de uma residência acolhedora. Muito diferente da paz solitária que Naruto possuía em seu apartamento. Ele estava curioso e decidiu investigar, levantando-se da cadeira e perambulando pelos cômodos casa. À todo momento novas evidências que apenas ele poderia perceber chegavam ao seu consciente, eram coisas simples como os pares de sapatos distintos que se empilhavam no genkan, ou mesmo os quadros de família preso às paredes. Em certo momento ele pausou o olhar acima de um quadro que mostrava Sakura sendo abraçada pelos seus pais. “Eles parecem felizes juntos”. Naruto se perguntava se era assim que todas as casas de famílias eram. Se seus pais estivessem vivos, talvez ele também morasse em uma casa como esta. Talvez ele também tivesse que se preocupar em trazer pessoas para casa com medo que seus pais o interpretassem errado. O quê Kushina diria?

“Outra proibição são as mulheres. Sou mulher e por isso não sei muito disso, mas tudo que você precisa lembrar... é que este mundo é feito de homens e mulheres. Então é natural ficar interessado por meninas. Mas não vá se interessar por meninas ruins...”

No mesmo instante, a face de Kushina voltava à sua memória e junto dela as últimas palavras e lembranças que compartilhara com Naruto em seu leito de morte. Era um rosto sereno, confortável e cheio de ternura, exatamente como lembrava de sua mãe. 

 “Encontre alguém como eu.”

— Mãe... – Murmurou Naruto, audível somente para si mesmo. – Será que é realmente a... ?

— Naruto?

— ...!

Sakura surge atrás de Naruto, espiando seu ato com certa curiosidade.

— O que foi? Porque está olhando minha foto com meus pais?

— Nada! É que... – Ele vira para ela e abre um sorriso de conforto, espantando o estado de abatimento que há pouco havia o tomado. – Vocês três ficam muito bonitos juntos.

— ... – Sakura permanece em silêncio, por um momento esquecendo toda a ansiedade que a trouxera até ali. Em seus olhos brilham todo sentimento de ternura e compaixão que ela possuí com seu companheiro de equipe. De alguma forma ela sabia o motivo de Naruto ter falado aquilo, mas não podia dizer que entendia.

— Vem cá, vamos cuidar disso. – Ela sorri, consolando o amigo enquanto o conduz até o banheiro. Sob a pia ela remove as ataduras e deixa a água corrente aliviar a única dor que, no momento, poderia afastar de Naruto. “Desculpe Naruto, é tudo o que eu posso fazer por você agora...”. Pensava consigo mesma, ligeiramente frustrada por não ser capaz de conceder a ele todo conforto que precisava no momento.

A água fria escorre sob a ferida aberta de Naruto e mistura o alívio do escaldo com a dor da carne viva sendo lavada. Naruto solta um grunhido de dor, mas Sakura mantém o cuidado necessário com seu Shōsen Jutsu (Técnica da Palma Curativa) para que a dor não se alastre e o torture ainda mais.

Mais tarde ela o conduz até o sofá da sala de estar para aplicação da pomada. Seus dedos cobertos da substância gelatinosa fria suavemente massageiam a pele dolorida de Naruto. Ela segura sua mão com gentileza, encontrando seus dedos finos nas mãos robustas do Uzumaki.

“A mão da Sakura-chan é... tão macia...”

Contrastando a típica figura bruta que sempre o espancava, Naruto sente-se confuso com a atitude de Sakura. Atônito, ele se mantem defensivo aguardando pelo momento em que ela soltará um novo sermão para corrigir sua constante negligência e compostura. Mas isso não acontece, e tudo o que ele pode sentir é suas bochechas se avermelhando, rubro de vergonha em estar recebendo tal tratamento sem qualquer tipo de agressividade de sua amiga.

— Naruto?

— Si-sim?

— Você... gosta da Hinata?

Continua...


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