Um vira-tempo com defeito escrita por Lady M


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

"Juro solenemente não fazer nada de bom."
Divirtam-se!!! ^.^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/790849/chapter/7

Pov Draco Malfoy

Draco explicou a situação do vira-tempo para Mcgonagall.

— Você precisa ir para Mansão Malfoy, vou levá-lo até lá imediatamente.

Draco assentiu e aceitou a mão da diretora. Aparataram no jardim da Mansão, sem nenhum sinal de Aurores, pelo menos foi o que Draco pensou até entrar em casa. Harry Potter uniformizado como um Auror estava sentado na sala de estar com a mãe dele. Os dois estavam conversando amigavelmente.

Potter levantou em um salto e a mãe dele continuou impassível. Narcisa olhou Draco de cima a baixo, uma rápida avaliação, para tentar entender o motivo que levou o filho até ali.

— O que te traz aqui no meio de uma semana do ano letivo Draco? Ele causou algum problema Diretora?

Ele sentou do lado da mãe e respondeu tirando o foco dela de cima da Mcgonagall:

— Preciso mexer nas entregas que foram feitas pela Borgin & Burkes.

Narcisa remexeu-se de forma desconfortável no sofá, tentando não mostrar como ficou abalada com o simples fato de abrirem o escritório de Lucius. Potter observava tudo sem entender nada, então a diretora Mcgonagall foi conversar com ele do lado de fora da sala. 

— É sério mãe, eu realmente preciso encontrar uma coisa muito importante dentro daquelas caixas. Elas estão no escritório do meu pai?

Narcisa assentiu, pois notou o desespero e a urgência do filho. Ela levantou e o levou até o escritório de Lucius, aquele cômodo permanecia fechado desde o julgamento. Narcisa andou por ele sentindo saudades, não do marido em si, mas da vida que levavam antes da guerra consumi-los e transformar a Mansão em um quartel para o Lord das trevas.

Narcisa travou na frente da árvore genealógica da família Malfoy. Um nome conhecido por ela começou a ocupar um lugar na árvore, um lugar de destaque. Draco não percebeu isso, só continuou procurando até encontrar um saco de veludo verde que ele havia visto apenas uma vez na vida. Abriu-o e pode ver o vira-tempo lá dentro. Estava prestes a sair daquele escritório horrível quando sua mãe segurou-o pelo braço.

— Quando você pretendia me contar, Draco?

Narcisa olhava para o filho ressentida.

Draco olhou da mãe para a parede e surpreso viu o nome de Hermione Jean Granger ser transformado em Hermione Granger Malfoy ao lado do dele criando uma nova ramificação que levava ao nome de Scorpius Hyperion Malfoy.

Draco virou-se para mãe.

— É uma longa história…

Narcisa o interrompeu irritada:

— Longa? Draco Lucius Black Malfoy, isso não é desculpa para engravidar alguém enquanto deveria estar estudando. Pelo visto até o sexo do meu neto vocês já sabem, já que o nome dele está ali. Você deveria ter me contado, naquela sua carta falou apenas de quadribol, deveria ter mencionado…

Draco colocou as mãos nos ombros da mãe.

— Ele é realmente seu neto, mas atualmente ele não existe. Como poderia ter um filho de onze anos? Scorpius veio parar no passado por causa de um vira-tempo quebrado capaz de viajar anos no tempo. Ele está preso aqui enquanto a Granger está perdida em algum lugar do espaço-tempo. Preciso concertar as coisas, como pode ver, está tudo prestes a desmoronar para o seu neto.

Narcisa olhou preocupada para o filho.

— Por isso você precisava olhar as caixas da Burgin & Burkes. Draco isso é muito sério, se ela não voltar para o presente, seu futuro pode sumir e junto com ele esse menino.

Draco assentiu, os dois saíram do escritório e um Potter preocupado aguardava-o na sala ao lado da diretora. Os dois estavam ansiosos.

Mcgonagall perguntou cortando o silêncio entre eles:

— Você encontrou senhor Malfoy?

Draco assentiu, mas antes de despedir-se de sua mãe virou-se para o Potter.

— Sei que não somos amigos, mas preciso de um favor seu.

Potter respondeu:

— Não nós não somos, mas se for pela Hermione, posso até voltar com você para Hogwarts.

Draco negou:

— Não será necessário, na verdade, gostaria de pedir a sua capa da invisibilidade emprestada.

Potter pediu para ele esperar. Draco conversou um pouco com sua mãe e ela contou tudo que sabia sobre o vira-tempo. Aquele pequeno colar foi um presente de seu avô para sua avó a magia dele era muito poderosa e antiga, mas diferente do que Lucius acreditava, ela não tinha nada a ver com a Arte das Trevas. O vira-tempo estava vinculado ao amor, um amor puro, verdadeiro e genuíno, só seria capaz de voltar no tempo se a pessoa que o deu amasse a outra pessoa que o recebeu, sendo correspondida sinceramente. O vira-tempo não estava quebrado como Lucius acreditava, só o casamento entre os pais dele que não ia nada bem.

— Draco vale ressaltar que esse vira-tempo tem duas limitações, a primeira é que ele só é capaz de levar seu portador para o passado em momentos que ele estava presente, e a segunda ele forma um laço entre as duas pessoas que o possuem.

Draco perguntou:

— Um laço? Mas de qual tipo?

Narcisa sorriu.

— Não sei bem, pois nunca experimentei nada parecido. Sua avó tinha um diário, antes da guerra acabei lendo-o parcialmente, ela mencionou algo sobre lembranças compartilhadas.

Potter voltou com a capa em uma mão e um pedaço de pergaminho na outra. Sua mãe não disse mais nada e Mcgonagall parecia estar curiosa, mas não perguntou nada.

Potter estendeu o pedaço de pergaminho para ele.

— Esse é o mapa dos marotos, se você pretende usar esse vira tempo para salvar a Hermione tem que se lembrar de que a sua versão atual nunca deve ser vista ou encontrar com sua versão do tempo passado. Além disso, você não pode interferir de maneira deliberada no tempo em que você está. Por esses motivos estou te emprestando o mapa junto com a capa.

Draco assentiu sério, até que Potter tinha um pouco de noção e auto-preservação dentro daquela cabeça rachada dele.

Potter sorriu.

— Quando chegar no castelo diga: “Eu juro solenemente não fazer nada de bom.”, assim vai poder evitar você mesmo. Depois que terminar diga: “Malfeito feito.” e o mapa sumirá.

Draco não entendia como aquele pedaço de pergaminho o ajudaria, mas se Potter estava dizendo era melhor acreditar. Pegou também a capa da invisibilidade e voltou para Hogwarts com Mcgonagall. Os dois começaram a traçar um plano de ação.

 

Pov Hermione Granger

Estava sentada na sala de aula, sim na sala de aula, olhou em volta e para sua surpresa Malfoy estava sentado ao lado dela. Percy estava dando aula, continuava falando e falando, Hermione só conseguia pensar em sair correndo dali e pedir ajuda para Minerva. A diretora seria, assim como Dumbledore, uma boa fonte de consultas.

A aula terminou e Hermione levantou, mas Malfoy segurou ela pelo pulso.

— Preciso de ajuda com esse dever Granger.

Ela deu de ombros.

— Precisa ser agora Malfoy? Não pode esperar pelo menos até depois do almoço?

Ele negou:

— Tenho treino de quadribol depois do almoço e você sabe disso.

Hermione percebeu como ele estava carrancudo, ele ainda não era caidinho por ela pelo visto. Ela voltou a sentar na cadeira ao lado dele. Draco Malfoy era um verdadeiro problema, quando ela acostumava-se com a ideia de tê-lo sorrindo para ela, ele tornava-se carrancudo e distante. Na verdade o problema não estava exatamente no loiro, mas no fato dela ter visto outras versões dele.

Sem paciência ela disse:

— Anda, me fala o que você precisa saber.

Ele apontou para folha.

— Como funcionam esses tais termômetros trouxas?

No desenho que ele fez e na imagem que estava sendo projetada pelo professor durante a aula, Hermione percebeu o erro tanto de Percy quanto de Malfoy. Aquilo não era um termômetro, talvez fosse essa informação que tenha ajudado o Malfoy do futuro. Hermione conjurou um termômetro e um teste de gravidez de farmácia, colocou os dois em cima da mesa e levantou.

— Qual desses você acha que é um termômetro trouxa?

Malfoy pegou os dois da mesa e avaliou de perto. Nenhum dos dois objetos fazia parte do cotidiano do bruxo, então Hermione apenas pegou eles de suas mãos.

Ergueu o teste de gravidez e disse de modo natural:

— Isso aqui é um teste de gravidez trouxa, Percy é um excelente professor, mas ilustrou de maneira errada essa aula.

Malfoy levantou da mesa e pegou o teste da mão dela.

— Como os trouxas podem saber se tem um bebê a caminho com esse palito?

Hermione suspirou.

— É uma explicação complexa que envolve ciência trouxa e demoraria horas, então para resumir, as mulheres trouxas fazem xixi em cima dessa marca, depois esperam em torno de quinze a trinta minutos, logo em seguida aparecem listras aqui, caso isso aconteça, serão duas listras vermelhas indicando que a mulher está grávida.

Malfoy balançou o teste.

— Isso é confiável?

Hermione riu da descrença dele.

— Costuma ser 98% seguro, mas também existe o exame de sangue. O método bruxo com certeza é mais prático, apenas um feitiço como Homenum Revelio é capaz de mostrar uma pequena luz no interior do corpo da bruxa grávida.

Malfoy deu de ombros.

— Acredito que esse teste trouxa seja mais parecido com o Reperto.

Hermione nunca tinha ouvido falar daquilo, então perguntou:

— Como?

Malfoy sentou na mesa atrás dele.

— Você nunca viu um Reperto?

Hermione negou com um menear de cabeça.

— É uma cápsula de vidro que tem um líquido opaco acinzentado. Uma bruxa deve lavar bem as mãos antes de envolver a cápsula com elas, deixando-as bem fechada em torno do vidro. Deve esperar um minuto, se ela estiver grávida o líquido começará brilhar dourado, e será possível ver o brilho entre os dedos dela. Se nada acontecer, foi alarme falso. Parece mais com esse palito.

Hermione assentiu e guardou aquela nova informação. Ela também achou aquele método de descobrir uma gravidez bem interessante.

Malfoy pegou o termômetro na mesa e levantou.

— Então esse é o tal termômetro?

Hermione havia conjurado um termômetro digital, porque ela não gostava daqueles de mercúrio.

— Posso testar em você, Malfoy?

Ele deu espaço para ela, Hermione chegou bem próxima do corpo dele e colocou o termômetro debaixo do braço do loiro, com as viagens no tempo, ela já estava começando a acostumar-se com a proximidade de seus corpos. Uma familiaridade quase irresistível.

Malfoy não recuou, em vez disso ele inclinou o tronco para frente e seus rostos ficaram muito próximos. O termômetro apitou e ela pegou ele, tentando dissipar o calor que subia pelo corpo dela. A temperatura de malfoy estava normal, ela mostrou para ele que não desgrudou os olhos dos dela.

Com as mãos livres ele puxou ela para si, Hermione não apresentou nenhum tipo de resistência, muito pelo contrário ela queria estar ali. Malfoy deixou uma mão na cintura dela e com a outra contornou a lateral de seu rosto. Os dedos dele traçaram a sobrancelha dela, a ponta do nariz e enfim fizeram o contorno de sua boca. Ela suspirou de satisfação e ele tomou aquele gesto como permissão para juntar seus lábios.

O beijo começou quente, incerto, eles estavam se conhecendo, testando como as bocas e os corpos deles encaixavam-se, aquele com certeza era o primeiro beijo deles. Mas não decepcionou, pois a incerteza logo deu lugar para a satisfação, as línguas deslizando uma sobre a outra, a mão em sua cintura apertou-a puxando-a para mais perto dele, Hermione inclinou seu corpo para trás dando mais mobilidade para o beijo deles. As mãos dela largaram o termômetro para irem de encontro a nuca do loiro, fazendo um carinho com suas unhas por onde seus dedos passavam. Os dois não queriam parar, mas o ar se fez necessário.

Malfoy soltou-a de repente afastando-se dela.

— Desculpa Granger.

Ela observou ele tentar ajeitar o cabelo que estava bagunçado.

— Pelo quê exatamente?

Ele ajeitou a roupa dele, aproximando-se dela. Hermione podia notar como Malfoy estava confuso e arrependido, o que só a deixou magoada.

Mais contido ele disse:

— Estou tentando dizer que sinto muito.

Ela o respondeu de maneira ferina:

— Sente muito por ter me beijado? Ou sente muito porque não vai acontecer de novo?

Ele terminou de cortar a distância entre eles, arrumando a gravata dela com gestos simples e precisos, ele disse:

— Pelas duas coisas, Granger.

Ele virou de costas e saiu da sala deixando-a para trás. Hermione não sabia se ria ou chorava. Como ela tinha acabado no meio daquela confusão?

 

Pov Draco Malfoy

Já era a terceira tentativa de Draco, mas o vira-tempo não estava funcionando. Mesmo assim ele resolveu tentar mais uma vez falhando miseravelmente na tarefa.

Scorpius tentou ajudar o pai.

— A vovó Cissa disse que ele só funciona à base de amor. Então temos um grande problema nas nossas mãos, porque você não ama a minha mãe ainda e ela provavelmente não ama você.

Draco olhou para Scorpius com raiva.

— Obrigado por isso sabichão. Tem mais alguma ideia brilhante?

Scorpius encolheu os ombros.

— Desculpa por isso, mas estou tentando te ajudar de maneira lógica e prática. Que tal tentar gostar um pouquinho mais dela?

Draco atirou-se no sofá que a sala precisa tinha concedido para eles. Scorpius estava pedindo algo exagerado, ele e a Granger tinham uma pequena tensão sexual mal resolvida entre eles, isso estava longe de ser amor.

— Eu sei disso, mas estou frustrado. Tem outra sugestão?

Scorpius arriscou perguntar:

— Você ama alguém? Além da vovó Cissa, é claro.

Draco meditou sobre aquela pergunta, ele amava os amigos dele, de certa forma. Ele amava a mãe dele incondicionalmente. Ele amava o Scorpius? Scorpius podia ser a solução que eles estavam procurando.

Draco levantou do sofá em um pulo.

— Acho que vou tentar novamente, mas dessa vez você que irá ser o portador do vira-tempo. 

Scorpius arregalou os olhos.

— Eu não tenho capacidade para usar essa geringonça. A primeira vez que tentei acabei nessa encrenca sem fim! Sou desqualificado para isso pai.

Draco andou até Scorpius e pôs a mão no ombro do garoto para tentar tranquilizá-lo.

— Você não vai ir despreparado, primeiro vamos aprender a usar esse mapa que o Potter emprestou para mim, além disso ainda terá o auxílio da capa. 

Scorpius pegou o papel das mãos de Draco e sem instrução nenhuma disse:

— Eu juro solenemente não fazer nada de bom.

Draco observou boquiaberto um mapa de Hogwarts começar a ser desenhado. Todas as salas estavam ali, inclusive a sala precisa. O nome das pessoas e suas localizações, aquilo era quase inacreditável.

— Como? Scorpius?

O menino sorriu triunfante.

— Lembra que falei que o meu melhor amigo é um Potter. Então Harry deu esse mapa de presente para o Alvo, filho do meio da família Potter.

Draco olhou assombrado para o garoto.

— Potter deve ter usado esse mapa para salvar o mundo bruxo durante a guerra.

Scorpius assentiu e um pouco envergonhado confidenciou:

— Usou, inclusive, foi assim que ele teve certeza que você tinha se tornado um comensal.

Draco não se orgulhava disso, mas era um fato. Ele era um ex-comensal, culpado, estava cumprindo sua pena durante aquele ano. Tinha consciência que seu filho sabia disso.

— Então, agora que tem esse mapa, você irá girar os primeiros dois aros para uma data e hora, depois vai pensar em um lugar, não deixe sua mente vagar, pois a magia é fluida e pode ocorrer algum erro.

Scorpius assentiu.

— Vou tentar voltar para o dia onde te contei tudo. Se der certo, posso tentar voltar para o dia onde minha mãe sumiu?

Draco negou.

— Não mesmo, se der certo, você vai voltar imediatamente para cá. Vamos com calma Scorpius.

O menino assentiu e colocou o colar.

 

Pov Hermione Granger

Aquela fuinha albina sem noção! Hermione queria arrancar a cabeça de Draco Malfoy, mas ao mesmo tempo queria bater em si mesma. Ela não o afastou, ela deveria tê-lo empurrado. Hermione estava marchando pelo corredor, pisando duro quase soltando fumaça pelos ouvidos.

Esbarrou em alguém e para o espanto dela era Parkinson.

— Cuidado sua…

Hermione nem deixou ela terminar.

— Sem noção, cega, rata de biblioteca, sangue ruim? O que ia dizer Parkinson?

A garota olhou boquiaberta para Hermione, em todos esses anos ela nunca tinha visto a grifinória perder a compostura daquela maneira.

— Eu não ia dizer nenhuma dessas coisas, principalmente a última, Granger. Depois da guerra comecei a perceber que esse preconceito de sangue é totalmente infundado. Até o Lord Voldemort era um meio sangue, como ele queria que o mundo bruxo fosse todo sangue puro? Se a magia fosse apenas para os sangues puros, não haveria nascidos trouxas dotados de capacidades mágicas.

Hermione olhou espantada para a sonserina.

— Nossa.

Parkinson sorriu e estalou a língua.

— Consegui deixar a grande Hermione Granger sem palavras. Deveria imortalizar esse momento?

Hermione riu, talvez ela precisasse falar com a Parkinson mais vezes.

— Acho que não, ultimamente isso tem se tornado comum, quase um hábito,  principalmente quando estou interagindo com sonserinos.

Parkinson arqueou as sobrancelhas.

— Você e o Draco brigaram?

Hermione negou e voltou a andar no corredor, Parkinson que estava indo no sentido contrário mudou seu trajeto e começou a acompanhar ela.

— Só estou curiosa, esbarrei com ele também e ele não parecia em um bom dia.

Hermione suspirou. Ele não estava em um bom dia? Aquele beijo foi algo tão ruim assim? Parecia que ele estava tão confortável quanto ela, pelo menos durante o beijo.

Parkinson olhou para Hermione com afinco.

— Você usa gloss de morango?

Hermione assentiu.

— Então amiga, tenho que te dizer que você deixou um rastro e tanto na boca do Draquinho.

Hermione ficou vermelha, estava tão vermelha que poderia esconder-se no brasão de sua casa.

— Então foi isso que aconteceu!

Parkinson não esperou por uma resposta, sumiu pelos corredores e antes que Hermione pudesse tentar adivinhar a senha da sala da diretora o mundo começou a girar. Mas dessa vez Hermione sentiu o frio na espinha antes de terminar de aterrissar.

Dor uma dor lasciva e alucinante tomou conta da mente e do corpo dela. Hermione tinha a visão turva por conta das lágrimas, a mente só conseguia manter-se sã, porque a dor era um sinal de que ainda estava viva. Mesmo que seu corpo parecesse estar sendo dilacerado tecido por tecido, músculo após músculo, a dor era tão excruciante que ficaria gravada em sua alma.

O gosto do sangue subia pela garganta dela, os ouvidos zuniam como se vespas dançassem dentro deles, os olhos mantinham-se abertos por choque. Bellatrix não descansava, não cessava, Hermione não queria ter que reviver aquele momento. Com a varinha em punho ela não era capaz de defender-se. A bruxa lunática que a torturava começou a gravar letra por letra em seu braço.

Hermione com a visão embaçada e desfocada olhou para o canto da sala e atrás do sofá em pé estava Draco Malfoy. Ele sempre esteve ali? Pela primeira vez ela conseguiu concentrar-se nele. Sentiu a dor diminuir, mas não o suficiente, os lábios do loiro faziam um feitiço silencioso, como todos estavam vidrados na cena que acontecia no centro da sala entre ela e tia dele, ninguém parecia notar o que o loiro fazia. Ele estava repartindo a dor com ela, mas não demonstrava sofrer, talvez Malfoy estivesse acostumado com a dor. Hermione sentiu-se grata e aliviada, se é que dentro daquela dor existia algum conforto.

Malfoy continuava ali, firme em seu propósito, para surpresa dela.

Hermione pensou:

“Obrigada Malfoy”

 

Ele arregalou os olhos um pouco surpreso, mas não disse e nem pensou nada, suas mentes estavam juntas naquele pequeno espaço de tempo, assim como a dor que eles compartilhavam. Hermione deixou-se vencer pela exaustão, ela recordava de ter caído na inconsciência, mas dessa vez não foi sozinha.

A voz de Malfoy ecoou na mente dela:

“Eu vou te encontrar Granger.”

 

 

Pov Draco Malfoy

Draco acordou suado daquele pesadelo, mas dessa vez as lembranças dele pareciam embaralhadas com o sonho. Granger de alguma maneira o agradeceu, mas ela sabia que ele tinha ajudado ela naquela noite na Mansão Malfoy? Inquieto ele levantou da cama sem acordar Scorpius. O menino estava muito triste por não ter conseguido voltar no tempo. O vira-tempo parecia recusar-se a ajudá-los.

Sem pressa ele pegou uma pena e um pergaminho, traçou os sonhos que vinha tendo com a Granger depois que ela sumiu no espaço-tempo, ele pretendia enfatizar as diferenças entre as lembranças e os sonhos. Quem sabe assim ficasse menos inquieto.

 

— Soco no nariz do terceiro ano

Granger queria socá-lo

Granger parecia incerta sobre socá-lo

 

— Baile de inverno

Granger passou sem nem notá-lo

Granger o encarou e sorriu

 

— Noite onde Tia Bella torturou Granger até a inconsciência

Ela não sabia que ele dividiu a dor com ela

Ela sabia e ainda conversou com ele naquele momento em que estavam sendo um só

 

A mãe dele falou algo sobre lembranças compartilhadas. Talvez isso fosse um sinal! Um mapa por onde ela estava passando, ela estava correndo cronologicamente para frente. Ele e ela compartilhavam aqueles pequenos hiatos. Talvez a próxima lembrança fosse os dois juntos naquele ano. Draco sorriu e pegou a capa da invisibilidade e o mapa do maroto, ele iria voltar para o primeiro dia de aula, se ele conseguisse, poderia pensar em formas de juntá-los, assim quando ela fosse sugada pelo vira-tempo já estaria apaixonada por ele. Dessa forma Draco estaria concertando o vira-tempo de Scorpius.

O plano não soava ruim, já que ele não podia viajar para o futuro, faria o máximo possível no passado. Missão um: Fazer ele e a Granger cederem aos poucos.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

"Malfeito feito."
Até o próximo capítulo!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Um vira-tempo com defeito" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.