O Último Final Feliz escrita por Flor Da Noite


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!



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“Era uma vez... uma jovem garota de pele branca como porcelana e cabelos ruivos como a chama vibrante de uma fênix, seus olhos verdes eram como esmeraldas reluzentes ao sol e seus dentes tão brancos quanto as nuvens fofinhas do céu. Essa garota adorava ler e estava sempre perambulando pela cidade com seus livros sobre lugares distantes.

Um dia, em uma de suas caminhadas literárias, essa menina encontrou um velho comerciante que estava de passagem na cidade e ele lhe ofereceu uma linda pena para escrita feita de ouro e pedras preciosas, mas quando a garota foi recusar – Nunca teria dinheiro para tanto! – o comerciante havia desaparecido deixando-lhe com a pena.

Com o presente inesperado em mãos, a garota correu para casa para logo testar o tão encantador objeto. Todavia, o que a garota não esperava era que ao escrever com a pena ela seria transportada para um novo mundo. O tão sonhado mundo fantasioso de seus livros!

Aquilo parecia mesmo um sonho! E a garota fora obrigada a beliscar-se para obter a prova de que estava mesmo acordada. Para seu espanto estava mesmo acordada, na verdade tão acordada quanto nunca estivera!

A jovem olha em volta suspirando de emoção, era tudo magicamente encantador, desde as flores até os animais fantásticos que passeavam pelo bosque tranquilamente. Um dragão passa voando acima de sua cabeça e rugi ferozmente, em seguida, repete o ato. O barulho era ensurdecedor!”

Priiiim, priiiiim, priiiim!

O rugido do dragão transforma-se lentamente no ruído irritante do meu despertador. Encaro o ambiente a minha volta sem entender muito o que esta acontecendo, bufo ao perceber que estou apenas em meu quarto.

Que sonho perfeito!

Seria tão incrível entrar num livro de verdade!

Quantas vezes não me imaginei entrando em universos de livros como: Orgulho e preconceito, A seleção, Harry Potter e vários outros! Poderia dizer tantas coisas aos personagens, principalmente aqueles bem sonsos, e tentaria guardar na mente todos os detalhes de todas as cenas e lugares para que quando fosse reler, imaginar com detalhes ainda mais minuciosos que os apresentados no livro.

— Megan, já acordou? – Minha mãe pergunta do andar de baixo estourando minha bolha imaginária. – Vai acabar atrasada.

— Já estou me arrumando mãe! – Respondo. Crio coragem e me levanto da cama, ainda demoro alguns segundos olhando pro nada, mas, quando tenho certeza que não vou despencar, vou até o banheiro e faço minha higiene matinal.

Cruzes, de rosto de porcelana eu fui pra cara de zumbi num pulinho.
Termino de me arrumar, pego minha mochila e desço até o andar debaixo. Meus pais estão sentados à mesa tomando café. Quando me sento meu pai, Zack, coloca um prato de panquecas com frutas coloridas.

— Um café da manhã doce para deixar a segunda-feira um pouco mais feliz. – Ele diz. Meu pai simplesmente odiava as segundas-feiras, elas eram seus dias menos produtivos. Porém, ele viu em um filme que você tinha que fazer do seu pior torna-se o seu melhor. Então resolveu que as segundas seriam os dias divertidos da semana.

— Item divertido? – Pergunto mordendo um pedaço generoso de panqueca. Um dos costumes das segundas eram os itens divertidos, algo engraçado ou diferente na sua roupa normal.

Meu pai se levanta e mostra os pés que estão cobertos por meias de sapos coloridos. Minha mãe solta uma risada.

— Você achou a meia perfeita querido. O sapo não lava o pé! – Ela caçoa, mas também mostra seu item divertido: uma bolsa em formato de galinha. E então eles olham pra mim que apenas me viro e balanço o rabo de cavalo, do prendedor sai duas fitas pretas e na ponta de cada uma tem boquinhas mostrando a língua.

Estranhos? Um pouquinho...Ok. Muito!

Mas minha mãe, Izzie, é diretora de cinema e meu pai é designer de produção. Eles precisam estar sempre com a mente aberta e serem muito criativos o tempo todo. Por isso a gente está sempre fazendo todo tipo de atividade maluca que ajude a melhorar a criatividade.

— Onde vão ser as gravações dessa semana? – Pergunto dando uma olhada rápida no roteiro que está sobre a mesa.

— Em uma cidade há duas horas daqui, vamos conseguir estar em casa à noite durante a semana. – Minha mãe responde.

— Hoje vamos conhecer o local, amanhã as coisas começam de verdade. – Meu pai completa. Com isso ele queria dizer que teria de sair ás 4h da manha para estar lá as 6h todos os dias.

Eles viajam bastante por causa dos filmes, porém isso não me incomoda tanto. Sinto saudades, claro, mas também sinto muito orgulho por eles serem os responsáveis por vários dos filmes que eu amo tanto assistir.

Uma buzina de carro me faz engolir meu café da manhã e pegar minha mochila correndo. Despeço-me dos meus pais e vou para a entrada onde Hanna me espera com seu carro.

— Bom dia! – Cumprimento ao abrir a porta do carona.

— Bom dia! – Ela responde enquanto termina de se maquiar olhando no espelho retrovisor. Ela estava sempre muito bem arrumada, mesmo que já fosse linda sem nada.

Hanna Millys e eu somos melhores amigas desde sempre, nossas mãe se conheceram em um show do cantor favorito delas, trocaram contatos ao descobrir que eram da mesma cidade e acabaram se tornando amigas inseparáveis. Ainda hoje tia Teresa, mãe da Hanna, e minha mãe saem juntas quando as duas conseguem um tempo em meio aos horários apertados da minha mãe.

— Que tal? – Ela se vira pra mim e mostra o resultado da sua produção rápida.

— Ficou ótimo. – Digo e ela agradece para, em seguida, dar partida no carro. – Como vão as coisas para o baile de formatura?

— Veja você mesma! - Ela suspira pesadamente e me entrega o celular, abro no grupo do comitê de organização e leio as últimas mensagens, muitas delas estão compostas apenas por letras maiúsculas. As mensagens de todos os participantes pareciam completamente desesperadas.

— Eu nem mando nada no grupo ou vou acabar surtando. O comitê nunca entra em acordo para nada! Josh e Ashley insistem que o baile não pode ser um baile sem uma banda, mas Kate e Lisa discordam e querem que a gente faça algo mais moderno com DJ. E ainda tem a questão de como arrecadar mais dinheiro! – Ela para de falar para conseguir respirar um pouco. – Vou ficar louca até o fim do ano.

— Por que não juntam as duas ideias?

— Não vamos conseguir dinheiro o suficiente para uma banda e um DJ.

— Vocês podem procurar um DJ entre os alunos, talvez alguém aceita tocar por um preço mais legal. – Sugiro. – Ou vocês podem contratar covers de alguma banda atual que a galera goste.

— Acho que o último DJ da escola era o Tom, um dos veteranos do ano passado. Mas talvez a sua ideia do cover dê certo. – Ela pensa um pouco, mas no final parece gostar mesmo da ideia. – Por que não temos você no comitê?

— Talvez por que eu não seja uma veterana?

Hanna é um ano mais velha e está um ano na minha frente na escola também, por isso, infelizmente, a gente nunca estudou na mesma turma.

— Argh, queria que você tivesse nascido um ano antes. – Rio com seu comentário e pego um dos seus corretivos, aplico sobre minhas olheiras de vampiro, é o máximo de maquiagem que passo para ir á escola, às vezes um gloss também.

Minha amiga entra no estacionamento do colégio e estaciona em sua vaga. Descemos e vamos em direção ao grupo de garotas paradas na entrada. Por estarem sempre juntas de Hanna as amigas dela acabaram se tornando as minhas também. Jenny, Clarice e Stephany acenam pra gente.

Começamos a conversar sobre vários nadas enquanto a aula não começava. Jenny nos conta sobre seu fim de semana na casa da prima e como a garota tirara cada segundo do dia para lhe tirar a paciência.

— Quem é aquele conversando com Tony? – Clarice pergunta de repente apontando para o namorado. Todas nós olhamos e de fato Tony conversava com outro garoto, os dois usavam a camisa do time e o outro estava com uma bola de futebol americano nas mãos.

— Não sei, mas é um gato. – Stephany comenta. Ao seu lado Hanna concorda com a cabeça.

— O nome dele é Jake Williams, temos algumas matérias juntos. – E então todos os olhares se voltam para mim.

— Por que nunca me falou dele? – Hanna pergunta indignada. 

— Ele não é importante o suficiente pra isso. – Dou de ombros, olho as horas no celular e vejo que já está quase na hora da minha primeira aula do dia começar. – Tenho que ir meninas, tchau!

— Não pense que esse assunto acabou Megan! – Hanna fala enquanto me afasto, apenas lhe mando um beijinho e adentro a escola.

Vou até meu armário pegar minhas coisas, principalmente meu livro da vez. Ok, eu sou a viciada nos livros e não consigo andar por aí sem pelo menos um para matar a vontade.

Talvez os meus pais tenham se frustrado um pouco por eu preferir muito mais um livro que um filme, mas eles nunca deixaram de incentivar a minha leitura, afinal, ler é muito importante.

Abro o livro e vou seguindo o grande fluxo de alunos, lendo sem me importar com o barulho. É a quinta vez que eu releio esse livro, mas em todas às vezes me perco na escrita perfeita da autora e nos personagens divertidos.

Normalmente eu consigo andar lendo sem problema nenhum, mas dessa vez alguém para do nada na minha frente e eu vou de encontro com uma muralha.

O garoto se vira lentamente e olho pra baixo, já que é uns quinze centímetros mais alto, quando descobre que sou o motivo do esbarrão e seus olhos cinza se encontram com os meus, parecem trovoar.

— Olha por onde anda rata de biblioteca. – Jake diz frio. – Seus livros te deixaram cega?

— Não o bastante para suportar você. – Retruco ainda lhe encarando. O olhar dele desse direto para minhas mãos, onde está o meu livro. O garoto balança a cabeça como se pensasse que tenho algum problema.

Na verdade, eu havia falado de Jake para Hanna, mas havia falado tão mal que ela devia ter associado ele à outra imagem.

Eu o conheci no primeiro ano do ensino médio e nós não temos nenhuma grande história como contam nos livros, o que aconteceu foi que de cara “o santo não bateu”, como diria Hanna, e a gente nunca se deu bem. Para melhorar, ele descobriu – ou percebeu, já que eu deixo bem explícito. – que eu sou viciada em livros e estou a todo o momento com a cara enfiada num livro e isso se tornou uma grande implicância.

Ele faz algum comentário ridículo sobre eu ler demais e eu retruco. Ou seja, Jake é só mais uma pedra no meu sapato e eu adoraria receber a noticia de que essa pedra esfarelou-se.

— Não sei por que alguém como a Hanna Millys andaria com uma esquisita que nem você. – Diz por fim.

Não consigo responder nada já que o sinal toca e eu sou obrigada a lhe dar as costas e andar quase correndo para a sala de aula, já que o Sr. Dikks, professor de sociologia, detesta atrasos e fica muito mal-humorado quando isso ocorre.

Lá vou eu para mais uma bela semana de aula.

................

As aulas não demoram muito para passar e logo estou na última do dia. É a aula de redação e a professora está de braços cruzados tentando obter a atenção da turma – obviamente, sem sucesso nenhum.

— Alunos, atenção, por favor! – Ela pede uma última vez. – Ok, ou vocês prestam atenção ou é uma semana de detenção, mesmo que eu precise mandar a turma toda!

Todos ficam quietos imediatamente. Eu que estava lendo, muito entediada com toda aquela bagunça, guardo meu livro calmamente. Com o canto do olho vejo Jake e um de seus amigos guardarem as bolinhas de papel na mochila, não resisto e reviro os olhos diante de tanta infantilidade.

A senhorita Clark suspira e finalmente dá início a aula.

— Queridos, recebi um comunicado do diretor Diaz sobre a visita de um antigo aluno do colégio nos próximos dias. Ele é um escritor renomado e em homenagem a isso resolvemos fazer uma pequena exposição de textos.

Ninguém a minha volta parece estar muito interessado com a novidade, todavia eu dobro minha atenção na professora. Eu gostava de escrever tanto quanto gostava de ler – E isso que dizer muita coisa!

— É obrigatório e contará como a nota da prova, portanto não vou aceitar textinhos feitos de qualquer jeito.

A turma toda solta reclamações, mas a professora não dá a mínima, apenas vira para o quadro e começa a anotar a proposta. Aproveito o meu ânimo e já começo a esboçar alguns textos no meu caderno.

Sinto um pedacinho de borracha bater no meu braço e cair sobre minha mesa, olho para um lado, nada, olho para o outro, nada também. Dou de ombros e continuo a escrever.

Outro pedacinho de borracha voa no meu braço e pousa próximo ao outro. Novamente olho para os lados e nada. Que estranho. Uma risadinha um pouco mais para trás, olho para onde Jake e seus amigos estão sentados, imediatamente os olhos de Williams se encontram com o meu, mas não vejo nenhum índice de ser ele a ficar tacando borrachinhas em mim.

— Psssiu. – Alguém chama um pouco mais pro lado. Olho confusa para a direção de Tim, que balança as mãos sutilmente tentando chamar minha atenção.

— Que foi? – Sussurro.

— Me ajuda, pelo amor de tudo! – Sussurra desesperado. Solto uma risada e faço um sinal de que quando a aula acabar eu ajudo ele. – Minha salvadora!

Dou outra risada e volto para minhas anotações, antes que a senhorita Clark perceba a conversa. Logo a aula de redação também termina e estamos todos livres. Tim faz sinal indicando que me espera do lado de fora.

Vou guardando meus materiais calmamente. Vejo o Williams ir até a mesa da professora para falar com ela, ele diz alguma coisa um pouco baixo, parece meio sem graça.

— Desculpe Williams, mas não é porquê você é do time que eu vou pegar mais leve com você. – Ela diz severa.

— Mas não é isso...

— Nada de “mas”, será avaliado como todos os outros. A professora anterior me informou mesmo que você era um garoto difícil, mas não tenho pulso leve garoto, só aprenderá se eu agir com firmeza.

Jake sai batendo o pé e ainda esbarra de propósito em mim quando passa pela porta.

Argh, que garoto insuportável.


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Notas finais do capítulo

Comentem por favor!

Capítulo corrigido e opinado pela mais perfeita: Cor das palavras.



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