Ouro Branco tombava para bombordo, com o impacto que sofreu em seu casco. A única maneira de sobreviver era abandonar o navio e enfrentar as águas ameaçadoras do mar entorno. Era isso ou enfrentar morte certa sob os incessantes ataques investidos pelos Carniceiros, que já começavam a subir à bordo. Ao menos a Ilha estava próxima e teriam alguma chance.

Gabrielle liderou os homens que ainda permaneciam com vida para os botes, enquanto outros se arremessavam desafortunadamente ao mar e, levados pela forte correnteza submergiam. Suas cópias astrais apareciam na beira da ilha, quase que instantaneamente.

Ali, naquela costa do lado rochoso da ilha, uma imensidão de fantasmas se amontoava à espera dos fracos sobreviventes. Como abutres, eles espreitavam no intuito de apoderarem-se daqueles suficientemente vivos mas que já não tivessem forças para resistir a uma possessão. No entanto, eles eram obrigados a esperar que os vivos chegassem à terra firme, pois o único lugar que fantasmas preferem manter distância, é a água. 

Os homens remavam com a pouca força que tinham enquanto Gabrielle usava seus sais e chakram contra aquelas pobres almas que tentavam subir nos botes. Era cruel mas, do contrário, morreriam todos.

Finalmente os quatro botes, com quase cem homens ao todo, atracou. Os homens, exaustos, tinham seus moribundos corpos e almas assolados pelos fantasmas. A própria Rainha Amazona teve sua dose de assombro, vendo projetado diante de si seres queridos como Joxer, Lila, Ephine, Eva e até Pérdicas. Viu também alguns de seus mais odiosos rivais, como Callisto, Alti e Ares. Mas ela sabia que tudo não passava de um artifício dos fantasmas para mexerem com sua mente e enfraquecer seu espírito, jogando com suas emoções daquele jeito. Ela já havia passado por situações muito piores ao lado de Xena, que a ensinaram como combater esse tipo de ataque psico e espiritual. Esse tipo de força vinha de dentro dela e iluminava seu dragão tatuado em suas costas, que queimavam seus inimigos e fazia arder sua pele branca.

Infelizmente alguns mais atormentados, eram as presas mais fáceis dos fantasmas que aprisionavam suas almas e tomavam controle de seus corpos. Os fantasmas estavam tão distraídos com suas presas que não viram seus próprios predadores se aproximarem. Os Carniceiros passavam matando quem eles encontravam pela frente, maravilhados com tantas almas prontas para serem coletadas facilmente. 

A ira dos fantasmas, em especial daqueles recém desencarnados, desencadeou uma batalha astral entre aqueles que queriam um corpo e aqueles que eram nada mais que corpos desalmados.

Aos poucos os fantasmas foram possuindo Os Carniceiros e, ao tempo do último deles estar devidamente dominado, o grupo liderado por Gabrielle já estava nos botes de volta a uma embarcação não naufragada, o poderoso navio dos Carniceiros.

Quando se deram conta de que seus preciosos receptáculos haviam se aproveitado da caótica situação prévia para se afastarem e fugirem, os novos "Fantasmas-Carniceiros" grunhiram em ira. Um som aterrador, que foi sumindo conforme a distância entre o navio e a ilha aumentava. Agora já não passava do som que o vento forte faz, soprando nas velas içadas e, do ranger da madeira dos lastros que se movimentavam com elas.