O Crime da Rainha escrita por Lilium Longiflorum


Capítulo 27
Sindel




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Duas batidas leves na porta fez Tundra acordar de um cochilo que tirava. Kitana dormia com a cabeça nas pernas dele enquanto ele estava sentado. A porta se abriu devagar, era Sheeva.

— Pensei que era outra pessoa – disse Tundra aliviado.

Sheeva voltou o olhar de pena para a princesa e tentava imaginar que tamanho golpe ela havia sentido.

— Ela chorou muito?

Tundra anuiu com a cabeça.

— Como uma criança – ele respondeu alisando os cabelos dela.

Ela se mexeu como se fosse acordar, mas permaneceu de olhos fechados acomodando mais sua cabeça nas coxas do criomante. Sheeva se agachou e disse olhando para Kitana:

— Pelo visto você fez o que te pedi.

O rapaz fez apenas um sinal afirmativo com a cabeça. Sheeva podia ver em seus olhos que Tundra sentia muito mais além de empatia pela princesa, mas não quis comentar nada sobre isso. Então pediu para ele colocar Kitana na cama e assim ele fez. Tundra segurou nas costas e nas dobras do joelhos da princesa, ergueu-a e a colocou na cama, cobrindo o corpo dela com um lençol. Deu uma última olhada para ela e saiu com Sheeva do quarto. A shokan parou no corredor próximo a porta e disse:

— Eu chamei um dos anciãos edenianos para uma reunião urgente, mas queria que Kitana estivesse acordada.

O rapaz coçou a cabeça e perguntou:

— Esses anciãos cuidam das leis e tradições de Edenia certo?

— Sim.

Ele arregalou os olhos:

— Você vai falar a ele o que está acontecendo?

Enquanto caminhavam pelo corredor até o hall Sheeva disse sussurrando:

— Então, faremos uma reunião eu, você, o general do exército, o ancião e... e o certo seria Kitana, mas como ela está dormindo. Lá vou expor tudo o que aconteceu dando o diário de Sindel para o ancião ler.

Tundra parou de caminhar e deu uma sugestão:

— Não acharia melhor fazer com que o ancião passe a noite aqui e façamos essa reunião com Kitana junto? Seria melhor, pois acho de extrema importância que ela participe. Ela foi a vítima de tudo isso.

— Bem pensado – falou Sheeva mexendo em uma de suas pulseiras – nessa reunião vamos decidir qual será o futuro de Sindel.

(...)

A noite ia alta na academia Wu Shi. Liu Kang estava sozinho em seu quarto olhando as nuvens que encobriam algumas estrelas. Estava ali já fazia um bom tempo refletindo em tudo o que aconteceu naquele dia. Naquele momento ele percebeu a lama que havia se afundado e como havia prejudicado não apenas Kitana, mas outras pessoas também. Ainda não acreditava que Sindel seria capaz de mandar matar Jade, pois ele havia levado aquele comentário na brincadeira. Um arrependimento imvadiu-lhe o peito de uma forma avassaladora. Amaldiçoou o dia em que beijou Sindel e que se deitou com ela. Percebeu o mal que fizera a Kitana e desejou pedir perdão a ela, mas não tinha intenção de continuar o noivado.

Foi então que ouviu a porta abrir, era Kung Lao.

— Estranhei você não ter ido conosco. – disse Lao colocando um molho de chaves em cima do criado-mudo.

— Não tenho nada a ver com esse guarda, pra que eu iria lá?

— Sei lá, pensei que...

Liu Kang voltou seu olhar para o céu e sentiu seu coração doer, algo como se estivesse oprimindo seu peito. Decidiu então que falaria ao amigo. Interrompeu-o:

— Lao, eu... tenho uma coisa pra te contar.

Ele se aproximou do amigo que o chamava e disse sentando ao seu lado:

— Pode falar.

Liu suspirou e disse:

— Eu cometi um erro enorme.

— Erro? Do que está falando?

— Eu... não amo mais Kitana... Já faz um tempo.

Lao sentou ao lado do amigo e falou:

— Mas deixar de amar não é um erro.

— O que eu fiz com isso é que foi o erro. Lao eu... dormi com Sindel. Tivemos um... lance e... ela está grávida.

Lao se levantou e pôs a mão na cabeça incrédulo no que acabara de ouvir.

— Você tem noção do que você fez, Liu? Uma guerra pode começar por causa disso sabia?

— Eu sei...

— E o que você pensa em fazer?

Liu se levantou e disse:

— Vou amanhã bem cedo a Edenia e contar tudo a Kitana.

Lao se afastou e ficou andando de um lado para o outro dizendo:

— Então por isso Raiden foi chamado para uma reunião urgente em Edenia. Provavelmente já descobriram o seu segredo.

O sol despontou enre as montanhas de Edenia. Um dos raios de sol bateu no rosto de Kitana pela janela e ela acordou. Esfregou os olhos e ficou vendo a paisagem pela janela por algum tempo. A lembrança do que lera a noite passada lhe veio a mente e uma dor invadiu seu coração. Desejava que aquilo fosse apenas um pesadelo, mas ao ver o diário de sua mãe em sobre sua penteadeira viu que o lera era real. Estava confusa, se sentia horrível por ter sido enganada por tanto tempo e não conseguia imaginar caso visse sua mãe em sua frente.

Olhou para o sofá frente a cama e viu Tundra dormindo. Deu um sorriso e se sentiu grata por tê-lo com ela. Foi ao banheiro e lavou o rosto e escovou os dentes. Então começou a ligar os pontos sobre a distância da mãe para com ela, a ida de Jade para o Sky Temple... Não queria chorar  de novo.

Saiu do banheiro e ao ver que Tundra havia acordado, secou o rosto com a toalha e foi até ele.

— Kitana, eu já ia te procurar, não vi você na cama.

— Acordei faz pouco tempo. – disse a princesa sentando ao lado dele – queria agradecer por ter dormido aqui. Acho que suas costas podem começar a doer.

Ele riu e disse:

— Nesse sofá me senti bem confortável.

Kitana segurou a mão de Tundra e disse:

— Obrigada por fazer tudo isso por mim e... por estar comigo nesse momento. Não sei nem como te agradecer.

Tundra sentiu vontade de falar muitas coisas principalmente sobre o que sentia por ela, mas sabia que não lhe cabia isso, pelo menos naquele momento. Sorriu e respondeu:

— Te servir já me deixa feliz.

A princesa sentiu seu coração arder, se sentiu emocionada por ouvir aquelas palavras e de ímpeto abraçou Tundra dizendo:

— Muito obrigada.

O lugar da reunião escolhido foi o próprio escritório da rainha e já estavam o general do exército edeniano, Sheeva, Tundra, Kitana e Raiden. O ancião foi cumprimentar o protetor do Plano Terreno.

— Há muito tempo que não o vejo, Raiden.

— Queria que fosse em outras circunstâncias, não sabe como lamento por isso.

O ancião voltou para o seu posto e iniciou a reunião:

— Jamais esperei vir aqui para montar esse conselho principalmente por um motivo tão lamentável. – ele se recostou em uma mesa – O que preciso agora é algo que comprove o que Sindel fez.

Tundra se levantou e entregou o diário ao ancião. Este o pegou, Sheeva se aproximou e foi mostrar a ele em qual parte era a mais importante para a pauta. Enquanto ele lia os demais ficavam apreensivos sobre qual seria o veredito, o que Kitana tinha certeza é que Sindel não poderia ser mais a rainha e tudo cairia sobre seus ombros. O ancião fechou o diário e entregou a Tundra que estava ao lado.

— Essa é a primeira vez que presencio algo assim... e ela ainda está grávida. Bem não há nada no regimento sobre tal coisa. O mais próximo a isso é adultério e há pena de morte para os dois.

Uma comoção tomou conta de Kitana, pois não queria a mãe morta muito menos o filho que ela esperava.

— Se fizer isso todo o povo de Edenia saberá o que aconteceu. – disse o general apreensivo.

— Não suportaria vê-la morrer assim – falou Kitana segurando as lágrimas.

— O que sua Alteza sugere nesse caso específico?

A princesa não conseguia encontrar nenhuma saída a não ser a sugestão do ancião. Respirou fundo e respondeu:

— Que seja assim.

— General – disse o ancião se levantando – ordene que tragam Sindel amarrada até aqui.

O general concordou e saiu da sala. Nisso o ancião caminhou até a princesa e disse:

— Desejo que seja uma boa rainha e... lamento pelo destino de sua mãe.

Em seguida ele se retirou. Sheeva foi até ela e falou:

— Provavelmente chegarão com ela a noite.

— Não sei se terei forças... mas creio que vou conseguir com a ajuda de vocês. – falou a princesa olhando para a shokan e seu guardião.

Era por volta das 6 da tarde, Sindel já estava a caminho do palácio. De dentro da carruagem viu alguns guardas armados vindo em sua direção, quando ela reconheceu o comandante já imaginou o que havia acontecido. Pediu que parassem a carruagem com a desculpa de que iria urinar, desceu e se embrenhou numa mata próxima. Depois de 15 minutos a passos rápidos ela pode ouvir alguém a perseguindo, mesmo cansada ela apertou o passo  e chegou num lugar onde alguns cervos se alimentavam, logo atrás deles havia um precipício que até aquele momento não havia sido percebido pela rainha. Ela queria passar por eles sem ser percebida, mas sem sucesso. Ela pegou sua naginata para tentar afastá-los, mas não conseguia e cervos vinham em sua direção. Desesperada acabou ferindo um com a lâmina e disse :

— Para trás!

Os guardas a avistaram e o comandante gritou:

— Majestade!

Sindel deu uma olhada e não atendeu ao chamado, pois estava pronta para correr.

— Temos ordem para leva-la ao palácio para julgamento.

A rainha engoliu seco e sabia do seu destino. E Liu Kang? O capturaram também? Como enfrentaria o povo naquela situação? Sua filha? Seus suditos? Quando pensou que poderia correr sentiu o chão se desmanchar. Deslizou algumas pedras, mas conseguiu agarras pelas mãos. Não conseguia ver nada para agarrar o seu cabelo e ter o impulso para subir. Foi então que um guarda apareceu.

— Tente agarrar a minha mão.

 No que Sindel tirou para agarrar a mão para agarrar a do guarda ela se desequilibrou e a queda foi certa batendo a cabeça numa pedra. Os olhos da rainha perderam o brilho da vida.

Faziam 2 meses que Kitana havia se tornado a rainha de Nova Edenia. Estava na varanda do seu novo quarto olhando para o pôr do sol. Podia ver orgulhosa Tundra treinando recrutas da guarda real. Ele havia se tornado chefe de treinamento.

Enquanto isso Jade trazia duas xícaras de chá.

— Estava precisando – disse a rainha pegando uma das xícaras – novidades?

Depois de um suspiro a guardiã respondeu:

— Encontrarm Liu Kang em Mianmar, com outra identidade.

Kitana virou-se para Jade e sorriu dizendo:

— E ele achou que escaparia das minhas garras. Me traiu e abandonou minha mãe... Ele não ficará impune... Devo muito às Forças Especiais por eles terem feito esse trabalho para mim.

— A pena será a mesma de adultério então?

— Sem dúvida. Mas sua execução não será pública. Não quero expor minha mãe...

Kitana bebericava o chá enquanto olhava Tundra treinando.

— Tem tudo para dar certo. E como está Sheeva trabalhando com os anciãos?

— Está muito feliz.

Jade notou a forma como a rainha olhava para o chefe de treinamento e com um sorriso matreiro perguntou:

— O que tanto olha para ele?

— Tundra me disse que quer falar comigo depois do jantar.

—O que será?

Kitana bebeu um gole do chá, respirou fundo e disse:

— Só Deus sabe.


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