INO

Era difícil ser imparcial aos seus olhos. Eram pequenos detalhes ali que me puxavam, aguçando minha curiosidade sem volta. Como um reflexo vítreo, para além dele uma bela paisagem de lunares luzes se desenhava, uma bela visão noturna em que tímidas luzes, pigmentos de estrela, auxiliavam a lua em seu delicado trabalho, nos trazendo sonhos. Queria saber tudo sobre esses olhos, como queria saber de tudo sobre as pessoas que me importo.

Então, ia escavando, em um ciclo de curiosidade alimentada pelo mistério que quem não me conhecesse bem diria que eu estaria apaixonada. E imagino que até mesmo quem me conhecia diria isso, estava suspirando. Com Hinata não seria o mesmo? Não era por isso que retornava meu olhar? Queria chegar a uma conclusão.

Sem que eu percebesse, ela já estava bem pertinho de mim, ao alcance do toque.

Se a beijasse naquele momento, como será que reagiria? Tentava não me agitar, mas como uma criança estava criando expectativa. Podia jurar que aquelas flores que ela comprava tinham a mim como destinatária. Mesmo assim, poderiam ser apenas impressões equivocadas, não seria a primeira vez.

Por isso, forcei um sorriso em meu rosto, de forma a me consolar de modo antecipado. E a ajudei em suas escolhas. Hinata pagou pelas flores e foi embora. Tentei esconder minha decepção dos clientes, o que funcionou até certo ponto, quando Chouji e Shikamaru apareceram na loja. Eles nem ao menos esconderam suas intenções quando invadiram meu espaço pessoal, e Shikamaru apontou para o lado fora:

— Você tem que vir com a gente um instante. Vai te interessar, sem dúvida. — Shikamaru me disse com uma urgência que me assustou um pouco, com aquele meu amigo nunca dava para saber se ele estava falando sério ou não às vezes.

E foi assim que nosso trio entrou em ação mais uma vez em uma missão de espionagem, dessa vez tendo como alvo Hinata Hyuuga, que mesmo horas depois de ter saído da loja ainda estava com o mesmo buquê de flores entre as mãos. Sentada em um banco próximo, parecia estar à espera de alguém.

— Ino, você vai lá ou vai ficar enrolando? — Shikamaru disse com tédio na voz.

— Só mais um pouco. — eu disse, sentindo um frio na barriga. Até acabar rindo do nervoso que estava sentido, com o olhar fixo na Hyuuga. —... Olha como ela é uma boba! Está quase dormindo ali no banco de tanto esperar... Muito bem, rapazes. Agradeço a companhia, mas agora pode deixar que eu assumo daqui.

— Como eu sugeri que fizéssemos desde o início, mas Chouji queria que você nos devesse um churrasco. — Shikamaru disse para mim dando de ombros.

— Um churrasco a mais na conta nunca demais — Chouji disse, rindo com ele mesmo, terminando um dos salgados que trazia.

—... Por que não? — eu disse com bom humor — Só não se arrependa depois...!

Porque eu provavelmente não ia fechar minha boca depois disso, mas nada que os dois já não tivessem conseguido lidar, imaginava.