I Doubt The Stars Are Fine escrita por cherrybombshell


Capítulo 9
Oito




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Harry nunca se esqueceu de como, todos aqueles anos atrás, Narcisa Malfoy tinha salvado sua vida.

Depois da guerra, eles não tinham conversado ou se encontrado, mas ele tinha prestado atenção nas notícias que mencionavam o nome dela. Quando os Malfoy foram ser julgados, Harry mexeu uns pauzinhos no Ministério para que Narcisa saísse sem nenhum tempo em Azkaban, e Draco e Lucius com o mínimo de tempo possível, considerando o quão mais sérios os crimes dos dois tinham sido. Harry falou com Andrômeda e a lembrou do quão sozinha e de coração partido Narcisa deveria estar, a convencendo a ir atrás de sua irmã depois de anos de separação.

Ele respeitava aquela mulher que tinha tido coragem de mentir na cara de Voldemort, e ele queria que ela fosse feliz depois de ter que passar por tudo aquilo.

Anos depois, quando Lucius Malfoy morreu, Harry a mandou um buque de flores Trouxas e um cartão de sinceras desculpas pelo que tinha acontecido. Ela nunca o respondeu, mas a coruja dele tinha voltado, então ele sabia que ela tinha recebido. Ele só não sabia se ela tinha acreditado quando ele disse o quão verdadeiramente triste estava pela doença que tinha lhe tirado o marido.

Seria essa mesma doença que tirou a vida Astoria, mas Astoria sempre tinha sido mais vinculado a Draco do que a Narcisa, então dessa vez ele não teve coragem de mandar nenhuma carta, temendo que Draco ficaria ainda pior ao ouvir sobre a pena Harry, alguém que ele tanto odiava. Agora, ele se arrependia de não ter mandado nada para os Malfoy.

Depois da morte de Lucius, Narcisa desapareceu da sociedade bruxa. Ela voltou quando Scorpius desapareceu, implorando nos jornais para ele ser encontrado junto a Draco e Astoria, mas era só para isso que ela aparecia. Ninguém sabia o que ela estava fazendo de sua vida, ou onde ela estava vivendo.

Agora ela estava na frente de Harry.

Era difícil de perceber, mas o cabelo dela, preso num coque bem apertado, era mais prateado do que loiro, uma marcação de todo o tempo que havia passado. Haviam rugas ao redor de seus olhos e, enquanto ela misturava seu chá lentamente, um pequeno tremor em suas mãos. Ela ainda parecia tão elegante e aristocrata quanto sempre, como uma rainha. Evocava uma certa necessidade de respeito, como McGonagall.

Harry se sentou na frente dela da mesa, tremendo como ele costumava tremer quando era uma criancinha sendo chamada para a sala da sua diretora de casa depois de fazer algo errado com Rony e Hermione. Narcisa levantou uma sobrancelha branca e perfeita em sua direção.

“Olá, Sr. Potter,” ela disse, sua voz saindo um pouco mais alta e firme do que ele esperava. Fazia tanto tempo que ele não a ouvia. Não desde que ela estava correndo por aí em um campo de batalha, gritando por Draco. “Eu espero que você esteja cuidando do meu filho direito. Espero que você seja um Auror mais competente do que o seu chefe.”

Em outro momento, Harry teria tentado defender Gordon. Depois de ontem à noite, depois de Draco o contar sobre como Gordon disse que “não podia fazer nada” quando tantas pessoas estavam enviando aquelas cartas horríveis para sua casa, Harry não tinha certeza do que pensar de Gordon. Iria ter que conversar com o homem urgentemente, quando Todd parasse de ser uma ameaça e ele pudesse voltar para casa.

“Eu estou tentando o meu melhor,” foi o que ele disse por enquanto, tentando sorrir reconfortante para Narcisa. “Eu prometo, Sra. Malfoy, eu não vou desistir até esse crime ser solucionado. Scorpius é a criança mais adorável que eu já conheci. Eu realmente só quero o ver feliz e seguro.”

Ao ouvir o nome de seu neto, o rosto inteiro de Narcisa mudou, suas feições se suavizando. Ela parecia anos mais nova, de repente, mal conseguindo conter sua ansiedade enquanto colocava seu cabelo atrás de seu ouvido. Fez o coração de Harry pesar dolorosamente.

“Você conheceu Scorpius, então?”

“Sim, é claro.” Harry engoliu em seco. “Ontem foi uma noite bem estranha e tensa, mas ele já deve estar acordando, e Draco também.”

Narcisa concordou com a cabeça, abaixando seus olhos em direção a seu chá. Parecia prestes a chorar, e Harry se viu olhando pro lado, desconfortável. Ela e Draco tinham os mesmos olhos, o mesmo rosto tão cheio de esperança e dor, como se eles não pudessem acreditar que Scorpius finalmente tinha voltado.

“É claro,” sussurrou Narcisa suavemente, sufocando seu choro. “Ele já está vindo.”

Ela e Harry ficaram em silêncio por um tempinho – um silêncio tão pesado e tenso que fazia Harry querer enfiar seu rosto pela janela para poder respirar o ar fresco lá de fora. Mas não. É claro, tudo que ele fez foi respirar fundo ali dentro mesmo, ganhando coragem. Ele era um grifinorio, afinal de contas. Tinha que poder fazer isso.

“Sra. Malfoy,” ele chamou baixo, tão delicado quanto possível, “se você me der permissão, eu gostaria de te perguntar o que você sabe sobre o caso do Scorpius? Só para eu saber o que Draco te contou.”

Dando um gole em seu chá, Narcisa o recontou os fatos que Draco tinha a passado por cartas e via ligações por lareira. Era praticamente tudo que Harry e os Aurores sabiam – Draco só não tinha se lembrado de a dizer o nome da “sequestradora” de Scorpius.

“Ah,” Narcisa soltou quando Harry a falou isso. “Eu nem tinha pensado em perguntar antes. Quem era?”

“Na verdade, que bom que você perguntou.” Harry se endireitou. “Eu estava me perguntando quando Draco te mencionou se talvez você a conhecesse. Scorpius foi encontrado na casa de Jodie Todd? Você já ouviu esse nome antes?”

Foi muito rápido, mas algo passou pelos olhos de Narcisa. Algo como reconhecimento. Desapareceu um segundo depois, mas as costas dela tencionaram, e ela estava mais pálida do que o normal, suas mãos brincando com a toalha branca e delicada em cima da mesa em frente a ela. Ela puxou uma linha, rodando pelo seu dedo sem olhar para Harry.

“Nunca,” ela soltou, levantando seu rosto de repente. A voz dela parecia sincera, mas havia algo de vazio por trás de suas palavras. Narcisa era uma boa mentirosa, obviamente, mas nem ela podia fingir sentimentos e Harry, ele tinha sido treinado como um Auror. Ele sabia reconhecer quando alguém estava escondendo algo. “Eu nunca ouvi falar de nenhuma Jodie.”

Harry queria a pressionar mais, mas enquanto ele pensava em como fazer isso sem ser desrespeitoso ou rude, a porta do salão de jantar foi aberta. Scorpius entrou correndo, puxando Draco pela mão e rindo, mas quando ele viu que havia uma mulher desconhecida ali com Harry, ele parou com tudo, corando.

Narcisa se virou na cadeira.

Nesse momento, ela não segurou mais as lágrimas.

“Ah,” foi tudo que ela soltou, e então ela se levantou e caminhou até Scorpius, se ajoelhando no chão em frente a ele enquanto o puxava para um abraço.

Scorpius parecia um pouco em pânico, encarando Harry com os olhos arregalados como se pedisse por socorro, mas quando Harry fez um joinha com a mão em sua direção, ele pareceu entender que Narcisa era segura, porque ele relaxou um pouco mais, dando um tapinha nas costas dela como se para retribuir sem carinho. Harry e Draco trocaram um sorriso.

“Mãe,” chamou Draco, a voz tremendo, “eu não sabia que você iria estar aqui tão cedo.”

Narcisa foi um pouco para trás, ainda não tirando os olhos de Scorpius. Ela passou a mão pelos cabelos dele, pondo um beijo em sua testa. “Meu netinho,” ela sussurrou, cheia de afeição. “Eu não podia esperar para o conhecer.”

“Oi, senhora,” Scorpius disse baixinho, corando. Ele olhou para os pés, e Narcisa sorriu toda chorosa de novo, o dando mais um beijo na testa. Como num ciclo sem fim, isso só fez Scorpius chorar ainda mais.

“Você pode me chamar de vovó,” ela disse, e Scorpius concordou com a cabeça rapidamente, desajeitado. Depois de mexer no cabelo dele um pouco mais, e beijar sua bochecha, Narcisa se levantou e foi em direção a Draco, abrindo os braços. “Ah, meu filhinho.”

Draco se lançou em direção ao abraço dela.

Harry sabia que era um momento privado, mas ele não podia deixar de encarar. Ele sempre soube que Draco amava a mãe dele do jeito, só que o ver tão aberto assim, tão aliviado desde sabe se lá quanto tempo que foi a última vez que eles se viram – doía, mas era tão bom também. Draco tinha perdido um monte esses últimos anos, quase que sem nenhuma pausa. Ao menos Harry podia descansar sabendo que ele e Narcisa sempre tiveram um ao outro.

Scorpius se aproximou de Harry.

“Bom dia,” ele sussurrou educadamente. Harry sorriu para ele, bagunçando o cabelo do menino que Narcisa tinha acabado de arrumar tão delicadamente. Scorpius riu, se encolhendo.

“Bom dia,” sussurrou Harry de volta. “Quer que eu monte seu prato para você?”

Scorpius concordou com a cabeça. Draco e Narcisa ainda estava se abraçando, sussurrando coisas em francês um para o outro, mas isso era ok. Harry não vinha nem um problema em cuidar de Scorpius enquanto os dois se colocavam a par da situação.

 

 

À tarde, eles foram ficar no lago atrás da propriedade dos Malfoys, já que tinham dito para Scorpius que aquela viagem era para ele poder ficar mais ao ar livre. Draco estava o ensinando como voar numa vassoura, enquanto Harry e Narcisa estavam sentados na grama, Narcisa lendo um livro e Harry observando.

Ele não podia acreditar que Draco não via o quão bom ele era como pai de Scorpius – só agora, ele era tão delicado, tão paciente, reexplicando tudo por quantas vezes Scorpius precisasse sem nem parecer perceber que estava tendo que reexplicar a mesma coisa repetidamente. Ele não soltava Scorpius, ou o colocava no mínimo de perigo, mas ele não deixava tão na cara que estava o segurando e o protegendo que poderia fazer Scorpius se sentir como se estivesse sufocando.

Havia uma leveza nos ombros de Draco enquanto ele mostrava a vassoura para Scorpius, um amor em seus olhos enquanto ele falava o quão bom trabalho Scorpius estava fazendo. Quando ele conseguiu levantar a vassoura na terceira tentativa – não de primeria, como Harry lembrava que Draco tinha conseguido de volta na escola – o rosto de Draco ainda se encheu de um orgulho tão grande e brilhante que parecia capaz de cegar alguém.

Ele era o melhor pai que Harry já tinha visto, e qualquer pessoa que descordasse obviamente não tinha um cérebro.

Conforme o tempo passava e apenas o observar começou a ficar tediante, Harry se levantou, indo em direção aos dois para poder ver a técnica de Draco em mais detalhes. Ele balançou a cabeça.

“Seria mais fácil o ensinar assim…” Harry foi em direção a vassoura, corrigindo a posição em que ela estava. Draco revirou os olhos.

“Só porque ele foi o apanhador mais novo do século,” resmungou Draco. Surpreso, Harry riu. Ele tinha quase se esquecido disso. Scorpius, porém, deixou sua cabeça pender pro lado, confuso.

“Como assim?” ele perguntou.

Harry pôs uma mão na cabeça dele.

“Não se preocupe,” ele disse brincalhão, ainda sem conseguir parar de rir, “é só o seu pai sendo rabugento porque eu sempre ganhava dele na época da escola.”

Draco o lançou um olhar. Os lábios dele estavam tremendo um pouco, mal contendo um sorriso. “Ao menos meu time tinha as melhores vassouras,” ele brincou, e Harry explodiu em gargalhadas.

Era bom, saber que Draco podia brincar sobre aquela época e as coisas ridículos que ele tinha feito em sua infância. Eles levavam tudo tão a sério na escola. Era cômico, olhando agora. Sentada na grama, Narcisa os encarou com as sobrancelhas cerradas.

“Ah, eu lembro disso,” ela sussurrou, balançando a cabeça. “Merlin, que bom que esse tempo já passou.”

Olhando para Draco sorridente e leve, amigável com Harry de um jeito que ele nunca poderia ser capaz de ter sido se eles ainda estivessem em Hogwarts, Harry não pôde deixar de concordar.

Que bom que eles tinham crescido.

 

 

Aquela noite, ele chamou Gordon na lareira.

“Você podia me enviar uma foto da turma de Jodie se formando?”

Gordon não perguntou porque daquele pedido aleatório. Era algo que Harry tinha aprendido lá no tempo de Hogwarts com Hermione – durante uma investigação, se você usasse um tom de voz muito decidido, ninguém nunca iria te questionar. Eles simplesmente sabiam que você tinha uma pista. Ele mandou a foto para Harry pela lareira mesmo, e Harry apagou o fogo sem nem dizer tchau.

Todd estava bem no meio da primeira fila, com o sorriso mais brilhante e caloroso que Harry já tinha visto em toda a sua vida. Havia uma sinceridade em seus olhos, como se até eles estivessem sorrindo para câmera. Seus braços estavam ao redor dos ombros de vários outros lufanos, e eles todos pareciam tão amigáveis e inofensivos quanto os lufanos que Harry conheceu na sua época. Ela estava feliz, e ela estava rindo. Parecia com um anjinho.

Mais para trás, na última fila, estavam os sonserinos. Não foi difícil encontrar o que ele procurava – encontrar a cabeleira loira clara da menina que tinha jurado nunca ter ouvido sobre nenhuma Jodie, revirando os olhos e sussurrando no ouvido do menino loiro do seu lado. Os dois trocaram um olhar suave, cheio de amor, sorrisos conspiratórios crescendo em seus rostos através da foto magica em movimento, mas aquela demonstração de carinho não mudava o fato de que tinham mentido para Harry.

“Ah, Narcisa,” ele sussurrou. “O que você está escondendo?”


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