I Doubt The Stars Are Fine escrita por cherrybombshell


Capítulo 3
Dois




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Scorp gostava dos ovos dele mexidos e de os comer com torradas. Ele insistiu em ajudar Harry com o café da manhã, e ele sabia como fazer o pão do modo Trouxa, com a torradeira de Harry, mas ele não sabia como usar o fogão, e pediu para Harry fazer os ovos para ele e ferver água para o chá deles com sua varinha.

“Mamãe diz que o fogão é perigoso,” ele comentou enquanto colocava cinco cubos de açúcar em seu chá, mais um pouco de leite. Suas bochechas estavam vermelhas, claramente envergonhado, apesar de que Harry não tinha muito certeza do porquê. Envergonhado parecia ser o modo mais comum de Scorp.

“Sua mamãe está certíssima,” foi o que Harry respondeu, sorrindo para criança.

Harry ainda tinha cicatrizes bem, bem leves em seu braço, onde ele tinha se queimado quando Tia Petúnia o fazia cozinhar bacon para Duda, quando Harry era pequeno demais para entender que tinha que sair de perto do óleo quente.

“Sua mãe te ensinou muito sobre a cultura Trouxa?”

Ele queria saber isso desde que viu que Scorp reconhecia a torradeira. Mesmo depois da guerra bruxa, enquanto o preconceito contra nascidos trouxas diminuía cada vez mais, aquele pensamento de que Trouxas e suas tecnologias eram inferiores e desnecessárias nunca tinham desaparecido completamente. Jodie Todd era uma sangue-puro. Uma que se casou com um mestiço e lutou contra Voldemort, mas uma sangue-puro de qualquer maneira, que provavelmente não teve muito contato com o mundo trouxa quando era pequena. Provavelmente nunca teve, não até hoje.

Scorp concordou com a cabeça, balançando as pernas para lá e para cá enquanto falava. Talvez cinco cubos de açúcar tivesse sido açúcar demais para alguém da idade dele tomar, principalmente as dez da manhã apenas. Ops.

“Mamãe diz que respeitar a cultura Trouxa é muito importante.”

Scorp tinha enrugado seu narizinho naquela expressão que só crianças conseguiam fazer parecer fofa, uma careta que dizia que ela não conseguia entender muito bem porque aquilo era algo necessário de se dizer, de tão obvio que era. Que Scorp não conseguisse entender porque ele não iria respeitar os Trouxas.

Harry amava crianças tanto.

Scorp, em especial, mesmo sem ter parado de balançar suas pernas e estando praticamente pulando em sua cadeira, ainda tinha modos a mesa perfeitos, e ele comia como um homenzinho, todo educado e cuidadoso e usando garfo e faca. Rose, filha de Rony e afilhada de Harry, com certeza não era tão arrumadinha e cuidadosa.

Era absolutamente precioso.

Tão pequeno. Tão frágil.

Harry não tinha conseguido dormir por mais de umas três horas interrompidas aquela noite, de tão preocupado que ele estava com o menino dormindo em seu quarto de hospedes. Agora, ele ainda não tinha muita ideia do que fazer.

O apartamento dele não era um lugar exatamente preparado para crianças. Rose sempre trazia os próprios brinquedos dela quando ela vinha, e ele não tinha nada que pudesse dar para distrair Scorp além de, talvez, um livro sobre princesas que Rose esqueceu por ali meses atrás e ele perdeu por algum lugar.

Harry tinha uma escova de dentes extra, mas nenhuma roupa, então depois do café da manhã, quando ele perguntou se Scorp queria tomar um banho e a criança concordou rapidamente, Harry encheu a banheira para ele e foi procurar, desesperadamente, por algo que fosse servir por enquanto. No final, Scorp colocou as calças que estava usando antes e uma blusa de Harry que era umas quatro vezes maior do que ele, indo até depois de seus joelhos.

Os cabelos dele estavam pingando, então Harry o ajudou a secá-los com sua varinha, e Scorp riu o tempo todo, dizendo que o feitiço fazia cosquinhas.

“Obrigado pela ajuda, senhor,” ele disse quando Harry acabou, sorrindo.

Os olhos dele eram tão brilhantes. Harry não podia deixar de se perguntar se ele algum dia foi tão pequeno, com olhos daquele jeito. Ele duvidava. Se ele tivesse sido, como os Dursley conseguiriam ter feito o que fizeram com ele? Como os Dursley conseguiriam ter o machucado se ele fosse uma criança tão adorável quanto Scorp ou Rose ou todas as outras crianças? Era impossível.

Bem, não valia a pena realmente pensar nisso agora, então Harry ajudou Scorp a descer da cadeira – ele era baixinho demais, e a cadeira era alta, para adultos, então ele não conseguia pôr seus pés no chão com muita facilidade.

“A gente tem que te levar para um check-up no St. Mungus daqui a duas horas,” Harry o explicou. Rose sempre dizia que Harry era o favorito dela porque ele a contava os planos dele e ouvia as ideias dela como se ela fosse uma adulta também. “O que você quer fazer até lá?”

Scorp encolheu os ombros, olhando para o seu pé e balançando seu corpo para trás e para frente. Era tão hiperativo, também, Harry segurou um sorrisinho.

“Eu não sei,” ele sussurrou. “Eu estou muito acostumado a fazer nada por horas, enquanto mamãe está trabalhando. Eu sei como me entreter sozinho. Você não precisa se preocupar comigo.”

Ironicamente, era aquele tipo de frase que fazia Harry começar a se preocupar com Scorp.

 

 

Eles conversaram um pouco mais sobre Jodie, no final. Sobre ela e sobre o dia a dia de Scorp com ela.

“Então você não sai de casa nunca?” Harry perguntou pelo que parecia a décima vez. Scorp estava meio encolhido no sofá, já, mordendo seu lábio inferior e corando como um louco.

“Bem, sim, senhor.” Ele olhou para baixo, puxando um fio solto da almofada em cima de suas cochas. Harry sabia que muitas crianças bruxas não estudavam antes de Hogwarts, mas não sair para nada? Isso parecia um pouco demais. “Mamãe diz que é perigoso.”

“O que?” Harry tentou esclarecer, ainda muito confuso. “Quer dizer, o que exatamente é perigoso?”

Scorp fez uma careta.

“Bem,” ele começou lentamente, incerto do jeito que você ficaria incerto se alguém pedisse você para explicar como magia funciona, porque era algo que você simplesmente sabia que funcionava, desde que nasceu, e em que você não pensava muito além, “o mundo, em geral, é um perigo. Pessoas que não são ela.”

Ah, Jodie, Harry pensou, seu estômago se revirando. O que você fez?

O que você está escondendo?

 

 

Hannah tinha sorrido quando viu Scorp entrando no seu escritório. Ela pegou a mão dele, o ajudando a subir numa maca, e o deu um pirulito enquanto mandava Harry “dar o fora” para eles terem mais privacidade.

Harry estava sentado na sala de espera, lendo o Panfleta Diário, quando, uma hora depois, Hannah saiu do escritório dela tão pálida que parecia que ela tinha visto um fantasma, a varinha em sua mão tremendo bem visivelmente. Harry pulou para ficar em pé na mesma hora, pânico crescendo dentro de si numa velocidade quase que cegante.

“Ele tá bem?” perguntou, percebendo que estava quase gritando apenas quando um monte de cabeças se viraram na sua direção. Harry puxou Hannah para o lado. “Scorp tá machucado ou–?”

“Não,” cortou Hannah bruscamente. “Não é isso.”

Harry esperou que ela se explicasse com tanta apreensão e preocupação que estava começando a se sentir um pouco enjoado. Hannah, porém, não falou nada. Ele franziu o cenho.

“Hannah?”

Ela passou uma mão pelos seus cabelos.

“Havia um Charme nele,” disse, a voz tremendo.

Isso só confundiu Harry ainda mais. Era uma coisa estranha, sim, e preocupante, mas não tão preocupante quanto a reação de Hannah dava a entender.

“E?”

“Harry,” Hannah respirou fundo, “o rosto de verdade ele é bem– bem reconhecível. As feições, as características. Elas aso bem familiares. Muito mesmo. E eu achei que talvez pudesse ser uma coincidência. Merlin, eu torci para que fosse só isso, mas eu fiz um teste genético e– a magia dele é compatível com a magia de uma certa família que a gente tem no nosso banco de dados e–”

“Que família?”

Ah, ele estava começando a ficar mais e mais preocupado a cada segundo. Hannah mordeu o lado de dentro da bochecha dela, pausando por um segundo. “Veja por você mesmo,” disse, pegando a mão dele e o puxando em direção ao escritório dela de novo.

O menino sentado em cima da maca agora era um menino completamente diferente do menino que Harry tinha trago uma hora atrás – o rosto mais longo, a pele mais pálida, nada de sardas, olhos mais acizentados do que azuis de verdade. Era um rosto familiar mesmo. O cabelo, porém. O cabelo foi o que realmente o traia.

De repente, o nome Scorp fazia muito mais sentido.

 

 

“Mamãe diz que é para me proteger,” Scorp estava dizendo, lágrimas caindo pelas suas bochechas e se recusando a deixar Harry ou Hannah se aproximarem para o consolar, se encolhendo para longe do toque deles. Tinha abraço suas pernas contra seu peito, e ele soluçou, escondendo seu rosto entre seus joelhos ossudos. “Eu prometi para ela que eu nunca ia deixar ninguém saber. Eu não queria quebrar a minha promessa–”

“Ei, ei,” sussurrou Harry, tão suavemente quanto era possível, “tá ok, Scorp, tá ok. Foi culpa nossa. Ninguém tá bravo com você.”

Ainda demorou uns bons minutos para Scorp deixar Harry passar os braços dele por seus ombros e o abraçar, e mesmo quando Scorp escondeu o rosto em seu ombro para chorar, Harry tinha quase certeza que era só porque ele estava cansado demais para continuar lutando.

Harry passou a mão pelos cabelos dele, sussurrando shh contra o ouvido dele e passando a sua outra mão pelas costas dele. O Scorp de verdade era tão loiro. Loiro branco, e Harry encarou um dos cachinhos entre os seus dedos, trocando um olhar com Hannah.

Harry reconheceria aquela cor em qualquer lugar.

Não era só por causa de todos os anos que ele passou brigando com um menino com exatamente aquela mesma cor de cabelo. Não só isso, porque, umas duas semanas atrás, Draco Malfoy tinha estado na capa de todos os jornais do mundo bruxo.

Ele tinha estado na capa desses jornais, chorando por causa do aniversário de sete anos do dia em que seu filho tinha sido sequestrado.

Seu filho Scorpius.

 

 

Scorp – ou Harry deveria o chamar de Scorpius mesmo? – já estava mais acalmado, chupando outro pirulito com a boca toda azul e fungando silenciosamente, quando o chefe de Harry chegou.

Gordon deu uma olhada na criança. Ele olhou para Harry. Ele repetiu o mesmo processo umas três vezes, olhos cada vez mais arregalados. Então, ele suspirou. Era uma ação que ele fazia muito, quando estava perto de Harry.

“Potter,” disse lentamente, já soando extremamente cansado, “vem falar comigo do lado de fora.”

Os dois saíram, Harry lançando um último sorriso forçado para Scorpius. A criança estava cansada demais para o devolver, lágrimas secas no canto de seus olhos, mas ele fez um joinha com o dedo em sua direção. Tinha voltado a balançar suas pernas no borda da maca, o que parecia um bom sinal.

Quando os dois estavam num corredor mais vazio, Gordon apontou para a direção geral de onde eles tinham vindo.

“Aquele é–”

“Sim,” acabou Harry. “Scorpius Malfoy. A gente tem amostras da magia do pai dele, por causa de quando ele foi julgado por ser um Comensal.” E não era tão estranho se referir a Draco Malfoy como um pai? Merlin. Harry passou uma mão pelo seu rosto. “Hannah fez o teste. 80% de compatibilidade. O resto provavelmente é da mãe dele.”

Não que aquilo fosse necessário. Harry tinha conhecido Draco quando o menino tinha onze anos de idade. Olhar para Scorpius sem o Charme que Jodie tinha colocado nele era como olhar para uma imagem do passado, só que um pouco mais jovem e sem nenhuma da arrogância que Draco era tão conhecido por ter.

Gordon parecia saber isso, porque ele não demonstrou desconfiança. Scorpius era tão claramente um Malfoy. Gordon suspirou uma segunda vez. Harry tinha o sentimento de que ele ainda iria ouvir aquele som um monte de vezes, hoje.

“Isso é um caso grande,” disse Gordon. “Você sabe quantos homens eu tenho procurando por Scorpius Malfoy? Mais de vinte, atualmente. E isso sem contar as centenas de investigadores que o próprio pai dele contratou. Tem gente no mundo todo atrás daquela criança, e você está me dizendo que o tempo todo ele estava no apartamento de uma parteira qualquer em Londres, a menos de duas horas andando da casa do pai dele? Não, ainda pior. Você está me dizendo que a gente perdeu a parteira qualquer que o sequestrou. Vai ser um escândalo. Malfoy vai pôr tanta pressão na gente para a achar que você vai desejar nunca ter escolhido esse emprego–”

“Você não acha que a gente deveria estar feliz que achou Scorpius para começo de conversa?” cortou Harry, porque Gordon estava começando a soar bem irritado pela direção que as coisas estavam levando, enquanto Harry, apesar de todos seus problemas com Draco, achava que aquilo era algo muito bom.

Menos uma criança desaparecida.

Menos um pai sem respostas.

Gordon balançou a cabeça.

“É claro que isso é bom!” ele exclamou. “Mas a gente também precisa pensar no futuro. Jodie pode estar em qualquer lugar, nesse ponto, e a gente nem sabe quais foram as intensões dela ou o que ela fez com aquela criança. Ela não tem nenhuma conexão conhecida com os Malfoy e eu odeio dizer isso, mas se ela só quisesse sequestrar qualquer bebê, por que escolher um com pais tão poderosos politicamente? Só tornaria tudo ainda mais arriscado para ela.”

“Eu não sei,” admitiu Harry, seu cérebro trabalhando como nunca para tentar arranjar alguma resposta, mas falhando em pensar em qualquer coisa que fizesse sentido. Ele engoliu em seco. “Vamos tentar fazer uma coisa de cada vez. Qual é o primeiro passo agora?”

Gordon arregalou olhos.

“Merlin,” ele soltou, obviamente sendo atingido por uma realização. “Alguém precisa ir comunicar o pai.”

Ah, não.

 

 

Harry iria gostar de dizer que ele e o resto dos Aurores tiveram uma conversa muito profissional e adulta sobre quem iria fazer aquilo, medindo os prós e contras de cada um deles e se decidindo em quem iria quebrar a noticia o mais delicadamente possível para Draco.

Ao invés disso, eles fizeram um par ou ímpar.

Harry encarou a porta gigante da mansão ainda mais enorme dos Malfoy, xingando a si mesmo por não ter escolhido par. Ele não tinha estado ali desde aquela única vez na guerra, e na época ele não tinha tido tempo para analisar seus arredores. As estátuas de pavões o assustavam um pouco – elas pareciam que estavam se mexendo para o vigiar melhor. E elas eram tão grandes. Harry estremeceu.

Ele bateu na porta.

Harry esperava um elfo doméstico. Ele próprio não tinha e nunca teria um, achava a coisa toda nojenta e desumana, mas ele sabia que os Malfoy não pensavam o mesmo. Dobby, por exemplo, tinha sido “propriedade” deles. Ninguém abriu a porta para ele, porém, e Harry tentou de novo. Talvez aquela casa só fosse tão grande que, se os elfos tivessem longe demais da entrada, nem eles conseguissem ouvir. Harry pôs mais força em suas batidas.

Finalmente alguém abriu para ele.

Não era um elfo.

 

 

Draco Malfoy tinha sido uma criança mimada. A guerra tinha o transformado em um jovem raivoso e assustado. Perder Scorpius – perder seu filho bebê tinha o deixado um homem completamente quebrado, e isso era bem claro em seu rosto.

Harry se lembrava que ele tinha estado muito magro e pálido durante a Batalha de Hogwarts e seu julgamento depois disso, mas, de alguma maneira, ele conseguia parecer ainda pior, agora. As olheiras em seus olhos pareciam ter olheiras próprias, como se ele não tivesse nem piscado fazia sete anos, muito menos dormido, e haviam sombras em todo seu rosto. Havia algo muito, muito vazio em seus olhos.

De repente, Harry sentia como se fosse vomitar ou chorar ou algo ainda pior – abraçar Draco. Ele parecia que precisava de um. Ele provavelmente iria socar Harry se ele tentasse.

Harry respirou fundo, se preparando. Ele tinha notícias boas, se lembrou. Não havia porque se sentir ansioso.

“Malfoy–”

“Você tá aqui a trabalho, não é?” cortou Draco, a voz sem nenhuma emoção ou vida. Apenas completa exaustão e um monte de vazio. Era só isso que Harry conseguia ouvir. Era como Harry imaginava que um cadáver fosse falar, se ele pudesse. “Você tá aqui como um Auror, não é Potter?”

Harry engoliu em seco.

“Bem, sim–”

“Entra.” Draco abriu a porta ainda mais, fazendo um gesto impaciente. “Só entra logo.”

Harry entrou, sem nenhuma outra opção.

 

 

A cozinha de Draco não tinha elfos, também, o que era outra surpresa. Era muito, muito vazia, como todo o resto da casa dele. Draco mandou ele se sentar e, com um balançar de sua varinha, chá começou a ser feito atrás de sua cabeça. Draco não olhou para checar se tudo estava indo bem. Draco se sentou na frente de Harry, olhos grudados na madeira a mesa a sua frente, e ele não parecia estar se movendo nem para respirar direito.

Quando as xícaras caíram em frente a eles e Draco pegou a sua, o chá dele pingou um pouco para fora de tanto que suas mãos estavam tremendo.

Harry não conseguia parar de o encarar, absolutamente chocado com o que tinha acontecido com o seu rival. Draco parecia apenas um casco vazio do que ele tinha sido uma vez. Não parecia que havia nada lá dentro dele.

“Malfoy,” Harry soltou desesperado, esperando que ele talvez reagisse a sua voz. Naquele momento, ele até queria que Draco ficasse bravo com ele e gritasse sobre o quão estúpido Harry era. Até isso seria melhor. “Eu–”

“Só diz,” mandou Draco, fechando os olhos. “Só me diz logo, Potter.”

“Eu–” Harry engoliu em seco, encarando a xícara intocada a sua frente porque ele não conseguia mais olhar para Draco. Notícias boas, ele se lembrou. “Nós encontramos Scorpius.”

Ele não estava surpreso que lágrimas começaram a cair pelas bochechas de Draco, mas ele estava surpreso que elas não pareciam muito aliviadas. Se qualquer coisa, os ombros de Draco pareciam ainda mais para baixo, como se a notícia tivesse o trago mais peso do que tirado. Um soluço deixou seus lábios.

“Eu sabia que isso ia acontecer,” ele sussurrou pesadamente, baixinho, obviamente mais para si mesmo do que para Harry.

“Você sabia?” Harry perguntou de qualquer maneira, surpreso.

Os olhos de Draco se abriram. Harry nunca tinha visto os olhos de ninguém tão cheios de dor. “Eu estive esperando a notícia de que o corpo dele foi encontrado faz seis longos anos.”

Aí caiu a ficha para Harry. É claro que, depois de todo esse tempo, depois de nunca receber nenhuma notícia boa, Draco esperava o pior. É claro que ele não iria se deixar ter esperanças só para se decepcionar. Harry quase bateu em sua testa.

“Não,” ele disse rapidamente, desesperadamente. “Não, não foi o corpo dele. Scorpius foi encontrado, Draco. Encontrado vivo.”

Agora com esse esclarecimento, haviam umas coisas específicas que Harry esperava de Draco. Lágrimas de felicidade, comemorações, agradecimentos. Que Draco demandasse poder ver Scorpius imediatamente.

Ele não esperava que, em questão de milissegundos, Draco tivesse se levantado e pegado Harry pela gola da camisa, o jogando contra a parede violentamente. Uma varinha foi pressionada contra seu queixo, fria e mandando choques pela sua pele.

“Como você ousa,” cuspiu Draco.

Ele estava absolutamente furioso, Harry percebeu. Tão, tão furioso que seus olhos pareciam estar queimando em vermelho, tão furioso que ele parecia pronto para ressuscitar Voldemort e então o matar uma segunda vez com suas mãos vazias apenas.

“O menino de ouro,” riu Draco, tão venenoso que doía. Ele estava tremendo, lágrimas caindo pelas suas bochechas coradas demais. “Você deveria ser um dos mocinhos, não é? Eu não esperava que você fosse ser uma das pessoas que acha engraçado brincar comigo. Bem, para o seu saber, você não é o primeiro a tentar, e eu descobri muito bem a não acreditar em brincadeiras sem graça–”

Harry nunca tinha ouvido algo tão horrível – nunca foi acusado de fazer algo tão malvado quanto mentir para Draco sobre o filho dele. E, Merlin, outras pessoas tinham feito aquilo antes? Vezes o suficiente para que Draco esperasse por aquilo até mesmo de um Auror. Não passava pela cabeça de Harry. Ele não conseguia acreditar que o mundo era um lugar tão ruim.

Harry puxou seu queixo para cima, para tentar se distanciar um pouco da varinha de Draco.

“Draco,” ele disse, tão delicadamente quanto possível, e lentamente também, deixando toda sua sinceridade aparecer em sua voz. O outro homem arregalou os olhos, levantando os olhos para encontrar os de Harry. “Eu não estou brincando ou zombando de você. Eu juro. Eu faria um voto perpétuo agora, se você pedisse. Scorpius foi encontrado ontem. Ele está vivo e ele está bem.”

E Harry não tinha certeza se Draco tinha visto algo no seu tom de voz, ou em sua expressão, ou sabe se lá o que, mas Draco olhou para ele, ainda chorando, e Harry viu a realização crescendo no rosto dele. Viu que ele estava acreditando em Harry.

Draco derrubou sua varinha.


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