Reviver escrita por LaviniaCrist


Capítulo 45
Limbo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/790516/chapter/45

Caverna, ala médica do laboratório – noite do segundo dia:

.

Já era de noite, uma noite calma.

Desde toda a confusão, as noites em Gotham estavam estranhamente calmas. Coringa estava agindo por debaixo dos panos em um de seus planos grandiosos e sem sentido, ou simplesmente foi tirar férias depois de ter “assassinado” a gata.

Bruce, mais estável física e psicologicamente, continuava afastado das patrulhas por um consenso de todos, excerto ele – Selina também estava de molho, ajudando a cuidar dele. Dick e os outros membros da Batfamília tomavam conta da cidade, incluindo Jason – o rebelde tinha voltado para casa, mas ainda se recusava a falar com Bruce e ir ver Damian.

Timothy e o caçula eram os únicos que ainda ficavam no laboratório, um desacordado e o outro ainda se desintoxicando. A pedido de Alfred, Tim só sairia de lá quando os pulmões estivessem funcionando perfeitamente – aquela toxina ainda desconhecida inalada em altas quantidades causou severos danos.

Tim estava aproveitando o tempo de descanso para fazer mais simulações. O notebook já estava consertado e funcionando a todo o vapor, com o nerd digitando as informações como se o mundo dependesse daquilo – e, talvez, realmente dependesse.

Se não fosse um dos aparelhos de monitoramento disparar, Drake nem ao menos iria notar o irmão se remexendo na maca e começando a desprender alguns dos fios.

— Dami? — Ele se levantou — Damian, fica parado! — pediu, indo até ele.

— Me acorda... — o caçula pediu, praticamente implorou, balançando a cabeça de um lado para o outro — Me acorda!

— Você já está acordado, gremlin! — Tim tentou o conter.

— Me acorda! — se contorceu mais.

— Damian! — o mais velho o chamou e, nervoso como estava, resolveu que seria uma boa ideia tentar acordar o irmão com um tapa no rosto. Ele acertou o caçula e, como esperado, Damian finalmente abriu os olhos.

Entretanto, os olhos verdes encaravam o nada, perdidos. A única coisa que o pequeno disse antes de voltar a dormir foi uma suplica:

— ... Me acorda desse pesadelo, por favor...

.

Caverna, ala médica do laboratório – manhã do terceiro dia:

.

— Eu não imaginei nada, ele estava tendo um pesadelo! — Tim teimou entre uma colherada e outra do cereal com leite que estava comendo como café-da-manhã.

— Foi uma crise epilética, Mestre Tim, por isso alguns fios se desprenderam... — Alfred tentava soar como a voz da razão, mas Bruce estava interessado na outra versão dos fatos:

— E como sabe que era um pesadelo? Ele falou alguma coisa?

— Só ficava pedindo pra acordar ele... — Ergueu os ombros.

— Então era um pesadelo... — Jason disse desinteressado, desviando o olhar para um ponto qualquer — Ele fica pedindo pra acordar ele quando tem sonhos ruins.

O rebelde só tinha ido até lá, apesar de toda a mágoa com Bruce, porque Tim havia ligado para todos avisando que Damian tinha acordado novamente. Porém, só serviu para piorar ainda mais o clima entre pai e filho rebelde.

— E o que você fez?

— ... Dei um tapa nele, mas não funcionou — Timmy encarou o chão, envergonhado por ter batido em uma criança naquele estado.

— Porra... — Todd suspirou, saindo de lá. Não queria descontar a raiva que sentia na pessoa errada.

— Tente ser um pouco mais, er... dócil, da próxima vez, Mestre Tim — Alfred pediu pouco antes de sair do laboratório com alguns papéis em mãos, uma desculpa chula para ir atrás de Jason.

— Eu fiquei nervoso! — ele tentou se justificar.

— Tudo bem, apenas não faça mais isso — Bruce tentou dar um sorriso para amenizar as coisas, mas estava arrasado demais para conseguir fingir.

Timothy estava prestes refazer o pedido de desculpas, pensando até mesmo em aceitar que poderia ter imaginado Damian falando aquelas coisas quando, na verdade, estava apenas em uma crise epilética – ele faria qualquer coisa para não deixar Bruce ainda pior. Mas antes que pudesse dizer uma palavra que fosse, o maquinário de monitoramento disparou:

Damian estava arrancando todos os fios presos a ele, pareceu nem notar quando puxou a agulha com o soro que estava presa ao braço, rasgando a pele no processo... estava fora de si. Infelizmente, Bruce só notou que o filho estava completamente insano quando se aproximou mais do pequeno, que se jogou em cima dele aproveitando da pouca distância que os separava – não para um abraço, e sim em uma tentativa de ataque.

— Damian! — O pai gritou quando recebeu uma mordida no braço esquerdo. Apesar da dor, ele não tentou afastar o filho e muito menos fez movimentos que pudessem o machucar — Damian, se acalma!

A criança apenas soltava alguns grunhidos como resposta. Estava se comportando como um animal fora de controle e sem consciência... tinha sede de sangue: efeito colateral de usar a água do Poço de Lázaro – não havia o que fazer além de esperar.

Enquanto Bruce suportava a dor daquela mordida evitando qualquer movimento brusco, Tim estava estagnado, congelado, sentado na maca prestes a entrar em pânico – afinal, Damian já era perigoso sem aquilo. Nenhum dos dois queriam machucar o pequeno, principalmente porque era nítido a falta de controle – caso contrário teria sido um ataque certeiro e não algo tão bestial como mordidas.

Não foi preciso gritarem por ajuda ou qualquer coisa do tipo para chamar atenção dos outros: Alfred e Jason entraram no laboratório mais uma vez – tinham escutado o alarme.

Foi tudo muito rápido:

O filho rebelde agiu e imobilizou o pequeno demônio contra o chão – Damian nunca fez tanto jus ao apelido. Bruce continuava imóvel, sem saber se o melhor era deixar o filho continuar os ataques irracionais ou se ele precisava ser acalmado... O mordomo, já com uma seringa com sedativos, injetou o líquido no pequeno antes que o Patrão Wayne pudesse manifestar qualquer protesto a favor daquela pequena e inconsequente criatura.

Quando Damian finalmente adormeceu, Jason o soltou e se afastou alguns passos. Ele respirava, mas parecia estar sufocado... ele estava nervoso. Seu pequeno pirralho tinha se tornado um monstro sanguinário como ele, culpa do Poço de Lázaro... culpa de Bruce!

A CULPA É SUA! — Gritou para o pai.

— Jason...

— Se ele não voltar, é melhor estar preparado! — Ameaçou, atirando ao chão tudo o que conseguiu alcançar antes de sair do laboratório.

.

Caverna, ala médica do laboratório – tarde do terceiro dia:

.

— Pelo menos foi só uma mordida... — Dick tentou se manter otimista com toda a situação.

— Eu me recuso ficar perto dele! — Tim teimou — Se o Bruce não estivesse entre nós dois, ele teria me atacado! Eu já fui atacado por ele antes, eu sei como é ruim!

— Não é a mesma coisa, é como se ele nem ao menos soubesse o que fazer... — Bruce suspirou.

— Então... — Dick pigarreou antes de continuar — Está dizendo que foi o Damian desmemoriado que acordou e não foi o Damian de sempre, que conhece vários jeitos de matar alguém, isso?

— ... Algo assim.

— O gremlin é perigoso de qualquer jeito — Drake resmungou.

— Não precisa ficar com medo dele, Timmy — Dick sorriu e bagunçou o cabelo do irmão.

— Eu não estou com medo! — O nerd afastou a mão do mais velho e virou o rosto — Eu só...!

Antes que ele pudesse continuar, um dos aparelhos começou a fazer um som diferente. Normalmente, eles faziam vários “bips” e sons parecidos constantemente, o que tornava bem fácil ignorá-los depois de algum tempo – e tornava ainda mais fácil identificar quando mudavam o som.

— ... A pressão caiu um pouco — Bruce analisava uma tela.

— Isso é ruim? É grave? Ele está piorando? — O filho mais velho nem esperou pelas respostas para começar a ficar desesperado – principalmente porque se sentia culpado pelo estado do irmão.

— Apenas chame o Alfred, algum medicamento deve ter acabado — o pai respondeu tranquilamente, analisando os outros monitores.

Depois que Richard saiu em busca do mordomo – consideravelmente calmo -, Tim se sentou na maca e tentou analisar os monitores também. Bruce, por mais que tentasse parecer calmo, deixava transparecer o nervosismo pelo cenho franzido.

— ... A pressão está caindo, a respiração diminuiu também... — Drake disse baixo — Você sabe que ele não está bem.

— O Dick é quem não precisa saber — retrucou.

Tim achou melhor se calar depois disso e apenas analisar os monitores, como o pai. Assim se mantiveram, em silêncio e apenas observando, isto até que Damian esboçou um sinal de que estava finalmente acordando: mexeu uma das mãos.

— Filho? — Bruce perguntou, deixando transparecer a súbita animação na voz.

Damian virou o rosto como se buscasse de onde aquela voz vinha. Cuidadoso, Bruce segurou a mão dele e esperou por qualquer outro sinal que fosse, qualquer prova de que seu filho acordaria rápido e bem.

Desculpa... — Damian sussurrou alguns segundos depois, fraco.

— Não precisa se desculpar por nada, filho — Sorriu.

— Eu... desobedeci de novo...

— Não, está tudo bem agora.

Por favor...

— Bruce, acho que ele está tendo um pesadelo de novo — Tim, que já estava de pé ao lado da maca do irmão, apontou para um dos monitores. Indicava que os batimentos estavam descompassados enquanto a respiração caia lentamente.

— Não, ele está acordando! — Bruce tentou se agarrar à esperança que ainda tinha.

— E-Eu não queria... — Damian finalmente abriu os olhos, mas eles encaravam o nada — Não fiz por mal...

— Eu sei que não fez, eu sei... — Passou a mão pelo rosto do filho.

— Bruce, ele está piorando!

Eu só queria... que-eria impedir...

— Impedir o que, filho? — Bruce apertou a mão do pequeno um pouco mais, mas não teve resposta. Ele passou a mão pelo rosto do filho mais uma vez, mas Damian não reagia a nada — Filho, impedir o que!? Damian!?

Os aparelhos ligados à Damian começaram a disparar alarmes.

O laboratório, antes tranquilo, estava ecoando aquela bagunça de sons diferentes.

Antes que Drake pudesse ao menos pensar em um procedimento eficaz para aquela situação, como uma massagem cardíaca ou qualquer outra tática do tipo, Alfred entrou naquela ala do laboratório como se fosse um ginasta esbanjando velocidade. Dick entrou logo depois, surpreendentemente mantendo a calma frente a situação.

— Afastem-se! — o mordomo ordenou.

— O meu filho, ele...! — Bruce continuava segurando uma das mãos de Damian, isso até que Richard o forçou a se afastar — Não! — Tentou se desvencilhar do filho mais velho, mas ainda estava se recuperando de seu estado catastrófico — Não, ele precisa de mim!

— B, por favor... — o rapaz pediu.

Isolado daquele tumulto, Tim observava tudo e tentava absorver a situação: Damian estava alucinando em um pesadelo; Bruce não estava sabendo lidar; Dick estava calmo; Alfred estava com um desfibrilador... Alfred Estava com um desfibrilador!

Tim nem ao menos tinha reparado as tentativas de reanimação, na colocação de eletrodos e em nenhuma outra coisa que não fosse o barulho irritante dos aparelhos e na total falta de compostura de Bruce.

— Mantenham-se longe! — o idoso mandou, dando a primeira descarga elétrica em Damian. Depois ele começou com a reanimação cardiorrespiratória, felizmente tendo alguns sinais positivos.

.

Caverna, computador central – noite do quinto dia:

.

— Ele deveria estar descansando, você deveria estar dormindo... — Selina resmungou encarando uma das telas do Batcomputador. Estava apoiada na cadeira onde Tim Drake estava sentado.

— E você deveria meter seus bigodes em outro lugar! — o rapaz disse ríspido, esbanjando do total mau humor que duas noites em claro fizeram a ele.

— Eu adoraria, mas eu continuo “morta”, lembra?

— Você poderia se fingir de morta em outro lugar, por gentileza? — Girou a cadeira para poder encarar a “madrasta”, deixando visível o estrago que alguns litros de café conseguem fazer com um jovem.

— Só porque você está pedindo com jeitinho... miau! — respondeu debochada, bagunçou o cabelo dele e depois se afastou — Vou ajudar o Alfred com o jantar. Se algo acontecer...

Ela saiu sem nem terminar a frase, afinal, não precisava.

Tim sabia perfeitamente o estado debilitado de Bruce o atrapalhava a ser o Batman de sempre, mas não era exatamente com ele que Selina estava preocupada – já que Dick o acompanhava como uma sombra. Ela estava falando de Damian... como se ele fosse acordar assim, tão cedo.

O rapaz se virou para as telas novamente. Havia a vista do Batmóvel; o mapa da cidade com alguns pontos marcados; e, a principal, mostrava o processo de junção de todo o trabalho do jovem Timothy das últimas semanas – dias e mais dias de trabalho árduo interpolando informações e fazendo simulações - ainda em 95%.

Um dos aparelhos do laboratório começou a emitir um som diferente.

— Selina, se for mais um dos seus testes...! — Ele se calou quando um aviso surgiu na tela interrompendo a transmissão das imagens: “Laboratório. Falha crítica de segurança. Energia desativada” — ... Droga!

.

Caverna, ala médica do laboratório – noite do quinto dia:

.

Tim segurava o celular como uma lanterna para iluminar por onde andava e tentar descobrir o que tinha acontecido. Se fosse um invasor, ele estaria em desvantagem: pijama e pantufas não são a melhor opção para enfrentar um inimigo.

— “Alerta crítico de segurança”, até parece! — começou a resmungar enquanto vasculhava as várias estantes de compostos químicos e tantas outras quinquilharias inestimáveis — ... Está mais para “alerta crítico de gata bisbilhoteira”!

O rapaz continuou a busca, irritado e praguejando. Continuou até se lembrar de um pequeno detalhe contido naquele laboratório chamado Damian.

Só de pensar no irmão naquele estado tão frágil, ligado a aparelhos cujos a sobrevida duraria apenas alguns minutos... ele cedeu às emoções. Sentiu suor brotando na testa, as pernas trémulas, mãos geladas: estava nervoso, ou melhor, estava prestes a entrar em pânico.

Se algo acontecesse com o caçula Wayne, a culpa seria dele. Não porque ele deixou um invasor entrar ali ou porque resolveu entrar em pânico ao invés de pedir ajuda – como das outras vezes em que o pequeno acordou -, mas sim porque se havia um culpado naquilo tudo, era ele. Ao menos, era assim que Timothy Jackson Drake se via naquela situação toda: o culpado por um garoto de treze anos estar em coma, depois de ter brincado com um protótipo instável que ele deixou jogado por aí.

Tim prendeu a respiração por alguns segundos, contou mentalmente até dez e foi para a ala onde Damian estava.

As mãos, dormentes, seguravam o celular para iluminar a maca... vazia. Vazia!

Haviam roubado o Demônio, sequestrado ele, levado para pedir resgate ou para usar em algum sacrifício doentio - como os al Ghul. Não importava o motivo, a única coisa que importava é que aquela criança não estava lá, ligada aos aparelhos, nem presa à maca.

Presa por tiras de contenção - rasgadas.

Ligada à eletrodos - jogados num canto.

Até mesmo a sonda e o cateter estavam largados no chão do laboratório.

Toda aquela pequena destruição formava uma trilha na direção da porta – a única saída da ala médica, em direção ao laboratório.

... Aquilo acordou — o rapaz sussurrou. Sentia o estomago revirar e a pressão cair ainda mais só de imaginar o culpado daquele “alerta crítico” — ... fodeu — suspirou quase sem voz olhando novamente para a maca, com esperança de que Damian simplesmente surgiria ali.

Para piorar ainda mais o desespero do jovem Timmy, ele sentiu uma respiração quente próxima ao calcanhar direito – perigosamente próxima.

Ele só teve tempo de fechar os olhos com força, conter um grito de pânico e se manter imóvel enquanto era atacado pelo pequeno demônio Wayne.

Agora ele finalmente entendia o que Bruce quis dizer com “é como se ele nem ao menos soubesse o que fazer”; aquela criatura que acordou realmente não sabia como atacar alguém, agia como um animal selvagem que simplesmente brincava com a presa antes de matá-la: mordidas, arranhões ou qualquer outra tortura bestial que aquele corpo pequeno permitia – auxiliado por uma força quase sobre-humana, também como efeito colateral.

— Damian! — tentou chamar a atenção do pouco de sanidade que aquela coisa ainda poderia ter — Damian, eu não quero ter que machucar você! — avisou.

Só serviu para aquela coisa o atacar com ainda mais ira.

Aceitando que não teria outra alternativa senão lutar contra aquela coisa, Tim aproveitou a escuridão do lugar para se esquecer que o irmão era apenas uma criança enferma – se não fosse a lanterna do celular, seria impossível enxergar algo.

Primeiro, o chutou para longe. Só levou alguns segundos até que o pequeno demônio se recuperasse e fosse atrás da presa mais uma vez – parecia não ver nada, não perceber a realidade à volta.

Tim o acertou com um soco e o imobilizou contra o chão tentando fazer os mesmos movimentos que Jason havia usado antes. Seria tudo tão mais fácil se ele pudesse simplesmente usar a força bruta naquela coisa, ao invés de ficar se preocupando com o estado frágil do irmãozinho...

... se ele estava agindo como um monstro, sinal de que estava melhor.

... talvez ele nem sentisse dor com um golpe mais duro.

— Tim!? — A voz de Selina vinha de longe, mas estava se aproximando: — O que aconteceu!? — As luzes se acenderam novamente.

— O gremlin está fora de controle!

Ao invés de fazer mais perguntas, a gata apenas correu para onde os enteados estavam. Ela ignorou os dois enquanto buscava por algo nas bancadas – por mais difícil que fosse desprezar os grunhidos que o pequeno rosnava enquanto tentava se soltar.

— Segura o seu irmão com um pouco mais de força... — pediu se abaixando próxima à Damian, injetando o líquido de uma seringa nele.

... Essa coisa não é meu irmão — o rapaz retrucou.

— Tim...

... Ele não é o Damian.

— É só um efeito colateral — ela tentou soar otimista.

— Essa coisa não é um efeito colateral! — Ele esperou até que Selina afastasse a seringa novamente para soltar a criança — Essa coisa nem parece saber que está aqui!

A gata suspirou e, assim, os dois ficaram em silêncio.

Apenas observavam Damian se contorcer como se lutasse contra o sedativo: arranhava o ar e o chão, grunhindo como se fossem pedidos de ajuda. Durou pouco mais de um minuto, que mais pareceram horas.

— Cristo... — Alfred murmurou indo até eles — o que aconteceu aqui!?

— Parece que alguém anda alimentando o gremlin depois da meia-noite — Drake respondeu.

.

Caverna – manhã do sétimo dia:

.

Alfred, mordomo incansável e cuidador de todos, carecia de férias.

Não era a administração doméstica e muito menos ajudar Batman na luta contra o crime que o cansava... era a culpa que estava o desgastando. Ele se sentia culpado por várias das tragédias que assolaram a família – assim como todos, mas ele em maior grau.

Ele caminhou pela caverna indo em direção ao laboratório com passos arrastados e lentos. Já não suportava mais ver aquela criança desacordada, frágil, sem esboçar nenhum sinal de melhora...

.

Caverna, ala médica do laboratório – manhã do sétimo dia:

.

Primeiro Alfred pegava todo o material que iria precisar para cuidar de Damian, olhava os relatórios de monitoramento e, só então, dedicava-se a cuidar daquela criança. Fez isso durante uma semana, já havia virado parte da rotina.

Porém, naquela manhã, a rotina foi quebrada.

Assim que o mordomo entrou naquela ala, a primeira coisa que reparou foi nos belos olhos verdes de Damian abertos, brilhosos como sempre, encarando tudo em volta cheios de curiosidade. Quando o pequeno fez contato visual com ele, pareceu ficar ainda mais curioso e então perguntou:

— ... Aonde eu estou, senhor Pennyworth?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

O Damian ficar em coma por causa do “Poço de Lázaro Sintético” é algo que eu tirei da minha cabeça. Eu precisava de um efeito colateral suficientemente ruim, afinal de contas, seria fácil demais para o Batman ficar lutando contra os inimigos, se machucar todo e no dia seguinte estar novinho em folha.
Lembrando que o estado de coma é diferente de um estado vegetativo. No coma, a pessoa não reage a nada e precisa de equipamentos para suprir funções básicas como a respiração, alimentação, etc. Ela pode melhorar e ir para o estado vegetativo, quando ocorre uma “melhora” (já que a pessoa pode manifestar alguns movimentos automáticos, involuntários, reflexos...) ou pode simplesmente acordar (acontece quando o motivo do coma é finalmente tratado).
Vamos combinar a seguinte cláusula aqui: no começo de tudo, Damian ficou em coma por pelo menos dois meses antes de melhorar um pouco e finalmente acordar. Agora, ele ficou apenas uma semana desacordado (primeiro desacordado, depois em coma e depois apenas desacordado mais uma vez).
Sei que essa explicação pode soar estranha, mas julguei ser interessante colocar ela para que todos entendam porque em um determinado dia ele precisava de aparelhos (depois do terceiro, quando teve uma parada cardiorrespiratória) e no outro já não precisava.
Eu não sou da área da saúde, se tiver alguma informação errada, aceito ajuda! :D
Aqui tem um texto explicativo sobre pacientes na UTI (estado do Damian), quem quiser ler só para entender melhor todo o trabalho que o pobre Alfred precisava fazer sozinho:
http://www.socati.org.br/index.php/enfermagem/o-paciente-na-uti
Nota da Nota: “limbo” também pode significar incerteza.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Reviver" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.