Reviver escrita por LaviniaCrist


Capítulo 41
Póstumo




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— Céus, você deveria estar repousando! — Alfred disse em um tom irritado, caminhando de um lado a outro do laboratório da BatCaverna.

— ... Bem — Batman murmurou com a voz rouca e falhada, economizando as palavras mais do que de costume. Ele não queria ficar deitado sem fazer nada, não depois do que aconteceu. Preferiu ficar ao lado de Tim, observando-o, se culpando por ter deixado um dos filhos se machucar de novo.

— ... Bem!? — O mordomo repetiu quando já estava em frente a um dos computadores — Defina bem, Patrão Bruce, porque eu jamais estaria bem depois de um novo princípio de infarto causado por entorpecedores e seguido de uma intoxicação respiratória!

O morcego nem se deu ao trabalho de responder com uma desculpa qualquer, preferiu gastar as energias que ainda tinha para desgrudar o cabelo do filho da testa – Timothy estava desacordado, hiperventilando, enquanto a máquina tentava estabilizar a quantidade de oxigênio dele.

— Se não fosse Selina mandando todas aquelas informações, eu não sei o que teria acontecido com vocês dois... — Alfred murmurou enquanto colocava um pouco mais de líquido no respirador do mais novo, disfarçando a tristeza que sentia.

— ... Deveria ter sido eu... — Bruce disse baixo, não deixando nítido se falava sobre a morte da namorada ou do estado do filho — ... Damian — ciciou, caminhando em direção às escadarias de saída.

— Não ouse sair daqui antes de novas análises! — Alfred avisou, vendo naquele homem machucado com uma fantasia de morcego nada além do garotinho que havia cuidado por vários anos — Eu vou checar o Mestre Damian assim que terminarmos aqui, ele deve estar dormindo — Balançou a cabeça de um lado para o outro, suspirando logo depois — Céus, não quero nem imaginar as perguntas que ele vai fazer...

Bruce apenas se calou e encarou o nada. Ele nunca foi a favor da namorada aceitar o papel de mãe na vida do filho. Por mais que gostasse de ver os dois juntos, ele sabia que uma separação brusca quando Selina se afastasse só faria ainda mais mal... e agora ele nem ao menos sabia como explicar para o filho que ela morreu.

— Mentir — pediu.

— Mentir... — repetiu esgotado, fazendo com que o vigilante noturno se deitasse na maca daquela área e colocasse a máscara de oxigênio de novo — ... Que Damian perdoe todas as mentiras que eu conto à ele... — sussurrou, preparando o que iria precisar para costurar as costas do morcego.

— Bem... dele. — Batman disse baixo, se permitindo relaxar ao menos enquanto aquela medicação fizesse efeito.

— Espero que ele entenda isso um dia, Patrão Bruce — Alfred murmurou descontente, tirando  parte do uniforme de Batman para poder das os pontos.

Os dois ficaram em silêncio, tornando a única coisa audível naquele laboratório o respiradouro que ajudava os dois heróis. Com o passar dos minutos, Bruce acabou se entregando ao cansaço e adormeceu. Alfred, que tentava manter a mente ocupada ao limite, se dedicou a concepção de mais soro para os dois enfermos – Coringa havia mudado a fórmula do gás, utilizou agentes mais agressivos, tornando a eliminação total da toxina bem mais trabalhosa.

Quem olhasse de fora, acharia que era uma madrugada tranquila e rotineira, apesar das circunstâncias catastróficas.

Aquele pequeno momento de paz, por assim dizer, foi interrompido quando Capuz Vermelho desceu as escadas da Batcaverna como se fosse um elefante fugindo do abate. O rapaz estava desesperado, correndo pelo lugar em busca de ajuda, levando o irmão caçula nos braços.

— ALFRED! — gritou assim que avistou o mais velho.

— Cristo... — o idoso suspirou vendo o estado em que os dois estavam: Jason coberto por chuva, lama e sangue... sangue de Damian, sangue que deixava um rastro por onde eles passaram. Ele ficou em choque, parado, sem conseguir aceitar que tudo aquilo era real e não um pesadelo.

— ALFRED, O DAMIAN! AJUDA! — o rapaz pediu, ou melhor, ordenou enquanto invadia o laboratório e começava a digitar algo no painel com uma das mãos.

— ... Mas o que aconte...!?

— USA AQUELA COISA DE NOVO!

— Não posso usar aquilo, não depois dos danos colaterais e...! — Alfred se calou quando Jason apontou uma de suas armas para ele. O mordomo conhecia aquele rapaz bem o suficiente para saber o quão fora de si estava para fazer aquilo — Mestre Jason...

— Damian. Está. Morrendo... — disse lentamente, pressionando o último botão que precisava com a parte do carregador da pistola — Você vai salvar ele de novo, Alfie — avisou, mirando novamente para o mordomo enquanto uma câmara com um líquido esverdeado surgia da parede falsa.

— ... Mestre Jason, os danos colaterais foram muito extensos!

— SALVA ELE! — grunhiu e atirou em um dos visores próximos ao mordomo — SALVA O MEU IRMÃO!

— ... Coloque-o dentro — Alfred pediu se aproximando deles. Sentia os olhos arderem por reviver aquilo, principalmente sabendo dos riscos, mas se era a única chance de Damian - como parecia - ele o faria.

Com as mãos trêmulas e cansadas, o mordomo começou a preparar a criança para o procedimento. Limpou o sangue seco com delicadeza e tentou costurar a pele da melhor maneira possível - fechou as feridas, dando o seu melhor para parecerem que nunca estiveram lá. O imobilizou onde precisava, onde conseguiu.

— ... Caralho, isso tá demorando demais! — Jason disse tirando o capuz e então passando a mão pelo próprio rosto para afastar o cabelo, sem se importar dela estar suja de sangue — Não é só jogar ele ali dentro!? Não é assim que funciona!?

— ... Não — Batman respondeu, finalmente conseguindo se levantar de onde repousava – já sem a máscara de oxigenio. Se não fosse isso, Jayson continuaria sem notar que haviam outras pessoas lá.

— Não sabemos ainda se é seguro ir além disso... — Pennyworth alertou — ... Ele demorou semanas até acordar, não sabemos como vai reagir dessa vez.

— É o único jeito de salvar ele, anda logo! — Capuz apontou a pistola novamente para o mordomo que tanto amava — FAÇA!

— Não! — O morcego deu alguns passos na direção deles.

Ele estava irritantemente lento. A mobilidade estava prejudicada demais e, provavelmente, este foi o único motivo pelo qual Batman não conseguiu desviar ou agarrar o capuz vermelho que Jason arremessou nele e que o acertou no nariz. O golpe inesperado o forçou a parar e tentar recobrar o equilíbrio.

O rebelde estava fora de si...

— FAÇA, ALFRED!

— Mestre Jason...

ENTÃO FAÇO EU! — disse agarrando o mordomo pelos ombros e o jogando para longe daquela cápsula. Jason já tinha perdido completamente a noção de limites, ou pior: estava disposto a passar por cima de qualquer um.

Com o cuidado que o nervosismo permitiu, ele segurou Damian contra si mais uma vez. O pequeno estava pálido, realçando as marcas daquela quase morte, marcas fundas, espalhadas pelo corpo, cabeça e rosto. Os olhos verdes, agora sem brilho, estavam congelados olhando para o nada...

— ... Desculpa, pirralho — Jason sussurrou, se debruçando sobre aquela cápsula e imergindo o irmão completamente no líquido viçoso – ele ainda o abraçava.

Bruce tentou chegar até eles a tempo, mas não conseguiu.

Alfred se apoiou nas bancadas para se levantar e observar aquele pesadelo vivo de longe.

Jason ativou o taser da própria armadura, dando a descarga elétrica necessária para ativar os compostos daquela mistura curativa. Batman, mesmo sabendo os componentes do Poço de Lázaro, ainda não tinha conseguido a primazia de tornar o líquido reutilizável sem um agente externo.

Nos primeiros segundos, Damian continuou inanimado. Entretanto, quando a carga do taser estava próxima ao fim, a criança começou a dar os primeiros sinais de vida: se engasgou com o próprio sangue enquanto tentava respirar; acertou o irmão com os punhos fechados, mesmo sem ter ideia de porquê estar lutando; abriu os olhos, os olhos verdes e vivos dessa vez, que estampavam terror e ódio. Logo depois ele voltou a dormir, apenas dormir, com o corpo entregue a um estado de placidez enquanto o irmão o segurava.

— ... Eu... Eu consegui... — o rebelde sussurrou, soltando o irmão aos cuidados de Alfred e se deixando cair no chão. Ele estava cansado, atordoado, tanto pela adrenalina se esvaindo do corpo quanto por ter recebido parte daquela descarga elétrica.

— ... Filho — Bruce chamou, estendendo uma das mãos para ele quando já estava próximo o bastante.

— ... Filho? — o rapaz repetiu em um tom debochado — Vai começar a me chamar de filho agora? Vai se preocupar comigo também, papai? — disse a última palavra como se fosse uma ofensa — VOCÊ DEIXOU SEU FILHO MORRER!

— Eu não queria...!

ELE IA MORRER SOZINHO COMO EU MORRI! — Acertou um tapa na mão do morcego, se levantando por conta própria — SOZINHO!

— Mestre Jason... — Alfred começou, mas foi interrompido antes de qualquer outra palavra.

— Já tentou imaginar como é horrível morrer sem nunca ter se sentido amado? Só dá pra notar isso quando se morre sozinho! — Ele já tinha os olhos avermelhados de um choro contido — ... Você, papai, só consegue amar alguém depois que a pessoa morre! Você amou os seus pais, você me amou e depois começou a amar o Dami... mas é só a gente voltar dos mortos que você para de ligar! — Ele pegou a pistola novamente, trêmulo, apontando para Bruce.

— Jason! — o mordomo gritou em pânico, tentando chamar aquela criança rebelde de volta a si. Se não estivesse amparando Damian, teria se enfiado entre os dois.

— É verdade! — Apontou a arma para a própria cabeça dessa vez — VOCÊ QUER QUE TODO MUNDO MORRA! — o rapaz gritou, com raiva, encarando Batman como se fosse um inimigo.

— Não! — Bruce usou do nervosismo que sentia como energia para conseguir tirar arma das mãos dele – foi mais fácil do que esperava, era um blefe.

O rebelde da família ficou olhando para o pai sem querer aceitar que ele realmente o salvaria, ele queria uma pessoa para poder culpar por tudo de ruim que aconteceu na vida... Batman, Bruce, ou seja lá a personalidade que habitava aquele corpo cansado agora, simplesmente encarava o filho como se ele fosse uma criança que acabou de fazer pirraça – ele não sabia se o repreendia, se pedia perdão ou se apenas ignorava o que aconteceu.

Ambos ficaram em silêncio, se encarando.

Os poucos sons que haviam naquele laboratório eram das máquinas, incluindo a que ajudava o jovem Timothy a respirar... isso até que, repentinamente, o rapaz arrancou a máscara, sentando-se na maca e começou a gargalhar. Eram risadas altas e roucas, com feições de desespero acompanhando – duraram enquanto os pulmões do rapaz conseguiram aguentar.

— Cavalheiros, peço que se retirem — Pennyworth disse quase entre os dentes, colocando Damian na maca ao lado do irmão e se apressando para prender a máscara de Timmy novamente.

Seria uma longa noite para o mordomo.

Todd obedeceu e saiu com os passos arrastados, sem nem ao menos pegar a arma e o capuz jogados no chão. Batman foi atrás dele, preocupado:

— Eu não quero que nada de mal aconteça com vocês... nunca quis.

O filho rebelde parou, encarou o morcego e pegou um maço de cigarros no bolso; tentou acender, só se irritando ainda mais quando não deu certo – estava ensopado de chuva. Como mais uma de suas birras infantis, ele jogou o isqueiro e os cigarros no Cavaleiro de Gotham – errando.

Bruce deixou ser acertado, paciente. Não porque sabia que Jason erraria ou algo do tipo, mas sim porque esperaria até que o filho conseguisse se livrar daquele rancor que o corrompia a anos. Um maço de cigarros amaçado e um isqueiro não machucaria em nada, mas aquelas acusações doíam, principalmente com as circunstâncias daquela noite: o coração - já quebrado e descompassado – já não sabia lidar com sentimento de perda, não mais... não além de todas as que já teve.

Todd deu uma risada escarnica pegando a outra pistola que levava. Estava sem munição – precisou gastar tudo o que tinha resolvendo os próprios assuntos. Ele jogou a arma aos pés do vigilante – nem tentou acertá-lo dessa vez – e retomou a conversa:

— ... Eu tirei o pirralho debaixo de um lustre... — murmurou — ... Tem ideia do quanto eu gritei pedindo ajuda? O pirralho... do quanto o pirralho deve ter gritado pedindo por ajuda!? Estava sozinho! ... SOZINHO! VOCÊ ABANDONOU ELE!

— Não queria...

— ... Eu fiquei com tanto medo! — O rapaz respirou fundo, como se estivesse prestes a gritar, mas sussurrou: — ... Eu era só uma criança, ele era... e foi culpa minha...! — Ele encarou o pai com os olhos cheios de lágrimas, como se quisesse gritar de dor e a voz simplesmente não saísse.

O pior para Jason, além de se culpar por Damian se machucar mais uma vez, era reviver a morte da criança que ele era. Uma morte solitária, de abandono e culpa. Batman, que se aproximava dele o quão lento conseguia para não o espantar, disse apenas o que deveria ter sido dito todas as vezes em que Jason passava por uma daquelas crises:

— Nunca foi sua culpa, filho...

— ... Mas eu qu-uis... ir... precisei... ir...

— Você era uma criança ainda, Jason. Me desobedecia, era inconsequente, mas era só uma criança — Estendeu a mão para ele novamente — ... Eu nunca soube cuidar de crianças...

— E nem cozinhar...

— E nem cozinhar — Bruce tentou dar um sorriso, por mais arrasado que estivesse agora — Prometo que vou aprender dessa vez... — Com cuidado, ele repousou a mão no ombro do filho. Jason não tentar o afastar já era satisfatório o suficiente, mas quando o rapaz segurou o braço dele para que não se afastasse... aquilo o surpreendeu – a primeira surpresa boa naquela noite.

— ... Você nunca aprende a cozinhar — disse baixo.

— Dessa vez é diferente — sussurrou, prometendo a si mesmo que realmente faria tudo o que pudesse para ser diferente.

O Cavaleiro de Gotham resolveu começar tentando demonstrar um pouco mais o afeto que sentia com os filhos: aproximou-se mais de Jason para dar um abraçado. Foi impossível para ele não ver o filho apenas como uma criança rebelde... deveria tê-lo abraçado mais vezes.

— ... Eu não vou confiar em você dessa vez — o rapaz o encarou. Estava sério, com o olhar transbordando de ressentimento – havia medo, dor, ira... mas o ressentimento naquele momento estava superando tudo — Todos que confiam em você acabam morrendo sozinhos, B...

— Filho...

— Já é tarde para tentar consertar as coisas, papai — ele cuspiu aquela palavra com amargura, se desvencilhando do abraço e fazendo o primeiro ato de uma vingança deplorável pela criança – seja ela Damian ou ele mesmo -, um ato curto e de largas consequências:

Ele usou o pouco de carga que o taser ainda tinha contra o pai. Não era muito, mas sim o necessário para que Batman caísse de joelhos, apertando o peito como se o coração fosse fugir - o necessário para machucar o que já estava ferido, castigar quem já se culpava.

Jason deixou o pai lá, sozinho, sofrendo quase nada se comparado aos filhos.

Sozinho por pouco tempo, porque logo Alfred iria atrás deles e, caso não fosse, Dick iria - o jato estava entrando na caverna mais uma vez...


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Notas finais do capítulo

Pois é, Batman sabe a receitinha do Poço de Lázaro, mas não sabe fazer uma pipoca de micro-ondas... Brincadeiras à parte, é verídico que o Batman é uma das pouquíssimas pessoas do universo DC que sabe a receita desses poços.
Em Batman do Futuro n. 44, é revelado que ele tem uma câmara com esse líquido, quando ele usa para salvar o Damian após um ataque de Zero – o fluido de cura é melhor do que qualquer tratamento que um hospital pode oferecer.
Poços de Lázaro são poços de águas normalmente esverdeadas, capazes de curar, rejuvenescer e até mesmo ressuscitar pessoas - Ra’s al Ghul sobreviveu através dos séculos utilizando eles. Mesmo parecendo algo milagroso, tem um preço caro de utilização: com o tempo, a sanidade de quem as utiliza é danificada (varia bastante, mas o estado de fúria momentânea quase sempre está presente).
Observação: para quem não está acostumado não tem preparo o suficiente para essas águas o estado de fúria/insanidade pode ser permanente; para quem usa com frequência, as águas já passam a não fazer tanto efeito (foi por isso que o Ra’s morreu na animação Filho do Batman).
A criação desses poços é extremamente difícil porque é necessário saber a receita e ter disponível locais nas Linhas de Ley (um termo complexo de explicar, é como um traçado entre áreas importantes geográfico e historicamente).
Há muitas variantes envolvidas nos Poços de Lázaro: a maioria se torna inutilizável após o primeiro uso, mas tem alguns especiais que podem ser usados inúmeras vezes (já que tem como converte-los em “inesgotáveis”); os efeitos colaterais podem não aparecer ou serem fortes ao ponto de tornar o usuário uma espécie de escravo; para ressureição, é preciso que a morte seja recente (o tempo vária, desde horas a até meses); etc.
Nota da nota: Jason era realmente uma criança difícil quando Robin. Além daquela cena super fofinha do Bruce resolvendo ficar em casa com ele quando o garoto pegou uma gripe forte ao invés de patrulhar, houveram outras vezes em que o Jason estava impossibilitado e resolveu ajudar (lembro vagamente de uma em que ele estava com a perna quebrada, mas não consegui achar o quadrinho antes de postar o capítulo).
Mesmo sendo um rebelde, ele foi muito útil ao Bruce. Um dos meus exemplos preferidos é em O Messias, quando o garoto maravilha desce até os bueiros atrás do morcego – tem uma cena bem engraçada se vista fora de contexto nessa história: o Robin dando um tapa na cara do Batman!



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