Luar Puro escrita por Zena Faith


Capítulo 4
Escondida


Notas iniciais do capítulo

Eu estou revisando capitulo por capitulo e postando eles assim que termino, então por enquanto vai ser mais rápido, mas minha intenção é colocar um a cada 15 dias, pois eu estou no meu último ano da graduação, tem muita coisa pra fazer, ainda mais com a pandemia.
Enfim, espero que gostem.
P.S. Usem máscara, álcool em gel e não saiam de casa, se protejam.



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— O quê?

Bella está em choque.

Minhas palavras a afastam como se fogo brotasse das sílabas e vogais, a distância que ela coloca entre nós é crua e brutal, me faz encolher como um animal machucado. Minha intenção não era de ser tão súbita e dramática, mas neste momento, tudo o que eu preciso para garantir a minha segurança é uma revelação, eu precisava ter dito, simples assim, provando que eu não sou um monstro perigoso e sim uma vítima em desespero... o mais humana que eu podia ser.

Respirei fundo quando senti mais uma vez a insistente sensação de estar sendo invadida.

Meus soluços cessaram imediatamente e as lágrimas param de cair tão rápido quanto começaram, encaro Bella de forma direta, posso assistir a briga que acontece em seus pensamentos através de seu olhar verdadeiro. Sentindo-me insegura, desvio meu olhar em direção a Emmett, não fico surpresa em encontrar apenas mais desconfiança, então finalmente olho para ele, o garoto silencioso, encontrando o seu olhar vago, quase perdido em concentração.

Uma chama luminosa e poderosa faz seus olhos tão amarelos quanto o próprio ouro e, eu sinto, no meu íntimo, uma sensação de antecipação que recepciona a próxima lufada incisiva que tenta invadir meus pensamentos. Meus olhos se petrificam nos seus, estamos duelando, em guerra, um tentando derrubar o outro, se esquivando. Tremendo de esforço projeto o que quero que ele veja... a imagem borrada de uma garota afogada em desespero, correndo por uma floresta estrangeira.

— Eu sei que você está dentro da minha mente.

Ele não fez menção em se retirar, e sequer demonstra se sentir envergonhado por eu ter o pego tentando espreitar, e mesmo após isso, o perdoo pela invasão, pois vejo em seu semblante a compreensão clarear seus olhos, ele agora podia me ver, ele agora via o que eu queria, ele sentiu o escuro e pegajoso.

— O que você é?

— Algo que a natureza não aprova.

Doí dizer as palavras em voz alta, mas no final “eles” sempre teriam razão, eu era anormal, algo não natural, algo criado para ser temido e rechaçado.

— Como você conhece Renesmee?

Se antes eu a afastei, agora podia sentir um vazio amargo se instalando entre nós, a voz atônita de Bella me faz olha-lá rapidamente e então desviar os olhos com vergonha. Falhei em não fazê-la temer por sua filha, e mesmo estando ciente da minha forma abrupta de trazer a verdade a tona, ainda assim me sinto ofendida pelo seu tom de voz.

Ela está sendo mãe, sendo forte e ardentemente protetora, não posso culpá-la de todo.

Me levanto com o maior cuidado, tento não acionar todas as suas defesas, com delicadeza limpo as lágrimas restantes, sei que minha ação humana planejada não os engana, mas suspiro resignada, meu cansaço quebrando minha atuação.

— Você tem que saber que eu vou te contar tudo, mas não antes que você peça a Edward que pare de tentar ler minha mente... eu estou cansada de criar ilusões, eu estou cansada de lutar.

Meu apelo soa quebrado e suplicante, dói admitir uma fraqueza.

Eles são estranhos e eu preciso ganhar sua confiança, admitir que eu tenho lutado por toda a vida, que estou esgotada, mostrar minha vulnerabilidade agora era a última coisa que eu queria, mas nada mais poderia os fazer acreditar em mim.

Bella parecia surpresa, com apenas um olhar para seu marido ela faz o pedido, ele se aproxima dela e me encara com curiosidade, prendo minha respiração, preparada para mais uma invasão.

— Como você consegue me repelir? Quem é você? Por que está aqui?

Me quebrar novamente seria mais fácil do que admitir tudo em voz alta novamente, já tinha sido tão difícil, doloroso e vergonhoso da primeira vez que me abri para Renesmee e Jacob.

E mesmo assim eles me advertiram que eu precisaria fazer tudo de novo, eles sabiam quão persistente Edward seria num primeiro momento, minha aparição estranha e repentina deixaria todos desconfiados... meus dons incomuns os deixariam defensivos.

Dons...

A palavra parecia tão doce vinda deles, tão pura e boa, enquanto era apenas uma maldição para mim.

— É ruim, minha história é um grande buraco de dor e solidão, e é tão dolorosamente longa... mas uma coisa eu posso assegurar a vocês, Renesmee está a salvo... eu nunca faria nada de ruim a ela... ela me salvou. Preciso que vocês sejam pacientes...

Bella tinha uma expressão estranha no rosto, mas minhas palavras entraram por seus ouvidos, fazendo seu cenho franzir, como se ela estivesse refletindo. Devagar as linhas de tensão do seu rosto começaram a se desfazer, calma banhando seu rosto, quando ela se movimentou novamente eu me contrai involuntariamente, mas ela apenas pegou uma cadeira ao seu lado, como se fosse papel, dispondo-a a minha frente. Com um sinal suave e gentil ela me incentiva a me sentar, olho para os dois indivíduos masculinos em posição de ataque e vacilo, minhas mãos tremem, a possibilidade de ser atacada a qualquer momento me põe em alerta.

Bella percebe o que estão acontecendo, o olhar que ela dirige para seus familiares faz minha pele se arrepiar.

Eles a obedecem imediatamente, ambos puxando respectivamente as cadeiras ao seu alcance para sentar-se, Edward em particular parece passivo de uma forma inquietante, olho mais algumas vezes em sua direção com desconfiança, o suficiente para ter o mínimo de certeza que ele não vai me atacar. Recusando a cadeira eu me movo lentamente para trás até me apoiar na ponta da cama, olho nos olhos de Bella quando escuto passos no andar de baixo, Edward sai como um borrão, posso escutar os murmúrios da conversa agitada e breve que ele tem com os novos estranhos.

E simples assim, num sopro, todos eles entram no cômodo.

Eu poderia muito bem ter acabado de cair numa armadilha.

Agora havia mais duas mulheres e um homem, dois deles tinham cabelos tão loiros e dourados, totalmente diferentes dos da segunda mulher que pareciam mais ruivos que loiros, ela possuía um rosto elegante e antigo preso numa expressão melancólica e acolhedora, quando me olhou vi apenas pena no seu olhar, o homem ao seu lado tinha o braço ao seu redor, sua expressão era de fascínio, havia nada de especial na minha fisionomia que pudesse explicar isso, eu agarrei com força a lateral da cama, podia sentir o metal ondular sobre meus dedos, parei assim que percebi que estava deixando minha força a mostra.

A reação da loira foi o que me surpreendeu.

— Ela é uma criança.

Sua expressão chocada fez todos prestarem atenção nela, fiquei aliviada quando vi os olhares se afastarem de mim.

— Sinta o cheiro amor.

Emmett fungou grosseiramente em minha direção, então ela estava o fazendo também, e depois todos ao mesmo tempo, me sentindo constrangida eu mesma o fiz, meu cheiro sempre seria o mesmo, a única coisa da qual eu poderia estar feliz em ter, eram os aromas da minha infância, do meu pai e da minha mãe, eles sempre estariam comigo, em meu sangue.

— Cheira a lobo...

Ela soou assustada, e também extremamente enojada, seus olhos me esquadrinharam questionadores, ela tinha a postura de alguém altivo, alguém que era tratado como realeza, mas suas expressões pareciam tão descontroladas em desacordo com essas características.

— E também cheira a vampiro.

A mulher ruiva parecia tão surpresa quanto, assim como o seu parceiro, os dois agora pareciam não saber como se expressar ou como olhar para o que estava a sua frente.

A coisa... a anomalia...

Bloqueei as palavras horríveis e seu tom maldoso de minha cabeça, estava tudo tão confuso.

— Ayira, está tudo bem, estes são Carlisle e Esme, e está é Rosalie, eles são nossa família, pode confiar em nós, conte tudo.

A voz confiante e incentivadora de Bella fez o mundo ao meu redor parar de girar, olhei para cada um nos olhos, e contei mais uma vez, toda a dor da minha vida.

— Antes de qualquer coisa, eu quero que saibam que conheço todos vocês, não de forma verdadeira... mas as coisas que ouvi, tanto dos inimigos quanto dos seus aliados, definiram minha visão sobre cada um. Não estou pedindo que confie, só que me escutem, não façam perguntas, não até eu terminar.

Com uma respiração dolorosa senti a curiosidade permear o ar, meus membros tensos cedendo a derrota de expor minhas entranhas mais uma vez, como eu podia ter medo de me abrir se abrir a porta para a verdade era minha única chance de salvação?

Confie... neles...

— Meus pais foram mortos, quando eu ainda era apenas um bebê, fui roubada da minha vida, sequestrada por aqueles que deveriam ser os garantidores da justiça entre sua espécie, eu fui levada pelos Volturi...

A angústia foi mútua, todos na sala agora tinham essa expressão em suas faces, uma das expressões que mais me desestabilizaram em toda a vida, que sempre me quebrava, que fazia as vozes voltarem.

Minha voz se perdeu em meio a cada sussurro sombrio.

Minha... Tão pura, tão perfeita, tão única, apenas minha...

Você não passa de um rato de laboratório para Aro...

Não se preocupe, eu sempre estarei aqui, eu irei te proteger dela...

Mortos, todos mortos...

Acorde pequeno angelo bianco, sua vida eterna a espera...

Eu estava tão imersa em minha escuridão, que quando a lufada de poder deslizou em minha mente mais uma vez eu apenas deixei, não era como se eu não estivesse acostumada a ser violada, já aconteceu tantas vezes, por tantos anos, a minha vida toda. Edward só aproveitou a deixa, meus muros sequer se ergueram.

— Me perdoe.

As palavras dele foram como um bálsamo de conforto, palavras tão leves e verdadeiras e mesmo assim havia tanto arrependimento, não mais pena, apenas o arrependimento por ter invadido a minha verdade obscura.

Agora ele sabia... alguém mais nessa existência poderia sentir cada sofrimento meu.

Uma lágrima solitária desceu por minha pele, machucada, e dolorosa.

— Não é sua culpa, você apenas fez o que achava certo para proteger sua família.

Todos pareciam entender o que tinha acabado de acontecer, Bella olhou para seu companheiro com uma expressão atenta e questionadora, mas foi Rosalie quem fez a pergunta.

— O que você viu?

Os olhos de Edward se focaram nos meus, minha história parecia queimar neles, cada dia, cada momento, me lembrando de quem eu era.

— Eu vi a forma mais cruel de dor, eu vi a morte de uma alma, vi uma criança presa em um calabouço por oito anos.


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Notas finais do capítulo

Obrigada a todos que leram, estou feliz de estar de volta na plataforma, e observei que algumas pessoas já estão acompanhando a fic, podem me escrever, eu adoro ler a opinião de vocês, além do mais só me faz crescer como escritora, independente de serem comentários bons ou ruins.
Beijos L.



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