A Bruxa escrita por Priy Taisho


Capítulo 1
I - Primus


Notas iniciais do capítulo

Oi gente!
Eu não tenho uma gota de vergonha na cara, mas estou aqui pra compartilhar mais um projeto com vocês hahahahah
A Bruxa é, sem sombra de dúvidas, meu xodó do momento.
Espero que gostem,
Boa leitura.



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I - Primus

As batidas na porta chamaram a atenção da mulher que aguardava pacientemente sobre a cama. Os lençóis tinham tecido de seda, eram vermelhos como sangue e contrastavam com a pele alva das pernas expostas.

A garrafa de vinho estava pela metade, acomodada sobre a mesinha de cabeceira, ao lado de um vaso dourado com flores brancas e ela segurava firmemente a taça de vinho entre os dedos com unhas cumpridas e negras, balançando o líquido próximo de seu rosto para apreciar o aroma por mais tempo.

As batidas retornaram e ela analisou a porta com curiosidade, calculando mentalmente qual seria o momento certo de abri-la. Mais três batidas, fortes, ritmadas e ela sorriu, os pés descalços indo de encontro com o chão gelado, enquanto ela caminhava em direção à porta.

O vestido preto tinha as barras feitas com renda, bem como as mangas que cobriam os braços até os punhos; o decote era interessante e revelava o vale dos seios, ela tinha certeza de que atrairia o olhar de seu visitante, principalmente para a pedra vermelha que ela ostentava em seu pescoço.

Novas batidas e ela deixou de observar sua aparência refletida contra o espelho, os lábios cheios estavam pintados de carmesim e havia um brilho de selvageria nos orbes verdes, que desapareceram por um breve momento, o único em que a mulher vacilava em sua decisão.

A porta fora aberta e ela rapidamente sussurrara um pedido de desculpas, aguardando com paciência enquanto ele lhe observava milimetricamente. A revolta que enevoara os olhos do homem, desapareceu aos poucos, dando lugar à um olhar de admiração com camadas de tristeza.

Utilizando sua voz melodiosa, ela o convidou para entrar e ele aceitou, apreciando por um breve momento a sinfonia da morte.

A Bruxa

Era uma época de calamidade entre as bruxas, onde os homens tinham tomado consciência de sua existência e as caçavam como animais dentro das florestas, apontando suas espadas e lanças enquanto bradavam o desejo de assassina-las.

O perigo para bruxas solitárias era ainda maior, eram elas que tinham suas casas queimadas e eram arrastadas em praça pública para a humilhação perante aos humanos. Nenhuma delas podia ser salva dos caçadores ferozes.

Mas o Coven também não tinha poder para protegê-las, não a todas elas. Estavam fadadas a viver entre os homens com o máximo de descrição possível, ocultando seus poderes daqueles que eram ignorantes o suficiente para aceita-las.

— Devemos caçá-los! – Uma das mulheres presentes na sala disse, batendo ferozmente contra a mesa de madeira. – Somos mais poderosas, vamos reconquistar o lugar que é nosso por direito. – Os múrmuros de concordância foram audíveis. Muitas acreditavam que a guerra era a solução para o problema.

— Somos superiores. – Outra respondeu contrariada. – Guerra não é a solução. – Aquelas que concordavam também fizeram-se presentes.

— Sangue é pago com sangue! – A mesma que incentivava o ataque bradara. – Nossas irmãs estão morrendo todos os dias, não podemos assistir em silencio!

— Sujar nossas mãos com sangue não trará nossas irmãs de volta. – A reposta tinha sido semelhante a um rosnado. – Os deuses não aprovam isso, seremos amaldiçoadas!

— Então estamos amaldiçoadas, irmã. – A resposta tinha sido brutal. – Estamos morrendo e os deuses estão assistindo em silencio enquanto cada uma de nós queima.

A discussão estava tomando proporções maiores do que as estimadas. As vozes alteradas defendiam seus argumentos com vigor, sendo acompanhadas por seus apoiadores. Apenas duas mulheres permaneciam em silencio, observando a agressividade que as irmãs injetavam em suas palavras.

Haviam se tornado um Coven de bárbaras que não conseguiam manter uma discussão civilizada sem que a agressividade e medo lhes tomasse conta.

A primeira delas, sentada na cadeira central possuía um vinco entre as sobrancelhas, os olhos amendoados repletos de reprovação. A mão direita segurava firmemente a xícara de chá, o cheiro das ervas era forte, mas o liquido já esfriara há tempos.

O cabelo louro estava preso, amarrado pouco abaixo da nuca e contrastava com suas vestes verdes que pareciam brilhar conforme ela se mexia (com exceção daquele momento, em que ela parecia uma estátua esculpida em mármore).

— Não vai dizer nada? – A pergunta tinha sido feita em um tom que beirava ao divertimento. – Daqui a pouco não teremos um Coven para proteger. – Acrescentou com pouca preocupação.

A mulher de olhos dourados observou a garota que estava sentada ao seu lado. Considerava-a braço direito, mesmo que suas ações transformassem sua índole em algo questionável. Era nítido o divertimento, ele estava estampado nos olhos verdes e brilharam com excitação quando duas das bruxas levantaram-se de suas cadeiras. Ela, inconscientemente havia curvado o corpo contra a madeira da mesa e aberto os olhos ansiando pelo momento em ambas entrariam em combate.

— Separe-as. – A ordem direta tinha atraído sua atenção e a frustração nos orbes esmeraldinos era perceptível. Os lábios pintados de carmesim tinham sido crispados, mas ela não ousaria protestar. – É uma ordem, Sakura.

— Você acaba com toda a diversão.

Ela ainda encarou a líder por alguns segundos, esperando que a mulher desistisse da ideia de separar as duas bruxas que se aproximavam cada vez mais, mas sabia que a ordem não mudaria.

Sakura ergueu-se da cadeira, jogando os logos cabelos rosados por cima dos ombros e com um pequeno movimento dos dedos, fez com que as duas mulheres sentassem abruptamente em suas cadeiras.

Ela sorriu ao notar que as atenções de todas do Coven estavam sobre si e aguardou com os braços cruzados que a contestação viesse. Temari, a que clamava pela morte dos caçadores olhou-a com fúria, as mãos espalmaram-se contra a madeira novamente em protesto.

— Qual a sua opinião sobre isso, Haruno? – Ela questionou. – Prefere ser a caça ou o caçador? – O tom provocativo fizera com que um novo sorriso surgisse nos lábios de Sakura. – Quero defender nosso povo, você devia fazer o mesmo! É sua obrigação como...

— A minha obrigação é seguir as decisões do Coven. – Sakura a interrompeu em um tom de voz endurecido. – Não teremos o quê proteger se nos atracarmos como animais. – Acrescentou pouco antes de se sentar novamente. – Tsunade, qual a sua decisão sobre o assunto?

Temari permaneceu em silêncio, embora seus olhos enviassem protestos em direção à líder que continuava com a expressão desgostosa. A mulher puxou uma lufada de ar e depositou a xícara sobre a mesa antes de pronunciar-se:

— Não utilizaremos nossos poderes para ir contra as ordens dos deuses. – A voz de Tsunade trovejou pelo salão e todas a observavam com atenção. – Não sujaremos nossas mãos com o sangue humano, irmãs. Encontraremos uma solução para nos protegermos. Esta é a minha decisão como líder do clã.

Se houve discordância geral, apenas Temari teve coragem o suficiente para demonstrar sua indignação. Nenhuma delas tinha coragem de ir contra Tsunade Senju, a que todas acreditavam ser uma das primeiras entre todas as bruxas e aquela que vivia entre os humanos há mais tempo do que qualquer uma delas.

— Reunião encerrada. – O tom de voz melodioso de Sakura fora acompanhado do barulho das portas de carvalho sendo abertas. – Tomem cuidado com os caçadores, irmãs e evitem o uso de seus poderes em casos desnecessários, não sabemos se eles podem nos rastrear.

Aos poucos, as mulheres que trajavam longos vestidos dispersavam-se do salão de reuniões e dirigiam-se aos seus próprios destinos. Sakura fora uma das últimas, levantando-se de sua cadeira ruidosamente.

O vestido preto realçava seu colo, os espartilhos delimitavam sua cintura fina e sua aparência era carregada por uma áurea que beirava a inocência, até o momento em que seus olhos tomavam a atenção de quem a observasse. Eles eram astutos, bonitos e por muita das vezes, entediados.

Pouco conseguia prender a atenção da bruxa e Tsunade temia que o tédio pudesse trazer a desgraça para aquela que ela devia proteger.

— O que fará hoje? – A voz da líder do Coven fizera com que a Haruno parasse próximo das portas.

— Andarei pela cidade. – Sakura respondeu com prontidão. – Corre uma notícia de que haverá um julgamento em praça pública, quero saber se a garota é uma das nossas ou se eles erraram mais uma vez.

Não havia interesse, de fato, no tom de voz que ela utilizara. Apenas uma pequena curiosidade que brilhava ao fundo dos olhos esmeraldinos. A Senju temia pela impulsividade da discípula.

— Vá com Hinata.

— Não estou indo por ordem do Coven. – Sakura refutara no mesmo instante.

— Agora está.

Sakura respirou fundo e fechou as mãos em punhos, mas anuiu antes de despedir-se apressadamente. Os planos de caminhar pelo vilarejo sem que precisasse se preocupar havia esvaído de suas mãos antes mesmo de que ela pudesse aprovei-los.

Do lado de fora, como se houvesse sido convocada, estava Hinata. A bruxa possuia cabelos cumpridos e negros, que contrastavam com o brilho de seus olhos doces e perolados.

— Bela defesa aos humanos, Hinata. – Sakura falou enquanto era acompanhada da irmã. – Cuidado para não deixar que Temari descubra sua paixão por aquele humano. Seria catastrófico.

— Não estou apaixonada por humano algum. – Hinata rebateu com rispidez. – Naruto e eu somos apenas amigos.

— Você sabe que nós não temos amigos. – A rosada havia dito após um suspiro. – Mas humanos são interessantes demais para deixarmos que nossa irmã realize a chacina que ela tanto deseja. – Acrescentou e com um estalar de dedos, suas roupas chamativas haviam sido alteradas para vestes mais simplistas; um vestido verde que cobria-lhe os braços e pernas, acompanhado de sandálias baixas.

— Você orientou que nós não usássemos nossa magia sem propósito e faz isso? – O tom de Hinata era acusatório, mas havia graça em suas palavras. – Por que não pode parar por um momento para trocarmos de roupas? – A bruxa de cabelos negros havia alterado suas vestes, para algo semelhante ao que Sakura usava, mas o vestido era azulado como o céu em um dia ensolarado.

— Porque tenho pressa, Hinata. – Sakura confidenciara apressando os passos a cada corredor em que elas passavam. – Essas paredes me sufocam, preciso de um pouco de diversão.

— Visitará o taberneiro mais uma vez? – Hinata perguntara com um sorriso nos lábios. – Mal consegue disfarçar sua empolgação, irmã.

— Não tenho interesse algum no taberneiro. – A rosada respondeu, pouco antes de erguer as saias do vestido para pular os últimos degraus que as separavam do vilarejo. – Mas gosto da taverna, é um lugar interessante para conhecer pessoas.

Para Hinata, a declaração de Sakura não era forte o suficiente para enganá-la, mas ela permaneceu em silêncio para aproveitar o calor que apenas o sol era capaz de proporcionar.


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Notas finais do capítulo

Continua... Mereço reviews?
Até a próxima!
Beijão ♥



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