Prólogo

Há muitas e muitas semanas eu tinha o mesmo sonho, repetidamente, cada dia em um lugar diferente, mas sempre o mesmo enredo... Mesmo assim nunca vi seu rosto...

Capítulo 1

Caminho sozinha pela noite, está frio, chovendo, ventando muito, um arrepio gelado corre minha espinha de cima a baixo.

Mesmo com as gotas que pareciam cair em câmera lenta do céu, pontos luminosos flutuam no ar...

- Vaga-lumes... - penso sozinha no meio da chuva.

Minha única visão ao longe são árvores que balançam com o vento forte. Por alguma razão gosto dali, me parece tão... Familiar...

- Elizabeth. - eu ouço alguém chamar atrás de mim.

- Quem...?

Eu olho pra trás, não há ninguém, outro arrepio gelado percorre minha espinha. Posso sentir as sombras se movendo na noite escura, alguém me observa, mas não me causa medo, é algo mais próximo a... Conforto.

Sinto um calor muito próximo de mim, braços me envolvem, não faço ideia de quem seja, mas sinto como se o conhecesse a vida toda, seu coração bate em minhas costas.

- Elizabeth. - diz uma doce voz masculina diz, suave e gentil.

Mãos cobrem meus olhos quando tento virar meu olhar na direção de seu rosto, não reajo, não quero me defender.

- Você vai me ver. - ele sussurra abaixando até meu ouvido esquerdo, seu cabelo escorre sobre o meu ombros, gotas de água pingam mornas em meu pescoço. - Mas esse dia não será hoje...

Me deixo arrepiar.

- Qual o seu nome?

- Pode me chamar de Alessa. - ele diz, ainda com sua voz suave como um sussurro em meu ouvido.

Toda noite eu descobria algo novo sobre ele, mas nunca via seu rosto...

O suave perfume de seu corpo queima minha garganta por dentro, por entre seus dedos vejo um anel prateado, dentro está escrito: "Ora pro nobis", latim...

 - Alessa. - repito, quero saber como soa minha voz ao pronunciar seu nome.

- Nos encontraremos muito em breve, contarei os dias. - ele suspira, retirando suas mãos dos meus olhos e trançando seus dedos nos meus. - Até lá, seja paciente.

Como seria se nos encontrássemos...?

Suavemente ele beija meu pescoço, se afastando. Viro instintivamente meus olhos, mas não há ninguém ali...

Acordo. Trêmula em meu quarto... Quatro da manhã, estou suando frio, creio que não dormirei novamente essa noite, daqui a três horas teria obrigatoriamente que levantar, a imagem furiosa do professor de ética gritando por eu me atrasar para a aula dele novamente me agonia. Por quê? Por que fui amaldiçoada com um professor tão descontente com a própria infelicidade? E afinal, qual a minha culpa nisso?... Me abstraindo disso por alguns momentos, minha mente vaga no sonho que tivera antes, aquilo foi tão real, era quase como se... Eu realmente tivesse estado naquele lugar...

- Alessa... - repito o nome que me dissera.