Amanheceu, PRIMAVERA escrita por Bubuh 2008


Capítulo 7
Capítulo 7




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Ao chegar no Rio de Janeiro, fui direto para o bairro Peixoto, onde fiquei em uma pensão.

Quando acordei ontem, o sol brilhara intensamente em meu rosto. Os pássaros me deram bom dia juntamente com as belas flores que contemplei da janela do quarto em que me hospedei.

Tudo maravilhoso fortalecendo minha decisão de ir ao encontro dela.

“Será que ela ainda moraria lá? Se não morar, alguém poderia me informar seu paradeiro?”. Isso rodeou várias vezes na minha cabeça.

Andei pelas ruas e vi que a mudança não foi tão forte. Isso facilitou o reconhecimento.

Poucas casas foram reformadas. Muita gente desconhecida. Afinal, quinze anos se passaram.

A quadra de esportes do bairro continua a mesma. Lembrei-me das partidas que eu jogava com Eddy, Pollito e nossos vizinhos. Dignas de deixarem nossas mães preocupadas com tantos hematomas e ralados.

Parei na grade e olhei cada cantinho daquele lugar. Tinha crianças jogando futebol. Meus olhos focaram em uma delas. Ela me era familiar pelo seu jeito de andar, correr, jogar os braços para o ar. Meu coração batera mais forte pois me enxerguei correndo ali. Poderia ser apenas uma mistura de emoções, se o garoto não tivesse parado no meio da quadra com um sorriso largo no meio do rosto.

Aquele sorriso que eu conhecia muito bem. Assim como o formato de seu rosto e a cor de seus cabelos.

Seus olhos brilhavam como duas estrelas no céu escuro. Mesmo suado, ele conseguiu manter seu sorriso e começou a acenar para mim. Aquilo me deixou confuso e involuntariamente, acenei de volta. Ele cochichou alguma coisa com seus colegas e saiu correndo da quadra, esbanjando felicidade. Quando percebi, eu estava correndo atrás dele.

A rua em que ele entrou, era a que eu morava. A casa em que ele entrou, era a que eu morava. Pra mim, nada mais fazia sentido. Ou melhor, fazia e eu não queria entender. Olhei incrédulo para minha antiga moradia. O tempo tinha parado ou eu acabado de assistir minha história de vida?

Meus pensamentos desapareceram quando o menino saiu de casa e me apontou para uma mulher que estava atrás dele. A mulher que usava avental e touca de cozinheira pareceu assustada e inquieta quando me viu.

Eu me aproximei da casa para poder olhar em seus olhos ou então falar com o menino. Mas ela foi mais rápida e antes que eu pudesse falar qualquer coisa, ela correu em minha direção.

—Pooooooooncho!!!!!-me abraçou forte.

Aqueles braços eu reconhecia muito bem. Mas eu não conseguia falar nada. Apenas me entreguei ao que mais desejei nos últimos dez anos.

“Your love is magical, that’s how I feel

But in your presence I am lost for words

Words like, “I love you.”

—Nada mudou, Poncho! Nada mudou!!!!!-ela me dizia apertando-me mais contra seu corpo.

—Por que você nunca mais atendeu aos meus telefonemas? Por que mandou aquela carta horrorosa?- abri meus olhos e lá estava ele. O menino continuava sorrindo. Separei-me de seus braços e perguntei. -É seu filho?

—Poncho, eu tenho tanto pra te falar!-ela acariciou meu rosto com seus olhos marejados.

—Ajude-me a entender o que aconteceu!-tirei sua touca e pude ver que seus fios loiros permaneciam ali. Compridos como eu jamais vira.

—A carta foi minha mãe que escreveu. Eu só fui saber disso quando encontrei o rascunho mas já era tarde.

—Por que não me avisou?

—Nos mudamos pra São Paulo. Meus pais não queriam que todos soubessem do que havia me acontecido! Não queriam passar vergonha! A querida e idolatrada filha pegou barriga!-fiz cara de confuso mas juntei os fatos.

—Você ficou grávida de mim?-ela chamou o menino pra perto de nós.

—Afonso, conheça seu pai!-ele abraçou minhas pernas. E eu o segurei em meus braços.

—Tudo bem, galeguinho?-o menino era loiro como a mãe.

—Gale..o quê?-rimos juntos com sua tentativa.

—Pai, você vai ficar aqui pra sempre?

—Vou, Afonso! Eu vou!-olhei diretamente nos olhos de sua mãe e ela sorriu.

—Afonso, vá brincar com seus amiguinhos!-o coloquei no chão e ele correu para a quadra.

—É verdade o que disse?-ela me olhou incrédula.

—Eu já havia decidido isso quando saí de Liubliana! Independente de te encontrar ou não, ficaria no Brasil.

—É muito bom te ter de volta, Poncho!

—Por que o menino não me detesta? O que você falou de mim pra ele?

—Apenas a verdade! Que o pai dele é um homem maravilhoso. Que estava em outro país pra dar sempre o melhor a ele!

—E o garoto acreditou?

—Eu sempre nos sustentei. Meus pais continuaram em São Paulo mas eu decidi voltar ao Rio pra publicar meu livro e deu certo! Já estou escrevendo o terceiro, por sinal!-a olhei sorrindo e me senti feliz, mais feliz do que nunca. Descobri que tenho um filho e da mulher mais linda do mundo, da mulher que eu amo.

—Poder te rever, depois de tantos anos é voltar a felicidade. Você é o meu sol depois da escuridão!-a abracei.

—Não conhecia esse seu lado romântico!

—Tenho muitas coisas pra lhe dizer ainda… Coisas que nunca pude te apresentar!

—Mas faço questão de conhecê-las! A não ser que..

—A não ser o quê, vida?-fitei seus olhos.

—Que você vá embora outra vez e me deixe sem rumo! Foi muito difícil não ter sua proteção, Poncho!-ela me abraçou apertado entre seus delicados braços, que me fizeram tanta falta.

—Esqueça isso! Lembre apenas dos nossos tempos bons, como eu faço!-nossos lábios se encontraram sedentos um do outro. -Querida, se eu te deixar me procure e me interne! Não posso viver longe de você!

E com o canto dos pássaros, mais uma vez de fundo, nos entregamos aos beijos mais esperados.

—Obrigada por voltar! Eu te amo tanto, Alfonso!

—Eu te amo, Dulce María!

"You are the sun

You make me shine

Or more like the stars

That twinkle at night

You are the moon

That glows in my heart

You’re my daytime my night time

My world

You’re my life”

FIM


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