CRASH – UMA BATIDA A MAIS escrita por Bubuh 2008


Capítulo 5
Capítulo 5




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Na manhã seguinte, fiz mais uma vez as aulas com meu tio e em seguida, fui de bicicleta até o Casarão.

Quando eu já estava saindo dali, González apareceu.

—Dulce! Não imaginava te ver tão cedo!-ele se aproximou, beijou meu rosto e eu retribuí.

—Preciso da sua ajuda!

—Disponha, :D!-ele tem um sorriso tão fofo.

—Você tem o telefone do pessoal da banda? Tenho que falar com eles.

—Você quer cantar de novo?-bati no ombro dele e rimos.

—É sério, Gonza! Eu preciso!

—Pela sua cara, é mesmo! Minha agenda está no escritório. Vamos até lá!

Ele me puxou pela mão e me levou até o escritório. Lá pediu pra que eu o ajudasse a mexer nas agendas mas foi ele quem acabou encontrando um número.

—O único número que tenho é o de Charlie.

—Perfeito!

Combinei com o Gonza de ele ligar pra Charlie marcando um encontro ali no casarão mesmo. Vinte minutos depois, ele deu as caras. Fui ao encontro dele sem rodeios.

—Você me pareceu honesto na primeira vez em que te vi.

—E sou! Aonde você quer chegar me dizendo isso, menina?

—Não é nada demais. É verdade que Guido é o irmão bastardo de Poncho?- o encarei.

—Eu não sei de nada!-ele desconversou e saiu a andar pelo salão em que estávamos.

—Conta outra, Charlie! Eu já sei de tudo!-ri.

—Sim. Mas porque…-ele voltou a se aproximar de mim, todo confuso.

—E que o pai de Poncho nunca quis assumir a paternidade?-ele coçou a cabeça e se sentou.

—Como você soube disso?

—É verdade?-ele confirmou com a cabeça.

—Poncho e Guido têm a mesma idade. Seria difícil para o tio Rakso, o pai de Poncho, assumir que traiu sua família. Quando Guido descobriu, ficou com raiva e planejou ter tudo o que era dele por direito.

—Então ele fez uma armadilha pra Poncho?-perguntei indignada.

—Guido colocou muitas drogas no meio das coisas de Poncho e chamou a polícia. Guido conquistou bastante a confiança de Poncho, tanto que…

—Poncho jamais suspeitou do careca.-concluí. -Você não tem vergonha de ser cúmplice de algo tão podre?

—Ter, tenho! Também não acho isso correto! Eddy também não… Tanto que desistiu de cantar ontem!-ele sorriu.

—Mas agora, você já sabe o que fazer!

—Eu seeei…

O mesmo truque que usei com Charlie, ele usou com Eddy e Guido. Eu e Poncho ficamos no ambiente ao lado, escondidos pra ouvir tudo o que acontecia.

—Reunião? Pensei que a banda tivesse acabado!

—Acabou mesmo e por sua culpa!-Charlie atacou o careca.

—O que você está falando? A gente conversou e todo mundo concordou. Poncho foi o primeiro a propor!-ele se sentou.

—Ele só propôs porque estava farto de ser julgado e acusado por coisas que não fez!-Charlie socou a mesa.

—O que você está insinuando, Charlie?- Guido o encarou.

—Ele não está insinuando nada, Guido! A banda sabe muito bem de suas tramoias! -Eddy levantou a voz.

—Estou sentindo um tom de acusação no ar e não estou gostando! O que você quer dizer, garoto? Fala logo!-Guido se levantou.

—Você armou pra cima do Herrera! Você o ferrou até conseguir deixá-lo sem opção.-Charlie interferiu.

—Eu? E quem pode provar?-Guido riu.

—Eu! Sem querer tirei fotos do momento em que você jogou tudo na bolsa de Poncho!-Charlie pegou as fotos do bolso de sua jaqueta.

—Me dá isso aqui!-Guido de forma ríspida tirou as fotos de Charlie e o empurrou. Em seguida começou a rasgar as fotos.

—Nem adianta tentar acabar com as provas. Tenho cópias!

—Qual é, Charlie? Está me estranhando?-Guido vendo que já não tinha saída, tentou mudar sua tática.

—O estranho aqui é você! Você podia ter facilitado as coisas quando descobriu a verdade mas não, ferrou tudo!-Eddy disse.

—Ele não merece tudo o que tem! Era eu quem deveria estar no lugar dele! Eu!-Guido argumentou.

—Você é um sujo! Não se importou com o fato de quererem tirar a guarda de Felipe! -Charlie continuou.

—E você um intrometido! Felipe é pequeno nem sabe quem é o pai. Viveria que nem eu, sem um pai presente.

—Se entrega pra polícia, cara! Isso pode facilitar pra ti.-Eddy tentou ajudá-lo.

—Ninguém vai me pegar! Eu tenho dinheiro, muito dinheiro. Dinheiro da banda e das drogas. Vou fugir!-Guido correu para a porta como suspeitei.

—Não vai não!-Poncho apareceu na frente dele.

—VOCÊ? O QUE TÁ FAZENDO AQUI?-ele se assustou.

—Hum… Vejamos… Um acerto de contas, né, Poncho?-apareci atrás do meu amor, digo, do Poncho.

—Você é um ordinário!-Poncho ia avançar pra cima dele mas, não sei como, o segurei.

—kkkkkkkkkkkkkk… E você um babaca! Sua mãe nunca lhe disse pra não dar papo pra estranhos?-Guido curtiu com a nossa cara mas atrás dele tinha algo bem pior.

—Rodrigo Laris, você está preso! Por falsidade ideológica, porte ilegal de armas e tráfico de drogas.

—Que ficha extensa, meu caro!-ri na cara dele e ele me olhou com raiva.

—Você é um baixo! –Poncho disse indignado, eu estava adorando tudo aquilo!

—Coisas de baixista, haha!-comentei e Guido deu um sorriso torto.

—Dulce, sai daqui!-eu continuei parada. Meus pés não queriam obedecer a Poncho.

—Você ia ser minha!-Guido colocou suas mãos em meu rosto o apertando com muita força.

—Não me dirija assim!-dei-lhe um tapa no rosto.

—Quem você acha que é pra encostar a mão em mim?-ele devolveu o tapa. “Mãos de baixista são ásperas, AI!”

—Você é um doente! E ainda por cima bate em mulher!-Poncho me empurrou pra trás e eu caí no chão.

—kkkkkkkkkkkkkkk, você não sabe nada da vida!-Guido deu uma risada irônica e seca.

—Sei sim! E tudo o que sei não foi o seu grande pai quem me ensinou.-Poncho deu uns tapas no peito de Guido, que ficou quieto. Fuzilando o “irmão” com os olhos!

—Eu queria ser filho…

—Mas você é! Um filho da MÃE. -Guido caiu no chão chorando.-Policiais, podem levá-lo!

Poncho correu para o escritório e eu conversei mais um pouco com Eddy, Charlie e Gonza. Depois fui encontr o baterista. Bati na porta mas ele não abriu. Empurrei a porta devagar e vi que Poncho chorava. Sentei-me ao seu lado.

 -Eu tô livre! Sou um homem liiiiiiiiiivre! Livreeeeeeeee, Dulce! “Pra mim?”

—Pooncho! Parabéns! - sorria emocionada ao ver o estado de Poncho.

—Você está bem? Está doendo?-ele acariciava o vermelho que tinha ficado no meu rosto.

—Aiii, só um pouco!-beijou meu machucado.

—Tenho que te agradecer mais uma vez!-ele me abraçou e meu coração pulou mais forte. -Obrigado, Dulce! De todo o meu coração…

—Não precisa! Não fui com a cara dele na primeira vez que o vi!-o apertei mais contra meu corpo. -Depois que meu tio me contou umas coisas, vi que muitas não batiam.

A gente se separou do abraço e nossos olhares se atraíram. Mas além de admirá-lo, eu só queria tocar naqueles lábios mais uma vez.

Comecei a aproximar meu rosto do dele e quando fechei os olhos, meu beijo foi barrado por um de seus dedos. Poncho uniu sua testa à minha.

—Você é uma garota linda, Dulce! Eu já sabia disso assim que pousei meu olhar sobre ti no escuro. -rimos. -E agora, entendi que você é um anjo que veio na minha vida pra me salvar!-abri meus olhos e vi que os dele estavam fechados. Acariciei seu rosto mas ele segurou minha mão. -Eu não sou homem pra você! Você é jovem, está no início da vida. Já sou um cara batido.

—Poncho, você precisa ler “Quem mexeu no meu queijo?” .-ele riu.

—Você é maravilhosa, Dulce!

—Eu, eu… -sabia que aquela conversa não iria muito longe. -Aonde está o seu filho?

—Com meus pais! Meu garotão!-ele mexeu nos cabelos. -Que saudades dele! Vou vê-lo agora! Aproveito pra conversar com o meu pai.-sua expressão mudou totalmente.

—Posso ir com você?-Poncho me olhou de lado.

—Acho que não é uma boa ideia, Dulce!-ri da insegurança dele.

—Eu não mordo, Alfonso! Não sei por que tem tanto medo de estar perto de mim.

—Não quero te machucar, te fazer sofrer! -ele olhou meu rosto e acariciou a ferida mais uma vez. -Mas de alguma forma eu já fiz, né?!

—Eu não vou deixar!-tentei passar toda confiança em meu olhar.

—Você é bem teimosa, menina!

—Quer parar de enrolar?- o encarei. -Quero conhecer o seu filho! Você tá de carro?

—Não!-ele disse seco.

—Então eu te levo de bicicleta, :D!-caímos na gargalhada.

—kkkk. Você é uma fofa mas acho melhor irmos na minha moto.

—Ah, claro!-disse toda sem graça e ele passou seu braço em meus ombros.

Fomos até a moto de Poncho e, no minuto seguinte, já estávamos voando pela estrada que nos levava a mansão dos Herrera. Um local que ficava a uns quinze minutos longe da cidade, cheio de verde, cenário de novela. Descemos da moto e Poncho logo segurou minha mão, se manteve em silêncio até nos encontrarmos com sua mãe, que já o aguardava no portão. A moto fazia barulho demais, não teria como não saber que Poncho estava chegando.


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