Patty aproximou-se de Marcela.

—Preciso falar contigo, Marcee!

—Fala, Patrícia, o que foi desta vez?

—É sobre o Nicolás!

—O que tem ele? Não vai assumir a criança?

—Lógico que vai… o problema não é esse!

—E qual é?

—A questão é que ele pode não ser o pai….

—O quê? Você me disse! Me deu certeza, Patrícia!

—Sim, mas…

—Como me faz uma coisa dessas? Cheguei no Dr. Mora e o cobrei, com a plena certeza de que era ele! Vocês não ficaram juntos na Venezuela?

—Ficamos. Eu fui até o quarto onde estava com Armando. Quer dizer, o armando não estava lá, de fato.

—O.K. Já sei! Não me interessa!

—Ficamos juntos. Não sei o que me deu!

—O que deu foi o de sempre, Patrícia! Você não tem dignidade!

—E não foi você que disse para eu dar uma chance a ele, já que é formado e vice-presidente da Ecomoda? Braço direito da garfio?

—Sim, eu disse. Mas dar uma chance é namorar sério e não passar noites de sexo. Será que não sabe ver a diferença?

—Ai, Marcee!  Vai dizer que agora entende de relacionamento?

—Cala a boca, Patrícia! .Você está em minha casa!

—Minha casa! Minha empresa! Tudo é seu! E para os pobres nada! Eu só queria desabafar com uma amiga, achava que era minha amiga.

—Está bem, fale!

—Então…

Patrícia conta tudo para Marcela, que arregala o olho.

—Não acredito que fez isto comigo, Patrícia!

—Ai não te fiz nada, Marcee!

—Me garantiu que não tinha como o filho não ser do quatro-olhos, do nerd do Dr. Mora! Mas agora…

—Marcee! Está me ofendendo! Vai defender o desgraçado do quatro-olhos, nerd, versão masculina da garfio, agora?

—Não estou defendendo ninguém! Mas eu tinha assuntos sérios para falar com Beatriz naquele dia e por conta de seu filho, vim até aqui. VOCÊ NÃO TEM JEITO, PATRÍCIA!

—Ao invés de ficar do meu lado, vai defendê-lo? Ele se aproveitou de mim!

—Você foi ao quarto dele! Não ele ao seu!

—Foi porque estava com outra, depois de dizer que me amava e só me queria. Não podia deixar isto assim!

—Você é louca, Patrícia! Se você disse que não quer nada com ele e ainda se oferece para meu irmão, ele tem mais é que arrumar outra mesmo! Tenha dignidade, atrícia!

—Olha só, quem me pede isso! Marcela Valência!

—Demorei para aprender, mas aprendi. E se o filho não for do Sr. Mora não vou te perdoar!  Me indispus com ele, e coisa que não quero é me indispor com qualquer um deles!

—Ah agora, virou amiguinha da Garfio, quer ter bom relacionamento com ela?

—Aquela mulher não quero ver nem pintada de ouro! Mas ela é presidente da minha empresa e agora também acionista. Logo, não quero contato, exceto profissional. Não quero problemas com ela!

—Ah! Agora aceitou o relacionamento deles?

—Não é um relacionamento só! Estão casados, tem uma filha. E isto é tudo! Ela venceu. Agora, é presidente de minha empresa e administra muito bem, até meu irmão admite. Não quero me indispor com ela nem por nada! Para não ter motivo para falar com ela de qualquer assunto que não seja sobre a empresa!  Muito menos por conta dos seus rolos!

—E como vai ficar minha situação?

—Se o Dr. Mora for o pai, ele assumirá e o coitado vai trabalhar duro para te sustentar! Mas se for o outro, quem vai ter que arrumar um segundo emprego, será você. Pois ele não vai aparecer só para assumir o filho!

—Ah, mas vai sim!

—Ninguém sabe onde está, Patrícia!

—Nem o Armando?

—Principalmente ele não sabe.

Patrícia fica pensando. Apesar de tudo, gostaria muito que Nicolás fosse o pai de Patrick, afinal, o rapaz tem um bom emprego, carro, gosta dela e embora ela não admita, tem caráter e é fogo puro (como disse).

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Naquela manhã, Patrícia vai até o Laboratório e retira o exame acompanhado de Marcela.

—Vamos ver no que vai dar isso, Patrícia!

—Ai, não!!!

—O que foi? Negativo, Patrícia! Isto quer dizer que Dr. Mora não é o pai.

—Não pode ser, Marcee!

—Pois assim é, Patricia!

—Não é conclusivo. Posso solicitar que refaçam!

—O quê? Está pensando que isto é como nas provas de escola, nas quais se fica de recuperação ou Dp para concluir tudo? Não, Patricia! Sabe muito bem que ele não é o pai!    CHEGA!!!  Não vai me expor ainda mais perante aquela gente! Vou resolver as coisas com Armando, Camila hoje e espero não vê-los tão cedo.

—Ai, que eu tenho que arrumar minha vida, Marcee!  Isto não pode ficar assim! Aquele desgraçado não pode simplesmente aproveitar-se de mim e sair ileso, Marcee!!!

—Quem se aproveitou dele foi você, Patrícia! QUE NOJO!  Por que tinha que ir ao quarto dele se oferecer?

—Ai, Marcee!  Por isto que quem está casada com Armando é a garfio! Ela é esperta. Ao invés de ficar esperando, se tivesse ido até ele e o tentado mais uma vez... queria ver se ele não estaria por aí, com as andanças!  Porque a garfio, você conhece, ele não aceita dividí-lo. Ou é dela ou não é! Ela não aceitaria ele, se ele a tivesse traído com você!

—CALE A BOCA, PATRÍCIA!!! Não sabe o que está dizendo! Ela não aceitaria ele traindo-a! Por isto mesmo, ele mudou! Ele fica quieto!

—O que quer dizer?

—Quero dizer que já tentei!  No dia em que o beijei na sala dele, após o noivado, o agarrei, beijei e não adiantou nada. Parecia que não tinha ninguém na frente dele. Foi ainda pior que quando dormia ao lado dele e não me tocava. Era como se eu não existisse!

—Quer dizer nada? Nem um pouquinho?

—NADA! Não entendeu?

—Ai, o Armando está muito esquisito!   Tipo o Huguinho, ou…

—Não! Gostaria que fosse isto. Mas a questão é que ele não vê ninguém que não seja a Beatriz na frente dele!

—E você acha isto normal?

—Não sei! Mas gostaria de ser amada por alguém como ela é.

—Isto deve ser feitiço, Marcee!

—Não me interessa, Patrícia!  Para mim, Armando é passado! Por isso, quero falar o mínimo possível com ele e com Beatriz! E de preferência, quando precisar, por telefone! Lógico que ainda me dói. Mas realmente, ele não me amava. E duvido que algum dia tenha me amado assim, como a ama. Nasci para ser feliz. Também deve ter alguém que pode me amar, como ele a ama. E espero que seja o Evans.

—Para você é fácil! Já tem alguém em vista!  E quanto a mim?

—Você arruma alguém, mas tem que ser sem interesse! Alguém para amar.

—É fácil falar, pois você é rica!  E eu?

—Ai, Patrícia! Você ganha bem, teve marido rico e nada adiantou! Perdeu a chance de ficar com o Dr. Mora que era louco por você...

—E quem disse que quero ficar com este?

—Quer, quer sim!  Ou não viria atrás dele!

—Vim atrás porque pensei que era o pai do meu filho!

—Pois agora sabe que não é! Vai ter que ir atrás do pai. Se é que ele é o pai!

—Se não é o Nicolás, então, não tem jeito, Marcee, é o Mário!

—Ai, Patrícia! O pior pai do mundo! De fato, entendo porque preferia que fosse o Mora.

—Ai, mas o Mário tem dinheiro também!

—E você acha que ele assume algo, Patrícia?

—Ah mas vai ter que assumir!

—E sabe onde está?

—Não. Mas uma hora vai ter que dar as caras. Pois não pode fazer filho em mim e sair por aí!

—Ah… você não conhece bem quem é! Não viu o plano que foi capaz de fazer para seduzir a Beatriz? É capaz de tudo!

—Mas o Armando também e está aí casado e como você diz tomou vergonha!

—O Armando pode ter seus defeitos, mas apesar de ter andanças, sempre quis ter um casamento como de Roberto e Margarida. Teve exemplo em casa! Já o Mário se orgulha de não ter sequer família, digo pai e mãe.  Você vai ter trabalho, Patrícia!

—Pois te digo, Marcee:  Mário ainda vai se casar comigo!

—Se você acredita, quem sou eu para discordar! Mas vai ter que me explicar como encontrou Mário naquele dia!

—Eu estranho que Mário esteja assim tão afastado da Ecomoda como dizem...

—Sim, agora está. Está em outro país!

—Porque mesmo depois de Armando o golpear, ele ainda veio aqui e buscou umas coisas dele. E sempre estava por aí!

—Sim, mas desde que foi trabalhar na Megatêxtil do Uruguai não voltou à Colômbia!

—Então, ele estava trabalhando para ela quando nos encontramos em Miami, uma semana antes de irmos à Venezuela. Perguntou do Armando, se sentia falta dele, como ia o noivado com Betty.  Eu disse que eles iriam se casar na época, aí ele me convidou para ir ao quarto dele e papo vem, papo vai...

—Só você mesmo.

—Segundo ele não falava com o Armando pessoalmente há uns meses. Mas que por telefone falavam das ações da empresa. Não acha que eles podem ter continuado a se falar?

—Não sei! Mas eles não são mais amigos.

—Tem certeza?

—Sim. Se fossem, pode ter certeza que o Casal Mendoza não estaria tão em paz assim!

—Não, seria uma boa para você se ele aparecesse?

—Não, porque agora quem quer esquecê-lo sou eu!

—Duvido.

—É serio! Se não pode me amar como ama a garfio, não vale a pena, por mais que ainda possa sentir algo por ele.

Marcela fecha os olhos e se lembra de Armando abraçado à Betty com uma mão em sua barriga e outra beijando sua mão, desfilando pela Ecomoda) 

 -Você que sabe!

—Bem, vou me arrumar!

—Onde vai, Marcee?

—À Ecomoda! Aliás, nós vamos!

—Como assim? Eu não vou lá!

—Vai sim! E vai levar Patrick e conversar com o Nicolás e dizer que se enganou!

—Ah, mas não vou mesmo, Marcela Valência!

—Vai, porque é minha assistente e vou precisar que anote as coisas.

—Se for para isso, tudo bem!

—E vai falar com o Dr. Mora, dizer que enganou, que fez os cálculos errados, invente e que ele não é o pai.

—Ai, não vou fazer isso.

—Vai! E vamos logo!

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 Marcela se arrumou, colocou um belo vestido vermelho com um blazer,  no entanto, não se sentiu tão bonita, então, resolveu trocar novamente. queria parecer maravilhosa. Evans iria buscá-las para irem à Ecomoda.  

—Espero que ele goste!

Olhou-se no espelho e fechou os olhos. "Espero que sinceramente esteja pensando em Evans!"

—Oi, como está bonita! Ainda mais!

—Muito obrigada!

Neste momento, chegou Evans para buscá-las. Logo, Marcela pegou Patrick no colo, pois Patrícia não sabia se levava a bolsa, o bebe ou a mamadeira. 

E todos se dirigiram à Ecomoda.

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