Happiness is a butterfly escrita por EscritoraUtópica


Capítulo 2
Capítulo 1 - Isabella você me deixa louco




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Viver para sempre. A existência dessa possibilidade poderia maravilhar há muitos se soubessem. Ter um corpo eternamente jovem. Não precisa se preocupar com morrer algum dia. Mas não era esse mar de rosas para mim. A eternidade se apresentava para mim mais com um tédio que eu precisa suportar. Meus dias costumavam se arrastar. Eu havia me graduado no ensino médio diversas vezes, convivido com os humanos várias vezes. Dificilmente eu era surpreendido por algo. Viver mecanicamente já era um costume para mim.

Não esperava que Forks podia ser diferente. Forks na verdade pareceu a mesma monotonia de sempre. Apesar de que hoje havia uma novidade. Estava no pensamento de todos os alunos de Forks High School. Mas isso não me deixava mais animado.


Foi no intervalo quando estava sentado com meus irmãos adotivos vampiros, que percebi o quanto estava enganado. Pude ver pela primeira vez aquela garota que estava nos pensamentos de todos. Ela era realmente muito bonita como todos pensamentos dos adolescentes cheios de hormônios gritavam.

Tinha cabelos e olhos achocolatados, pele branca e um corpo em formato de violão. Mas não foi isso que chamou mais minha atenção. Foi seu jeito doce e tímido, que me fez ser invadido por uma curiosidade de ler seus pensamentos. Mas não havia nada. Fiquei confuso. Isso nunca havia acontecido comigo.


Muitos garotos tentavam investir nela. E de certa forma ela parecia apreciar um pouco a atenção apesar da timidez, mas mesmo assim havia nela um olhar triste e isso doeu meu coração. Eu fiquei curioso de entender o que havia por de trás daqueles olhos de chocolate.


—Então Bella, porque resolveu se mudar para Forks? - perguntou Mike.


Isso fez ela ficar meio constrangida. Fiquei confuso e mais atento, ávido pela resposta.


—Hmm na verdade eu moro em Seattle, mas reprovei ano passado por faltas. Esse ano eu já deveria ter me inscrito mas acabei me atrasando e perdi a vaga. A escola mais próxima aqui em Forks - ela disse desconfortável.
Jéssica metida resolveu se intrometer.


—Nossa mas o que deixou você tão desligada a ponto de esquecer da matricula - falou cheia de veneno.


—Hm, prefiro não falar muito sobre isso - disse Bella - Nossa amei essa sua jaqueta de couro.


Bella era esperta. Esse assunto fez Jéssica começar a tagarelar incansavelmente sobre sua aquisição.


Estava muito curioso sobre Bella. Gostaria muito de desvendar seus segredos. Estava decidido em conhecê-la mais profundamente. Iria dar algum jeito de sentar com ela em alguma aula e me aproximar. Estava realmente perdendo a noção do perigo. Qual era a importância de saber algo mais sobre a história dessa humana. Apesar do mistério e da dor que aqueles olhos insondáveis pareciam expressar, não deveria haver algo de realmente fascinante nela. Contudo, eu não conseguia evitar. Algo em Bella me atraia para mais próximo dela.

 

Foi na aula de literatura que tive a sorte de ser colocado como a dupla dela pelo resto do ano. Todos os trabalhos nessa matéria eu teria que fazer com Bella. Não sei se estava empolgado ou receoso. Esse meu interesse nela, era extremamente perigoso.


—Oi Bella? Certo? Meu nome é Edward - eu disso tentando soar o mais amigável possível. Nós vampiros, costumavam ser intimidadores para humanos. Todavia, ela não parecia assustada.


—Ah sim Bella. É o primeiro que não me chama de Isabella - eu falei e percebi meu deslize. Só havia acertado de primeira porque havia lido isso na mente de outras pessoas.


Nessa aula de literatura teríamos que desenvolver uma releitura de uma crônica de Clarice sobre família. Achei oportuno um trabalho sobre um tema tão pessoal e resolvi tentar conhecer um pouco mais sobre Bella.


—É realmente um tema agradável para escrever sobre. Falar sobre Carlisle e Esme, é algo que flui muito naturalmente para mim - eu disse tentando instigá-la a falar mais de si compartilhando algo da minha vida. Carlisle e Esme não eram realmente meus pais biológicos, meus pais haviam morrido há muito tempo da gripe espanhola em 1918 no ano que fui transformado, apesar disso era como se fossem.


—É realmente - ela disse mas seu rosto não era alegre, não condizia com suas palavras. Sucinta. Minha abordagem não funcionou muito bem.


—Hm Bella, acho que talvez para elaborarmos algo juntos, compartilhar um pouco sobre nossas famílias possa ajudar. A releitura é para ter uma tonalidade pessoal segundo o professor - falei. E ela se remexeu desconfortável. Talvez ela não quisesse afinal falar sobre. Eu comecei a me sentir mal porque esse trablaho parecia estar causando dor nela. Ela suspirou profundamente. Depois de alguns segundos de silêncio finalmente disse.


—Hmm, meus pais eram ótimos. Extremamente amorosos. Charlie era mais fechado, mas mesmo assim sabia demonstrar seu amor da sua forma. E Renée parecia uma criança grande, espontânea, divertida mas ao mesmo tempo muito preocupada e dedicada como mãe - ela disse.


Percebi o passado e então entendi. Bella era orfã. Que mancada da minha parte.


—Sinto muito Bella - disse me sentindo pior ainda após compreender o motivo do seu desconforto.


—Tudo bem Edward - ela falou e estranhamente ouvir sua doce voz falando meu nome trouxe uma grande alegria e calor nesse coração gelado - Eu fico um pouco desconfortável claro, de começar numa escola nova e ter que recontar minha história. As pessoas costumam julgar muito uma garota sozinha como eu. Eu perdi eles fazem seis anos.


—Se você quiser podemos fazer o trabalho mais focado na minha família - falei sem pensar e percebi a idiotice disso. Fazer mais focado na minha família de vampiros. Mas eu certamente conseguiria explorar o lado mais humano possível deles, eu espero.


—Eu agradeceria - ela disse e sorriu. O sorriso mais lindo de todos. Fiquei extremamente deslumbrado. Era possível um coração morto voltar a vida? Ela me provocava tantas sensações.


—É muito gentil da sua parte - disse Bella.


Após isso continuamos o trabalho. Mais tarde no estacionamento antes de sair percebi Bella no ponto de ônibus. Fiquei curioso em saber onde Bella morava e tentando em lhe oferecer uma carona. Parei com meu carro em frente ao ponto de ônibus.


—Quer uma carona Bella? - disse torcendo para ela aceitar.


—Não imagina, não quero incomodar - ela disse.


—Por favor, não incomoda - eu insisti. Ela suspirou profundamente.


—Edward eu moro em Seattle vou tomar tipo muito do seu tempo - ela falou e então me lembrei da conversa dela na mesa.


—Eu tenho tempo - falei divertido. E pensei o quanto essa fala era irônica. A eternidade pra ser mais preciso.


—Edward isso é super fora do caminho, outra cidade. Quem que faz isso - ela falou incrédula.


—Por favor Bella - supliquei. Ela finalmente cedeu entrando no carro. E pensei que era realmente perigoso ela sair aceitando entrar no carro de um estranho. Eu nunca faria mal pra Bella apesar de seu sangue ser delicioso, eu conseguia me controlar. Mas talvez outra pessoa poderia se aproveitar do seu jeito desligado.


—Eu não sei porque estou fazendo isso aceitando sua carona, mas estou muito exausta e assim consigo descansar antes do trabalho - falou um pouco aliviada. E fiquei preocupado. Ela era humana e precisava dormir. Percebia no seu rosto delicado, olheiras fundas que de forma alguma a deixavam menos Bella mas me deixaram extremamente preocupado.


—Bella quantas horas por dia você dorme?


—Cinco, seis horas. Depende - falou - Alguém tem que pagar as contas.


—Você tem só 16 anos e quanto aos seus pais adotivos?


—Eu sou emancipada. Moro sozinha. Sai do orfanato esse ano - falou triste. E percebi o quanto Bella era sozinha e senti uma vontade imensa de abraça-la. Isso seria totalmente errado e perigoso. Abandonei essa ideia e permaneci com as mãos no volante.


—Onde você trabalha? - perguntei tentando parecer distraido.


—Que interrogatório Edward - ela falou rindo e eu sorri envergonhado. Tão sedento por respostas, por conhecer mais dessa garota que tanto me fascinava e acabava sendo inconveniente.


—Eu estava só brincando. Eu costumo me importar mas estranhamente com você me sinto segura - ela falou e eu franzi o cenho. Irônico denovo, confortável com um vampiro. Mas fiquei extremamente feliz dela confiar em mim. Apesar de que eu não devia.


—Eu trabalho numa bar que tem música ao vivo. É bem cansativo, não ganho o tanto que eu gostaria, mas ao menos posso beber praticamente de graça. Open bar eterno - ela disse rindo. E fiquei preocupado.


—Você bebe muito Bella - perguntei.


—Digamos que álcool é o amor da minha vida - ela falou rindo. Ela tão frágil, tão humana, vulnerável pelos efeitos do álcool me deixou loucamente preocupado.


—Bella você precisa tomar cuidado vai que algum engraçadinho tenta se aproveitar de você - falei nervoso. Eu caçaria até a morte se alguém tentasse por as mãos nela. De repente estranhei esse pensamento, essa raiva que me deixava descontrolado por causa de uma garota que até o início do dia era totalmente estranha a mim.


—Relaxa Edward, sou uma mulher vivida. Posso ser doce e fofa mas nem imagina a força de uma garota sozinha no mundo. E o álcool me ajuda com minha força. Quando não tenho mais vontade de viver, quando a vida parece vazia e sem sentido, os efeitos dessa substância me trazem uma alegria que sei que é química, sei que é passageira mas me deixa solta e livre de tantas preocupações que carrego nas minhas costas - ela soltou tudo. E olhei para ela admirado. Bella era profunda. Não havia nada de superficial nela. Ela tinha uma compreensão de si mesma e do mundo, uma densidade que me deslumbrava. E não era só experiência de vida muitos humanos mesmo passando por muitas coisas, não adquiriam essa sensibilidade.


—Bella você é especial. Você tem 16 anos, mas fala como se fosse uma senhorinha de 60 anos. Tem uma Olga habitando nesse corpo não é possível - eu falei gargalhando.


—Olga. Ha ha. Edward Cullen, meu amigo Jake lá no orfanato falava isso sabia? - ela falou. A menção de um nome masculino me fez ficar rigido e com cara fechada.


—Jake? Você tinha um namoradinho lá no Orfanato - eu falei tentando parecer descontraído mas estava com muito receio da resposta.


—Nãoooo. Imagina Jake é como um irmão mais velho para mim. Ele saiu mais cedo que eu no orfanato, mas as vezes ia me visitar. Ele falava que eu parecia uma senhora também, que apesar do meu corpo de pré-adolescente eu era muito madura - falou. E fiquei aliviado apesar de ainda curioso - E o que Jake tem feito da vida?


—Hmm Jake está envolvido com uma galera meio pesada - falou Bella - Já falei para ele largar. Mas eu de certa forma entendo ele. É muito díficil ter oportunidades nesse país, se você não nasceu privilegiado. Não que eu faria igual, mas eu consigo entender.


Bella tinha um coração gigante. Fiquei deslumbrado mas preocupado.


—Você deveria evitar ele então, já que ele anda com gente perigosa. Ela olhou para mim brava.


—Mal me conhece e mandando em mim Edward - ela disse contrariada mas riu

 

— Eu sei me cuidar, mas nunca ia deixar meu amigo na mão. E a ONG que eu sou voluntária também é num bairro da pesada, então estou bem acostumada senhor mandão.


—O seu dia realmente tem 24 horas. Você precisa dormir garota - falei.

E percebi o quanto mais tempo ficava com a Bella mais emoções diferentes me invadiam. Tudo nela fazia com que meu instinto de proteção ficasse aflorado. Ela se envolvia em riscos de todas as formas possíveis, não parecia ter medo nenhum de morrer apesar de ser extremamente frágil e humana. Trabalhava num bar de noite, dormia poucas horas por dia, estava cheia de olheiras, bebia álcool de uma forma assustadoramente preocupante para o seu fígado e para sua proteção perto de outros homens. Bella era realmente uma garota que precisava de ajuda. E era muito irônico eu o vampiro, a pessoa mais perigosa para ela, ser aquele que estava querendo ajudá-la.


—Bella a forma como está vivendo a sua vida é insustentável. É perigoso. Eu estou surtando só de ouvir você falar - falei nervoso.


—A felicidade é uma borboleta Edward - falou ela e eu franzi o cenho confuso.


—É de uma música da Lana Del Rey. A felicidade é uma borboleta. Eu tento alcançar ela todos os dias, mas ela sempre foge de mim. Eu não sei o que é felicidade Edward, mas estou tentando. É minha forma de tentar, mas esse vazio continua gritando. Posso estar me matando em busca dela, mas melhor me arriscar do que viver afundada nessa monotonia desesperadora que é viver - falou ela.


Eu fiquei deslumbrado com o quão poética Bella podia ser. Mas ainda mais preocupado.


—Bella você precisa urgentemente de alguém para colocar juízo nessa sua cabeça. Você é responsável com suas contas, mas com a própria vida você não faz o mínimo de questão. Está decidido. Serei seu amigo. Oficialmente vou te livrar das encrencas - falei divertido.


—hahahahhaa - ela riu - Você é muito divertido.


—Eu estou brincando mas estou falando sério Bella - disse e ela piscou várias vezes parecendo deslumbrada. Seu coração acelerou e fiquei muito contente de provocar isso nela. Uma vontade imensa de tocar sua pele, de sentir seus lábios nos meus me invadiu. Fiquei confuso. O que estava acontecendo comigo? O que Isabella estava fazendo comigo? Não, não. Namorar uma humana era impossível. Amigos. Só isso que poderíamos ser.

—E então Bella amigos? - perguntei.

—Ah sim amigos - ela falou e talvez talvez, havia um pouco de frustração em sua voz. Mas muito provavelmente eu só estava tentando me iludir, e não havia forma alguma de eu confirmar isso já que seus pensamentos não eram acessíveis para mim.

 

 


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