É só uma coisa implícita escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 17
Capítulo 17 – Decisão perigosa




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Capítulo 17 – Decisão perigosa

                Gamora abriu os olhos imediatamente, passando no mesmo instante de semi adormecida para totalmente alerta quando ouviu barulho, e percebeu que alguém tentava abrir a porta do quarto. Olhou pela janela, e pela claridade provavelmente o dia ainda não havia amanhecido completamente. Sentou-se devagar, apertando os dentes com a dor que correu por seu corpo. Se sentia fraca e indisposta, mas não tinha a opção de deitar e descansar agora. Olhou rapidamente para Meredith, e levantou enquanto acariciava os cabelos da filha. Os instrumentos cirúrgicos que usara para seu pós-parto haviam desaparecido, e a mesa estava mais longe da porta do que havia deixado. Seu coração disparou de pavor, e agradeceu aos céus por as duas estarem bem. Parou ao lado da mesa, disposta a quebrar uma das pernas do objeto e usá-la como arma contra quem quer que fosse.

                - Gamora? – A voz suave de Adam chamou baixinho.

                - O que quer?! – Perguntou ameaçadoramente, mas no mesmo volume.

                - Eu trouxe algo que você precisa. Eu posso entrar?

                - Não preciso de nada.

                - Estou sozinho. Fui eu que entrei mais cedo. Me mandaram...

                - Eu sei o que você fez.

                - Nossa líder queria mandar outra pessoa, mas todas ficaram com medo. Eu fui o único que restou... Não sabem que estou aqui agora. Consegui um motivo razoável pra dispensar os guardas temporariamente.

                Gamora não respondeu, tentando sondar quais as intenções dele. Inspirou fundo, tentando encontrar forças para continuar de pé.

                - O que você quer?!

                - Ajudar.

                Ela pensou. Adam tinha sido gentil e a respeitado desde o instante em que ela despertou numa cela após cinco longos terríveis e solitários anos na Joia da Alma. Era o único que não tinha sido frio ou aparecido apenas para mantê-la viva ou irritá-la, o único que de fato parecia se preocupar com seu bem estar, apesar dela ser uma prisioneira que seu povo desejava morta. Ser gentil e ajudar os outros parecia ser algo da natureza dele, o que destoava completamente de todos os outros soberanos. Se Ayesha realmente o havia criado para destruir os Guardiões, Gamora podia apostar que seu projeto havia falhado e que Peter teria uma chance imensa de convencer Adam do contrário conversando com ele no momento em que fossem atacados, como ele fez no Kylin para impedir Drax de matá-la. Mas afastou tais pensamentos, lembrando que esse tipo de voto de confiança rápido não combinava com sobrevivência.

                - Gamora? – Ele chamou de novo – Todos voltarão à atividade em algumas horas. Me deixe entrar.

                - Por que eu confiaria em você agora?

                - Porque nada me impede de abrir essa porta destrancada outra vez e entrar sozinho, mas estou esperando que você autorize isso.

                A zehoberi respirou fundo e segurou o ventre, apertando os olhos com dor e sentindo-se gelar por dentro com o esforço de permanecer de pé.

                - Entre antes que eu me arrependa.

                A maçaneta girou suavemente, e Adam entrou e fechou a porta sem fazer barulho algum, se apressando para segurá-la quando ela soltou a mesa e demonstrou nitidamente que estava tonta. O medo de desmaiar e deixar Meredith sozinha outra vez deu outro baque em seu coração quando o homem dourado a pegou no colo e a levou de volta para a cama.

                - Me deixe – pediu quando ele a deitou com cuidado e se agachou ao lado da cama para ficar na mesma altura que ela.

                - Eu sei que está com medo. Eu sinto muito.

                Gamora se incomodou com a confusão em seus sentimentos que estavam entre confiar ou temer Adam. Ele parecia tão inocente. E de fato era, uma vez que sabia sobre tantas coisas complexas, mas tão pouco sobre a vida normal. E era anormalmente bondoso, algo que nenhum soberano era. A única coisa que o identificava como um deles era sua cor.

                - O que você quer?

                - Quando eu vim mais cedo ainda estava escuro, você estava dormindo, mas agitada. Sua pele estava muito quente, não parecia normal. Você chegou a abrir os olhos, mas não conseguiu prestar atenção em mim, e parecia sentir dor.

                Gamora reconheceu imediatamente as consequências do esforço que não devia estar fazendo sozinha após o parto. Sem contar que seu pós-parto fora realizado por ela mesma. Talvez tivesse feito algo errado, ou algo devia ter sido feito e não foi.

                - Eu lhe trouxe medicamentos. Não sei qualquer coisa sobre sua espécie, por isso procurei medicamentos neutros compatíveis pra maioria.

                Gamora olhou para o que ele tirou do bolso, reconhecendo os remédios. Eram comuns nas farmácias de Xandar e até tinham alguns deles na Benatar. Um para dor e febre, outro era um composto para hidratação, e o outro era uma garrafa de água aparentemente comum, mas Gamora já vira e perguntara a um dos farmacêuticos qual a função, apenas por curiosidade, anos atrás. Era um medicamento terráqueo, utilizado para evitar infecções pós-parto no caso de restar algum resíduo prejudicial no útero, que provavelmente era o que estava acontecendo com ela.

                - Como você conseguiu isso? Como sabia o que trazer? Soberanos não passam por esse tipo de problema.

                - Eu fui enviado a um planeta próximo, que fica há poucas horas daqui, pra conhecer um pouco o lugar. A  sacerdotisa acha que isso é bom pro meu aprendizado. No tempo livre procurei uma... Acho que se chama farmácia.

                - Isso...

                - As farmácias de lá tem um serviço de entrega em caixas postais. O lugar que eu estava visitando tinha um monte delas. Não precisei me identificar, então não foi difícil. Eu disse do que precisava, e foi isso que trouxeram.

                - Ayesha sabe disso?

                - Não.

                Os dois ficaram em silêncio enquanto a mente dela buscada uma explicação para tudo isso, sem sucesso.

                - E eu lhe trouxe mais uma coisa – Adam sorriu – Um presente... De boas vindas pra o bebê. Embora seja você quem vai usar.

                Gamora o olhou ainda mais confusa, se perguntando até onde era possível se surpreender com Adam, e observou quando ele tirou de outro bolso um dispositivo minúsculo, menor que a palma de uma mão, completamente negro, com um visor e alguns botões. Parecia um mini data pad como os que usavam na Benatar para navegar na holo net, fazer ligações ou tirar fotos.

                - Não parece muito com os que usamos aqui, e não somos muito chegados a tirar muitas fotos, mas eu acho que você conhece.

                - É um mini data pad.

                - Isso. Mas esse serve apenas pra tirar fotos. O armazenamento é grande suficiente pra durar anos, e pode salvá-las em alguma plataforma digital se você tiver acesso a uma rede. Infelizmente isso eu não posso te dar.

                - Eu sei.

                Adam colocou o pequeno objeto em suas mãos, e Gamora sentiu lágrimas queimarem seus olhos com essa pequena gentileza no meio do caos que estava vivendo. Mas apertou os dentes para conter sua emoção.

                - Por que...?

                - Alia disse que as mães gostam de tirar fotos de seus bebês, pra terem lembranças de como eles eram quando crescerem. Achei que você gostaria também.

                A zehoberi ficou muda e dessa vez teve certeza que Adam percebeu as lágrimas em seus olhos, dado a forma como ele a olhou.

                - Você está bem?

                Gamora apenas assentiu e fechou sua mão em volta do pequeno aparelho, dando sua resposta de que estava aceitando o presente.

                - O que ela vai fazer com você se descobrir que fez isso? Isso pode...

                - É por isso que peço que seja cuidadosa, eu sei do que pode acontecer. Eu não sei o que a sacerdotisa vai fazer se descobrir. Mas não acho que será simpática a isso. Eu não podia ver você do jeito que estava, achamos que isso a deixaria feliz.

                - Por que... Ela confia tanto em vocês dois?

                Adam pareceu pensar por um instante.

                - Alia foi criada desde o nascimento com o objetivo de ser a sucessora da sacerdotisa um dia. Até pensaram em criá-la como uma descendente direta dela, mas... O conselho acha que é bom ter governantes totalmente diferentes de geração pra geração. Cada sucessora é treinada pela que estiver no poder no momento da forma que a atual governante achar mais conveniente. E eu... – ele fez uma pausa, como se não quisesse dizer aquilo – Fui criado pra...

                - Eu sei – Gamora o poupou de terminar.

                - Mas eu... Eu não concordo com os métodos da sacerdotisa, e nem com suas decisões extremas e precipitadas.

                - Alia é muito diferente dela pelo que posso ver.

                - Sim... Talvez um dia ela torne nosso povo mais gentil.

                - Isso seria bom.

                - Seria.

                - Por que está me ajudando? – Gamora perguntou quando ele se levantou para sair.

                - Eu... Não sei. Mas mantenho minha opinião de que acho a hostilidade de meu povo exagerada. Você... Precisa de algo pra ela?

                Gamora percebeu que ele estava falando de Meredith e mais uma vez se surpreendeu com o nível de ignorância dos soberanos sobre bebês.

                - Até os seis meses de vida ela não precisará de nada além de mim.

                Em mais de uma missão os Guardiões tinham ajudado mães com bebês, por isso Gamora tinha esse conhecimento. Adam assentiu e as deixou. Quando ele saiu, Gamora percebeu que também havia comida e água em cima da mesa, e sentou-se para verificar os medicamentos. Estavam perfeitamente lacrados e autenticados. Não havia qualquer sinal de violação. Também verificou se a mini câmera não tinha qualquer dispositivo espião implantado, Rocket a ensinara a descobrir isso, e concluiu que não.

                Abriu a garrafa de água inglesa e ingeriu a quantidade indicada no verso, esperando que isso a fizesse se sentir melhor logo. Enquanto Meredith dormia, se alimentou e tomou os comprimidos para dor e febre com a água, e um pouco do composto para hidratação, lembrando de antes verificar qualquer possível armadilha que os soberanos poderiam ter lhe enviado através da refeição. Quando acabou, Meredith continuou dormindo. Gamora deitou-se enquanto tentava suportar a dor e a febre ainda presentes, tomaria um banho morno quando conseguisse se manter de pé. Guardou o presente de Adam num dos bolsos da roupa e puxou o cobertor até o queixo, mesmo sabendo que não ajudaria muito com o frio causado pela febre. De repente se pegou acariciando uma das mãozinhas da filha e cantando O-o-Child baixinho para a pequena, sentindo novas lágrimas brotarem em seus olhos ao se lembrar que a letra dessa canção não fazia qualquer sentido em sua vida no momento.

                - Quando você crescer o suficiente... Eu vou encontrar um jeito de sairmos daqui. E se eu precisar matar aquela mulher e toda a porcaria do conselho, eu vou. Com sorte, ainda há onde possamos viver lá fora.

******

                Gamora levou alguns instantes para despertar completamente, se permitindo ficar tranquila ao perceber que Meredith continuava dormindo a sua frente, uma das mãozinhas ainda segurando seu polegar. Por fim abriu os olhos e sorriu ao ver que a filha estava dormindo bem, devidamente respirando e confortável. Acariciou os dedinhos que seguravam seu polegar e percebeu que se sentia muito melhor do que quando havia dormido, embora ainda um pouco enfraquecida. Sentou-se e empurrou o cobertor, observando o quarto e notando que aparentemente ninguém mais tinha entrado depois de Adam lhe trazer remédios. Olhou pela janela alta que dava para o exterior. Pela luminosidade, devia ser perto do meio dia. Passara tempo suficiente no sistema planetário dos soberanos da primeira vez que estivera aqui para ter uma noção sobre isso.

                Após se permitir passar mais de dez minutos observando Meredith dormir, delicadamente libertou-se da mãozinha da pequena para encontrar novas roupas para tomar banho, se decidindo pelas roupas mais leves que tinha ao invés de uma camisola, e improvisando um berço portátil com a banheira de bebê para deixar Meredith à vista enquanto estivesse no chuveiro, e tendo o cuidado de bloquear a porta o melhor possível antes disso. Colocou a banheira sobre as duas cadeiras da maneira mais segura possível, as posicionando num bom ângulo de visão na frente da porta do banheiro, sempre escondendo o mini data pad onde julgasse mais seguro no momento.

                Deixou as roupas que usava no cesto de roupa suja do banheiro, e permitiu que a água morna corresse por sua pele. Ainda sentia um pouco do frio ocasionado pela febre, e o calor da água era confortante. Viu um rastro de sangue se misturar à água no chão, felizmente muito pouco, e tudo que Gamora desejava é que isso estivesse dentro dos padrões normais de um parto. Não sentia mais dor, e não sabia se isso era bom ou ruim. Desistindo de se preocupar, apoiou-se na parede, esperando que a água devolvesse um pouco de suas forças. Se Peter estivesse aqui ele a seguraria e mimaria, até a deixaria dormir contra ele enquanto estivessem debaixo da água, não seria a primeira vez.

                - Precisamos sair daqui.

                Lavou os cabelos e se limpou em seguida, não conseguindo evitar olhar para fora a todo instante. Depois de se tornar uma guardiã, chegara a acreditar que nunca mais precisaria manter tal vigilância. Terminou o mais rápido que era possível, secou e penteou os cabelos e se vestiu, depois arrumando o banheiro e tudo que havia tirado do lugar. Estava para colocar Meredith de volta no berço quando ouviu a pequena começar a chorar. Gamora tinha identificado alguns padrões nos tons de seus choros, era diferente quando ela estava com fome e quando precisava de uma troca de fralda. Talvez fosse apenas sua imaginação, mas parecia ser compatível com seus palpites até agora. E esse parecia ser de fome.

                - Shh... – murmurou baixinho quando tirou a bebê da banheira e a abraçou contra o peito, beijando sua testa enquanto arrumava a banheira e as cadeiras com a mão livre – Você está com fome?

                Outro choro baixinho veio como resposta, e Gamora sentou na cama, estendendo as pernas e se apoiando nos travesseiros. Posicionou Meredith em seus braços e abriu a roupa para oferecer o seio à bebê. Respirou fundo e relaxou quando percebeu que a filha estava confortável e sugando para se alimentar. Gamora estivera preocupada de que as limitações da prisão não permitissem que seu corpo gerasse leite suficiente para o bebê. Mas ao menos fora bem alimentada, e suas modificações garantiriam alguma coisa de qualquer forma. Pelo que conhecia sobre o próprio corpo, isso não seria um problema agora, e não sentir dor durante a amamentação provavelmente era um bom sinal.

Mais uma vez se perdeu acariciando os fios de cabelo louros e macios e observando a filha. Ela era a coisa mais fofa que Gamora já tinha visto, junto com Groot bebê. E apesar do quão parecida com ela, não podia deixar de imaginar como Peter devia ser quando nasceu, e se os cabelos dela mudariam de cor no futuro. Uma vez ele lhe dissera que bebês terráqueos que nasciam louros podiam se tornar ruivos com o tempo, ou mudar a cor dos olhos ao longo dos meses ou anos em alguns casos. Ela achava improvável que a cor dos olhos dela mudasse, eram tão castanhos quanto os seus tinham sido também desde o nascimento, essa era uma das poucas coisas que se lembrava de sua mãe lhe dizer.

                - Seu pai dizia que sua avó tinha cabelos dourados. Talvez os seus continuem assim. Mas seja como for, assim como ele sempre falou dela, você continuará linda como um anjo, meu amor.

                Brincou com uma das mãozinhas da pequena e ela agarrou o polegar de sua mão livre, e Gamora se perguntou se Meredith era capaz de saber ou sentir que tinha se referido a ela. Continuou sua observação silenciosa e confortante da filha, a única coisa capaz de lhe trazer paz atualmente, e atentou mais uma vez ao tom cor de rosa nas pontas dos fios de cabelo da pequena, exatamente como os seus.

                - Eu ficaria feliz se você mantivesse isso – lhe disse afagando os fios coloridos – Mas que seja o que tiver que ser. Ele vive em você. E eu sou grata por isso.

******

                - Assistência médica? – Alia ficou pensativa enquanto conversava com Adam no refeitório do palácio.

                O horário de almoço já havia passado, e o local estava vazio. As paredes douradas, como quase todo o palácio, se destacavam acima do chão branco adornado com arabescos dourados. As mesas eram cobertas com toalhas azul marinho impermeáveis. Os dois costumavam comer com Ayesha em outro lugar, mas eram livres para ir aonde quisessem depois.

                - Sim... Eu sei que não temos conhecimento sobre o que ela passou, mas ela perdeu muito sangue. E adoeceu depois que teve o bebê. Teve febre e sequer podia ficar de pé sozinha quando fui vê-la. Não sei se isso é normal, ela não diz.

                - Não acho que ela aceitaria. Mesmo se levássemos alguém da ala médica que aceite ficar calado. Ela deu fim a qualquer coisa que poderia servir como amostra biológica depois do nascimento. Limpou tão bem os instrumentos cirúrgicos que o laboratório não encontrou nenhum rastro útil pra análise. Deve estar com medo.

                - É óbvio.

                - E nós deveríamos também. Se a Suma Sacerdotisa descobrir que estamos ajudando uma prisioneira de grau tão alto sem seu conhecimento, pode nos condenar por traição.

                - Temos uma defesa.

                - Qual?

                - Ela a quer viva pra condenar todos de uma vez. Há coisas que ela precisa que estão sendo negligenciadas, e felizmente ela me deixa chegar perto e ajudar. Se eu não ajudasse ela teria morrido naquele dia, ou depois. Ao que me parece, a Suma Sacerdotisa pretendia deixá-la na primeira cela que a colocamos pra sempre. Você viu o sangue, viu tudo. Não sabemos o que aconteceu, mas foi algo sério, ela adoeceu. Teria morrido sem assistência. Ou o bebê teria.

                - Você se afeiçoou a ela.

                O tom de Alia não era de acusação ou raiva, era uma simples afirmação.

                - Isso não devia acontecer. Era o que nossa líder mais temia, e quando ela perceber, vai te afastar dela e tentar te reprogramar. Percebe isso? Você devia destruí-la, e não protegê-la.

                - Por que? Nós nunca sequer os ouvimos pra saber o que realmente aconteceu.

                - Convença-a disso. Ou ganhe tempo pelo menos.

                - Como?

                - Ela é uma guerreira excelente, e honrada, por mais que o orgulho de alguns de nós queira acreditar no contrário. Poderíamos usá-la em missões. É mais útil do que mantê-la presa. E teríamos algum retorno em troca dos recursos gastos com ela e a criança. Se convencê-la disso, talvez consiga convencê-la a ouvir os outros quando forem encontrados.

                - Faz sentido. Mas o bebê nasceu ontem. É muito pequeno e frágil pelo que vimos. E ela não está bem.

                - Não precisa ser agora. Mas se ela souber que a prisioneira adoeceu, vai querer saber como melhorou.

                - Eu não contei que trouxe medicamentos do planeta que fui.

                - Foi uma emergência, você não diria de qualquer forma porque não houve tempo. Manteve a prisioneira viva, fez o que ela queria.

                Os dois ficaram em silêncio por um tempo.

                - E você? É praticamente a dama de companhia dela e treinada pra ser uma sucessora um dia. Por que está ajudando?

                Alia inclinou a cabeça um pouco, tentando encontrar uma resposta lógica.

                - Eu não sei. Já vi muitas coisas em outros planetas, nas missões. Pessoas muito boas e gestos muito bonitos, por mais que a Sacerdotisa os considere inúteis. Eu já vi crianças antes, ainda que saiba tão pouco sobre elas, e são encantadoras. Eu não posso deixar ela e o bebê sofrerem.

                Adam sorriu, e Alia sorriu de volta.

                - O que você pretende? Tem um objetivo final com tudo isso? – Ela perguntou.

                - Nunca pensei nisso. Mas eu sinto que ela é inocente. Eu senti quando ela voltou e senti no dia que a ajudei, ela ama os outros Guardiões mais do que qualquer coisa, especialmente o humano, está sofrendo muito pela falta dele, e ela não é uma pessoa mentirosa. É muito precipitado condená-los sem saber a verdade. E acho que nem ela sabe como aconteceu exatamente.

                - Quer comprovar a inocência dela e libertá-la?

                - Se possível.

                - E aquela criança estranha? Que veio atrás de nós.

                - Pensaremos nela depois. Andar com Gamora por outros planetas pode tornar mais fácil encontrar o restante deles. Antes que alguém mais encontre.

                - Isso parece suicídio.

                - Eu sei. Mas...

                - Eu sei.

Ajudar Gamora era um caminho perigoso, e incerto, mas era tarde demais para voltarem atrás.


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