Inspiration escrita por Lover


Capítulo 2
I: Uma proposta inesperada.




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NOVA YORK - TRÊS MESES ANTES

O dia nascera frio em Nova York. Embora não nevasse, a gélida brisa matinal congelava o rosto dos turistas apressados que passavam pelas ruas abarrotadas. Todo ano era a mesma coisa. Quando Dezembro se aproximava, milhares de pessoas de todos os mais diversos lugares do mundo vinham provar um pouco da Cidade que Nunca Dorme.

Clary Fray gostava de morar em Nova York. Era uma cidade excepcional, que exalava vida. Clary não gostava de mesmice, e Nova York era a cidade perfeita para alguém assim.

Ela havia morado aqui desde sempre, com sua mãe Jocelyn e seu padrasto Luke. Depois de conseguir, finalmente, entrar para a escola de artes que tanto sonhara, Clary conseguiu alugar um apartamento para si, longe dos pais, com seu melhor amigo, Simon.

 Eram nove horas quando o celular de Clary vibrou violentamente ao lado de sua cama. Era hora de acordar e botar a mão na massa. Clary bocejou e desligou o alarme, desejando que pudesse dormir por algumas horinhas, mas o dever a chamava.

Ela deslizou pra fora da cama, não se importando em ajeitar os cobertores, já que planejava uma escapadinha para uma soneca depois que terminasse tudo que precisava fazer. Vestindo seu robe branco de seda, ela rumou a cozinha distraidamente.

Sentado à bancada, bebericando uma xícara de café – provavelmente a terceira do dia, pensou Clary – estava Simon.

 Bom dia, dorminhoca. – Simon sorriu.

Clary bocejou em resposta.

— Se me lembro bem, – ele riu – havia uma certa garota ruiva enchendo o meu saco ontem sobre voltar cedo pra casa porque precisava trabalhar no portfólio de artes. 

— Eu sei... – Clary buscou uma xícara limpa e se serviu de uma bela xícara de café. Se tinha uma coisa que Clary amava sobre morar com o melhor amigo, era que ele preparava o café mais delicioso que ela já tomara. – Obrigada pelo café. Eu preciso estar minimamente acordada para terminar o portfólio.

O garoto riu enquanto Clary fazia uma careta.

— Sabe, não se apressa um artista... – reclamou Clary, enquanto contornava a borda da xícara com os dedos, distraidamente.

Clary havia sido selecionada para um curso de seis meses na Universidade de Artes de Londres. Ela havia trabalhado duro para essa vaga, e estava mais dedicada do que nunca a impressionar seus novos professores com um lindo portfólio. Lindo não, perfeito. Desde então, ela trabalhava sem parar, se preparando para sua viagem para a Inglaterra em algumas semanas.

— Tudo que você faz é lindo, Clary. – Simon deu um tapinha amigável em suas costas, sorrindo com encorajamento. – Eles vão te amar. Seriam doidos se não amassem.

— Obrigada Simon, – Clary se forçou a sorrir – Mas não tenho certeza que a opinião de um cara que estuda informática vá valer de algo, ainda mais quando ele calha de ser meu melhor amigo há décadas.

Simon riu e colocou a mão no peito, fingindo indignação.

— Tão duramente reprime meus dons artísticos!

Os dois riram, e por um segundo Clary esqueceu de tudo, e ficou feliz de estar ali aonde estava: em seu apertado, porém extremamente superfaturado, apartamento no Brooklyn dividindo uma xícara de café com seu melhor amigo.

***

Os dias que seguiram passaram voando. A rotina de Clary foi basicamente a mesma: acordar, desenhar, comer, dormir e repetir tudo no dia seguinte. Seu amigo, Simon, estava ficando impaciente com a determinação da ruiva, que a mantinha ocupada o dia todo e a impedia de sair em suas rotineiras saídas noturnas pela cidade.

— Qual é, Clary! — reclamou ele enquanto terminava de retirar os pratos de macarrão com queijo que Clary rapidamente preparara para os dois para um lanchinho. — Só uma ida ao Java Jones. Uma horinha, no máximo.

Clary suspirou, olhando para sua mais recente obra inacabada. Ela realmente sentia falta das suas saídas com Simon, mas a pressão de conseguir o portfólio perfeito era maior.

— Não posso, Simon. — ela disse calmamente. — Eu realmente preciso terminar esse último projeto. Acho que é meu melhor trabalho em muito tempo.

Simon encarou a garota fazendo um biquinho pidão.

— Eu prometo te trazer para casa em uma hora. Em ponto. — ele puxou o relógio de pulso. — Exatamente 7:57 a senhorita estará em casa, terminando seu tão estimado projeto. Palavra de melhor amigo.

Ele esticou seu mindinho, esperando o cumprimento da amiga. Clary bufou. Simon sempre conseguia o que queria. Respirando fundo, a ruiva esticou-lhe o mindinho, cumprimentando o amigo, e rumou para seu quarto para vestir algo mais apropriado. Afinal, o que era uma hora a menos em um trabalho que ela já estava prolongando por praticamente uma semana?

Alguns minutos depois os amigos caminhavam pelas lotadas ruas de Nova York sobre o céu escuro de Dezembro. Clary sentiria falta disso, pensou, enquanto tentava não esbarrar na multidão que caminhava na direção oposta que ela. A Cidade que Nunca Dorme. Ela sorriu com o pensamento.

 ***

Já passava da meia noite quando Clary se jogou em sua cama, encarando o teto. Talvez a saída com Simon não tivesse sido uma boa ideia. Eles haviam se empolgado e passado em um bar no caminho de volta do Java Jones, e Clary havia perdido completamente a noção do tempo. Alguns copos de rum e Coca depois, a última coisa que passava pela cabeça da garota era o tal portfólio.

Rompendo o silêncio do quarto, o celular de Clary vibrou em seu bolso traseiro. A ruiva pegou-o desajeitadamente, ainda sentindo os efeitos dos quatro — ou talvez mais, ela havia perdido a conta — copos de rum e Coca. Na tela do aparelho, lia-se um número desconhecido, não que Clary fosse capaz de perceber, já que sua cabeça girava e os números embaralhavam-se em seu campo de visão.

— Alô? — a garota colocou o telefone no ouvido e sua voz soou trêmula e claramente embriagada.

— Senhorita Fray? — a voz do outro lado do telefone era feminina e desconhecida. — Eu sinto muito em incomodá-la a esta hora da noite, mas meu chefe insistiu.

Clary massageou as têmporas, tentando fazer sua mente focar. Ela odiava a sensação de estar bêbada a ponto de perder o controle dos sentidos.

— Sem problemas. — por mais que tentasse, sua voz ainda soava trêmula e hesitante. — Em que posso ajudar?

— Me chamo Nina Roberts, trabalho na Universidade de Artes de Londres. Recebemos alguns de seus trabalhos de seu professor e um de nossos principais doadores se interessou profundamente em suas peças.

A ruiva se levantou abruptamente, xingando a si mesma internamente pelo movimento brusco que fez sua cabeça girar mais ainda.

— M-minhas peças? — gaguejou ela.

— Sim, senhorita. — a voz da mulher era muito educada e formal. — Ele gostaria de lhe oferecer um emprego temporário, aqui em Londres. Ele estaria disposto a pagar por sua passagem e estadia até que comece seu curso.

— Eu... — começou Clary, lutando para organizar seus pensamentos.

— Não há necessidade de uma resposta imediata, senhorita Fray. Enviarei os detalhes para seu email pessoal. Ele retornará de uma viagem de negócios em três dias. Espero sua resposta até lá.

Antes que Clary pudesse abrir sua boca para responder, o telefone ficou mudo. 


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