SHANGAI - TRÊS MESES ANTES

O homem louro se encontrava apoiado sobre o parapeito do arranha-céu, tamborilando os dedos sobre o metal frio. A brisa gelada de Shangai soprava sobre seu rosto perfeitamente esculpido, balançando suas madeixas e expondo seu pescoço nu, onde sua pequena cicatriz se escondia sobre algumas camadas de roupa.

Jonathan gostava de visitar lugares novos. Era como ganhar um novo par de olhos, uma nova perspectiva. Isso era o que o fazia um tão bom escritor, ele acreditava. Ele já havia viajado por inúmeros lugares, e conhecido uma enorme variedade de pessoas e culturas. Europa, Ásia, América, África... Embora, mesmo assim, ainda sentisse como houvesse um grande vazio em seu peito, e não houvesse nada que pudesse preenchê-lo.

Olhando para a cidade que se encontrava sob seus pés, Jonathan pensava sobre as pessoas que passavam apressadas pelas ruas lotadas. Havia algo especial sobre cidades grandes, embora ele não soubesse exatamente o motivo, que o fazia se sentir grande e imponente. Uma cidade tão bela, tão cheia de vida, mas também tão vazia. Entender pessoas e suas motivações sempre foi uma habilidade de Jonathan. Ele sabia ler as pessoas, e dar a elas o que elas queriam. Essa é a verdadeira chave para o sucesso. Dê a eles o que desejam mais ardentemente e eles lhe darão o mundo.

— Com licença, senhor Herondale?

Um homem pequeno e de feição engraçada passou pelas portas de vidro e se pôs atrás do homem, pacientemente esperando uma resposta.

— Pois não? – Jonathan soltou um suspiro irritado. Ele apreciava passar a maior parte de seu tempo sozinho, e não gostava muito de quando era interrompido e tirado de seus pensamentos.

— O avião está pronto. – o empregado falou rapidamente, tentando tomar a menor parcela de tempo, para evitar a ira do chefe. – Quando o senhor estiver, é claro.

Com um último suspiro, Jonathan deixou a beira da cobertura e ajeitou o cabelo. Havia trabalho a ser feito.