Sangue - Dramione escrita por Lívia Black


Capítulo 7
Capítulo 7 - Ódio.


Notas iniciais do capítulo

Ahh, perdoem-me a demora, esqueci de postar aqui! 3



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Capítulo 7.

No dia seguinte...

Na mesa do café da manhã...

Hermione sentou-se ao lado de Gina. Tinha zero ressentimentos com a ruiva, agora. Sentia-se excepcionalmente feliz. Podia dizer que isso não tinha nada a ver com a noite passada, mas estaria mentindo. As duas não conversaram muito depois do “incidente” no corredor, por força de vontade da castanha, então a amiga ficou exultante em vê-la.

—Bom dia, Mione!

—Olá, Gina.

—Como você está?

—Ótima. – A garota serviu-se de torradas, e começou a passar manteiga em cima delas. -E você?

—Também est...Ei, o que é isso no seu pescoço? -A ruiva tomou a liberdade de se aproximar de Hermione, afastar o cabelo dela, e então colocou a mão em cima de sua boca para cobrir o choque. -Pelos cuecões de Merlim! Quem foi que deixou isso em você?

A castanha estava completamente confusa, sem entender nada do que Gina poderia estar falando, quando de repente se lembrou de Malfoy e sua “despedida” calorosa do dia anterior. Corou por completo e cobriu onde supostamente estaria a marca.

—I-isso não é nada! É que eu escorreguei e...

—Escorregou nos lábios de alguém!

Inconvenientemente, bem no momento em que a amiga proferia essa sentença, Harry, que até então estivera metros distante, aproximara-se pelas costas da castanha e pegara a conversa bem no meio.

—Como é?

Gina sorriu para o namorado.

—Hermione tem um amante secreto e não quer contar para mim!

Tudo que Hermione queria naquele momento era que o chão a engolisse, antes que ela tivesse que encarar as esmeraldas penetrantes de Harry. Ainda cobrindo o pescoço, virou-se de costas e sorriu constrangida para o moreno.   

—Potter, controle sua namorada, alguém substituiu o suco de abóbora dela por uísque de fogo!

Mas Harry não pareceu achar graça.

—Hermione, se puder me encontrar na porta do Salão Principal quando terminar o café, precisamos conversar.

—Algum problema, amor? – Gina perguntou, preocupada com o tom sério de Harry.

O moreno só balançou a cabeça de um lado para o outro, negativamente.

—Eu vou agora. – Disse a castanha, não querendo evitar o inadiável. Seu sangue estava gelado, sua garganta seca, e a comida ia ter gosto de isopor com seu nervosismo.

Harry e Hermione seguiram em silêncio até a saída do Salão Principal. Quando estavam a uma boa distância de todos, o moreno finalmente a encarou-a nos olhos e falou.

—Eu vi, pelo Mapa do Maroto, que o Malfoy foi no seu quarto ontem.

Silêncio.

—Ele passou um bom tempo lá dentro. 

Mais silêncio.

—Isso que você está cobrindo é um chupão? -O moreno finalmente percebeu o que ela queria ocultar, arregalando os olhos, com uma expressão de asco e completo pavor.

—Harry, foram só uns beijos sem importância. – Ela murmurou, finalmente, num tom que demonstrava profunda aflição íntima.

O moreno tinha conseguido manter a calma até então porque não conseguia acreditar, achava que teria uma explicação para tudo aquilo, e em breve seria aliviado. Mas ao contrário, ali estava ela, olhando dentro de seus olhos e confirmando para si o seu pior pesadelo. Nunca teve tanto ódio em sua vida. Nem mesmo quando Voldemort apareceu em sua versão corpórea em sua frente, após ter matado Cedrico. Sua melhor amiga e seu inimigo mortal? Isso era inconcebível. Não só se sentia magoado, como se sentia traído, por uma das pessoas que mais amava e confiava.

Simplesmente não conseguia mais olhar para o rosto dela.

Deu as costas e saiu andando.

Harry!—Hermione gritou, indo atrás dele. -Pelo amor de Merlim! ISSO NÃO MUDA NADA ENTRE NÓS! -Como ela se atrevia a dizer isso? Aquilo mudava absolutamente tudo entre eles. Ela simplesmente havia mudado para o lado do inimigo. Alcançou-o, finalmente, e pegando-o pelo ombro obrigou-o a encará-la novamente. - Ele continua sendo a merda de um Malfoy, o projeto de comensal que eu sempre odiei. E eu já me arrependo profundamente. -Ele conseguia sentir a sinceridade no tom de voz dela, no brilho amendoado de seus olhos, em que agora acumulavam-se lágrimas. Mas a verdade é que não importava. Não mudava nada.

—Você é uma pessoa totalmente diferente para mim agora, Hermione. Preciso ficar sozinho. – Usou seu tom mais seco e frio. E esquivando-se dela, deixou-a sozinha em frente as escadas, o choro agora vindo incontrolável e em soluços. Ela correu na direção oposta, para os jardins de Hogwarts.

x-x

Havia alguém observando Hermione e Harry conversarem. Lançara um feitiço para que pudesse ouvir o que estavam dizendo, mesmo à distância.

Ela seguia para o único lugar em toda Hogwarts que a aliviava, e a compelia a sentir paz. O único lugar em que ela poderia se recompor pela briga, restaurar seus sentimentos, e ao mesmo tempo se sentir reconfortada. A margem do lago. Sabia que logo teria aula de Poções, mas na situação em que estava... Não saberia se conseguiria aguentar. Não era do seu feitio perder aulas, mas depois daquela briga com Harry, não tinha força emocional o suficiente para ficar na companhia de outros.

Prosseguiu rapidamente. Quando saiu aos terrenos, e depois de muito andar, finalmente alcançou os arredores do lago, recostou-se em uma árvore, distante uns 30 metros da margem, deslizando as costas pela casca, e sentando-se na grama bem verde.

O certo alguém, que a havia seguido, observava silenciosamente a garota chorar. Ele não sabia se deveria ou não interferir. Depois de mais alguns soluços, a garota começou a arrancar alguns pedaços de grama com as mãos, sentindo a terra adentrar suas unhas. Começou a sentir uma dor de cabeça abismal.

Finalmente, ele decidiu se manifestar.

—Não deveria fazer isso, Hermione, ou vai ficar com as mãos sujas... –Nada poderia soar mais sarcástico do que aquele aconselhamento sutil.

É claro que Draco estava ali, bem atrás dela, com um de seus sorrisos mais irritantes. Ela fingiu que não tinha percebido que ele dissera seu nome.

—Malfoy. – Foi só o que ela conseguiu dizer. Um pouco de fúria retida na voz. Ela secou as lágrimas inutilmente, não queria que ele a visse chorando. –Era tudo que eu precisava.

Ele se sentou ao seu lado ignorando os comentários desaprovadores da castanha.

—Como você é fraca, Granger...Chorando por idiotices...Tsc, tsc...

—A única idiotice aqui é o som da sua respiração. Vê se vaza daqui. Evapora vira nuvem e chove na cabeça da Pansy Parkinson.

—Por Merlim, Granger, nem começamos a sair direito e você já vem com toda essa hostilidade?

—Por favor, esqueça essa história de que estamos juntos, Malfoy. Até agora isso só me rendeu problemas absurdos.

—Não dou a mínima para os seus probleminhas.

—Será que dá pra sumir? Não consigo mais olhar para essa sua cara de loiro aguado.

—Não pode, e vive me secando, né?

—Se no seu dicionário, secar significar desejando que venha um Dementador lhe dar um beijo, sim, eu vivo lhe secando. Agora por que não some daqui? Ou melhor, some da minha vida? Eu ficaria tão agradecida...

—Acho que posso fazer isso se me agradecer realmente bem. - Proferiu o comentário cheio de segundas intenções, enquanto entrelaçava os dedos sob os joelhos.

Sorrindo. Sempre sorrindo com deboche.

Ela suspirou irritada.

—Droga. Eu preferia quando você me odiava...

—Ah, é? Eu gosto muito mais desse jeito. –E dito isso ele deixou seu hálito atingir a castanha. – Tem muitas vantagens... – A voz era sarcástica demais da conta. – Além disso, eu ainda te odeio.

—É mesmo? Então porque você nunca honra isso? Prova? Seria tão gratificante.

—Está pedindo o meu desprezo? – Questionou o loiro, franzindo o cenho, e puxando o rosto dela de modo que ela se sentisse obrigada a fitar seus olhos cinzentos.

— Nem precisava. –Respondeu ela. – Você já me despreza naturalmente. – Draco não interrompeu, pois percebeu que ela tinha um longo discurso. – Eu estou achando isso muito estranho, sabia? -Hermione ergueu uma sobrancelha, e cruzou os braços. -Você, Draco Malfoy, de uma hora pra outra resolver assim do nada, que quer ficar comigo. Sendo eu A SANGUE-RUIM que você tanto odeia. No começo disso tudo achei que você só era que nem os outros. Tinha começado a reparar que eu era uma garota. Atraente. -Achou que fosse corar quando disse isso, mas a intensidade que as palavras presas no seu coração se preparavam para sair a impediam. -Pensei que o máximo que você poderia querer era provar para os seus amiguinhos sonserinos que conseguiria até a sangue-ruim do Potter. - Parou apenas para respirar. - Só isso. Nunca achei que me viria pedindo para ficarmos juntos ou.... Sei lá...!Quer saber? Tenho certeza que isso deve ser mais um dos seus planos idiotas. Por que não facilita as coisas? Eu sei que você não gosta de mim de verdade. Está me enlouquecendo. Quer os poderes da aliança? Quer afetar o Harry? É alguma missão de comensal da morte? – Ela bufou. – Fale logo, o que você está precisando de mim, Draco Malfoy... – Suspirou a castanha, de um modo aliviado. Era bom colocar tudo isso na mesa de uma vez.

Tudo que queria era que esclarecesse. Na verdade, se ouvisse que estava enganada, e que ele realmente gostava dela, e que não ficaria com alguém por interesse, 99,9 % dos seus problemas estariam resolvidos.

Mas os olhos intensos e cinzentos que fitavam não lhe transmitiam pena, nem reconforto. Pareciam irados e enfurecidos.

—O meu nome não é lixo pra ficar andando nessa sua boca imunda, sangue-ruim. – Hermione ouviu as palavras, mas seu complexo interior da mente se recusou a entendê-las. – Acha que eu estou me aproveitando de você? Acha que eu dou bola para as suas briguinhas com o Potter Maravilha? Acha que eu sou um comensal da morte? – As perguntas causavam arrepios nela, mais do que deveriam. A última ainda mais. E a assustavam. Ela não esperava ouvir isso... Esperava que...Não. Como ela poderia pensar que seria assim? Ele ainda era Draco, exatamente como ele era. Um Malfoy.– Eu quero uma coisa sim. Eu queria alguém...Mas não importa. –Deu de ombros. – Acha que eu me importo com alguém que não seja eu mesmo? –Ele cuspiu as palavras, e uma lágrima escapou do rosto dela mesmo que ela tentasse reter, o modo que indiferente que ele dizia as coisas, tão aparentemente sinceras, chegava a rasgar. – Sangue-ruim fedida. –Xingou, ressaltando a última palavra. Ela soluçou, puxando mais terra com as mãos, sem encará-lo de nenhuma forma. – Está aí o desprezo que você tanto queria. – Ele se levantou, e estava prestes a ir embora. – E a partir de hoje nunca mais espere nada diferente disso!

E ele começou a andar, abandonando-a. Mas antes ela desabou, chorando mais alto do que conseguiria imaginar que choraria.

—EU TE ODEIO, DRACO MALFOY!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! – Berrou o mais alto que conseguiu, mas não tinha certeza se ele havia mesmo ouvido. Viu seu vulto a deixar ali, sozinha, naquele lago. Sem amigos. Sem dignidade. Sem nada.

x-x

“Ótimo, a sangue-ruim teve o que merecia. Além disso foi o que ela pediu, não é mesmo? Ela queria meu ódio. Então porque tinha que chorar feito uma idiota? Tomara que ela chore mesmo, chore agora, a noite inteira, e morra chorando. Não importa! PORR#, não acredito que ela pensa que eu sou um comensal. O que ela sabe? Eu não vou aceitar, já tomei minha decisão. Não vou me aliar ao Lorde das Trevas. Só que eu não sei se tem alguma opção. É claro que depois que eu soube da aliança, eu quis me juntar a Granger. É óbvio que eu estava pensando em seduzi-la para poder usar todos os poderes, e me livrar do fardo de me juntar a Ele, e aceitaria isso a qualquer preço, mesmo que tivesse que viver ao lado dela, mas não me aproveitar, afinal eu tinha alguma merda de sentimento por ela! Era um plano, mas ainda assim não era só isso. Porque não ter um futuro sem me envolver nessa guerra? Eu não quero matar o Dumbledore! Mas agora já era. Além disso, apesar de tudo ter sido um plano, eu me apaixonei por ela. Sim, é humilhante. Eu sou um Malfoy, sangue-puro, e ela é uma sangue-ruim amiguinha do Potter. Mas agora não importa mais. Está meio que fora de cogitação conseguir os poderes. Mas eu não preciso dela. O Voldemort já está me enchendo, mas acho que consigo me livrar. E mesmo que não consiga, que diferença faz uma guerra?...Mesmo que eu ainda goste dessa sangue-ruim ! Eu vou ficar contra o lado do Potter, de qualquer jeito. O pior é que quanto mais eu penso, mas eu tenho certeza de que aquela visão tosca vai virar realidade...! Ela vai morrer. E eu vou deixar...

**~~**

Meio dia e meia... Na mesa de Almoço da Grifinória..

—Oi, amor. –Cumprimentou Harry sem entusiasmo.

—Oi, nossa, que cara é essa? – Perguntou a ruiva, encafifada.

—Nada, nada. - Assentiu Harry, decidido a não perturbar a namorada.

—Harry, você sabe que pode me dizer né? Não devemos ter segredos um com o outro.

Ele suspirou, e confirmou com a cabeça.

Não precisou de mais palavras para se dar por vencido, sentou-se ao lado dela. Sempre confiou na ruiva, e aquilo não iria mudar nunca, mesmo que as coisas fossem diferentes naquele instante.

Além disso, ele queria alguém para desabafar.

—Qual o problema? – Insistiu ela com um olhar acolhedor.

—Hmmm...Hermione.

—Ah...É...Você conversou com ela...E aí...? – Por dentro ela se explodia de curiosidade para saber o que era o assunto que Harry se referira no café da manhã.

—Ela falou a verdade. Sobre o amante misterioso.

Gina estremeceu.

—E aí?

—Foi o Malfoy.

A ruiva ficou pálida.

—O QUÊ?

—Isso mesmo que você ouviu.

—Ah, Harry. – A garota o abraçou no mesmo instante. Obviamente Gina compreendia como aquilo deveria ser horrível para ele. Ela mesmo tendo sido beijada por Malfoy (algo que ela nunca contaria para Harry, nem mesmo em seu leito de morte) sabia como o loiro era persuasivo e dominador, e faria tudo para machucar Harry. Hermione sendo sua melhor amiga, vê-la com alguém que odiava tanto, era como levar uma facada nas costas. – Sinto muito. Mas o que ela disse? Às vezes foi um acidente.

—Eles ficaram tempo demais juntos no quarto dela para ser um acidente.

—Você acha que eles...?

—Nem quero pensar nisso, Gina!

—E como você reagiu?

—Eu me recusei a falar com ela. Mesmo assim, ela disse que se arrependia e que isso não mudava nada. Que ele continuava sendo Malfoy e ela o odiava.

—E ela pareceu ser sincera?

—Ela estava chorando.

—Poxa. Talvez você devesse perdoá-la.

—Não consigo. Eu sempre a vi como uma pessoa pura e... intocável. E agora ela simplesmente quebrou minha confiança. Se Rony soubesse disso, ele jamais dirigiria à palavra a ela, tenho certeza.

—Bem, eles já não se falam desde que ela “deu o fora” nele.  -Gina segurou a mão de Harry e apertou. Depois, fixou em seus olhos verdes veementemente. – Eu não acho que alguns beijos é motivo suficiente para romper uma amizade que dura anos. Hermione nunca falaria nada para Draco que pudesse colocar você em risco, e você sabe disso. Tenho certeza que se você conversar com ela, poderá perdoá-la.

x-x


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Notas finais do capítulo

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