Mad World escrita por dianasprince


Capítulo 2
01: bad moon Rising.




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Helena P.O.V 

O barulho de tiros na sala ao lado abafava os meus socos no saco de pancadas. Cada  soco dado era como se um peso fosse retirado das minhas costas, mas, sabia que isso não se passava de uma ilusão criada na minha mente, para conseguir lidar com os meus erros e arrependimentos. Não havia ninguém ali e agradeci por isso, minha impaciência transbordava no momento e papo furado com outros agentes não é o meu forte. 

 

— Agente 03, Zola está te procurando. — um novato apareceu, interrompendo meu treino e logo me deixando sozinha novamente, mas não sem antes reforçar suas palavras. — Disse que é muito importante. 

 

— Já estou indo. — murmurei, indo até minha garrafa e bebendo uma grande quantidade de água para matar a sede. — Chamá-lo dessa maneira… não vai durar nem um mês por aqui.

 

Peguei minha bolsa, guardando as coisas rapidamente e saindo, indo em direção ao laboratório, já que Arnim passava a maior parte de seu tempo lá. Absorta em meus pensamentos, ignorava qualquer um, com receio de que o assunto urgente fosse o acontecimento da madrugada anterior. Quando acordei, Diego não estava mais no quarto e não o encontrei em lugar algum, preocupada que ele havia partido para alguma missão de última hora e não me avisado, suspirei aliviada ao vê-lo parado na ponta da escada, me esperando. 

 

— Sua cara está péssima, Lena. — constatou e revirei os olhos. — É sério, por acaso se olhou no espelho hoje? 

 

— A culpa é toda sua, não parava de falar e gritar, só consegui descansar por duas horas. — subimos os degraus. — Essa ideia de dividir o quarto com você foi terrível. 

 

— Lena, vá a merda. Sabe que a culpa não é minha. — resmungou. — Ele também te chamou? 

 

— Sei que a culpa não é sua, a culpa é do filho da puta que doou o esperma. — zombei. — Sim, espero que não seja sobre essa madrugada. 

 

— Tente não pensar nisso, tenho certeza que Daryl estará fazendo companhia para ele. 

 

Concordei com a cabeça, mais uma vez tampando meu nariz e passando pelo corredor. A porta aberta na segunda sala, indicava que alguém estava lá para se livrar dos corpos, finalmente. Diego passou reto, porém, eu parei na frente do cômodo, observando as pessoas trabalharem o mais rápido possível para se livrar do cheiro. Não havia como respirar fundo, então só coloquei a cena na minha pequena caixinha dentro do cérebro com o resto dos meus arrependimentos sobre aquele lugar. 

 

— Helena, vamos. — meu irmão me puxou pelo braço, balançando a cabeça de forma negativa. — Não há nada que pudesse por essas pessoas, elas se voluntariaram por livre e espontânea vontade, sabiam dos riscos.  

 

— Elas se voluntariaram para se parecerem conosco, Diego. — voltamos a andar, seguindo para a penúltima sala do corredor. — Poderes. 

 

— Mas você sabe que não é assim. Não somos ratos de laboratório, pelo menos não por completo. 

 

O assunto se encerrou com a presença de Arnim Zola, que discutia com outro cientista sobre algo que não consegui ouvir. Daryl o avisou sobre a nossa chegada, encarando-me fixamente, afinal, não poderia desistir de seu jogo mental comigo. 

 

— Que bom que vocês chegaram. Precisamos discutir algumas coisas. — dispensou o outro homem, sobrando nós quatro no local. — A próxima missão do Soldado Invernal é em poucos dias, vamos mandá-lo para América. 

 

— O senhor tem certeza disso? É um pouco arriscado, não? — perguntei, andando pela sala e sentando em um banquinho, sendo seguida por meu gêmeo. — Podem reconhecê-lo. 

 

— Não irão. Vamos usar rotas diferentes da última vez, além do mais, ele não irá sozinho. — negou. — Você irá com ele, Helena. 

 

— E-eu? Pensei que só fosse me mandar para outros países em situações diplomáticas. O que o Soldado tem com isso? 

 

— E eu não mudei minha ideia quanto a isso. — analisava alguns papéis, me entregando logo em seguida. — Sua missão será diferente da dele. 

 

Olhei os papéis por cima, vendo nomes de políticos e algumas pessoas famosas, imaginando que seria necessário recrutar cada uma delas para a causa da Hydra. 

 

— Suponho que seu inglês esteja em perfeitas condições. — murmurou, agora se virando para meu irmão. — Tenho uma missão para você também, América do Sul. 

 

— Estou dispensada? Parece que tenho dever de casa a fazer. — apontei para a pasta, arrumando tudo que fosse necessário. 

 

— Sim, está dispensada. 

 

Me despedi com um aceno de cabeça, colocando a pasta na mala e descendo pela escada, já que espaços pequenos como um elevador me deixa apavorada.

 

— Helena, espera! — Daryl me chamou e parei no meio, esperando que falasse algo de vez. — Precisamos conversar. 

 

— Já estamos conversando. — constatei o óbvio. 

 

— Não aqui, num lugar mais seguro. 

 

— Tudo bem, vamos lá fora. — apressado, passou na minha frente e bufou, claramente irritado com a minha lerdeza. — Quieto, não estou com vontade de falar, apenas o necessário. 

 

— É sobre o Barnes. 

 

Apressei o meu passo ao ouvir o sobrenome, seguindo o loiro por todos os andares, mas sempre numa distância segura, para que ninguém pudesse desconfiar de nada. Para todos os efeitos, Daryl me odiava e vice-versa. Diego acreditava que fosse ciúmes da minha parte, já que, segundo ele, sempre fui a filhinha do papai, apesar de nosso tratamento ser exatamente igual. Arnim nunca foi um pai amoroso e duvidava muito que sua personalidade mudaria algum dia. 

 

Durante nossa infância, ele passava a maior parte de seu tempo preso num laboratório, trabalhando incansavelmente até o Caveira Vermelha aparecer e matar seus colegas de trabalho. Sua sobrevivência deu-se a uma condição: Arnim necessitava recriar o soro super soldado, porém, com o passar dos anos, seus fracassos em relação ao soro foram triplicando e complicando a relação de ambos.  

 

— Seja rápido, Arnim não pode desconfiar. — estávamos no pátio, cada um de um lado diferente. Sentei num banco de mármore, me arrependendo de não ter passado no dormitório e pegado uma jaqueta. 

 

— Zola sabe sobre sua visita ao Invernal durante a madrugada. — acendeu um cigarro, me oferecendo e neguei. — Sua missão com ele não é ao acaso. 

 

— Está dizendo que ele planeja programar Barnes para me matar? — franzi o cenho. — Seria fácil, estaríamos em outro país.

 

— Estou dizendo que seu pai está aprontando algo, não sei que é, os pensamentos dele estão confusos nos últimos dias. 

 

Não me surpreendia Zola aprontar algo, mas não sabia se deveria confiar completamente nas palavras de Daryl, devido o seu passatempo com o meu pai. Passei as mãos pelo cabelo, tentando evitar o vento forte das montanhas em meu rosto e pensando em algum motivo para o segurança me alertar. 

 

— O que quer em troca? — perguntei desconfiada. 

 

— Nada, só estou tentando ser amigável, Helena. — deu os ombros, me encarando antes de sair do pátio. — Tome cuidado. 

 

— Não se preocupe, sei me cuidar. — afirmei.

 

Esperei os minutos se passarem, assim eu poderia finalmente abandonar o frio e voltar para dentro da base. Ninguém parece notar minha ausência e agradeci mentalmente. Diferente do que deveria fazer, me encontrei indo em direção a sala de treinamento, abandonando qualquer missão ou dever de casa dado. Precisava pensar na informação fornecida minutos atrás e no que fazer com ela. 

 

Não queria preocupar Diego, porém, não me surpreendia vê-lo por ali, enrolando as mãos com bandagens para protegê-las. Ao me encarar, suspirou, entendendo que algo de errado passava pela minha mente.

 

— Se lembra daquela noite, onde eu lhe disse que Schmidt matou a mamãe? — comecei, me aproximando e segurando o saco de areia para ele. — Você pensou que eu estava louca, que tinha contraído alguma doença dos prisioneiros e estava delirando…

 

— Como se fosse ontem. — murmurou, socando o saco e voltando a me olhar em seguida. — Sei onde quer chegar, e não, eu não vi nada. 

 

— Passou a manhã inteira me evitando por qual motivo, então?

 

— Porque estou cansado da sua teimosa, Helena! É simples, você não consegue ficar um dia sem pensar no passado. — ao virar de costas, parou de falar por alguns segundos. — Nós seguimos em frente, todo mundo seguiu em frente, menos você.

 

— Talvez eu não deva seguir em frente, não desta vez. — não queria irritá-lo, muito menos chamar a atenção de outras pessoas para a nossa pequena discussão. — Ele vai fazer algo, sei que vai.

 

O fato de ficar às escuras em qualquer plano de Arnim, fazia o meu coração acelerar e minhas mãos soarem, irritadas com o fato de sempre usar aquelas malditas luvas de couro pinicando minha pele. 

 

— Com tem tanta certeza?

 

— É só um sexto sentido. — menti.

 

— Você é uma péssima mentirosa.

 

— Okay, só tente não surtar… — o levei para o canto, puxando-o por seu antebraço. — Daryl me contou.

 

— O quê?! Por acaso enlouqueceu de vez? Esqueceu o que aconteceu da última vez que ele te contou algo? — fazia gestos incompreensíveis no ar, visivelmente irritado com a minha atitude. — Quer saber de uma coisa? Um dos dois ainda vai ser a causa da sua morte; seja quem for, Browning ou Barnes, espero não estar aqui para ver. 

 

Saindo da sala, me deixou sem palavras. Por mais que odiasse admitir, ele estava certo. O passado não me deixava seguir em frente, não me deixava sobreviver. Respirei fundo, percebendo alguns olhares curiosos. 

 

— O que estão olhando?! Cuidem de suas vidas! 


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