A canção da Saudade escrita por Kori Hime


Capítulo 2
Canção da Saudade II




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Ele andou pelas ruas movimentadas da cidade, parando nas barraquinhas para comprar coisas aleatórias com desenhos de coelhos. Quando encontrou uma barraca com livros e um dos vendedores se aproximou, dizendo que possuía algo mais divertido.

WangJi piscou lentamente e acenou com a cabeça, dizendo que queria. Mas o livro de ilustrações com um casal de homem e mulher não o interessou. O vendedor deu uma sonora gargalhada e depois empurrou com o ombro do braço de WangJi.

— Eu sei o que o senhor quer. — Ele sussurrou e o chamou com a mão, para ir atrás da barraca, naquele momento, o vendedor abriu um baú e pegou um livro de capa roxa, encadernado com fios dourados. O símbolo na capa era de libertação. E o livro se chamava A canção da saudade. — Esse é um livro muito raro, eu vou vender porque gostei do senhor.

WangJi pegou o livro e abriu aleatoriamente em uma página. Ele não notou como o vendedor o olhava fixamente, movendo os lábios um no outro, e sorrindo de forma maliciosa. Na figura pintada, havia um homem de longos cabelos negros, vestido de dourado, ou pelo menos uma parte era vestida. Seu peito estava desnudo e a cintura à mostra, assim como o membro ereto e com pequenos pelos naquela área. Ele estava inclinado na direção de outro homem que estava de costas para ele, com o quadril virado em uma posição erótica. Esse segundo homem, por sua vez, estava com as mãos amarradas com uma faixa vermelha, e seu rosto era desenhado com a boca aberta, como se estivesse soltando algum tipo de gemido alto.

A única reação de Lan WangJi foi fechar o livro e pagar para o vendedor o valor que ele exigiu. WangJi não ouviu a ousada proposta do vendedor, que o chamou para fazer companhia a ele naquela noite. O cultivador caminhou pelas ruas a passos rápidos. Ele ignorou uma, duas, três vezes a voz de alguém que o reconheceu e então sentiu a mão em seu ombro.

— Irmão, o que faz aqui? — Era Lan Xichen, seu irmão mais velho. Mas, de sua boca, a única coisa que WangJi disse, foi que precisava voltar para o quarto. — Eu o acompanho, você me parece um pouco estranho. Está tudo bem?

Eles andaram e retornaram ao quarto.

Xichen olhou ao redor e não viu nada estranho, exceto pela mesa com comida e bebida. Ele aproximou-se, quando o irmão voltou a se sentar sobre uma almofada em frente a mesa.

— Beba. — WangJi serviu licor e estendeu as mãos oferecendo para o irmão.

— WangJi, o que está fazendo? — Xichen estreitou os olhos e sentou-se na frente dele, aceitando a bebida. Ele olhou novamente para o irmão mais novo e decidiu beber. Depois, ele olhou para as bugigangas que o irmão havia comprado, entre elas um livro.

— Meu. — WangJi disse, quando o irmão mais velho tentou pegar o livro roxo sobre a mesa.

— Irmão, o que faz aqui?

— Descansando. — WangJi respondeu.

— Achei que estaria celebrando com nosso tio o novo ano. — Xichen disse, lamentando em seguida ter demorado em sua última missão, por isso não retornou cedo para casa. Mesmo assim, era uma alegria ver um rosto familiar naquela noite. — Você jantou, pelo que vejo. E decidiu beber sozinho?

— Não, Wei Ying está bebendo comigo.

Xichen ficou surpreso com aquela frase e suspirou. Nos últimos anos seu irmão estava passando por dificuldades para aceitar a morte de Wei Wuxian. Embora, sua aparência tivesse se transformado, desde que ele adotou o pequeno Lan Yuan.

Lamentar não era o bastante, ele não sabia como confortar a dor do irmão e por isso era conivente com pequenas regras violadas. Mesmo assim, sempre que retornava de uma de suas viagens, o próprio Lan Zhan se punia.

Xichen se achava responsável por ter aproximado o irmão de Wuxian, desde quando eles eram muito novos, achava que seria de interesse do irmão em ter novos amigos e, apensar de Wei Wuxian se mostrar uma pessoa as vezes indisciplinada, ele também era inteligente e leal aos amigos. Duas qualidades que impressionavam quando ele estava em ação, nas caçadas.

WangJi inclinou o corpo para frente e pousou o cotovelo na mesa, sua expressão era ainda fria e séria, mas ele estava claramente fora de suas faculdades mentais. Xichan decidiu colocá-lo na cama. Tirou seus sapatos e o ajeitou sobre os lençóis bem esticados.

— Eu o perdi para sempre. — WangJi sussurrou e Xichen sentou-se ao seu lado. Ele então percebeu que o irmão estava segurando firme o livro roxo entre seus braços.

Xichen decidiu tocar uma canção com Liebing para que o irmão ficasse mais tranquilo e pudesse dormir. Enquanto ele tocava a flauta doce, pensou em como Lan Zhan estava sofrendo. E era claro que aquele sentimento extrapolava os limites da amizade. A forma como WangJi falava de Wuxian, parecia que ele o admirava e o cobiçava de outras formas. Fora todas as coisas que ele fez no passado, para protegê-lo.

As marcas em suas costas era a prova daquele amor.

Quando finalmente o irmão mais novo dormiu, Xichen aproximou-se e pegou o livro roxo de suas mãos. Ele foleou o livro e seus olhos se arregalaram com o conteúdo pornográfico. Pelos Deuses, WangJi.

Xichen organizou a mesa e os dois livros ele decidiu enrola num papel e manter fechados ao lado de Bichen. Não deveria ser tão inconveniente com o irmão, a ponto de mexer em suas coisas. Mas estava preocupado. Ele então reservou um outro quarto para dormir e, na manhã seguinte, pediu para o estaleiro levar o café da manhã para que eles tomassem juntos.

WangJi estava sentado de olhos fechado de frente para mesa e quando Xichen entrou no quarto, pedindo licença, ele ofereceu a almofada a sua frente.

— Se sente melhor? — Ele perguntou, vendo o irmão mover a cabeça com um aceno.

— Me desculpe se eu fui inadequado ontem a noite.

— Então você se lembra?

— Não, pelo menos não de tudo. — WangJi falou sério, mas Xichen poderia dizer que havia um leve tom envergonhado em sua fala.

— Está tudo bem, irmão, eu estou aqui para cuidar de você. Prometi ao nosso pai e a nossa mãe. — Ele esticou o braço e alcançou a mão do irmão. Sabia que ele não gostava de aproximações como aquela, mas Xichen queria transmitir um pouco de calor humano e de seu amor para o irmão saber que não estava sozinho. — Que tal irmos até o templo fazer uma oração para Wei Wuxian.

O olhar que WangJi lançou para ele era de surpresa, mas havia mais alguma coisa que Xichen não entendeu muito bem. Durante a viagem de volta ao Recanto das Nuvens, eles passaram por alguns templos, mas não entraram em nenhum. Entendo, ele tem seu próprio jeito de falar com Wuxian. Xichen não quis ser rude e não tocou mais no assunto.

Lan WangJi agradeceu mais uma vez a companhia do irmão mais velho, quando eles chegaram no clã. Ele então pediu licença e foi para seu quarto. Quando fechou as portas, caminhou até o compartimento falso no chão, tirou a tábua e guardou ali mais uma garrafa de licor e o livro de capa verde e o livro de capa roxa. Ele colocou a tábua no lugar e olhou para sua mesa vazia, olhou para o outro lado, onde estava sua cítara e caminhou até ela, então começou os toque suaves dos dedos sobre as cordas, iniciando uma nova canção. Uma que acalmava seu coração, e que ao mesmo tempo soava como palavras ao vento a dor que sentia por não ter Wei Ying ao seu lado.


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Notas finais do capítulo

Ai meu coração... amo um homem ♥ é isso, dividi em duas partes para revisar melhor, mas acabou. Beijos!

Lembre que fantasma não é nada legal, então comenta kkkk



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